Lesen: Selecao dos Escritos de Bahaullah


SELEÇÃO DOS ESCRITOS DE BAHÁ'U'LLÁH

I. Louvado e glorificado és Tu, Ó Senhor, meu Deus! Como posso fazer menção de Ti, certo que estou de que nenhuma língua, por mais profunda que seja sua sabedoria, pode magnificar de um modo digno o Teu Nome, nem a ave do coração humano, por grande que seja seu anelo, esperar jamais ascender ao céu de Tua majestade e de Teu conhecimento.
Se eu Te descrever, Ó meu Deus, como Aquele que a tudo percebe, vejo-me levado a admitir que Aqueles que são as mais altas personificações da percepção foram criados em virtude de Teu mando. E se Te elogiar como Aquele que é o Onisciente, sou forçado, outrossim, a reconhecer que os Mananciais da sabedoria foram, eles mesmos, gerados mediante a operação de Tua Vontade. E se eu Te proclamar o Incomparável, breve descubro que Aqueles que são a mais íntima essência da unidade foram enviados por Ti e são apenas evidências da obra de Tuas mãos. E, se Te aclamar como o Conhecedor de todas as coisas, devo confessar que Aqueles que são a Quinta-Essência do conhecimento são apenas a criação e os instrumentos de Teu Desígnio.
Elevado, imensuravelmente elevado, és Tu acima das tentativas do homem mortal para desvendar Teu mistério, descrever Tua glória ou até mesmo dar uma ligeira noção da natureza de Tua Essência. Por mais que essas tentativas realizem, não podem esperar jamais transcender os limites que foram impostos ás Tuas criaturas, desde que esses esforços são ativados pelo Teu decreto e gerados de Tua invenção. Os mais sublimes sentimentos que os mais santos dos santos podem expressar em louvor a Ti e a mais profunda sabedoria que os homens de maior erudição podem pronunciar em seus esforços por compreender a Tua natureza, giram todos ao redor daquele Centro que está inteiramente sujeito à Tua soberania, que adora a Tua beleza e se move através do movimento, de Tua Pena.
Não! Proíbe, Ó meu Deus, tenha eu pronunciado tais palavras que devam, forçosamente, ter implicado a existência de alguma relação direta entre a Pena de Tua Revelação e a essência de todas as coisas criadas. Longe, longe, acima do conceito de tal relação, estão Aqueles relacionados a Ti! Nenhuma comparação ou semelhança faz jus à Árvore de Tua Revelação, e é vedado todo caminho que leva à compreensão do Manifestante de Teu Próprio Ser e do Alvorecer de Tua Beleza.
Longe, longe esteja de Tua glória o que o homem mortal possa de Ti afirmar ou a Ti atribuir, ou o louvor com que ele Te possa glorificar! Qualquer dever que Tu tenhas prescrito aos Teus servos para elogiarem no máximo Tua majestade e glória, não passa de um sinal de Tua graça a eles, para que possam ascender à posição concedida ao seu ser mais íntimo, à posição em que conheçam a si próprios.
Ninguém, a não ser Tu, em qualquer tempo, tem podido sondar o Teu mistério, ou louvar dignamente a Tua grandeza. Inescrutável e sublime além dos elogios dos homens, haverás de permanecer para todo o sempre. Nenhum outro Deus a senão Tu, o Inatingível, o Onipotente, o Onisciente, o Santo dos Santos.

II. O princípio de todas as coisas é o conhecimento de Deus, e o fim de todas as coisas é a estrita conformidade com tudo o que tiver sido mandado do empíreo da Vontade Divina, a qual abrange tudo o que está nos céus e tudo o que está na terra.

III. A Revelação que, desde tempos imemoriais, é aclamada como o Desígnio e a Promessa de todos os Profetas de Deus e o mais acalentado Desejo de Seus Mensageiros, torna-se agora acessível aos homens, em virtude da predominante Vontade do Todo-Poderoso e a Seu mando irresistível. O advento de tal Revelação foi prenunciado em todas as Sagradas Escrituras. Vede como, não obstante esse prenúncio, a humanidade se desviou de seu caminho e se excluiu de sua glória.
Dizei: Ó vós que amais ao Deus Uno e Verdadeiro! Esforçai-vos para que possais, em verdade, aceitá-Lo e conhecê-Lo e de um modo digno Lhe observar os preceitos. Esta é uma Revelação sob a qual, se um homem derramar por sua causa uma só gota de sangue, miríades de oceanos serão sua recompensa, Atentai, ó amigos, a fim de que não percais vosso direito a tão inestimável benefício, nem desprezeis seu transcendente grau. Considerai a multidão de vidas que foi e ainda está sendo sacrificada em um mundo iludido por um simples fantasma oriundo das vãs idéias de seus povos. Agradecei a Deus por haverdes atingido o Desejo de vosso coração e vos unido a Ele, a Promessa de todas as nações. Guardai, com a ajuda do Deus Uno e Verdadeiro - exaltada seja Sua glória - a integridade da condição à qual atingistes e aderi àquilo que promova Sua Causa. Ele, em verdade, vos prescreve o que é direito e o que leva a enaltecer a condição do homem. Glorificado seja o Todo-Misericordioso, o Revelador desta maravilhosa Epístola.

IV. Este é o Dia em que os mais excelentes favores de Deus manaram sobre os homens, o Dia em que Sua graça suprema se infundiu em todas as coisas criadas. Todos os povos do mundo devem reconciliar suas diferenças e, em paz e união perfeitas, se abrigar à sombra da Árvore de Seu cuidado e Sua benevolência. É mister aderirem a tudo o que, neste Dia, lhes possa elevar a condição e promover os melhores interesses. Felizes aqueles de quem a Pena toda gloriosa se dignou lembrar, e bem-aventurados os homens cujos nomes, em virtude de Nosso inescrutável decreto, preferimos ocultar.
Implorai a Deus, Uno e Verdadeiro, que conceda a todos os homens a graça de serem ajudados a cumprir o que for aceitável a Nosso ver. Breve será a presente ordem posta de lado, e uma nova se estenderá em seu lugar. Deveras, teu Senhor diz a Verdade e é o Conhecedor das coisas invisíveis.

V. Este é o Dia em que o Oceano da misericórdia de Deus se manifestou aos homens, o Dia em que o Sol de Sua bondade sobre eles irradiou seu esplendor, o Dia em que as nuvens de Sua plena graça abrigaram todo o gênero humano. Agora é o tempo de alegrar e refrescar o deprimido com a brisa revigorante do amor e da associação fraternal, com as águas viventes da amizade e da benevolência.
Os que são os bem-amados de Deus, onde quer que se reúnam e quaisquer que sejam aqueles com quem se encontrem, devem demonstrar, em sua atitude para com Deus e na maneira de celebrar Seu louvor e glória, tal humildade e submissão que cada átomo de pó sob seus pés ateste a profundidade de sua devoção. A conversação de que participam essas almas santas deve ser imbuída de tamanho poder que esses mesmos átomos de pó sejam estremecidos pela sua influência. Devem de tal modo se comportar que a terra em que pisam jamais tenha direito de lhes dirigir palavras como estas: "Devo ser preferida a vós. Pois podeis testemunhar quanto sou paciente em suportar o peso que o lavrador põe sobre mim. Sou o instrumento que a todos os seres concede, sem cessar, as bênçãos que me foram confiadas por Aquele que é a Fonte de todas as graças. Não obstante a honra que me foi concedida e as inumeráveis evidências de minha riqueza - riqueza esta que supre as necessidades de toda a criação - vede o grau de minha humildade, testemunhai com que submissão absoluta eu me deixo ser pisada sob os pés dos homens..."
Mostrai tolerância e benevolência e amor uns para com os outros. Se qualquer um dentre vós for incapaz de compreender uma certa verdade, ou estiver se esforçando por apreendê-la, mostrai um espírito de extrema gentileza e boa vontade ao conversar com ele. Ajudai-o a ver e reconhecer a verdade, não julgando que, no mínimo grau, lhe sejais superiores ou que possuais maiores dons.
O supremo dever do homem, neste Dia, é atingir seu quinhão da copiosa graça que Deus lhe dispensa. Que ninguém, pois, considere o tamanho do recipiente, quer seja grande ou pequeno. O quinhão de alguns poderia caber na palma da mão de um homem, o de outros poderia encher uma taça e o de outros até a medida de um galão.
Todos os olhos, neste Dia, devem procurar o que melhor possa promover a Causa de Deus. Ele, a Verdade Eterna, Me dá testemunho! Nada em absoluto, neste Dia, pode causar maior dano a esta Causa do que a dissensão e luta, contenda, alienação e apatia entre os amados de Deus. Evitai-as, através do poder de Deus e de Seu auxílio soberano, e esforçai-vos para unir os corações dos homens, em nome d'Ele, o Unificador, o Onisciente, a Suma Sabedoria.
Suplicai ao Deus Uno e Verdadeiro, que vos permita provar o sabor de tais ações que sejam realizadas em Seu caminho e experimentar a doçura de tal humildade e submissão que sejam mostradas por amor a Ele. Esquecei-vos de vós próprios e volvei os olhos para vosso semelhante. Devotai as energias àquilo que possa promover a educação dos homens. Nada é, nem pode ser jamais, ocultado de Deus. Se seguirdes Seu caminho, Suas bênçãos incalculáveis e imperecíveis manarão sobre vós. Esta é a Epístola luminosa, cujos versículos fluíram com o movimento da Pena d'Aquele que é o Senhor de todos os mundos. Ponderai isto em vossos corações e sede vós daqueles que observam seus preceitos.

VI. Vede como os diversos povos e raças da terra têm esperado a vinda do Prometido. Mal se manifestara Aquele que é o Sol da Verdade, quando, eis que d'Ele todos se afastaram, exceto aqueles a quem Deus se dignou guiar. Não ousamos, neste Dia, levantar o véu que oculta a elevada posição que cada crente verdadeiro pode atingir, pois o júbilo que tal revelação haveria de causar, poderia bem fazer com que alguns desfalecessem e viessem a morrer.
Aquele que é o Coração e Centro do Bayán escreveu: "O germe que contém dentro de si as potencialidades da Revelação que há de vir está dotado de uma potência superior às forças combinadas de todos aqueles que Me seguem." E ainda diz Ele "De todos os tributos que tenho prestado Àquele que há de vir depois de Mim, o maior é este: Minha confissão, por escrito, de que palavras Minhas não O podem descrever de um modo adequado, nem qualquer referência feita a Ele em Meu Livro, o Bayán, pode fazer jus à Sua Causa."
Quem tiver tentado penetrar nas profundidades dos oceanos que jazem ocultos dentro destas palavras excelsas, e lhes sondar o significado, terá descoberto, podemos dizer, um vislumbre da indizível glória com a qual foi dotada esta poderosa, sublime e sacratíssima Revelação. Julgando pela excelência de tão grande Revelação, pode-se bem imaginar a honra da qual os seguidores fiéis haverão de ser investidos. Pela justiça do Deus Uno e Verdadeiro! O próprio alento dessas almas é em si mais rico do que todos os tesouros da terra. Feliz o homem que a isso tiver atingido, e infelizes os desatentos.

VII. Em verdade digo, este é o Dia em que a humanidade pode contemplar a Face do Prometido e Lhe ouvir a Voz. O Chamado de Deus ergueu-se e a luz de Seu Semblante resplandeceu sobre os homens. É dever de cada um apagar da tábua de seu coração o traço de toda palavra vã e, com a mente aberta e imparcial, fixar os olhos nos sinais de Sua Revelação, nas provas de Sua Missão e nas evidências de Sua glória.
Grande, em verdade, é este Dia! As alusões que lhe são feitas em todas as Sagradas Escrituras como o Dia de Deus atestam sua grandeza. A alma de todo Profeta de Deus, de todo Mensageiro Divino, estava sequiosa de atingir este Dia maravilhoso. Todos os vários povos da terra também ansiaram por alcançá-lo. Mal, porém, o Sol de Sua Revelação se manifestara no céu da Vontade de Deus, quando todos, salvo aqueles a quem o Todo-Poderoso se dignou guiar, foram encontrados atônitos e negligentes.
Ó tu que te tens lembrado de Mim! O mais lastimável véu excluiu de Sua glória os povos da terra, impedindo que escutassem Seu chamado. Permita Deus que a luz da unidade envolva toda a terra e que se imprima na fronte de todos os seus povos o selo: "O Reino é de Deus."

VIII. Pela Justiça de Deus! Estes são os dias em que Deus tem provado os corações da inteira companhia de Seus Mensageiros e Profetas e, além destes, aqueles que guardam Seu sagrado e inviolável Santuário, os habitantes do Pavilhão celestial e os que residem no Tabernáculo da Glória. A que provação severa, pois, devem ser sujeitados os que admitem companheiros para Deus!

IX. Ó Husayn! Considera a ansiedade com que certos povos e nações aguardavam a volta do Imame-Husayn, cuja vinda, após o aparecimento do Qá'im, fora profetizada, em dias passados, pelos eleitos de Deus - exaltada seja Sua glória. Esses santos seres anunciaram, ainda mais, que, ao manifestar-se Aquele que é o Alvorecer das múltiplas graças de Deus, todos os Profetas e Mensageiros, inclusive o Qá'im, se reuniriam à sombra do sagrado Estandarte que o Prometido haveria de erguer. Já é chegada essa hora. O mundo está iluminado com a fúlgida glória de Seu semblante. E, no entanto, vede a que ponto seus povos se desviaram de Seu caminho! N'Ele ninguém acreditou, salvo aqueles que, através do poder do Senhor dos Nomes, demoliram os ídolos de suas idéias vãs e seus desejos corruptos e entraram na cidade da certeza. O selo do Vinho seleto de Sua Revelação foi tirado, neste Dia e em Seu Nome, o Suficiente por Si Próprio. Sua graça mana sobre os homens. Enche tua taça e dela sorve em Seu Nome, o Sacratíssimo, o Todo-Louvado.

X. O tempo predestinado para os povos e as raças da terra é chegado agora. As promessas de Deus, como as registram as Sagradas Escrituras, foram todas cumpridas. De Sião procedeu a Lei de Deus, e Jerusalém e suas colinas e sua terra estão plenas da glória de Sua Revelação. Feliz o homem que pondera no coração o que tem sido revelado nos Livros de Deus, o Amparo no Perigo, O que subsiste por Si Próprio. Meditai sobre isto, ó vós, amados de Deus, e tornai vossos ouvidos atentos à Sua Palavra, para que, pela Sua graça e mercê, possais sorver até vos saciardes, das águas cristalinas da constância, e vos tornar tão firmes e inabaláveis como a montanha em Sua Causa.
No Livro de Isaías está escrito: "Entra na pedra e esconde-te no pó, por medo do Senhor e pela glória de Sua majestade." Homem algum que medita sobre este versículo pode deixar de reconhecer a grandeza desta Causa, ou duvidar do excelso caráter deste Dia - Dia do próprio Deus. Este mesmo versículo é seguido por estas palavras: "E somente o Senhor será exaltado naquele Dia." Este é o Dia que a Pena do Altíssimo tem glorificado em todas as Sagradas Escrituras. Nestas, não ha versículo algum que não declare a glória de Seu Santo Nome, nem Livro que deixe de dar testemunho da sublimidade deste tema excelso. Fôssemos mencionar tudo o que se expôs sobre esta Revelação, nesses Livros celestiais e Sagradas Escrituras, esta Epístola assumiria dimensões impossíveis. Incumbe a todo homem, neste Dia, por sua inteira confiança nas múltiplas graças de Deus e se levantar para difundir, com a máxima sabedoria, as verdades de Sua Causa. Então, e somente então, será toda a terra cingida da luz matinal de Sua Revelação.

XI. Toda glória a este Dia, o Dia em que as fragrâncias da misericórdia manaram sobre todas as coisas criadas, um Dia tão abençoado que os séculos passados, os tempos idos, não podem esperar jamais rivalizá-lo, Dia este em que o semblante do Ancião dos Dias se volveu para Seu assento sagrado. Então se fizeram ouvir as vozes de todas as coisas criadas e, além destas, as da Assembléia no alto, chamando em altas vozes: "Apressa-te, o Carmelo, pois eis que a luz do semblante de Deus, Aquele que rege o Reino dos Nomes e formou os céus, sobre ti se ergueu."
Extasiado de júbilo e levantando altamente sua voz, assim exclamou: "Seja minha vida um sacrifício a Ti, por haver fixado sobre mim Teu olhar, me concedido Tuas graças e a mim dirigido Teus passos. A separação de Ti, ó Fonte da vida eterna, quase me consumiu, e meu afastamento de Tua Presença me conflagrou a alma. Todo louvor a Ti, por ter-me habilitado ti escutar Teu chamamento, me honrado com Tuas pegadas e me ressuscitado a alma através da fragrância revigorante de Teu Dia e da voz encantadora de Tua Pena, voz esta que ordenaste fosse Teu trombetear entre Teu povo. E ao soar a hora em que Tua Fé irresistível havia de se manifestar, insuflaste em Tua Pena um alento de Teu Espírito e eis, a criação inteira se agitou até seus próprios alicerces, desvendando à humanidade os mistérios que jaziam ocultos dentro dos tesouros d'Aquele que é o Possuidor de todas as coisas criadas."
Assim que sua voz alcançara aquele Lugar excelso, Nós respondemos: "Rende graças ao Teu Senhor, ó Carmelo. O fogo de tua separação de Mim rapidamente te consumia, quando o oceano de Minha Presença surgiu ante tua face, alegrando teus olhos e os de toda a criação, enchendo de deleite todas as coisas visíveis e invisíveis. Regozija-se, pois neste Dia Deus estabeleceu sobre ti Seu trono, te fez o lugar do amanhecer de Seus sinais e a aurora das evidências de Sua Revelação. Bem-aventurado quem se move em volta de ti, proclama a revelação de tua glória e relata o que a bondade do Senhor teu Deus fez chover sobre ti. Toma tu o Cálice da Imortalidade em nome de teu Senhor, o Todo-Glorioso, e Lhe agradece por haver Ele, como sinal da graça a ti, transformado em alegria tua tristeza, e em júbilo extático, teu pesar. Ele, em verdade, ama o lugar que foi feito o assento de Seu trono, onde Seus pés pisaram, ao qual foi conferida a honra de Sua Presença, donde Ele ergueu Seu chamado e sobre o qual derramou Suas lágrimas.
"Chama Sião, ó Carmelo, e anuncia as novas jubilosas: Veio Aquele que estava oculto dos olhos mortais! Sua soberania predominante está manifesta; Seu esplendor que a tudo abarca, revela-se. Guarda-te, não hesites, nem pares. Apressa-te a circundar a Cidade de Deus que baixou do céu, a Kaaba celestial em volta da qual se moveram em adoração os favorecidos de Deus, os puros de coração e a companhia dos anjos excelsos. Oh, quanto eu anseio por anunciar a todo lugar na superfície da terra e por levar a cada uma de suas cidades, as boas novas desta Revelação - uma Revelação para a qual o coração do Sinai foi atraído e em cujo nome clama a Sarça Ardente: - A Deus, Senhor dos Senhores, pertencem os reinos da terra e do céu. - Em verdade, este é o Dia em que tanto o mar como a terra se regozijam por causa deste anúncio, o Dia para o qual foram guardadas aquelas coisas que Deus, por uma graça além da compreensão de qualquer mente ou coração mortal, destinou fossem reveladas. Em breve, Deus fará navegar sobre ti Sua Arca e tornará manifesto o povo de Bahá que foi mencionado no Livro dos Nomes."
Santificado seja o Senhor de toda a humanidade, a menção de Cujo Nome fez vibrarem todos os átonos da terra e causou a revelação, pela Língua da Grandeza, daquilo que estivera envolto em Seu conhecimento e jazia oculto dentro do tesouro de Seu poder. Ele, em verdade, através da potência de Seu Nome, o Poderoso, o Onipotente, o Altíssimo, rege tudo o que se acha nos céus e tudo o que se acha na terra.

XII. Despertai, ó povo, na expectativa dos dias da Justiça Divina, pois agora é chegada a hora prometida. Acautelai-vos para que não deixeis de apreender sua significação, nem sejais contados entre aqueles que erram.

XIII. Considerai o passado. Que grande número de homens, tanto de alta como de baixa condição, em todos os tempos, tem esperado ansiosamente a vinda dos Manifestantes de Deus nas pessoas santificadas de Seus Eleitos. Quantas vezes têm eles aguardado Seu advento, quantas vezes têm orado para que a brisa da Divina Misericórdia soprasse e a prometida Beleza surgisse detrás do véu da ocultação e se tornasse manifesta ao mundo inteiro. E sempre que se abriam os portais da graça, sempre que as nuvens da bondade divina dispensavam suas chuvas à humanidade, e a luz do Invisível brilhava sobre o horizonte do poder celestial, todos O negavam e se afastavam de Seu Semblante - o Semblante do próprio Deus...
Refleti: qual teria sido o motivo de tais atos? Que teria causado tal conduta para com os Reveladores da beleza do Todo-Glorioso? Qualquer coisa, que em tempos idos tivesse motivado a negação e oposição daqueles povos, concorre agora para a perversidade do povo desta era. Alegar haver sido incompleto o testemunho da Providência, tendo sido isto a causa da negação por parte do povo, nada mais é que blasfêmia patente. Quanto estaria longe da graça do Todo-Poderoso, de Sua amorosa providência e terna compaixão, escolher dentre todos os homens uma alma para guiar Suas criaturas e, por um lado, lhe negar a plena medida de Seu testemunho divino e, por outro, infligir severo castigo a Seu povo por se haver afastado de Seu Escolhido! Não, em todos os tempos, as múltiplas graças do Senhor de todos os seres têm envolvido a terra e a todos os que nela habitam, através dos Manifestantes de Sua Essência Divina. Nem por um momento sequer, negou Ele a Sua graça; jamais as chuvas de Sua benevolência cessaram de cair sobre a humanidade. Tal conduta, pois, não pode ser atribuída senão à mesquinhez dessas almas que caminham no vale da arrogância e do orgulho e se perdem nas selvas do afastamento, guiando-se por sua própria vã fantasia e seguindo os ditames dos dirigentes de sua Fé. Seu interesse principal é apenas a oposição; seu desejo único, desprezar a verdade. Para todo aquele que observe com discriminação, é claro e evidente que, se essas pessoas no tempo de cada um dos Manifestantes do Sol da Verdade tivessem santificado seus olhos, ouvidos e corações de tudo o que haviam visto, ouvido e sentido, não teriam sido privadas, certamente, de contemplar a beleza de Deus, nem se teriam desviado para longe das moradas da glória. Havendo, porém, pesado o testemunho de Deus segundo o padrão de seu próprio conhecimento, colhido dos ensinamentos dos dirigentes de sua Fé, e tendo verificado que estava em desacordo com a limitada interpretação destes, assim, pois, essas pessoas levantaram-se para cometer tais atos indignos...
Considerai Moisés! Armado com a vara do domínio celestial e adornado com a nívea mão do conhecimento Divino, procedendo do Párán do amor de Deus e manejando a serpente do poder e da majestade eterna, Ele, do Sinai da luz, brilhou sobre o mundo. Convocou todos os povos e raças da terra para o reino da eternidade; convidou-os a participarem dos frutos da Árvore da fidelidade. Sabeis, certamente, da violenta oposição feita pelo Faraó e seu povo, e das pedras da vã fantasia atiradas pelas mãos dos infiéis sobre essa abençoada Árvore. A tal ponto, que o Faraó e seu povo finalmente se levantaram e fizeram o máximo esforço para extinguir, com as águas da falsidade e negação, o fogo dessa Árvore sagrada, esquecidos do fato de que nenhuma água terrena pode apagar a chama da sabedoria Divina, nem ventos mortais extinguir a lâmpada do domínio eterno. Não, antes, essa água só poderá intensificar o ardor da chama e tais ventos nada farão senão assegurar a preservação da lâmpada - se apenas observásseis com olhos que discernem e andásseis no caminho da Santa Vontade de Deus e de Seu agrado...
E assim que os dias de Moisés findarem e a luz de Jesus, irradiando da Aurora do Espírito, abrangeu o mundo, todo o povo de Israel levantou-se em protesto contra Ele, clamando que Aquele cujo advento a Bíblia predissera haveria forçosamente de promover e cumprir as leis de Moisés, enquanto este jovem nazareno que tinha a pretensão de ser o divino Messias, anulara a lei do divórcio e a do sábado - as mais importantes de todas as leis de Moisés. Além disso, que dizer dos sinais do Manifestante ainda por vir? O povo de Israel, até mesmo no tempo presente, espera aquele Manifestante predito na Bíblia! Quantos Manifestantes da Santidade, quantos Reveladores da Luz eterna, têm aparecido desde os tempos de Moisés, enquanto Israel, envolto nos mais densos véus da fantasia satânica e das falsas idéias, ainda espera que o ídolo de sua própria inventiva apareça com os sinais criados por sua imaginação! Assim Deus o castigou pelos pecados, extinguindo-lhe o espírito da fé e atormentando-o com as chamas do fogo infernal. E isso não por outra causa senão porque Israel recusara compreender o significado das palavras reveladas na Bíblia relativas aos sinais da Revelação vindoura. Por jamais haver compreendido o verdadeiro significado, e vendo que tais acontecimentos, aparentemente, não se realizaram, esse povo privou-se da graça de reconhecer a beleza de Jesus e contemplar a Face de Deus. E ainda aguarda Sua vinda! Desde tempos imemoriais, até mesmo o dia de hoje, todas as raças e nações da terra apegam-se a tais pensamentos imaginários e indignos, privando-se assim das águas límpidas que manam das fontes da pureza e santidade...
Para os dotados de compreensão, está claro e manifesto que, quando o fogo do amor de Jesus consumiu os véus das limitações judaicas e Sua autoridade se tornou evidente e foi, em parte, obedecida, Ele, o Revelador da Beleza invisível, dirigindo-se um dia aos discípulos, fez referência ao Seu trespasse e, acendendo-lhes no coração a chama do pesar, disse: "Vou embora e venho outra vez a vós." E em outro lugar disse: "Vou e outro virá que vos há de dizer tudo o que Eu não vos disse e cumprirá tudo o que Eu disse." As duas declarações têm um só significado - se meditardes com percepção Divina sobre os Manifestantes da Unidade de Deus.
Quem examinar com discernimento, haverá de reconhecer que tanto o Livro como a Causa de Jesus foram confirmados na Era do Alcorão. Quanto aos nomes, o próprio Maomé declarou: "Eu sou Jesus." Ele reconheceu a verdade dos sinais, das profecias e palavras de Jesus, e testificou serem todos de Deus. Neste sentido, nem a pessoa de Jesus nem Seus escritos diferiram da pessoa de Maomé e de Seu Sagrado Livro, visto que ambos defenderam a Causa de Deus, louvaram-No e revelaram Seus mandamentos. Assim é que o próprio Jesus declarou: "Vou embora e venho outra vez a vós." Considerai o sol. Se dissesse agora, "Sou o sol de ontem", diria a verdade; e se, levando em conta a seqüência do tempo, pretendesse ser outro sol, estaria ainda dizendo a verdade. De modo semelhante, se dissermos que todos os dias são o mesmo, isso será certo e verdadeiro; e se, referindo-nos a seus nomes e designações especiais, dissermos que diferem, isso também será verdade. Pois embora sejam iguais, reconhecemos em cada, no entanto, uma designação distinta, um atributo específico, um caráter particular. Deves conceber, outrossim, a distinção, a variação e ao mesmo tempo, a unidade, que caracterizam os vários Manifestantes da Santidade, a fim de que possas compreender as alusões que o Criador de todos os nomes e atributos faz aos mistérios da distinção e da unidade, e descobrir a resposta à tua pergunta sobre a razão por que a Beleza Eterna, em várias épocas, Se tem chamado por nomes e títulos diversos...
Quando a Essência Invisível, Eterna, Divina fez levantar-se sobre o horizonte do conhecimento o Sol de Maomé, figurou entre os sofismas que os sacerdotes judeus pronunciaram contra Ele, o seguinte: que após Moisés nenhum Profeta seria mandado por Deus. Na realidade, as Escrituras mencionaram uma Alma que se haveria de manifestar, que serviria a Fé e promoveria os interesses do povo de Moisés, para que a Lei da Era Mosaica pudesse cingir toda a terra. Assim o Rei da glória eterna se referiu, em Seu Livro, às palavras pronunciadas por aqueles que vagueavam no vale do afastamento e do erro: "Dizem os judeus - A mão de Deus está encadeada. - Encadeadas sejam suas próprias mãos! E por causa daquilo que disseram, foram amaldiçoados. Não, estendidas estão ambas as Suas mãos!" "A mão de Deus está acima de suas mãos." Embora os comentadores do Alcorão tenham relatado de maneiras diversas as circunstâncias que acompanharam a revelação deste versículo, deves esforçar-te, no entanto, por compreender seu intuito. Diz Ele: Como é falso aquilo que os judeus têm imaginado! Como pode a mão d'Aquele que, em verdade, é o Rei, que fez manifestar-se o semblante de Moisés e Lhe conferiu o manto de Profeta - como pode estar encadeada e agrilhoada a mão desse Ser? Como seria concebível que a Ele faltasse o poder de fazer surgir ainda outro Mensageiro após Moisés? Vê como é absurdo o que dizem; quanto sua afirmação se desviou do caminho do conhecimento e da compreensão! Observa tu como neste Dia, também, todas essas pessoas se têm ocupado com coisas igualmente tolas e absurdas. Há mais de mil anos recitam esse versículo e pronunciam sua censura contra os judeus, completamente inconscientes de que elas mesmas, de um modo aberto, bem como secreto, estão expressando os sentimentos e as crenças do povo judaico! Deves certamente conhecer seu vão argumento de que toda a Revelação terminou, tendo-se fechado os portais da misericórdia Divina, que jamais um Sol surgirá de um alvorecer da santidade eterna, que para sempre o Oceano da perene generosidade se aquietou e os Mensageiros de Deus cessaram de se manifestar do Tabernáculo da glória antiga. Tal é o grau de entendimento dessas pessoas desprezíveis, de mentalidade estreita. Essas pessoas têm imaginado que o fluxo da onipresente graça de Deus e de Seus copiosos favores, cuja cessação mente alguma pode considerar, tenha parado. De todos os lados se têm levantado, cingindo-se de tirania e se esforçando o mais possível para extinguir, com as águas amargas de sua vã fantasia, a chama da Sarça Ardente de Deus, esquecidos de que o globo do poder, dentro de sua própria forte cidadela, protegerá a Lâmpada de Deus.
Vede como a soberania de Maomé, o Mensageiro de Deus, está hoje evidente e manifesta entre o povo. Bem sabeis o que aconteceu à Sua Fé nos primeiros dias de Sua Era. Que sofrimentos lastimáveis foram infligidos pela mão dos infiéis e dos que erraram - pelos sacerdotes daquele tempo e seus associados - sobre essa Essência espiritual, esse puríssimo e santo Ser! Quão abundantes os espinhos que Lhe espargiram no caminho! Evidentemente, aquela geração vil, em sua fantasia perversa e satânica, pensava que toda ofensa a esse Ser imortal fosse um meio de atingir a felicidade perene, desde que os reconhecidos sacerdotes, da época, tais como 'Abdu'lláh-i-Ubayy, Abú'Ámir, o eremita, Ka'b-ibn-i-Ashraf e Nadr-ibn-i-Hárith, todos, O trataram como sendo impostor e O pronunciaram um lunático e caluniador. Fizeram contra Ele tão penosas acusações que, ao querermos relatá-las, Deus proíbe que a tinta corra, que Nossa pena se mova ou a página as comporte. Tais imputações maliciosas provocaram o povo a levantar-se e atormentá-Lo. E quão feroz esse tormento, se os sacerdotes do tempo forem os principais instigadores, se eles O denunciarem a seus adeptos, O expulsarem de seu meio e O declararem um ímpio! O mesmo não aconteceu a este Servo e não foi por todos testemunhado?
Por esta razão Maomé exclamou: "Nenhum Profeta de Deus sofreu tanta injúria quanto Eu tenho sofrido." E o Alcorão relata todas as calúnias e repreensões pronunciadas contra Ele, bem como todas as aflições que, sofreu. Procurai este Livro, a fim de que vos possais talvez informar daquilo que sobreveio à Sua Revelação. Tão aflitiva era Sua situação que, por algum tempo, todos deixaram de ter contato com Ele e com Seus companheiros. Quem a Ele se associava, caía vítima da implacável crueldade de Seus inimigos...
Considerai que grande transformação se vê hoje! Vede quantos são os soberanos que se ajoelham ante Seu Nome! E quão numerosas as nações e os reinos que têm buscado abrigo à Sua sombra, que prestam lealdade à Sua Fé e se orgulham disso! Do alto do púlpito ascendem hoje as palavras de louvor proferidas com toda humildade para Lhe glorificar o Nome abençoado e das alturas dos minaretes ressoa o chamado que convoca a assembléia de Seu povo a adorá-Lo. Até aqueles reis da terra que recusaram abraçar Sua Fé e despir as vestes da descrença confessam e admitem, no entanto, a grandeza e a inexcedível majestade desse Sol de benevolência. Tal é Sua soberania terrena, cujas evidências tu vês por todos os lados. Essa soberania há forçosamente de ser revelada e estabelecida, quer seja durante a vida de cada Manifestante, ou depois de Sua ascensão à Sua verdadeira morada nos domínios do alto...
Evidentemente, as modificações efetivadas em cada Era constituem as nuvens negras que intervêm entre os olhos do entendimento humano e o Luminar Divino que irradia do alvorecer da Essência Divina. Considerai como os homens, através das gerações, vêm imitando cegamente seus pais e sendo ensinados de acordo com os costumes e as normas que os ditames de sua Fé estabeleceram. Fossem esses homens, pois, descobrir de súbito que um Homem que vivia entre eles e lhes era igual no que diz respeito a todas as limitações humanas, se levantara com o fito de abolir todos os princípios impostos pela sua Fé - princípios segundo os quais eles desde séculos haviam sido educados, tendo-se habituado a considerar como infiel, corrupto e perverso, qualquer um que os negasse ou lhes fizesse oposição - ficariam velados, certamente, e impedidos de Lhe admitir a verdade. Tais coisas são como "nuvens" que velam os olhos daqueles cujo ser interior não tenha saboreado o Salsabil do desprendimento, nem sorvido do Kawthar do conhecimento de Deus. Esses homens, ao saberem dessas circunstâncias, ficam tão velados que, sem a menor dúvida, pronunciam o Manifestante de Deus um infiel e O sentenciam a morte. Deveis ter sabido de acontecimentos semelhantes através dos séculos, e agora, nestes dias, os estais observando.
Cumpre-nos, portanto, fazer o máximo esforço para que, graças ao invisível amparo de Deus, esses véus obscuros, essas nuvens que são provações mandadas pelo céu, não nos possam impedir de contemplar a beleza de Seu luminoso Semblante, e para que nós O possamos reconhecer somente por Ele próprio.

XIV. A Primavera Divina já veio, ó Pena Mais Excelsa, pois o Festival do Todo-Misericordioso rapidamente se aproxima. Desperta e, perante a criação inteira, magnífica o nome de Deus e celebra Seu louvor, de tal modo que todas as coisas criadas se regenerem e se façam novas. Fala; não guardes silêncio. O sol da beatitude brilha sobre o horizonte de Nosso nome, o Beatífico, porquanto o reino do nome de Deus se ataviou com o adorno do nome de teu Senhor, o Criador dos céus. Levanta-te diante das nações da terra e arma-te com o poder deste Nome Supremo, e não sejas dos que tardam.
Parece-me que tens parado e não te moves sobre Minha Epístola. Será que o brilho de Semblante Divino te tenha ofuscado, ou que as vãs palavras dos refratários te hajam enchido de tristeza e paralisado teu movimento? Acautela-te para que nada te impeça de exaltar a grandeza deste Dia - o Dia em que o Dedo da majestade do poder abriu o selo do Vinho da Reunião e convocou todos aqueles que se acham nos céus e todos que se acham na terra. Preferes tu tardar quando já soprou sobre ti a brisa que anuncia a Dia de Deus, ou és tu um dos que estão excluídos d'Ele como se o fosse por um véu?
Não tenho permitido, ó Senhor de todos os nomes e Criador dos céus, que véu algum me excluísse do reconhecimento das glórias de Teu Dia - Dia este que é a lâmpada para guiar o mundo inteiro e o sinal do Ancião dos Dias para todos os que nele habitam. Meu silêncio é por causa dos véus que tornaram cegos para Ti os olhos de Tuas criaturas, e minha mudez é devida aos obstáculos que têm impedido Teu povo de reconhecer Tua verdade. Tu sabes o que está em mim, mas eu não sei o que está em Ti. Tu és o Onisciente, a Suma Sabedoria. Por Teu Nome, que supera todos os demais nomes! Se Teu mando, que sobre tudo predomina e a tudo compele, alguma vez me atingisse, dar-me-ia o poder de ressuscitar as almas de todos os homens, através de Tua Palavra excelsa que ouvi pronunciada pela Tua língua de poder em Teu Reino de glória. Capacitar-me-ia para anunciar a revelação de Teu Semblante esplendoroso, através do qual o que jazia oculto dos olhos dos homens se tornou manifesto em Teu Nome, o Perspícuo, o soberano Protetor, O que subsiste por Si próprio.
Podes tu descobrir qualquer outro, senão Eu, ó Pena, neste Dia? Que sucedeu com a criação e suas manifestações? E com os nomes e seu reino? Aonde foram todas as coisas criadas, quer visíveis ou invisíveis? Que sucedeu com os segredos do universo e suas revelações? Eis, a criação inteira passou! Nada resta senão Minha Face, a Sempiterna, a Resplandecente, a Toda Gloriosa.
Este é o Dia em que nada pode ser visto a não ser os esplendores da Luz que irradia da face de teu Senhor, o Clemente, o Mais Generoso. Em verdade, fizemos cada alma expirar em virtude de Nossa soberania irresistível e predominante. Então chamamos para a existência uma criação nova, em sinal de Nossa graça aos homens. Sou, verdadeiramente, o Generosíssimo, o Ancião dos Dias.
Este é o Dia em que o mundo invisível exclama: "Grande é tua ventura, ó terra, pois de ti foi feito o escabelo de teu Deus, e foste escolhida para ser o assento de Seu poderoso trono." O reino da glória brada: "Oxalá pudesse minha vida se sacrificar por ti, pois Aquele que é o Bem-Amado do Todo-Misericordioso estabeleceu sobre ti Sua soberania, através do poder de Seu Nome que foi prometido a todas as coisas, quer do passado, quer do futuro." Este é o Dia em que cada coisa odorífera deriva sua fragrância das Minhas vestes, as quais exalaram seu perfume sobre toda a criação. Este é o Dia em que as águas torrenciais da vida eterna jorraram da Vontade do Todo-Misericordioso. Apressai-vos, de coração e alma, e sorvei até vos saciardes, ó Assembléia dos domínios do além!
Dize: Ele é Quem manifesta Aquele que é o Incognoscível, o Invisível dos Invisíveis - pudésseis vós apenas perceber isto. Ele é Quem expôs diante de vós a Jóia oculta e valiosa - fosseis vós buscá-la. É Aquele que é o único Bem-Amado de todas as coisas, quer do passado ou do futuro. Oxalá pudésseis a Ele prender vossos corações e n'Ele pôr vossas esperanças!
Ouvimos a voz de teu apelo, ó Pena, e te perdoamos o silêncio. Que te tornou tão gravemente perplexa?
¾ A intoxicação de Tua Presença, ó Bem-Amado de todos os mundos, me enlevou e se apoderou de mim.
¾ Levanta-te e proclama à criação inteira as novas de que Aquele que é o Todo-Misericordioso dirigiu os passos para o Ridván e ali entrou. Guia o povo, pois, ao deleitável jardim que Deus fez o Trono de Seu Paraíso. Nós te escolhemos para seres Nossa mais poderosa Trombeta, cujo toque há de assinalar a ressurreição de toda a humanidade.
Dize: Este é o Paraíso sobre cuja folhagem o vinho da expressão imprimiu este testemunho: "Quem estava oculto dos homens revelou-se, cingido de soberania e poder!" Este é o Paraíso, o farfalhar de cujas folhas proclama: "Ó vós que habitais os céus e a terra! Apareceu o que jamais havia aparecido. Aquele que, desde a eternidade, ocultara Sua Face da vista da criação, veio agora." Do sussurrar da brisa que sopra entre seus ramos, surge a exclamação: "Aquele que é o Senhor soberano de todos, torna-se manifesto. O Reino é de Deus." Enquanto das águas que aí manam, se pode ouvir o murmúrio: "Todos os olhos se alegram, pois Aquele que por ninguém foi visto, Cujo segredo jamais se descobriu, levantou o véu da Glória e desvelou o semblante da Beleza."
Dentro deste Paraíso, e das alturas de seus mais sublimes aposentos, exclamaram as Donzelas do Céu: "Regozijai-vos, vós que habitais os reinos do além, pois os dedos d'Aquele que é o Ancião dos Dias tocam o Sino Excelso, em nome do Todo-Glorioso, no próprio coração dos céus. As mãos da generosidade ofereceram o cálice da vida eterna. Aproximai-vos e sorvei até vos saciardes. Apreciai o sabor, ó vós que sois as próprias encarnações do anelo, vós que sois as personificações do desejo veemente!"
Este é o Dia em que o Revelador dos nomes de Deus saiu do Tabernáculo da Glória e proclamou a todos os que estão nos céus e todos os que se acham sobre a terra: "Guardai os cálices do Paraíso e todas as águas vivificadoras neles contidas, pois eis, o povo de Bahá entrou na morada beatífica da Presença Divina e sorveu o vinho da reunião, do cálice da beleza de seu Senhor, o Possuidor de tudo, o Altíssimo."
Esquece-te do mundo da criação, ó Pena, e volve-te para a face de teu Senhor, o Senhor de todos os nomes. Embeleza, então, o mundo com o ornamento dos favores de teu Senhor, o Rei dos dias eternos. Pois percebemos a fragrância do Dia em que Aquele, o Desejo de todas as nações, irradiou sobre os reinos do invisível e do visível o esplendor da luz de Seus mais excelentes nomes, envolvendo-os na fulgência dos luminares de Seus mais generosos favores - favores que ninguém pode estimar, salvo Ele, o Onipotente Protetor da criação inteira.
Não contemples as criaturas de Deus, a não ser com os olhos da benevolência e da mercê, pois Nossa terna Providência abrangeu todas as coisas criadas e Nossa graça cingiu a terra e os céus. Este é o Dia em que os verdadeiros servos de Deus participam das águas vivificadoras da reunião, o Dia em que aqueles que Lhe estão próximos podem sorver do suave rio da imortalidade, e os que crêem em Sua unidade, do vinho de Sua Presença, através de seu reconhecimento d'Aquele que é o Alvo Supremo e Final de todos, em Quem a Língua da Majestade e Glória pronuncia o chamado: "Meu é o Reino. Eu Próprio sou, em virtude de direito Meu, seu Governante."
Atrae os corações dos homens, através do chamado d'Aquele que é o único Bem-Amado. Dize: Esta é a Voz de Deus - se apenas escutardes. Este é o Amanhecer da Revelação de Deus - se apenas o soubésseis. Este é o Lugar donde raiou a Causa de Deus - fosseis reconhecê-lo. Esta é a Origem do mandamento de Deus - se apenas pudésseis julgar com eqüidade. Este é o Segredo manifesto e oculto; oxalá o pudésseis perceber. Ó povos do mundo! Em Meu nome, o qual transcende a todos os demais nomes, rejeitai as coisas que possuís e imergi-vos neste Oceano em cujas profundezas jaziam ocultas as pérolas da sabedoria e das palavras, Oceano este que se move em Meu nome, o Todo-Misericordioso. Assim vos instrui Aquele em Cujo poder está o Livro-Mãe.
O Bem-Amado já veio. Em Sua mão direita está o Vinho lacrado de Seu nome. Feliz o homem que para Ele se volve, e se sacia e exclama: "Louvor a Ti, ó Revelador dos sinais de Deus". Pela justiça do Onipotente! Cada coisa oculta tornou-se manifesta através do poder da verdade. Todos os favores de Deus se fizeram descer, como sinal de Sua graça. As águas da vida eterna, em sua plenitude, foram trazidas aos homens. Cada cálice foi oferecido pela mão do Bem-Amado. Aproximai-vos e não tardeis, nem por um breve momento sequer.
Bem-aventurados os que alçaram vôo com as asas do desprendimento e atingiram a posição que, segundo foi ordenado por Deus, sobreleva a criação inteira - esses que nem as vãs fantasias dos sábios, nem a multidão das hostes da terra puderam desviar de Sua Causa. Quem dentre vós, ó povo, renunciará ao mundo e se aproximará de Deus, o Senhor de todos os nomes? Onde há de ser encontrado aquele que, através do poder de Meu Nome que transcende todas as coisas criadas, rejeitará as coisas que os homens possuem e se, apegará, com todo o seu poder, às coisas que Deus, o Conhecedor do invisível e do visível, lhe ordenou observar? Assim se fez descer para os homens Sua graça, cumpriu-se Seu testemunho, e Sua prova resplandeceu sobre o Horizonte da mercê. Valioso é o prêmio a ser ganho por aquele que tiver acreditado e exclamado: "Louvado és Tu, ó Bem-Amado de todos os mundos! Magnificado seja o Teu Nome, ó Tu, o Desejo de todo coração que compreende!"
Exultai, ó povo de Bahá, com o maior júbilo, aos vos lembrardes do Dia da felicidade suprema, o Dia em que a Língua do Ancião dos Dias falou, enquanto partia de Sua Casa e procedia ao Lugar do qual Ele irradiou sobre a criação inteira os esplendores de Seu nome, o Todo-Misericordioso. Deus é Nossa testemunha. Fossemos revelar os segredos ocultos desse Dia, todos os que habitam na terra e nos céus desmaiariam e viriam a falecer, salvo aqueles que serão preservados por Deus, o Todo-Poderoso, o Onisciente, a Suma Sabedoria.
O efeito inebriante das palavras de Deus sobre Aquele que é o Revelador de Suas provas indubitáveis é tal, que Sua Pena não mais se pode mover. Com estas palavras conclui Ele Sua Epístola: "Nenhum Deus há senão Eu, o Excelso, o Mais Poderoso, o Mais Excelente, o Onisciente."

XV. A Pena da Revelação exclama: "Neste Dia, o Reino pertence a Deu!" A Língua do Poder está chamando: "Neste Dia, toda soberania está, verdadeiramente, com Deus!" A Fênix dos reinos no alto clama do Ramo imortal: "A glória de toda grandeza pertence a Deus, o Incomparável, o Predominante!" O Pombo Místico proclama, de seu deleitável refúgio, no eterno Paraíso: "A Fonte donde mana toda a graça, neste Dia, é Deus, o Uno, o Perdoador!" A Ave do Trono chilreia sua melodia em suas plagas de santidade: "Ascendência suprema a ninguém deve ser atribuída, neste Dia, salvo a Deus, Àquele sem par, inigualável, que é o Mais Poderoso, o Predominante!" A mais íntima essência de todas as coisas profere em todas as coisas o testemunho: "Todo o perdão, neste Dia, mana de Deus, d'Aquele a Quem ninguém é comparável, a Quem nenhum co-participante pode ser associado, o Soberano Protetor de todos os homens e o Ocultador de seus pecados!" A Quinta-Essência da Glória levantou sua voz acima de Minha cabeça e, de tais alturas que nem pena nem língua possa de modo algum descrever, exclama: "Deus é Minha testemunha! Ele, o Ancião dos dias sempiternos, veio, cingido de majestade e poder. Não há outro Deus, senão Ele, o Todo-Glorioso, o Onipotente, o Altíssimo, a Suma Sabedoria, o Onipresente, O que tudo vê, o Onisciente, o Soberano Protetor, Fonte de luz eterna!"
Ó Meu servo, tu que buscaste o beneplácito de Deus e te apegaste a Seu amor no Dia em que todos, salvo um pequeno número dotado de percepção, se apartaram d'Ele! Que Deus, através de Sua graça, te recompense com um galardão generoso, incorruptível e eterno, por a Ele te haveres dirigido no Dia em que os olhos estavam cegados. Sabe tu que se Nós te revelássemos apenas umas gotas das torrentes que das mãos dos invejosos e maliciosos, pelo decreto de Deus, choveram sobre Nós, chorarias com grande pranto e deplorarias dia e noite Nossa aflitiva situação. Oxalá pudesse ser encontrada uma alma dotada de discernimento e eqüidade que reconhecesse as maravilhas desta Revelação - maravilhas que proclamam a soberania de Deus e a grandeza do poder que ela possui. Oxalá tal homem se levante e, inteiramente por amor a Deus, advirta o povo, secreta e abertamente, para que todos, porventura, se comovam e assistam a este Injuriado a Quem os obreiros da iniqüidade tão penosamente afligiram.
Parece-Me que ouça a Voz do Espírito Santo a clamar detrás de Mim, dizendo: Varia Tu o tema e muda Teu tom, para que não seja entristecido o coração daquele que em Tua face fixou seu olhar. Dize: Através da graça de Deus e de seu poder, auxílio de ninguém busquei no passado, nem de pessoa alguma buscarei no futuro. Foi Ele Quem Me ajudou, pelo poder da verdade, durante os dias de Meu desterro no Iraque, Quem Me abrigou com Sua proteção num tempo em que as raças da terra contendiam Comigo e me habilitou a partir da cidade, vestido de tal majestade que ninguém, a não ser o negador e o malicioso, pode deixar de admitir.
Dize: Meu exército é Minha segurança em Deus; Meu povo, a força de Minha confiança n'Ele. Meu amor é Meu estandarte; Meu companheiro é a lembrança de Deus, o Senhor Soberano de todos, o Potentíssimo, o Todo-Glorioso, o Incondicionado.
Levanta-te, ó peregrino no caminho do Amor de Deus, e ajuda tu a Sua Causa. Dize: Não dês este Jovem, ó povo, em troca das vaidades deste mundo ou dos deleites do céu. Pela justiça do Deus Uno e Verdadeiro! Um só cabelo Seu excede a tudo o que está nos céus e tudo o que está na terra. Acautelai-vos, ó homens, para que não sejais tentados a separar-vos d'Ele em troca do ouro e da prata que possuís. Que Seu amor seja um depósito de tesouros para vossas almas, no Dia em que nada, senão Ele, vos dará proveito, no Dia em que cada pilar tremerá, quando a própria pele dos homens se arrepiará, quando todos os olhos fitarão o alto com terror. Dize: Ó povo! Temei a Deus e não vos vireis de Sua Revelação com desdém. Prostrai-vos em vossas faces diante de Deus e celebrai Seu louvor durante o dia e nas horas da noite.
Que tua alma se incandesça, com a chama deste Fogo imorredouro que está aceso no âmago do coração do mundo, de tal modo que as águas do universo sejam impotentes para lhe esfriar o ardor. Menciona, então, o teu Senhor, a fim de que, acaso, os desatentos entre Nossos servos sejam admoestados através de tuas palavras e os corações dos retos se alegrem.

XVI. Dizei: Ó homens! Este é um Dia inigualável. Também inigualável deve ser a língua que celebra o louvor do Desejo de todas as nações, inigualável a ação que aspira a ser por Ele aceita. A raça humana inteira tem ansiado por este Dia, a fim de que possa, quiçá, cumprir o que for bem condizente com sua posição e digno de seu destino. Bem-aventurado o homem que os afazeres do mundo não puderam impedir de reconhecer Aquele que é o Senhor de todas as coisas.
Tão cego se tornou o coração humano que nem o rompimento da cidade, nem a redução da montanha a pó, nem mesmo a rachadura da terra, pode fazê-lo despertar de seu torpor. As alusões feitas nas Escrituras foram desveladas, os sinais nelas anotados já se manifestaram e o brado profético continuamente se ergue. E, no entanto, todos, salvo aqueles que Deus se dignou guiar, estão confusos na embriaguez de sua negligência!
Testemunhai como uma nova calamidade a cada dia aflige o mundo. Sua tribulação continuamente se aprofunda. Desde o momento em que foi revelado a Súriy-i-Ra'ís (Epístola a Ra'ís) até o dia presente, nem o mundo se tranqüilizou, nem os corações de seus povos encontraram sossego. Em um tempo, foi agitado por contendas e disputas, em outro, foi convulsionado por guerras e caiu vítima de enfermidades inveteradas. Sua doença aproxima-se da etapa do desespero completo, desde que ao Médico verdadeiro é vedado administrar o remédio, enquanto aqueles sem habilidade são vistos com favor, sendo-lhes concedida plena liberdade de ação... O pó da sedição anuviou os corações dos homens e lhes cegou os olhos. Em breve, perceberão as conseqüências daquilo que suas mãos perpetraram no Dia de Deus. Assim vos adverte Aquele que é o Onisciente, segundo ordenado por Quem é o Mais Poderoso, o Onipotente.

XVII. Por Aquele que é o Grande Anúncio! Veio o Todo-Misericordioso, investido de indubitável soberania. Designou-se a Balança e todos os que habitam na terra já foram juntados. A Trombeta soou e eis, todos os olhos fitaram o alto com terror e os corações de todos os que estão nos céus e na terra tremeram, salvo aqueles animados pelo sopro dos versículos de Deus, aqueles que se desligaram de todas as coisas.
Este é o Dia em que a terra fará ressoar suas novas. Os obreiros da iniqüidade são sua carga - pudésseis vós apenas o perceber. A lua da vã fantasia rachou-se e o céu emitiu uma fumaça palpável. Vemos o povo humilhado, consternado com o temor de teu Senhor, o Onipotente, o Mais Poderoso. O Pregoeiro bradou e os homens foram levados com violência, tal foi a fúria de Sua ira. O povo da esquerda suspira e lamenta. O povo da direita habita em moradas nobres: sorve do Vinho que é a vida verdadeira, oferecido pelas mãos do Todo-Misericordioso, e eles são, em verdade, os ditosos.
A terra foi agitada, passaram-se as montanhas e apareceram os anjos, fileira após fileira, diante de Nós. A maioria do povo está confusa em sua embriaguez e mostra em sua face as evidências de ira. Assim temos juntado os obreiros da iniqüidade. Nós os vemos apressarem-se em direção a seu ídolo. Dize: Ninguém, neste Dia, será protegido contra o decreto de Deus. É, em verdade, um Dia penoso. Nós lhes apontamos aqueles que os desviaram. Eles os vêem e, contudo não os reconhecem. Seus olhos estão embriagados; é, em verdade, um povo cego. Suas provas são as calúnias que pronunciaram - calúnias essas, condenadas por Deus, o Amparo no Perigo, o Subsistente por Si Próprio. O Ente Mau incitou maldade em seus corações e eles estão aflitos com um tormento que ninguém pode evitar. Apressam-se aos maléficos, sendo assinalados como obreiros da iniqüidade. Tais são seus feitos.
Dize: Os céus dobraram-se e a terra está segura em Suas mãos; os malfeitores foram segurados pelo topete e ainda não compreendem. Bebem da água impura e não o sabem. Dize: Já se ergueu o brado e o povo saiu das sepulturas, levantando-se e olhando a seu redor. Alguns apressaram-se a atingir a corte do Deus de Misericórdia, outros caíram sobre suas faces no fogo do inferno, enquanto outros ainda se perdem em sua perplexidade. Os versículos de Deus foram revelados e, no entanto, deles se afastaram. Manifestou-se Sua prova, mas disso não se tornaram cientes. E quando contemplam a face do Todo-Misericordioso, suas próprias faces entristecem-se, enquanto se divertem. Apressam-se em direção ao fogo do inferno, supondo erroneamente que seja luz. Longe de Deus o que eles ineptamente imaginam! Dize: Quer vos regozijeis, quer estoureis de fúria, os céus já se racharam e Deus desceu, investido de soberania radiante. Ouve-se a exclamação de todas as coisas criadas: "O Reino é de Deus, o Todo-Poderoso, o Onisciente, a Suma Sabedoria."
Sabe tu, ademais, que fomos jogados numa Prisão aflitiva e estamos cercados pelas hostes da tirania, como resultado daquilo que as mãos dos infiéis cometeram. Tal é a alegria, entretanto, que o jovem saboreou, que nenhuma felicidade terrena lhe é comparável. Por Deus! O dano que Ele sofre nas mãos do opressor jamais Lhe poderá afligir o coração, nem pode ser entristecido pela ascendência daqueles que Lhe repudiarem a verdade.
Dize: A tribulação é um horizonte para Minha Revelação. O sol da graça sobre ele resplandece, difundindo uma luz que nem as nuvens da vã fantasia dos homens nem as fúteis imaginações do agressor podem obscurecer.
Segue tu as pegadas de teu Senhor e lembra-te de Seus servos assim como Ele se lembra de ti, não te deixando ser impedido pelo clamor dos desatentos nem pela espada do inimigo... Difunde em toda parte os doces sabores de teu Senhor e não hesites, ainda que seja por menos de um momento, em servir a Sua Causa. Aproxima-se o dia em que a vitória de teu Senhor, o Sempre-Clemente, o Mais Generoso, será proclamada.

XVIII. Dize: Fizemos os rios das Palavras Divinas procederem de Nosso trono, a fim de que as tenras ervas da sabedoria e compreensão brotassem do solo de vossos corações. Não sereis dos agradecidos? Os que desdenham a adoração ao seu Senhor serão dos rejeitados. E quantas vezes Nossos versículos lhes são recitados, tantas vezes persistem em orgulhoso desdém e em sua flagrante violação da lei de Deus, e não o sabem. Quanto àqueles que n'Ele desacreditaram, estarão na sombra de uma fumaça negra. Sobreveio-lhes "A Hora", enquanto eles se divertem. Foram segurados pelo topete e, todavia não o sabem.
A coisa que tinha de vir, já veio, subitamente: ei-los a fugirem dela! O inevitável sucedeu; testemunha tu como o jogaram atrás de si! Este é o Dia em que todo homem fugirá de si mesmo, quanto mais de seus parentes - pudésseis vos apenas o perceber. Dize: Por Deus! A trombeta soou e eis, a humanidade esmoreceu diante de nós! O Arauto exclamou e o Convocador levantou Sua voz, dizendo: "O Reino é de Deus, o Mais Poderoso, o Amparo no Perigo, o Subsistente por Si Próprio."
Este é o Dia em que todos os olhos fitarão o alto com terror, o Dia em que os corações dos que habitam na terra tremerão, exceto aqueles a quem apraza a teu Senhor, o Onisciente, a Suma Sabedoria, salvar. Todas as faces enegreceram, a não ser daqueles a quem o Deus de misericórdia tenha concedido um coração radiante. Embriagados estão os olhos dos homens que abertamente recusaram contemplar a face de Deus, o Todo-Glorioso, o Todo-Louvado.
Dize: Não perscrutastes o Alcorão? Lede-o, a fim de que possais, porventura, encontrar a Verdade, pois este Livro é, verdadeiramente, a Senda Reta. É o Caminho de Deus para todos os que estão nos céus e todos os que estão na terra. Se tendes descuidado do Alcorão, o Bayán não pode ser considerado remoto de vós. Vede-o aberto diante de vossos olhos. Lede seus versículos, para que talvez desistais de cometer o que faça os Mensageiros de Deus se lastimarem e lamentarem.
Apressai-vos a sair de vossos sepulcros. Quanto tempo dormireis? Pela segunda vez soou a trombeta. A quem contemplais? Este é o vosso Senhor, o Deus de Misericórdia. Vede como quereis negar Seus sinais! A terra tremeu com um grande tremor e expeliu o que nela pesava. Não quereis admitir isto? Dize: Não quereis reconhecer como as montanhas vieram a parecer com flocos de lã, como os povos estão penosamente aflitos diante da temível majestade da Causa de Deus? Testemunhai como suas casas são ruínas vazias, e eles mesmos, uma hoste afogada.
Este é o Dia em que o Todo-Misericordioso desceu nas nuvens do conhecimento, vestido de soberania manifesta. Bem conhece Ele as ações dos homens. É Aquele Cuja glória ninguém pode deixar de perceber, pudésseis vós apenas o compreender. O céu de cada religião partiu-se e a terra da compreensão humana se rompeu, e se vê descerem os anjos de Deus. Dize: Este é o Dia do engano mútuo; para onde fugis? As montanhas passaram e os céus se dobraram e toda a terra é segurada dentro de Suas mãos, pudésseis apenas o compreender. Quem é que vos pode proteger? Ninguém, por Aquele que é o Todo-Misericordioso? Ninguém, salvo Deus, o Onipotente, o Todo-Glorioso, o Benéfico. Toda mulher prenhe lançou do ventre seu peso. Vemos homens embriagados neste Dia, o Dia em que se congregaram os homens e os anjos.
Dize: Há alguma dúvida a respeito de Deus? Vede como Ele desceu do céu de Sua graça, cingido de poder e investido de soberania. Há alguma dúvida sobre Seus sinais? Abri vossos olhos e considerai Sua evidência clara. O Paraíso está à vossa direita e foi trazido para perto de vós, enquanto o inferno se fez flamejar. Testemunhai sua chama devoradora. Apressai-vos a entrar no Paraíso, em sinal de Nossa misericórdia a vós, e sorvei, das mãos do Todo-Misericordioso, o Vinho que é a vida verdadeira.
Apreciai o sabor, ó povo de Bahá. Sois, em verdade, aqueles que serão felizes. É isto que os próximos de Deus atingiram. É esta a água fluente que vos foi prometida no Alcorão e, mais tarde, no Bayán, como uma recompensa concedida por vosso Senhor, o Deus de Misericórdia. Bem-aventurados os que a sorvem.
Ó Meu servo que volveste a Mim tua face! Rende graças a Deus por haver Ele feito descer a ti esta Epístola nesta Prisão, para que possas lembrar o povo dos dias de teu Senhor, o Todo-Glorioso o Onisciente. Assim temos estabelecido para ti, através das águas de Nossa sabedoria e Nossas palavras, os fundamentos de tua crença. É esta, verdadeiramente, a água sobre a qual se ergueu o Trono de teu Senhor. "Seu trono estivera sobre as águas." Pondera isto em teu coração, a fim de que possas compreender seu sentido. Dize: Louvor a Deus, o Senhor de todos os mundos.

XIX. A todo coração discernente e iluminado, está evidente que Deus, a Essência incognoscível, o Ser Divino, está imensamente exaltado além de todo atributo humano, tais como, existência corpórea, subida e descida, egresso e regresso. Longe esteja de Sua glória, uma língua humana celebrar adequadamente Seu louvor, ou um coração humano compreender Seu insondável mistério. Ele está, e sempre esteve, velado na eternidade antiga de Sua Essência, e permanecerá, em Sua Realidade, para todo o sempre oculto da vista dos homens. "Nenhuma visão O abrange, mas Ele abrange toda a visão; Ele é o Sutil, o Percebedor de tudo..."
Estando a porta do conhecimento do Ancião dos Dias assim fechada ante a face de todos os seres, Aquele que é a Fonte da graça infinita - segundo Suas palavras: "Sua graça transcendeu todas as coisas; Minha graça abrangeu a todos" - determinou que aquelas luminosas Jóias da Santidade aparecessem do reino do espírito, na nobre forma do templo humano, manifestando-se a todos os homens, para que dessem ao mundo o conhecimento dos mistérios do Ser imutável e relatassem as sutilezas de Sua imperecível Essência.
Esses Espelhos santificados, esses Alvoreceres da antiga glória, são todos, sem exceção, os Expoentes na terra d'Aquele que é o Orbe central do universo, sua Essência e seu Propósito final. D'Ele recebem o conhecimento e o poder; d'Ele derivam a soberania. A formosura que lhes adorna o semblante é apenas um reflexo de Sua imagem, e o que revelam, um sinal de Sua glória imorredoura. São os Tesouros do conhecimento divino e os Repositórios da sabedoria celestial. Por eles é transmitida uma graça que é infinita e revelada a Luz que jamais se esvairá... Estes Tabernáculos da Santidade, estes Espelhos Primazes que refletem a luz da glória perene, são apenas expressões d'Aquele que é o Invisível dos Invisíveis. Pela revelação destas Jóias da virtude Divina, manifestam-se os nomes e atributos de Deus, tais como conhecimento e poder, soberania e domínio, misericórdia e sabedoria, glória, generosidade e graça.
Esses atributos de Deus não são, nem jamais foram, concedidos especialmente a certos Profetas e negados a outros. Não, todos os Profetas de Deus, Seus favorecidos, santos e escolhidos Mensageiros, são, sem exceção, os portadores de Seus nomes e incorporam Seus atributos. Diferem somente na intensidade de Suas revelações, na potência comparativa de sua luz. Assim mesmo como Ele revelou: "A alguns Apóstolos fizemos exceder aos outros."
Torna-se, pois, claro e manifesto que dentro dos tabernáculos destes Profetas e Eleitos de Deus tem sido refletida a luz de Seus nomes infinitos e atributos excelsos, ainda que a luz de alguns destes atributos possa ou não ser revelada exteriormente, aos olhos dos homens, por estes Templos luminosos. Por não haverem estas Essências do Desprendimento manifestado, aparentemente, um certo atributo de Deus, não se deve inferir, em absoluto, que os Alvoreceres dos atributos de Deus e os Tesouros de Seus santos nomes, não o tivessem, realmente, possuído. Assim, pois, estas Almas iluminadas, estes belos semblantes, foram - cada um deles - dotados de todos os atributos de Deus, tais como a soberania, o domínio e outros semelhantes, embora, aparentemente, fossem privados de toda majestade terrena...

XX. Sabe tu com certeza que o Invisível de modo algum, pode encarnar Sua Essência e revelá-La aos homens. Ele está, e sempre esteve, imensamente exaltado além de tudo o que se pode relatar ou perceber. De Seu recinto de glória, Sua voz constantemente proclama: "Verdadeiramente, Eu sou Deus; não há, outro Deus além de Mim, o Onisciente, a Suma Sabedoria. Manifestei-Me aos homens e fiz descer Aquele que é o Alvorecer dos sinais de Minha Revelação. Por Seu intermédio, fiz toda a criação atestar que não há outro Deus, salvo Ele, o Incomparável, o Onisciente, a Suma Sabedoria." Aquele que está para sempre oculto dos olhos dos homens, jamais poderá ser conhecido, salvo através de Seu Manifestante, e Seu Manifestante não pode aduzir maior prova da verdade de Sua Missão do que a prova de Sua própria Pessoa.

XXI. Ó Salman! A porta do conhecimento do Ser Antigo sempre esteve e para sempre permanecerá fechada à face dos homens. Nenhuma compreensão humana conseguirá jamais acesso à Sua corte sagrada. Como sinal de Sua mercê, porém, e prova de Sua benevolência, manifestou Ele aos homens os Sóis de Sua guia divina, os Símbolos de Sua divina unidade, e ordenou fosse o conhecimento destes Seres sagrados, idêntico, ao conhecimento de Seu próprio Ser. Quem os reconhecer, terá reconhecido a Deus, Quem escutar Seu chamado, terá escutado a Voz de Deus, e quem der testemunho da verdade de Sua Revelação, terá atestado a verdade do próprio Deus. Quem se afastar deles, terá se afastado de Deus, e quem neles não acreditar, em Deus não terá acreditado. Cada um deles é o Caminho de Deus que une este mundo aos domínios do além e é o Estandarte de Sua Verdade para cada um nos reinos da terra e do céu. São os Manifestantes de Deus entre os homens, as evidências de Sua Verdade e os sinais de Sua glória.

XXII. Os Portadores da Incumbência de Deus tornam-se manifestos aos povos da terra como os Expoentes de uma Causa nova e os Reveladores de uma nova Mensagem. Desde que estas Aves do Trono celestial são todas enviadas do céu da Vontade de Deus e todas se levantam para proclamar Sua Fé irresistível, por isso são consideradas uma só alma, uma mesmo pessoa. Pois todas sorvem de um só Cálice do amor de Deus e participam do fruto da mesma Árvore da Unidade.
Cada um destes Manifestantes de Deus tem um grau duplo. Um é o da pura abstração e da unidade essencial. Neste respeito, se tu os chamares a todos por um só nome e lhes atribuíres as mesmas qualidades, não te terás desviado da verdade. Assim como Ele revelou: "Nenhuma distinção fazemos Nós entre quaisquer de Seus Mensageiros." Pois todos eles, sem exceção, convocam, o povo da terra para reconhecer a unidade de Deus e lhe anunciam o Kawthar de bondade e graças infinitas. Todos estão investidos do manto de Profeta e honrados com as vestes da glória. Assim Maomé, o Ponto do Alcorão, revelou: "Eu sou todos os Profetas." E disse também: "Sou o primeiro Adão, Noé, Moisés e Jesus." Afirmações similares foram feitas por Imame 'Alí. Expressões semelhantes a estas, que indicam a unidade essencial desses Expoentes da Unicidade, emanaram também dos Veículos das palavras imortais de Deus e dos Tesouros, que encerram as jóias do conhecimento Divino e foram registradas nas Escrituras. Esses Semblantes são os recipientes do Mandado Divino e os Alvoreceres de Sua Revelação. Essa Revelação está exaltada acima dos véus da pluralidade e das exigências de número. Assim Ele diz: "Nossa Causa é Uma Só." Já que a Causa é uma mesma, seus Expoentes também devem ser um só. Semelhantemente, os Imames da Fé Maometana - aquelas lâmpadas da certeza - disseram: "Maomé é nosso primeiro, Maomé é nosso último, Maomé é nosso tudo."
É claro e evidente a ti que todos os Profetas são os Templos da Causa de Deus, embora aparecendo adornados de vestes diversas. Se observares com olhos discernentes, verás que todos habitam no mesmo tabernáculo, voam no mesmo céu, se sentam no mesmo trono, proferem as mesmas palavras e proclamam a mesma Fé. Tal é a unidade dessas Essências do Ser, desses Luminares de infinito e imensurável esplendor! Portanto, se um desses Manifestantes da Santidade proclamasse, dizendo: "Sou a volta de todos os Profetas", Ele diria, realmente, a verdade. Também, em cada Revelação subseqüente, a volta da Revelação anterior é um fato, cuja verdade está firmemente estabelecida...
O outro é o grau da distinção e pertence ao mundo da criação e às suas limitações. Neste respeito, cada Manifestante de Deus tem uma individualidade distinta, uma missão definitivamente prescrita, uma Revelação predestinada e limitações especialmente designadas. Cada um deles é conhecido por um nome diferente, é caracterizado por um atributo especial, cumpre uma missão bem definida e lhe é confiada uma Revelação distinta. Assim mesmo como Ele diz: "Alguns dos Apóstolos, Nós os fizemos exceder aos outros. A alguns Deus falou e alguns Ele elevou e enalteceu. E a Jesus, Filho de Maria, demos sinais manifestos e Nós O fortalecemos com o Espírito Santo."
É por causa desta diferença em seu grau e sua missão que as palavras e expressões que fluem desses Mananciais do conhecimento Divino parecem divergir e diferir. Não fosse isso, e todas as Suas palavras - aos olhos dos iniciados nos mistérios da sabedoria Divina - seriam, na realidade, apenas expressões de uma mesma Verdade. Como a maioria dos homens não soube apreciar esses graus aos quais Nos referimos, sente-se, por isso, confusa e atônita diante das afirmações divergentes pronunciadas por Manifestantes que são essencialmente um só.
Sempre foi evidente que todas essas divergências de expressão devem ser atribuídas às diferenças de grau. Assim, quando são consideradas do ponto de vista de sua unidade e seu sublime desprendimento, são - e sempre têm sido - aplicáveis a essas Essências da Existência, os atributos de Deidade, Divindade, Suprema Unicidade e Mais Íntima Essência, desde que todas permanecem no trono da Revelação Divina, estabelecidas sobre o assento da Ocultação Divina. Com seu aparecimento, a Revelação de Deus se manifesta e, através de seu semblante, a Beleza de Deus se revela. Assim é que se têm ouvido os acentos do próprio Deus pronunciados por esses Manifestantes do Ser Divino.
Vistos à luz de seu segundo grau - o grau da distinção, da diferenciação, das limitações, características e normas temporais - eles manifestam servitude absoluta, destituição total e abnegação completa. Assim mesmo como Ele diz: "Sou o servo de Deus. Sou apenas um homem como vós..."
Se qualquer um dos Manifestantes de Deus - Aqueles que a tudo abrangem - declarasse: "Eu sou Deus", Ele, verdadeiramente, diria a verdade, sem dúvida alguma. Pois já foi demonstrado, repetidas vezes, que, através de sua Revelação, seus atributos e nomes, se tornaram manifestos no mundo a Revelação, os nomes e os atributos de Deus. Assim Ele revelou: "Aqueles dardos pertenciam a Deus; não foram Teus." E diz Ele também: "Em verdade, os que a Ti hipotecaram fidelidade, a Deus, realmente, hipotecaram fidelidade." E se qualquer deles proferisse estas palavras: "Sou o Mensageiro de Deus", Ele também estaria dizendo a verdade, a verdade indubitável. Assim mesmo como Ele diz: "Maomé não é pai de homem algum entre vós, mas Ele é o Mensageiro de Deus." Vistos a essa luz, todos eles são apenas Mensageiros daquele Rei ideal, daquela imutável Essência. E fossem todos proclamar: "Sou o Selo dos Profetas", só diriam, realmente, a verdade, além da mais leve sombra de dúvida. Pois eles todos não são mais de uma só pessoa, uma só alma, um só espírito, um único ser, uma única revelação. Todos manifestam o "Princípio" e o "Fim", o "Primeiro" e o "Último", o "Visível" e o "Oculto" - tudo o que se refere Àquele que é o Mais Íntimo Espírito dos Espíritos e a Eterna Essência das Essências. E fossem eles dizer, "Somos os servos de Deus", isto também é um fato manifesto e indisputável. Pois eles se manifestaram no máximo grau de servitude - servitude essa, cujo igual homem algum poderá jamais atingir. Assim, essas Essências da Existência em momentos em que estavam profundamente imersas nos oceanos da antiga e sempiterna santidade, ou quando se elevavam até os mais sublimes ápices dos mistérios Divinos, declaravam ser sua voz, a Voz da Divindade, o Chamado do próprio Deus.
Se os olhos do discernimento se abrissem, perceberiam que, até mesmo neste estado, essas Essências da Existência se consideravam inteiramente obliteradas e inexistentes à face d'Aquele que é o Onipresente, o Incorruptível. Parece-me que a si mesmas se julgaram um simples nada e acharam sua própria menção naquela Corte, um ato de blasfêmia. Pois, o menor sussurro do eu dentro de tal Corte é evidência de engrandecimento próprio e existência independente. Aos olhos dos que atingiram essa Corte, essa sugestão é em si uma grave transgressão. Quanto mais grave seria, se qualquer outra coisa fosse mencionada naquela Presença, se o coração do homem ou a língua, a mente ou a alma, se ocupasse com alguém que não fosse o Bem-Amado, se os olhos contemplassem qualquer outro semblante senão Sua beleza, se o ouvido se inclinasse a alguma outra melodia, senão a de Sua Voz, e os pés algum caminho trilhassem que não fosse o Seu...
Em virtude deste grau, declararam ser sua, a Voz da Divindade, e coisas semelhantes, ao passo que, em virtude de seu grau de Mensageiro, se proclamaram a si próprios os Mensageiros de Deus. Em cada instância, pronunciavam palavras de acordo com as exigências da ocasião e atribuíam a si próprios todas essas declarações - declarações que se estendem desde o reino da Revelação Divina até o reino da criação, desde o domínio da Divindade até mesmo o domínio da existência terrena. Assim é que, seja qual for sua asserção - quer se refira ao reino da Divindade, ao de Senhor, ao de Profeta, de Mensageiro, Guardião, Apóstolo ou Servo - tudo é verdade, além de qualquer sombra de dúvida. Essas afirmações, portanto, que citamos para sustentar Nosso argumento, devem ser consideradas atentamente, a fim de que as declarações divergentes, feitas por esses Manifestantes do Invisível, esses Alvoreceres da Santidade, deixem de agitar a alma e confundir a mente.

XXIII. Considerai as gerações antigas. Vede como, cada vez que o Sol da graça Divina irradiava a luz de Sua Revelação sobre o mundo, o povo de Seu Dia se levantava contra Ele e Lhe repudiava a verdade. Os que eram considerados os líderes dos homens esforçavam-se, invariavelmente, por impedir que os adeptos se dirigissem Àquele que é o Oceano da graça ilimitada de Deus.
Vede como o povo, em conseqüência do veredicto pronunciado pelos sacerdotes de Sua época, lançou no fogo Abraão, o Amigo de Deus; como Moisés, Aquele que conversou com o Todo Poderoso, foi denunciado como mentiroso e caluniador. Refleti como foi tratado, pelos Seus inimigos, Jesus - o Espírito de Deus, não obstante Sua humildade extrema e Sua perfeita ternura de coração. Tão veemente foi a oposição a qual Ele, a Essência do Ser e Senhor do visível e do invisível, teve de enfrentar, que não tinha Ele onde deitar a cabeça. Vagava continuamente de um lugar a outro, privado de uma morada permanente. Ponderai o que sobreveio a Maomé, o Selo dos Profetas - que Lhe seja um sacrifício a vida de tudo mais. Quão severas as aflições que os dirigentes do povo judaico e dos idólatras fizeram chover sobre Ele, o Senhor soberano de todos, em conseqüência de Sua proclamação da unidade de Deus e da verdade de Sua Mensagem! Pela justiça de Minha Causa! Minha Pena geme e todas as coisas criadas choram com grande pranto, por causa das tribulações que Ele sofreu nas mãos dos que quebrantaram o Convênio de Deus, violaram Seu Testamento, Lhe rejeitaram as provas e disputaram os sinais. Assim Nós te narramos a história daquilo que aconteceu nos dias passados - acaso possas tu compreender.
Tu tens sabido quão lastimavelmente foram afligidos os Profetas de Deus, Seus Mensageiros e Eleitos. Medita um pouco, sobre o motivo e a razão responsáveis por tal perseguição. Em tempo algum, em nenhuma Era, têm os Profetas de Deus escapado da blasfêmia de seus inimigos, da crueldade de seus opressores e da denúncia por parte dos eruditos da época, que apareciam no disfarce de integridade e piedade. Dia e noite passavam eles por tais angústias como jamais podem ser medidas, salvo pelo conhecimento do Deus Uno e Verdadeiro - exaltada seja Sua glória.
Considera tu este Injuriado. Embora as provas mais claras atestem a verdade de Sua Causa; embora as profecias feitas por Ele, em linguagem inequívoca, tenham sido cumpridas; embora - apesar do fato de que Ele não era contado entre os eruditos, nem tinha freqüentado escolas ou tido prática nas disputas correntes entre os sacerdotes - ainda, apesar de tudo isso, Ele tenha feito manar sobre os homens Seus múltiplos conhecimentos divinamente inspirados; vê, no entanto, como esta geração rejeitou Sua autoridade e contra Ele se rebelou! Durante a maior parte de Sua vida, tem Ele passado por graves provações nas mãos de Seus inimigos. Seus sofrimentos chegaram agora ao ponto culminante, nesta aflitiva Prisão, à qual Seus opressores tão injustamente O relegaram. Permita Deus que tu, com penetrante visão e um coração radioso, possas observar as coisas que sucederam e agora estão acontecendo e, ponderando-as em teu coração, possas reconhecer o que a maioria dos homens, neste Dia, não conseguiu perceber. Queira Deus, Ele te possa capacitar a inalar a doce fragrância de Seu Dia, a participar das ilimitadas emanações de Sua graça, a sorver até saciares - através de Seu benévolo favor - do mais grandioso Oceano que surge neste Dia, em nome do Rei Antigo, e a permanecer firme e imóvel como a montanha, em Sua Causa.
Dize: Glória a Ti que fizeste todos os Seres santos confessarem sua fraqueza à face das múltiplas revelações de Teu poder, e cada Profeta admitir sua inexistência diante do fulgor de Tua sempiterna glória. Suplico-Te, por Teu nome que descerrou os portais do Céu e tornou plena de êxtase a Assembléia no alto, que me concedas o poder de Te servir, neste Dia, e me fortaleças a observar o que prescreveste em Teu Livro. Tu sabes, ó meu Senhor, o que está em mim, mas eu não sei o que está em Ti. Tu és a Suma Sabedoria, o Onisciente.

XXIV. Acautelai-vos, ó vós que credes na Unidade de Deus, para que não sejais induzidos a fazer distinção alguma entre os Manifestantes de Sua Causa ou a discriminar contra os sinais que têm acompanhado e proclamado sua Revelação. É este realmente, o verdadeiro sentido da Unidade Divina - se sois dos que percebem e aceitam esta verdade. Tende certeza, além disso, de que as obras e ações de cada um desses Manifestantes de Deus - ainda mais, qualquer coisa que Lhes pertença ou que Eles, no futuro, possam manifestar - são todas ordenadas por Deus e refletem Sua Vontade e Seu Desígnio. Quem fizer a mínima diferença entre as pessoas, as palavras, as mensagens, as ações e maneiras deles, se terá tornado, em verdade, descrente de Deus, terá repudiado Seus sinais e traído a Causa de Seus Mensageiros.

XXV. É evidente que cada era em que um Manifestante de Deus tem vivido é divinamente ordenada e pode, em certo sentido, ser caracterizada como o Dia designado de Deus. Este Dia, entretanto, é único e deve ser distinguido dos que o precederam. A designação "Selo dos Profetas" revela plenamente seu alto grau. O Ciclo Profético, em verdade, findou. A Verdade Eterna veio agora. Ele ergueu a Insígnia do Poder e agora irradia sobre o mundo o desnublado esplendor de Sua Revelação.

XXVI. Louvor a Deus, Possuidor de tudo, Rei de incomparável glória - um louvor imensuravelmente acima da compreensão de todas as coisas criadas e elevado além do alcance das mentes dos homens. Ninguém, salvo Ele, pôde jamais cantar de um modo digno o Seu louvor, nem logrará homem algum, em qualquer tempo, descrever a plena medida de Sua glória. Quem terá a pretensão de haver atingido as alturas de Sua exaltada Essência e qual a mente que possa medir as profundidades de Seu insondável mistério? De cada uma das revelações emanadas da Fonte de Sua glória, têm aparecido evidências sagradas e infindáveis de inimaginável esplendor; de toda manifestação de Seu poder invencível, têm jorrado oceanos de luz eterna. Quão imensamente elevados são os testemunhos maravilhosos de Sua onipotente soberania, um vislumbre da qual, se apenas os tocasse, consumiria totalmente todos os que estão, nos céus e na terra! De que sublimidade indescritível são as evidências de Seu consumado poder, cujo simples sinal, por mais insignificante que seja, há de transcender a compreensão de qualquer coisa que haja vindo a existir, desde o princípio que não teve princípio, ou que venha a ser criado no futuro, até o fim que não tem fim. Todas as Personificações de Seus Nomes vagueiam no deserto da busca, sedentas e ávidas de descobrir Sua Essência, e todos os Manifestantes de Seus atributos Lhe imploram, do Sinai da Santidade, que desvende Seu mistério.
Uma gota do oceano encapelado de Sua infinita mercê adornou toda a criação com o ornamento da existência, e um alento, emanado de seu incomparável Paraíso vestiu todos os seres com o manto de Sua santidade e glória. Um orvalhar das insondáveis profundezas de Sua vontade soberana e predominante chamou do nada absoluto, elevando-a para a existência, uma criação infinita em seu âmbito e imorredoura quanto à sua duração. As maravilhas de Sua generosidade não podem cessar, e jamais será detido o fluxo de Sua graça misericordiosa. O processo de Sua criação não teve começo, nem poderá ter fim.
Em cada era e ciclo, Ele, através da luz esplendorosa emanada dos Manifestantes de Sua maravilhosa Essência, tem recriado todas as coisas, de modo que nada nos céus e na terra que reflita os sinais de Sua glória seja privado das emanações de Sua misericórdia, nem desespere das chuvas de Seus favores. Como são abrangentes as maravilhas de Sua infinita graça! Vede como têm penetrado na criação inteira. Tal é sua virtude que nem se encontra em todo o universo um só átomo que não declare as evidências de Seu poder, que não glorifique Seu santo Nome ou exprima a fulgente luz de Sua unidade. Tão perfeita e compreensiva é Sua criação, que nunca poderá mente ou coração algum, por mais agudo ou puro que seja, abranger a natureza da mais insignificante de Suas criaturas e, muito menos, sondar o mistério de Quem é o Sol da Verdade, de Quem é a Essência invisível e incognoscível. Os conceitos dos mais devotos dos místicos, as realizações dos mais hábeis dentre os homens, o mais alto louvor que língua ou pena humana pode prestar, são todos o produto da mente finita do homem e condicionados às suas limitações. Dez mil Profetas, cada um deles um Moisés, se acham atônitos no Sinai da busca, perante Sua Voz proibitiva: "Nunca tu haverás de Me contemplar!"; enquanto miríades de Mensageiros, cada um tão grande como Jesus, estão pasmados, em seus tronos celestiais, diante da interdição: "Minha Essência, tu jamais a haverá de perceber!" Desde tempos imemoriais, está Ele velado na santidade inefável de Seu sublime Ser; e eternamente permanecerá Ele envolto no impenetrável mistério de Sua Essência incognoscível. Toda tentativa de alcançar a compreensão de Sua inatingível Realidade tem terminado em confusão completa; todo esforço por se aproximar de Seu Ser excelso e formar um conceito de Sua Essência, teve como resultado desespero e malogro.
Como me sinto confuso, insignificante que sou, ao tentar sondar as sagradas profundidades de Teu conhecimento! Quão fúteis meus esforços por imaginar a magnitude do poder inerente à Tua obra - a revelação de Teu poder criador! Como podem meus olhos, que não têm a faculdade de se perceberem a si próprios, alegar haverem discernido Tua Essência, e como pode meu coração, já incapaz de entender o que significam suas próprias potencialidades, ter a pretensão de haver abrangido Tua natureza? Como posso dizer que eu Te tenha conhecido, quando a criação inteira se acha perplexa diante de Teu mistério, e como posso confessar não Te haver conhecido, quando, eis, todo o universo proclama Tua Presença e dá testemunho de Tua verdade? Os portais de Tua graça por toda a eternidade se têm mantido abertos, os meios de acesso à Tua Presença têm estado ao dispor de todas as coisas criadas, e as revelações de Tua inigualável Beleza têm-se imprimido, em todos os tempos, sobre a realidade de todas as coisas visíveis e invisíveis. Apesar desse mais benévolo favor, essa perfeita e consumada graça, sinto-me, entretanto, movido a atestar que Tua corte de santidade e glória se eleva imensuravelmente acima do conhecimento de todos, menos de Ti, e que o mistério de Tua Presença é inescrutável para todas as mentes, salvo a Tua própria. Ninguém, a não ser Tu Próprio, pode desvendar o segredo de Tua natureza, e nada, senão Tua transcendente Essência, pode abranger a realidade de Teu Ser impenetrável. Como é vasto o número daqueles seres celestiais, todo-gloriosos, que têm vagueado na selva de sua separação de Ti durante todos os dias de suas vidas e, no fim, não podido Te encontrar! Quão grande a multidão das almas santificadas e imortais que, confusas, se perderam no deserto da busca em seu empenho de contemplarem Tua face! Inúmeros são aqueles que Te amam ardentemente, a quem a chama consumidora do afastamento de Ti fez desmaiarem e pereceram, e incontáveis as almas fiéis que espontaneamente ofereceram suas vidas em holocausto na esperança de fitar a luz de Teu Semblante. Os suspiros e gemidos desses corações ardentes, que por Ti anelam, não poderão jamais alcançar Tua santa corte, nem podem os lamentos daqueles que caminham sequiosos de aparecer diante de Tua Face, atingir a sede de Tua glória.

XXVII. Todo louvor à unidade de Deus e toda honra a Ele, o Senhor soberano, o incomparável e todo-glorioso Rei de universo, Quem, da inexistência absoluta, criou a realidade de todas as coisas, Quem, do nada, trouxe para a existência os elementos mais refinados e sutis de Sua criação e, salvando Suas criaturas do rebaixamento da separação e dos perigos da extinção final, as recebeu em Seu reino de glória incorruptível. Nada menos de Sua graça, que a tudo abrange, e de Sua mercê, que tudo penetra, poderia ter realizado isso. De outro modo, como teria sido possível o simples nada haver adquirido, por si só, o merecimento e a capacidade para emergir de seu estado de inexistência para o domínio do ser?
Havendo criado o mundo e tudo o que aí vive e se move Ele, pela operação direta de Sua Vontade absoluta e soberana, se dignou conferir ao homem a distinção e a capacidade incomparáveis de O conhecer e amar - capacidade esta que há de ser vista como o impulso gerador e o desígnio primário que baseiam toda a criação... A luz de um de Seus nomes, Ele irradiou sobre a mais íntima realidade de cada uma das coisas criadas, fazendo dessa realidade um receptáculo da glória de um de Seus atributos. Sobre a realidade do homem, entretanto, focalizou Ele o fulgor de todos os Seus nomes e atributos e o fez um espelho de Seu próprio Ser. O homem, unicamente, dentre todas as coisas criadas, foi distinguido por tão grande favor, por uma graça tão duradoura.
Essas energias das quais o Sol da generosidade Divina, a Fonte da guia celestial, dotou a realidade do homem, jazem nele latentes, todavia, assim como a chama se oculta dentro da vela e os raios de luz estão presentes, potencialmente, na lâmpada. O brilho dessas energias pode ser obscurecido por desejos terrenos, assim como a luz do sol pode se esconder sob o pó e as impurezas que encobrem o espelho. Nem a vela, nem a lâmpada pode acender-se por seus próprios esforços, sem auxílio, nem será possível jamais que o espelho, por si só, se livre de suas impurezas. Está claro e evidente que, antes de se atear fogo, a lâmpada não será acesa, e a não ser que se apague de sua face a impureza, o espelho jamais representará a imagem do sol nem lhe poderá refletir a luz e glória.
E desde que não pode haver laço de intercurso direto para ligar o Deus Uno e Verdadeiro à Sua criação, nem pode existir qualquer semelhança entre o transitório e o Eterno, o contingente e o Absoluto, Ele ordenou que em cada era e dispensação uma Alma pura e imaculada se manifestasse nos reinos da terra e do céu. A esse Ser sutil, esse Ser misterioso e etéreo, Ele atribuiu uma natureza dupla: a física, pertencente no mundo da matéria, e a espiritual, oriunda da substância do próprio Deus. Conferiu-Lhe também um grau duplo. O primeiro, o qual se relaciona é Sua mais íntima realidade, representa-O como Aquele Cuja voz é a voz do próprio Deus. Isto é atestado pela tradição: "Múltipla e misteriosa é Minha relação com Deus. Eu sou Ele, Ele mesmo, e Ele é Eu, Eu mesmo, exceto que Eu sou o que sou e Ele é o que é." E outrossim, as palavras: "Levanta-te, ó Maomé, pois eis, o Amante e o Bem-Amado se unem, se tornam um só em Ti." Semelhantemente diz Ele: "Não há qualquer distinção entre Ti e Eles, salvo que Eles são Teus Servos." O segundo grau é o humano, exemplificado pelos seguintes versículos: "Sou apenas um homem como vós." "Dize, louvado seja meu Senhor! Serei Eu mais que um homem, um apóstolo?" Essas Essências do Desprendimento, essas esplendorosas Realidades, são os veículos da onipresente graça de Deus. Seguindo a luz da guia infalível e possuidora de soberania suprema, são incumbidas de usar a inspiração de Suas palavras, as emanações de Sua perene graça e a brisa santificadora de Sua Revelação para purificar todo coração ardente e espírito receptivo, livrando-os do pó das impurezas das ansiedades e limitações terrenas. Então, e somente então, Aquilo que Deus lhe confiou, latente na realidade do homem, emergirá, esplendoroso como o Orbe nascente da Revelação Divina, detrás do véu da ocultação, e implantará a insígnia de sua revelada glória sobre os ápices dos corações dos homens.
Das passagens e alusões supracitadas, torna-se indubitavelmente claro que nos reinos da terra e do céu há de manifestar-se necessariamente um Ser, uma Essência, que agirá como Manifestante e Veículo para transmitir a graça da própria Divindade, o Senhor Soberano de todos. Através dos Ensinamentos deste Sol da Verdade, todo homem progredirá e desenvolver-se-á até atingir o grau em que possa manifestar todos as forças potenciais de que seu mais íntimo e verdadeiro ser foi dotado. É para este próprio fim que, em cada era, e dispensação, os Profetas de Deus e Seus Eleitos aparecem entre os homens e demonstram tal poder como é oriundo de Deus, e tal grandeza como somente o Eterno há de revelar.
Pode alguém de mente sã imaginar alguma vez, seriamente, que em vista de certas palavras cujo significado lhe é incompreensível, o portal da infinita guia de Deus em algum tempo se fechará à face dos homens? Poderá ele conceber para esses Luminares Divinos, essas Luzes resplandecentes, um começo ou um fim? Qual emanação transbordante é comparável com o fluxo de Sua graça que a tudo abrange, e qual a bênção que possa exceder as evidências de tão grande e prevalecente mercê? Sem dúvida alguma, se por um só momento o fluxo de Sua misericórdia e graça lhe fosse retirado, o mundo pereceria completamente. Por esta razão, desde o começo que não tem começo, os portais da misericórdia Divina têm estado abertos de par em par à face de todas as coisas criadas, e as nuvens da Verdade continuarão, até o fim que não tem fim, a chover seus favores e graças sobre o solo da capacidade, realidade e personalidade humanas. Tal é o método contínuo de Deus, desde sempre para todo o sempre.

XXVIII. Bem-aventurado o homem que se levantar para servir Minha Causa e glorificar Meu belo Nome. Segura tu Meu Livro com o poder de Minha grandeza e adere tenazmente a qualquer mandamento que teu Senhor, Quem tudo ordena, o Onisciente, nele tenha prescrito. Vê, ó Muhammad, como os dizeres e as ações dos seguidores do Islã xiita ofuscaram o júbilo e favor de seus primeiros dias e deslustraram o prístino esplendor de sua luz. Em seus dias primitivos, enquanto eles ainda aderiam aos preceitos associados ao nome de seu Profeta, Senhor do gênero humano, distinguia sua carreira uma ininterrupta corrente de vitórias e triunfos. À medida que, pouco a pouco, se desviavam do caminho de seu Dirigente e Mestre Ideal, afastando-se da Luz de Deus e corrompendo o princípio de Sua Unidade Divina, e enquanto concentravam sua atenção cada vez mais naqueles que eram apenas os reveladores da potência de Sua Palavra, seu poder transformava-se em fraqueza, sua glória em vergonha, sua coragem em medo. Tu testemunhas a que estado chegaram. Vê, como associaram co-participante Àquele que é o Ponto Focal da Unidade Divina. Vê como suas más ações os impediram de reconhecer, no Dia da Ressurreição, a Palavra da Verdade - exaltada seja Sua glória! Nutrimos a esperança de que esse povo doravante se proteja das vãs esperanças e fúteis fantasias e atinja uma verdadeira compreensão do que significa a Unidade Divina.
A Pessoa do Manifestante tem sido sempre Aquele que representa Deus e é Seu Porta-Voz. Ele, em verdade, é a Aurora dos mais excelentes Títulos de Deus e o Alvorecer de Seus excelentes Atributos. Se quaisquer outros forem colocados ao Seu lado como iguais, se forem considerados idênticos à Sua Pessoa, como poderá se manter, então, que o Ser Divino seja Uno e Incomparável, que Sua Essência seja indivisível e sem igual? Medita sobre aquilo que Nós, através do poder da verdade, temos a ti revelado, e sê um daqueles que lhe compreendem a significação.

XXIX. O desígnio de Deus ao criar o homem foi, e sempre será, capacitá-lo a conhecer seu Criador e atingir Sua Presença. Deste mais excelente propósito, deste objetivo supremo, todos os Livros celestiais e Escrituras ponderáveis, divinamente reveladas, dão inequívoco testemunho. Quem tiver reconhecido o Alvorecer da guia Divina e entrado em Sua santa corte terá se aproximado de Deus e atingido Sua Presença - uma Presença que é o verdadeiro Paraíso, e da qual as mais sublimes mansões do céu são apenas um símbolo. Tal homem terá atingido o conhecimento do grau d'Aquele que está "à distância de dois arcos", e que está além do Sadratu'l-Muntahá. Quem tiver deixado de reconhecê-Lo, terá se condenado à miséria do afastamento - um afastamento que não é senão o nada absoluto e a essência do ínfimo fogo. Tal será seu destino, ainda que, aparentemente, ele ocupe os lugares mais elevados da terra e se tenha estabelecido no mais excelso trono.
Aquele que é o Alvorecer da Verdade possui, sem dúvida, plena capacidade para salvar de tal afastamento as almas refratárias e fazê-las aproximarem-se de Sua Corte e atingirem Sua Presença. "Tivesse Deus assim desejado, seguramente teria Ele feito de todos os homens um só povo." Seu desígnio, porém, é fazer com que os puros de espírito e desprendidos de coração ascendam, em virtude de seus próprios poderes inatos, até as orlas do Mais Grandioso Oceano, para que assim aqueles que buscam a Beleza do Todo-Glorioso se possam distinguir e separar dos refratários e perversos. Assim foi ordenado pela Pena toda gloriosa e resplendente...
O fato de os Manifestantes da Justiça Divina, os Alvoreceres da Graça Celestial, sempre, quando aparecem entre os homens, estarem destituídos de todo domínio terreno e despojados dos meios da ascendência temporal, deve ser atribuído a esse mesmo princípio da separação e distinção que incentiva o Desígnio Divino. Fosse Aquele que é a Essência Eterna manifestar tudo o que n'Ele está latente, fosse Ele resplandecer na plenitude de Sua Glória, não se encontraria quem duvidasse de Seu poder ou Lhe repudiasse a Verdade. Não, todas as coisas criadas seriam tão ofuscadas e atônitas diante das evidências de Sua luz, que se reduziriam ao simples nada. Como, pois, sob tais circunstâncias, pode-se diferenciar os piedosos dos refratários?
Esse princípio tem operado em cada uma das eras anteriores, sendo abundantemente demonstrado... É por essa razão que, em cada era, quando um novo Manifestante apareceu e aos homens foi concedida mais uma revelação do poder transcendente de Deus, os que n'Ele não acreditaram - sendo iludidos por haver a Beleza incomparável e eterna vindo com a aparência dos homens mortais - deixariam de O reconhecer. Erraram o Seu caminho e esquivaram Sua companhia - a companhia d'Aquele que é o Símbolo da proximidade de Deus. Até mesmo levantaram-se para dizimar as fileiras dos fiéis e exterminar todos que n'Ele acreditaram.
Vede como, nesta Era, os desprezíveis e insensatos têm imaginado tolamente que, por tais instrumentos como o massacre, a pilhagem e o desterro, possam extinguir a Lâmpada que a Mão do poder divino acendeu, ou eclipsar o Sol do esplendor eterno. Como parecem estar de todo inconscientes da verdade de ser esse infortúnio o óleo que alimenta a chama desta Lâmpada! Tal é o poder transformador possuído por Deus. Ele muda o que deseja; Ele, verdadeiramente, tem poder sobre todas as coisas...
Considerai em todos os tempos a soberania exercida pelo Rei Ideal e vede as evidências de Seu poder e Sua suprema influência. Santificai vossos ouvidos das vãs palavras daqueles que são os símbolos da negação e os expoentes da violência e ira. Aproxima-se a hora em que testemunhareis o poder do Deus Uno e Verdadeiro a triunfar sobre todas as coisas criadas, e os sinais de Sua soberania a abrangerem a criação inteira. Nesse dia, havereis de descobrir como tudo mais, a não ser Ele, terá sido esquecido, vindo a ser considerado como simplesmente nada.
Deve-se ter em mente, porém, que Deus e Seu Manifestante não podem, sob nenhuma circunstância, ser desassociados da elevação e sublimidade que Eles inerentemente possuem. Ainda mais, a elevação e a sublimidade são, elas próprias, as criações de Sua Palavra - se quiserdes ver com Minha vista e não com a vossa.

XXX. Deus dá testemunho de que não há outro Deus senão Ele, o Benévolo, o Mais-Amado. Toda a graça e generosidade a Ele pertencem. A quem quer que Ele deseje, dá o que Lhe apraz. Ele, verdadeiramente, é o Todo-Poderoso, o Onipotente, o Amparo no Perigo, o que subsiste por Si Próprio. Nós, em verdade, cremos n'Aquele que, na pessoa do Báb, foi enviado pela Vontade do Deus Uno e Verdadeiro, o Rei dos Reis, Objeto de todo louvor. Nós, além disso, juramos fidelidade Àquele que, no tempo de Mustagháth, é destinado tornar-se manifesto, bem como Àqueles que virão após Ele, até o fim que não tem fim. Reconhecemos na manifestação de cada um d'Eles, quer seja exterior ou interiormente, a manifestação de nenhum outro, senão do próprio Deus - se sois dos que compreendem. Cada um d'Eles é um espelho de Deus que nada reflete, senão Seu próprio Ser, Sua Beleza, Seu Poder e Sua Glória - se quiserdes compreender. Todos os demais, além d'Eles, devem ser vistos como espelhos capazes de refletir a glória desses Manifestantes que são, Eles Próprios, os Espelhos Primazes do Ser Divino - se não estiverdes destituídos de compreensão. Ninguém jamais Lhes escapou, nem serão Eles impedidos de realizar Seu desígnio. Esses Espelhos sucederão um ao outro eternamente, continuando a refletir a luz do Ancião dos Dias. Aqueles que Lhes refletem a glória continuarão, outrossim, a existir para todo o sempre, pois a Graça de Deus, jamais poderá cessar de fluir. É esta uma verdade que ninguém pode refutar.

XXXI. Contempla tu com a vista interior a corrente de sucessivas Revelações que ligou a Manifestação de Adão com a do Báb. Dou testemunho perante Deus de que cada um desses Manifestantes foi enviado através da operação da Vontade e Desígnios Divinos, que cada um foi o Portador de uma Mensagem específica, que a cada um se confiou um Livro divinamente revelado o incumbiu de desvendar os mistérios de uma Epístola poderosa. A medida da Revelação com a qual cada um d'Eles se identificava, fora definitivamente preordenada. Isso, em verdade, é sinal de Nosso favor a Eles - se sois daqueles que compreendem esta verdade... E quando esse processo de Revelação progressiva culminou na etapa em que Seu Semblante sem igual, o mais sagrado e excelso, haveria de ser desvelado aos olhos dos homens, dignou-se Ele ocultar Seu Próprio Ser atrás de mil véus, para que olhos profanos e mortais não Lhe descobrissem a glória. Isso Ele fez num tempo em que sobre Ele manavam sinais e evidências de uma Revelação ordenada por Deus - sinais e evidências que ninguém pode avaliar, salvo o Senhor, vosso Deus, o Senhor de todos os mundos. E ao cumprir-se o tempo determinado de ocultação, fizemos aparecer, enquanto ainda envolto dentro de uma miríade de véus, um infinitésimo vislumbre da fulgente Glória que envolve a Face do jovem, e eis que a inteira companhia dos que habitam nos Domínios do alto foi acometida de violenta comoção e os favorecidos de Deus se prostraram em adoração diante d'Ele. Verdadeiramente, Ele manifestou uma glória tal que ninguém na criação inteira jamais viu, desde que se levantou para proclamar, em pessoa, Sua Causa a todos os que estão nos céus e todos os que estão na terra.

XXXII. O que tens ouvido dizer a respeito de Abraão, o Amigo do Todo-Misericordioso, é a verdade, e nenhuma dúvida há sobre isso. A Voz de Deus mandou que Ele ofertasse Ismael em holocausto, a fim de que Sua constância na Fé de Deus e Seu desprendimento de tudo, exceto d'Ele, fossem demonstrados aos homens. O desígnio de Deus, ademais, foi sacrificá-lo como resgate pelos pecados e iniqüidades de todos os povos da terra. Essa mesma honra, Jesus, filho de Maria, suplicou ao Deus Uno e Verdadeiro - exaltado sejam Seu nome e Sua glória - Lhe fosse conferido. Pela mesma razão, foi Husayn ofertado em holocausto por Maomé, o Apóstolo de Deus.
Jamais poderá homem algum pretender que tenha compreendido a natureza da graça oculta e múltipla de Deus; ninguém pode sondar Sua misericórdia - essa misericórdia que a tudo abrange. Tal tem sido a perversidade dos homens, tamanhas suas transgressões e tão lastimáveis as provações que têm afligido os Profetas de Deus e seus eleitos, que toda a humanidade merece ser atormentada e perecer. A oculta e terníssima providência de Deus, entretanto, a protegeu, não só por meios visíveis, como também por invisíveis, e continuará a protegê-la da punição de sua iniqüidade. Pondera isto em teu coração, a fim de que a verdade se revele, e sê constante em Seu caminho.

XXXIII. Foi decretado por Nós que a Palavra de Deus e todas as suas potencialidades fossem manifestadas aos homens em estrita conformidade com tais condições como foram preordenadas por Aquele que é o Onisciente, a Suma Sabedoria. Temos ordenado, ainda mais, que seu véu de ocultação outro não fosse, senão seu próprio Ser. Tal, em verdade, é Nosso Poder de realizar Nosso Desígnio. Se fosse permitido que a Palavra libertasse de súbito todas as energias nela latentes, homem algum poderia sustentar o peso de tão poderosa Revelação. Não, diante dela, fugiria em consternação tudo o que está no céu e na terra.
Considerai o que se fez descer a Maomé, o Apóstolo de Deus. A medida da Revelação da qual foi portador, havia sido, claramente preordenada por Aquele que é o Todo-Poderoso, o Onipotente. Os que O ouviram, entretanto, só Lhe puderam, apreender o propósito dentro dos limites do grau e da capacidade espiritual que lhes cabiam. Ele, do mesmo modo, desvelou a Face da Sabedoria em proporção à habilidade deles para sustentarem o peso de Sua Mensagem. Logo que a humanidade atingira a etapa do amadurecimento, a Palavra revelou nos olhos dos homens as energias latentes das quais fora dotada - energias estas que se manifestaram na plenitude de sua glória quando, no ano sessenta, a Beleza Antiga apareceu na pessoa de 'Alí-Muhammad, o Báb.

XXXIV. Todo louvor e glória a Deus, Quem através do poder de Sua grandeza, livrou Sua criação da nudez da inexistência e a vestiu do manto da vida. Dentre todas as coisas criadas, distinguiu Ele para Seu especial favor a pura, preciosa realidade do homem e a investiu de uma capacidade sem igual, a de O conhecer e de refletir a grandeza de Sua glória. Essa dupla distinção que lhe foi conferida limpou de seu coração a ferrugem de todo desejo vão e o tornou merecedor das vestes com que seu Criador se dignou cobri-lo. Valeu para salvar sua alma da miséria da ignorância.
Essas vestes com as quais o corpo e alma do homem foram adornados, são o próprio alicerce de seu bem-estar e desenvolvimento. Oh, como será abençoado o dia em que o homem, ajudado pela graça e poder do Deus Uno e Verdadeiro, se terá livrado da escravidão e corrupção do mundo e de tudo o que nele se acha, e atingido o verdadeiro e perene repouso à sombra da Árvore do Conhecimento!
As canções expressas pela ave de teu coração, em seu grande amor por seus amigos, alcançaram-lhes os ouvidos e Me induziram a responder às tuas perguntas e a expor-te tais segredos como Me é permitido revelar. Em tua estimada carta, havias inquirido quais dos Profetas de Deus deveriam ser considerados superiores aos outros. Sabe tu, seguramente, que a essência de todos os Profetas de Deus é uma e a mesma. Sua unidade é absoluta. Diz Deus, o Criador: Não há distinção alguma entre os Portadores de Minha Mensagem. Todos têm apenas um objetivo; seu segredo é o mesmo segredo. De modo algum é permitido conferir honra a um em preferência a outro, enaltecer alguns acima dos demais. Todo verdadeiro Profeta tem considerado Sua Mensagem como fundamentalmente a mesma que a Revelação de todos os outros Profetas que O antecederam. Se algum homem, pois, não conseguindo compreender esta verdade fizesse uso, conseqüentemente, de linguagem vã e indigna, ninguém dotado de vista penetrante e um entendimento esclarecido permitiria jamais que palavras tão fúteis o levassem a vacilar em sua fé.
A medida da revelação dos Profetas de Deus neste mundo, porém, tem de diferir. Cada um deles foi o Portador de uma Mensagem distinta, sendo incumbido de se revelar mediante atos específicos. É por esta razão que aparentemente sua grandeza varia. Sua Revelação é comparável à luz da lua que se irradia sobre a terra. Embora, cada vez que aparece, revele uma nova medida de seu brilho, jamais, no entanto, poderá seu inerente esplendor diminuir, nem sua luz sofrer extinção.
É claro e evidente, pois, que qualquer aparente variação na intensidade de sua luz não é inerente à própria luz, mas sim, deve ser atribuída à receptividade variável de um mundo que sempre muda. Cada Profeta que o Criador Todo-Poderoso e Incomparável se propôs a enviar aos povos da terra foi incumbido de uma Mensagem e instado a agir da maneira que melhor satisfizesse os requisitos da época de Seu aparecimento. O desígnio de Deus em mandar Seus Profetas aos homens é duplo. O primeiro é livrar da escuridão da ignorância os filhos dos homens, e guiá-los à luz da verdadeira compreensão. O segundo é assegurar a paz e tranqüilidade do gênero humano, provendo todos os meios pelos quais podem ser estabelecidas.
Os Profetas de Deus devem ser considerados como médicos cuja tarefa consiste em promover o bem-estar do mundo e de seus povos, para que, através do espírito da unidade, possam curar a doença de uma humanidade dividida. A ninguém é dado o direito de questionar suas palavras ou menosprezar sua conduta, pois eles são os únicos que podem dizer que tenham compreendido o paciente e lhe diagnosticado corretamente as enfermidades. Homem algum, por mais aguda que seja sua percepção, pode esperar jamais alcançar as alturas que a sabedoria e o entendimento do Médico Divino têm atingido. Não é de admirar, pois, quando se verifica que o tratamento prescrito pelo médico neste tempo não seja idêntico, àquele anteriormente prescrito. Como poderia ser de outro modo, quando os males que afetam o paciente necessitam, em cada estágio de sua doença, um remédio especial? Outrossim, cada vez que os Profetas de Deus têm iluminado o mundo com o brilho esplendoroso do Sol do conhecimento Divino, eles, invariavelmente, têm convocado os povos a abraçarem a luz de Deus pelos meios que melhor satisfizessem as exigências da Era de Seu aparecimento. Assim puderam dissipar as trevas da ignorância e irradiar sobre o mundo a glória de seu próprio conhecimento. É para a mais íntima essência desses Profetas, portanto, que a vista de todo homem de discernimento se deve dirigir, já que eles sempre têm visado, única e exclusivamente, a guiar o errante e dar paz ao aflito. Estes não são dias de prosperidade e triunfo. A humanidade inteira é acometida de múltiplos males. Esforça-te, pois, para lhe salvar a vida por meio do remédio salutar preparado pela mão onipotente do infalível Médico.
E agora, a respeito de tua pergunta sobre a natureza da religião. Sabe tu que aqueles que são verdadeiramente sábios têm comparado o mundo ao templo humano. Como o corpo do homem precisa vestidura, assim o corpo da humanidade necessita ser adornado com o manto da justiça e sabedoria. Sua vestimenta é a Revelação que lhe é concedida por Deus. Sempre que essa vestimenta tenha cumprido seu objetivo, o Todo-Poderoso certamente a renovará. Pois cada era exige uma nova medida da luz de Deus. Cada Revelação Divina tem sido enviada de um modo adequado às circunstâncias da era em que apareceu.
Quanto à tua pergunta relativa aos dizeres dos dirigentes das passadas religiões. Todo homem sábio e digno de louvor esquivar-se-á, sem dúvida, a palavras tão vãs e improfícuas. O incomparável Criador formou de uma mesma substância todos os homens e lhes exaltou a realidade acima das outras de Suas criaturas. Êxito ou insucesso, proveito ou prejuízo, deve, pois, depender dos próprios esforços do homem. Quanto mais ele se esforça, maior será seu progresso. De bom grado esperaríamos que as chuvas vernais das graças de Deus fizessem as flores da verdadeira compreensão brotarem no solo dos corações humanos, e os purificassem de toda mácula terrena.

XXXV. Pondera um pouco. Que é que, em cada Era, tem incentivado os povos da terra a afastarem-se do Manifestante do Todo-Misericordioso? Que os teria impelido a virarem-se d'Ele e Lhe desafiar a autoridade? Fossem os homens meditar sobre estas palavras que fluíram da Pena do Ser Divino, que a tudo ordena, apressar-se-iam, todos sem exceção, a abraçar a verdade desta sempiterna Revelação, concedida por Deus, e dariam testemunho daquilo que Ele Próprio solenemente afirmou. É o véu das vãs imaginações que, nos dias dos Manifestantes da Unidade de Deus e das Auroras de Sua glória eterna, se interpõe e continuará a interpor-se entre eles e o resto da humanidade. Pois nesses dias, Aquele que é a Verdade Eterna manifesta-se em conformidade com aquilo que Ele Próprio tem em mira e não de acordo com os desejos e as expectativas dos homens. Assim como Ele tem revelado: "Sempre, pois, que o um Apóstolo vem a vós com aquilo que vossas almas, não desejam, vós vos inchais de orgulho e a alguns tratais como impostores e a outros trucidais."
Não pode haver dúvida alguma de que, tivessem esses Apóstolos aparecido, em épocas e ciclos passados, de acordo com as vãs imaginações que os corações dos homens haviam maquinado, ninguém teria repudiado a verdade desses santificados Seres. Embora esses homens, dia e noite, se tivessem lembrado do Deus Uno e Verdadeiro e se tivessem ocupado piedosamente no exercício de suas devoções, no fim não puderam, entretanto, reconhecer as Auroras dos sinais de Deus e as Manifestações de Suas evidências irrefutáveis, nem participar de Sua graça. Disto as Escrituras dão testemunho. Tu, sem dúvida, já soubeste disto.
Considera tu a Era de Jesus Cristo. Vê como todos os homens eruditos daquela geração, embora ansiosamente esperassem a vinda do Prometido, contudo O negaram. Tanto Anás, o mais erudito dos sacerdotes de Seu tempo, como Caifás, o sumo pontífice, denunciaram-No e Lhe pronunciaram a sentença de morte.
Semelhantemente, quando apareceu Maomé, o Profeta de Deus - que todos os homens Lhe sejam um sacrifício - os eruditos de Meca e Medina levantaram-se contra Ele, nos primeiros dias de Sua Revelação, e rejeitaram Sua Mensagem, enquanto aqueles destituídos de toda a erudição reconheceram e abraçaram Sua Fé. Pondera um pouco. Considera como Balál, o etíope, iletrado que era, ascendeu ao céu da fé e certeza, ao passo que 'Abdu'lláh-i-Ubayy, que se destacava entre os eruditos, esforçou-se maliciosamente para Lhe fazer oposição. Vê como um mero pastor a tal ponto foi enlevado pelo êxtase das palavras de Deus, que conseguiu acesso à morada de seu Mais-Amado e se uniu Àquele que é o Senhor do gênero humano, enquanto os que se orgulhavam de seus próprios conhecimentos e sabedoria se desviaram para longe de Seu caminho e permaneceram privados de Sua graça. Por esta razão escreveu Ele: "Quem está enaltecido entre vós, será rebaixado; quem está rebaixado, será enaltecido." Referências a este tema se encontram na maior parte dos Livros celestiais, bem como nos dizeres dos Profetas e Mensageiros de Deus.
Verdadeiramente digo, tal é a grandeza desta Causa, que o pai foge de seu filho e o filho foge de seu pai. Recordai a história de Noé e Canaã. Permita Deus que, nestes dias de deleite celestial, não vos priveis dos doces sabores de Deus, o Todo-Glorioso, e que, nesta Primavera espiritual, possais participar dos eflúvios de Sua graça. Levantai-vos em nome d'Aquele que é Objeto de todo o conhecimento e, desprendendo-vos completamente da erudição dos homens, erguei vossas vozes e proclamai Sua Causa. Juro pelo Sol da Revelação Divina! No momento exato em que vos levantardes, testemunhareis como um fluxo de conhecimento Divino jorrará de vossos corações, e vereis as maravilhas de Sua sabedoria celestial manifesta em toda a sua glória diante de vós. Fosseis saborear a doçura das palavras do Todo-Misericordioso, abandonaríeis, sem hesitação, a vós mesmos e ofereceríeis vossas vidas pelo Bem-Amado.
Quem poderá acreditar que este Servo de Deus tenha, em algum tempo, acariciado no coração um desejo de obter honra ou benefício terreno? A Causa associada a Seu Nome está muito acima das coisas transitórias deste mundo. Ei-Lo, um exilado, vítima da tirania, nesta, a maior Prisão. Seus inimigos acometeram-No de todos os lados e continuarão a assim fazer até o fim de Sua vida. Qualquer coisa, pois, que Ele vos diga é inteiramente por amor a Deus, para que os povos da terra, por ventura, possam purificar seus corações da mácula do mau desejo, lhe romper o véu e atingir o conhecimento do Deus Uno e Verdadeiro - o mais excelso grau ao qual um homem pode aspirar. Sua crença ou sua descrença em Minha Causa não Me pode beneficiar nem Me danificar. Nós os chamamos inteiramente, por causa de Deus. Em verdade, bem pode Ele dispensar todas as criaturas.

XXXVI. Sabe tu que, quando o Filho do Homem rendeu a Deus Seu alento, a criação inteira chorou com grande pranto. Por Ele se haver sacrificado, entretanto, infundiu-se uma nova capacidade em todas as coisas criadas. Suas evidências, segundo se testemunha em todos os povos da terra, estão agora manifestas diante de ti. A mais profunda sabedoria que os sábios têm pronunciado, a mais completa erudição que qualquer mente tenha desvelado, as artes produzidas. pelas mãos mais hábeis, a influência exercida pelo mais potente dos governantes, são apenas manifestações do poder vivificador que emana de Seu Espírito transcendente, predominante e esplendoroso.
Damos testemunho de que Ele, quando veio ao mundo, irradiou o esplendor de Sua glória sobre todas as coisas criadas. Por Seu intermédio, o leproso recuperou-se da lepra da perversidade e ignorância. Por Ele os lascivos e refratários foram curados. Através de Seu poder, nascido de Deus Todo-Poderoso, os olhos dos cegos se abriram e a alma do pecador foi santificada.
A lepra pode ser interpretada como qualquer véu que se interponha entre o homem e o reconhecimento do Senhor, seu Deus. Quem se deixa d'Ele ser excluído é, em verdade, um leproso, que não há de ser lembrado no Reino de Deus, o Potente, o Todo-Louvado. Damos testemunho de que, através do poder do Verbo de Deus, todo leproso foi purificado - curou-se toda doença e baniu-se toda enfermidade humana. Ele foi Quem purificou o mundo. Bem-aventurado o homem que, com a face irradiante de luz, a Ele se haja volvido.

XXXVII. Bem-aventurado o homem que tiver confessado sua crença em Deus e em Seus sinais e reconhecido que "A Ele não se questionará os atos." Tal reconhecimento, Deus o fez o adorno de cada crença e seu próprio alicerce. Disso deve depender a aceitação de todos os bons atos. Nisso fitai vossos olhos, para que, talvez, os sussurros dos rebeldes não vos façam tropeçar.
Fosse Ele decretar como legítima a coisa que desde tempos imemoriais fora proibida, e proibir aquilo que em todos os tempos se havia considerado legítimo, a ninguém seria concedido o direito de Lhe questionar a autoridade. Quem quer que vacile, ainda que seja por menos de um momento, deve ser julgado transgressor.
Quem não tiver reconhecido essa verdade sublime e fundamental, nem podido atingir esse mais excelso grau, será agitado pelos ventos da dúvida, e as palavras dos infiéis lhe atormentarão a alma. Aquele que tiver admitido esse princípio, será dotado da mais perfeita constância. Toda honra a esse grau todo glorioso, a lembrança do qual adorna cada Epístola sublime. Tal é o ensinamento que Deus vos concede, um ensinamento que vos livrará de toda espécie de dúvida e perplexidade e vos fará atingir a salvação, tanto neste mundo como no vindouro. Ele, verdadeiramente, é Quem sempre perdoa, o Mais Generoso.

XXXVIII. Sabei com certeza que a luz da Revelação Divina, em cada Era, foi concedida aos homens em proporção direta à sua capacidade espiritual. Considerai o sol. Como são fracos seus raios no momento em que surge acima do horizonte. Quão gradativamente seu calor e sua potência aumentam, à medida que se aproxima do zênite, capacitando, entrementes, todas as coisas criadas a adaptarem-se à crescente intensidade de sua luz. E como declina, constantemente, até alcançar o ponto do ocaso. Fosse Ele manifestar de súbito suas energias latentes, isso, sem dúvida, causaria dano a todas as coisas criadas... De igual modo, se o Sol da Verdade, nas primeiras fases de Sua manifestação, revelasse repentinamente a plena medida das potências das quais a providência do Todo-Poderoso O dotou, a terra da compreensão humana viria a definhar-se e ser consumida, pois os corações dos homens não poderiam suportar a intensidade de Sua revelação, nem refletir o esplendor de Sua luz. Esmorecidos e acabrunhados, deixariam de existir.

XXXIX. Louvores a Ti, ó Senhor Meu Deus, pelas revelações maravilhosas de Teu inescrutável decreto e pelas múltiplas angústias e tribulações que a Mim destinaste. Em um tempo, às mãos de Nimrod me entregaste; em outro, permitiste que a vara de Faraó Me perseguisse. Somente Tu Podes estimar, através de Teus conhecimentos que tudo abrangem e da operação de Tua Vontade, as incalculáveis aflições que sofri em suas mãos. Em outra ocasião, Tu Me relegaste à cela de prisão dos ímpios, não sendo isso por outra razão, senão porque me senti impelido a sussurrar, nos ouvidos dos favorecidos habitantes de Teu Reino, uma leve sugestão da visão com que Tu, através de Teu conhecimento, Me inspiraras, cuja significação, mediante a grandeza de Teu poder, Me havias revelado. Em outra ocasião, decretaste fosse eu decapitado pela espada do infiel. E ainda outra vez, fui crucificado por haver desvelado ante os olhos dos homens as jóias ocultas de Tua gloriosa Unidade, por lhes ter mostrado os sinais maravilhosos de Teu soberano e sempiterno poder. Quão amargas as humilhações amontoadas sobre Mim em uma era subseqüente, na planície de Karbilá! Quanto Me senti solitário entre Teu povo! A que estado de desamparo fui Eu reduzido naquela terra! Não se contentando com tais indignidades, Meus perseguidores degolaram-Me e levaram exposta Minha cabeça de terra em terra, exibindo-a ante os olhos da multidão incrédula e depositando-a nos assentos dois perversos e infiéis. Em era ulterior, fui suspenso, fazendo-se Meu peito o alvo dos dardos da crueldade maliciosa de Meus inimigos. Meus membros foram crivados de balas e Meu corpo foi despedaçado. E finalmente, neste Dia, vê como Meus inimigos traiçoeiros se coligaram contra Mim e ainda conspiram, sem cessar, para instilar o veneno do ódio e da malícia nas almas de Teus servos. Intrigam, com todas as suas forças, para alcançar seu objetivo... Por lastimável que seja Minha situação, ó Deus, Meu Bem-Amado, agradeço-Te, e Meu Espírito é grato por tudo o que Me tem sobrevindo no caminho de Teu beneplácito. Bem contente estou, com aquilo que Me ordenaste; de bom grado aceito as dores e tristezas que tenho de sofrer, por calamitosas que sejam.

XL. Ó Meu Bem-Amado! Insuflaste em Mim Teu alento e Me divorciaste de Meu próprio Ser. Decretaste, subseqüentemente, que apenas um fraco reflexo, um mero emblema de Tua Realidade dentro de Mim, fosse deixado entre os perversos e invejosos. Vê como eles, iludidos por este emblema, contra Mim se levantaram, amontoando sobre Mim suas negações! Revela Teu próprio Ser, pois, o Meu Mais-Amado, e livra-Me de Minha lastimável situação.
Com isso, uma Voz replicou: "Amo esse emblema; estima-o enternecidamente. Como posso consentir que só Meus olhos contemplem esse emblema, que nenhum coração, salvo o Meu, o reconheça? Por Minha Beleza, a qual é a mesma que a Tua Beleza! É Meu desejo Te ocultar de Meus próprios olhos: quanto mais dos olhos dos homens!"
Eu Me preparava para responder, quando eis, de súbito, a Epístola terminou, deixando inacabado Meu tema e desenfiadas as pérolas de Minhas Palavras.

XLI. Deus é Minha Testemunha, ó povo! Eu adormecia em Meu leito, quando eis, a Brisa de Deus soprou sobre Mim, despertando-Me do sono. Reanimou-Me Seu Espírito vivificador, livrando-se Minha língua para pronunciar Seu chamado. Não Me acuseis de haver transgredido contra Deus. Vede-Me, não com os vossos olhos, mas sim, com os Meus. Assim vos admoesta Aquele que é o Benévolo, o Onisciente. Pensais, ó povo, que Eu segure em Minhas mãos o controle da última Vontade e Desígnio de Deus? Longe esteja de Mim fazer tal pretensão. A isto testifico perante Deus, o Todo-Poderoso, o Excelso, o Onisciente, a Suma Sabedoria. Tivesse estado em Minhas mãos o destino final da Fé de Deus, jamais teria Eu consentido, nem por um momento sequer, em Me manifestar a vós, nem teria permitido que palavra alguma caísse de Meus lábios. Disso é testemunha, verdadeiramente, o próprio Deus.

XLII. Ó Filho da Justiça! Ao anoitecer, a beleza do Ser imortal retirou-se das alturas esmeraldas da fidelidade, indo ao Sadratu'l-Muntahá, e chorou com tal pranto que a Assembléia no alto e os que habitam nos domínios do além gemeram por causa de Seu lamento. Com isso se perguntou: Por que os gemidos e prantos? E Ele deu resposta: Segundo Me fora ordenado, esperava Eu, cheio de expectativas, na colina da fidelidade, mas a fragrância da fidelidade não inalei daqueles que habitam na terra. Eu, então, chamado a regressar, olhei e eis que certas aves de santidade estavam sendo atormentadas nas garras dos cães terrenos. Com isso, a Donzela do Céu, resplandecente, sem véu, apressou-se a sair de Sua mansão mística e perguntou seus nomes, e todos foram ditos, menos um. E ao se insistir, a primeira letra deste foi pronunciada, quando, então, os habitantes dos aposentos celestiais se apressaram a sair de sua morada de glória. E enquanto se pronunciava a segunda letra, cada um prostrou-se sobre o pó. Nesse momento, uma voz, vindo do mais recôndito do santuário, se fez ouvir: "Até aí e não além." Em verdade, damos testemunho daquilo que fizeram e agora fazem.

XLIII. Ó Afnán, Ó tu que descendeste de Minha Linhagem antiga! Que estejam sobre ti Minha glória e Minha benevolência. Como é vasto o tabernáculo da Causa de Deus. Tem abrigado todos os povos e raças da terra e, dentro em breve, reunirá à sua sombra a humanidade inteira. Teu dia de serviço é agora chegado. Epístolas sem conta dão testemunho das graças que te foram concedidas. Levanta-te para o triunfo de Minha Causa e, através do poder de tuas palavras, subjuga os corações dos homens. Deves demonstrar aquilo que assegure a paz e o bem-estar dos aflitos e espezinhados. Cinge-te de grandes esforços para que, porventura, possas libertar o cativo de suas correntes e capacitá-lo a atingir a liberdade verdadeira.
A Justiça, neste dia, deplora seu penoso estado e a Eqüidade geme sob o jugo da opressão. As espessas nuvens da tirania obscureceram a face da terra, envolvendo seus povos. Pelo movimento de Nossa Pena de glória, a mando do Onipotente que a tudo ordena, temos insuflado uma nova vida em cada corpo humano e imbuído cada palavra de uma potência nova. Todas as coisas criadas proclamam as evidências desta regeneração mundial. É esta a maior, a mais jubilosa nova que a pena deste Injuriado transmite à humanidade. Por que tendes receio, ó Meus bem-amados? Quem é que vos possa desalentar? Basta um toque de umidade para dissolver o barro endurecido de que é moldada essa geração perversa. O simples ato de vos reunirdes é suficiente para dissipar as forças desses seres vãos e indignos...
Todo homem de percepção deve prontamente admitir, neste dia, que os conselhos revelados pela Pena deste Injuriado constituem o supremo poder animador para o progresso do mundo e o enaltecimento de seus povos. Levantai-vos, ó povo, e, mediante a grandeza do poder de Deus, resolvei ganhar a vitória sobre vós mesmos, para que toda a terra talvez se possa livrar e santificar de sua sujeição aos deuses de suas fantasias - deuses que já infligiram tão grande prejuízo a seus infelizes devotos e que são responsáveis pela sua miséria. Esses ídolos formam o obstáculo que impediu o homem em seus esforços para progredir no caminho da perfeição. Nutrimos a esperança de que a Mão do poder Divino preste sua assistência à humanidade e a livre de seu estado de lastimável abjeção.
Em uma das Epístolas, foram reveladas estas palavras: Ó povo de Deus! Não vos ocupeis com vossos próprios interesses; concentrai os pensamentos naquilo que possa reabilitar as fortunas da humanidade e santificar os corações e almas dos homens. O melhor meio de se realizar isso é por ações puras e santas, por uma vida virtuosa e uma conduta digna. Atos valiosos assegurarão o triunfo desta Causa e um caráter santo lhe reforçará o poder. Aderi à retidão, ó povo de Bahá! É isto, em verdade, o que este Injuriado vos ordena; é a primeira escolha de Sua irrestrita Vontade para cada um de vós.
Ó amigos! Cumpre-vos refrescar e restabelecer vossas almas com os generosos favores que chovem sobre vós nesta extasiante Primavera Divina. O Sol de Sua grande glória irradiou sobre vós seu esplendor; as nuvens de Sua infinita graça, à sua sombra vos ampararam. Que alta recompensa se destina a quem se não privou de dádivas tão grandes, nem deixou de reconhecer a beleza do Mais-Amado, nestas, Suas novas vestes. Vigiai-vos a vós mesmos, pois o Ente Mau está em emboscada, pronto para vos enredar. Preparai-vos contra seus malévolos ardis e, guiados pela luz do nome de Deus, d'Aquele que tudo vê, livrai-vos das trevas que vos cercam. Seja de âmbito mundial a vossa visão e não limitada a vós mesmos. O Ente Mau é aquele que impede a elevação dos filhos dos homens e lhes obstrui o progresso espiritual.
Incumbe a todo homem, neste Dia, firmar-se naquilo que promova os interesses de todas as nações e todos os governos justos e lhes eleve a condição. Através dos versículos revelados pela Pena do Altíssimo - de cada um deles sem exceção - descerraram-se os portais do amor e da união, abrindo-se de par em par ante a face dos homens. Declaramos outrora - e Nossa Palavra é a verdade - "Associai-vos aos seguidores de todas as religiões em espírito amigável e fraterna." Qualquer coisa que tenha levado os filhos dos homens a afastarem-se uns dos outros e causado entre eles dissensões e divisões, foi, com a revelação destas palavras, anulada e abolida. A fim de enobrecer o mundo existente e elevar as mentes e almas dos homens, se fez descer do céu da Vontade de Deus aquilo que é o instrumento mais eficaz para a educação da humanidade inteira. A quinta-essência é a mais perfeita expressão de qualquer coisa que os povos da antigüidade tenham dito ou escrito, foram enviadas do céu da Vontade de Deus, o Possuidor de tudo, o Sempiterno, através desta potentíssima Revelação. Em tempos remotos se revelou: "O amor à pátria é elemento da Fé Divina". No dia de Sua manifestação, porém, a Língua da Grandeza proclamou: "Não se vanglorie quem ama sua pátria, mas sim, quem ama o mundo." Através do poder que emana destas palavras excelsas, Ele concedeu um novo impulso e determinou uma nova direção para as aves dos corações humanos, e do Sagrado Livro de Deus obliterou Ele todo vestígio de restrição e limitação.
Ó povo da Justiça! Sede brilhantes como a luz e tão esplendorosos como o fogo que flamejava na Sarça Ardente. A intensidade do fogo de vosso amor, sem a menor dúvida, haverá de fundir e unificar as raças e povos discordantes da terra, enquanto a chama feroz da inimizade e do ódio não terá outro resultado senão luta e ruína. Suplicamos a Deus que proteja Suas criaturas dos maus desígnios de Seus inimigos. Ele, verdadeiramente, tem poder sobre todas as coisas.
Todo louvor ao Deus Uno e Verdadeiro - exaltada seja Sua glória - por haver Ele, com a Pena do Altíssimo, descerrado os portais dos corações dos homens. Cada versículo revelado por esta Pena é um portal brilhante e luminoso que põe à vista as glórias de uma vida santa e piedosa, de puras e imaculadas ações. O chamado e a mensagem que transmitimos nunca foram destinados a atingir ou beneficiar apenas um país ou somente um povo. A humanidade inteira deve aderir firmemente a qualquer coisa que lhe tenha sido revelada e concedida. Então, e somente então, atingirá a liberdade verdadeira. Toda a terra está iluminada com a glória resplandecente da Revelação de Deus. No ano de sessenta, Aquele que era o Arauto da luz da Guia Divina - que a criação inteira Lhe seja um sacrifício - levantou-se para anunciar uma nova revelação do Espírito Divino, sendo seguido, vinte anos depois, por Aquele através de Cuja vinda o mundo recebeu esta glória prometida, este maravilhoso favor. Vede como a humanidade em geral foi capacitada a escutar a excelsa Palavra de Deus - a Palavra da qual haverão de depender a unificação e a ressurreição espiritual de todos os homens...
Inclinai vossos corações, ó povo de Deus, aos conselhos de Vosso Amigo Verdadeiro, vosso Amigo incomparável. A Palavra de Deus pode ser assemelhada a uma árvore nova, cujas raízes penetraram nos corações dos homens. Incumbe-vos favorecer-lhe o crescimento, com as águas viventes da sabedoria e das palavras sagradas e santas, de tal forma que sua raiz se fixe firmemente e seus ramos se estendam até a altura dos céus e ainda além.
Ó vós que habitais na terra! A feição distintiva que assinala o preeminente caráter desta Revelação Suprema consiste em havermos, por um lado, apagado das páginas do sagrado Livro de Deus, tudo o que tenha sido causa de contenda, malícia e dano entre os filhos dos homens e, por outro, estabelecido os requisitos essenciais da concórdia, da compreensão, da união completa e duradoura. Bem-aventurados aqueles que guardam Meus estatutos.
Repetidas vezes temos admoestado Nossos bem-amados a afastarem-se, ou mesmo a fugirem de qualquer coisa da qual se possa perceber o odor da malícia. O mundo está em grande tumulto e as mentes de seus povos num estado de confusão completa. Suplicamos ao Todo-Poderoso que, através de Sua graça, os ilumine com a glória de Sua justiça e os habilite a descobrir o que lhes for proveitoso em todos os tempos e sob todas as condições. Ele, em verdade, é Quem tudo possui, o Altíssimo.

XLIV. Não ponhais de lado o temor a Deus, ó vós, eruditos do mundo, e julgai com justiça a Causa deste Iletrado a Quem testificaram todos os Livros de Deus, o Protetor, o Subsistente por Si Próprio... Será que não vos desperta o medo do desprazer Divino, o temor d'Aquele sem par ou semelhante? Aquele a Quem o mundo injuriou não se tem associado a vós, em época alguma, nem estudado jamais os vossos escritos ou participado de qualquer de vossas controvérsias. As vestes por Ele usadas, Seus cabelos luxuriantes, o adorno de Sua cabeça, atestam a verdade de Suas palavras. Por quanto tempo persistireis em vossa injustiça? Vede a morada onde é forçado a habitar Aquele que é a encarnação da justiça. Abri os olhos e, vendo Sua lastimável situação, meditai diligentemente sobre aquilo que vossas mãos cometeram, para que, porventura, não vos priveis da luz de Suas palavras divinas, nem fiqueis destituídos de vosso quinhão do oceano de Seu conhecimento.
Certas pessoas, tanto entre as massas como entre a nobreza, fizeram a objeção de que este Injuriado não era membro da ordem eclesiástica, nem descendente do Profeta. Dizei: - Ó vós que fazeis pretensão de ser justos! Refleti um pouco e havereis de reconhecer como é elevado, infinitamente elevado, Seu estado atual acima da posição que, segundo vossa pretensão, Ele deveria possuir. A Vontade do Onipotente decretou que Sua Causa procedesse e se manifestasse de uma casa destituída inteiramente de tudo o que os sacerdotes, os doutores, os sábios e os eruditos comumente possuem.
Os Alentos do Espírito Divino vieram acordá-Lo, ordenando que se levantasse e proclamasse Sua Revelação. Mal despertara Ele do sono, quando ergueu Sua voz, convocando a humanidade inteira a aproximar-se de Deus, o Senhor de todos os mundos. É por consideração à fraqueza e debilidade dos homens que nos sentimos impelidos a revelar estas palavras; de outro modo, a Causa que proclamamos é tal, que nenhuma pena jamais a poderá descrever, nem mente alguma lhe conceber a grandeza. A isto atesta Aquele com Quem está o Livro-Mãe.

XLV. A Beleza Antiga consentiu em ser confinada por grilhões, para que a humanidade fosse livrada de sua escravidão; aceitou o encarceramento nesta irredutível Cidadela, a fim de que o mundo inteiro atingisse a verdadeira liberdade. Até a última gota, sorveu Ele da taça da tristeza, para que todos os povos, da terra alcançassem a perene felicidade e se tornassem plenos de alegria. Isso deriva da misericórdia de vosso Senhor, o Compassivo, o Mais Misericordioso. Temos aceitado o aviltamento, ó vós que acreditais na Unidade de Deus, a fim de vos enaltecer, e sofrido múltiplas tribulações para que vós pudésseis atingir o sucesso e a prosperidade. Aquele que veio edificar de novo o mundo inteiro - vede como é forçado, por aqueles que atribuíram co-participantes a Deus, a morar na mais desolada das cidades!

XLVI. Não Me entristece o peso de Minha prisão. Nem Me aflijo por causa de Minha humilhação ou das tribulações que as mãos de Meus inimigos sobre Mim infligem. Por Minha vida! Tudo isso é Minha glória, uma glória com a qual Deus se adornou a Si próprio. Oxalá Soubésseis isso!
A humilhação que tive de suportar desvelou a glória de que fora investida toda a criação, e através das crueldades que tenho sofrido, o Sol da justiça se manifestou, irradiando sobre os homens seu esplendor.
Minhas tristezas são para aqueles que se envolveram em suas paixões corruptas e, no entanto, pretendem estar associados à Fé que provém de Deus, o Bondoso, o Todo-Louvado.
Incumbe ao povo de Bahá morrer para o mundo e para tudo o que nele se acha, estar tão desprendido de todas as coisas terrenas que os habitantes do Paraíso possam inalar de suas vestes a fragrância da santidade, que todos os povos da terra possam reconhecer em sua face o esplendor do Todo-Misericordioso e assim, por seu intermédio, sejam difundidos os sinais e evidências de Deus, o Onipotente, a Suma Sabedoria. Os que macularam o belo nome da Causa de Deus, seguindo as coisas da carne - estes estão em erro palpável!

LXVII. Ó Judeus! Se intentais novamente crucificar Jesus, o Espírito de Deus, a Mim deveis infligir a morte, pois em Minha pessoa Ele mais uma vez se manifestou a vós. Tratai-Me do modo que vos aprouver, pois votei oferecer Minha vida em holocausto no caminho de Deus. A ninguém temerei, embora os poderes da terra e do céu coliguem contra Mim. Seguidores do Evangelho! Se nutris o desejo de imolar Maomé, o Apóstolo de Deus, a Mim deveis prender e à Minha vida pôr término, pois Eu sou Ele, e Meu Ser é Seu Ser. Fazei a Mim o que quiserdes, pois o mais profundo desejo de Meu coração é atingir a presença de Meu Mais-Amado em Seu Reino de Glória. Tal é o Decreto Divino, se disso sabeis. Seguidores de Maomé! Se for vossa vontade crivar com vossos dardos o peito d'Aquele que fez descer para vós Seu Livro, o Bayán, a Mim deveis prender e perseguir, pois Eu sou Seu Bem-Amado, a revelação de Seu próprio Ser, embora Meu nome não seja Seu Nome. Vim à sombra das nuvens de glória, investido por Deus de uma soberania invencível. Deveras, Ele é a Verdade, o Conhecedor das coisas invisíveis. Deveras, espero de vós o tratamento que destes Àquele que Me antecedeu. Disso dão testemunho, verdadeiramente, todas as coisas, se sois dos que prestam ouvidos. Ó povo do Bayán! Se resolvestes derramar o sangue d'Aquele Cuja vinda o Báb proclamou, Cujo advento Maomé predisse e Cuja Revelação o próprio Jesus Cristo anunciou, eis-Me aqui, pronto e indefeso, diante de vós. Tratai-Me segundo vossos próprios desejos.

XLVIII. Deus é Minha Testemunha! Não tivesse isto estado em conflito com aquilo que as Epístolas de Deus decretaram, alegremente teria eu beijado as mãos de qualquer um que tentasse derramar meu sangue no caminho do Bem-Amado. Ainda mais, teria partilhado com ele os bens materiais que Deus me permitira possuir, muito embora quem perpetrasse tal ato tivesse se provocado a ira do Todo-Poderoso, incorrido em Sua maldição e merecido ser atormentado por toda a eternidade de Deus, Possuidor de tudo, o Eqüitativo, o Onisciente.

XLIX. Sabe tu, em verdade, que este Jovem, todas as vezes que volve Seus olhos para o Seu próprio Ser, se acha de todas as criaturas a mais insignificante. Quando contempla, porém, o fulgor resplandecente que Ele foi capacitado a manifestar, eis este ser transfigurado, diante d'Ele, em uma Potência soberana que penetra a essência de todas as coisas visíveis e invisíveis. Glória Àquele que, através do poder da verdade, fez descer o Manifestante de Si Próprio e Lhe confiou Sua mensagem para toda a humanidade.

L. Despertai, ó desatentos, do sono da negligência, a fim de que possais contemplar o esplendor que Sua glória difundiu pelo mundo. Como são insensatos aqueles que murmuram contra o nascimento prematuro de Sua luz. Ó vós que sois inteiramente cegos! Quer seja cedo ou tarde demais, as evidências de Sua glória radiante estão agora realmente manifestas. Se tal luz apareceu ou não, cumpre-vos averiguar. Não está dentro de vosso poder, nem do meu, determinar o tempo em que se deva manifestar. A inescrutável Sabedoria de Deus fixou sua hora antecipadamente. Sede contentes, ó povo, com aquilo que Deus desejou para vós e vos predestinou... Ó vós que me desejais mal! O Sol da Guia eterna dá-me testemunho: Tivesse estado em meu poder, eu não teria, sob quaisquer circunstâncias, consentido em me distinguir entre os homens, pois o Nome do qual sou portador não se digna associar-se, em absoluto, a essa geração cujas línguas estão maculadas e cujos corações são falsos. E sempre que eu queria guardar silêncio e estar quieto, eis a voz do Espírito Santo, à minha direita, a despertar-me, e o Espírito Supremo aparecia diante de minha face, enquanto Gabriel, me amparava e o Espírito da Glória se movia dentro de meu peito, mandando que me erguesse e não mais guardasse silêncio. Se purificardes os ouvidos e os tornardes atentos, havereis de perceber, seguramente, que cada membro de meu corpo, ou melhor, todos os átomos de meu ser, proclamam e dão testemunho deste chamado: "Deus, além do Qual não há outro Deus - Aquele Cuja beleza está agora manifesta - é o reflexo de Sua glória para todos os que estão no céu e na terra."

LI. Ó povo! Ó Deus Uno e Verdadeiro, é minha Testemunha! Este é o Oceano do qual todos os mares procederam e com o qual, finalmente, cada um deles haverá de se unir. D'Ele se originaram todos os Sóis e a Ele todos voltarão. Graças à Sua potência, as Árvores da Revelação Divina deram seus frutos, cada um dos quais se fez descer na forma de um Profeta, trazendo uma Mensagem às criaturas de Deus em cada um dos mundos, cujo número somente Deus pode calcular, em virtude de Seu Conhecimento que a tudo abrange. Isso Ele realizou através de apenas uma Letra de Sua Palavra, revelada pela Sua Pena - Pena esta, movida pelo Seu Dedo diretivo - sendo Seu Dedo mesmo, sustentado pelo poder da Verdade de Deus.

LII. Dize: Ó povo! não vos priveis da misericórdia de Deus e Sua graça. Quem se privar delas, sofrerá, em verdade, um prejuízo lastimável, Como, ó povo! Adorais o pó, afastando-vos de vosso Senhor, o Benévolo, o Todo-Generoso? Temei a Deus e não sejais dos que perecem. Dize: O Livro de Deus se fez descer na forma deste Jovem. Santificado, pois, seja Deus, o mais excelente dos criadores! Guardai-vos bem, ó povos do mundo, de fugir de Sua face. Antes, apressai-vos a atingir Sua presença e ser dos que para Ele se volveram. Pedi perdão, ó povo, por haverdes falhado em vosso dever para com Deus e ultrajado Sua Causa, e não sejais dos insensatos. Ele é Quem vos criou; Ele é Quem nutriu vossas almas através de Sua Causa e vos capacitou a reconhecer Aquele que é o Todo-Poderoso, o Excelso, o Onisciente. Ele é Quem desvelou diante de vossos olhos os tesouros de Seu conhecimento e vos fez ascender ao céu da certeza - a certeza de Sua irresistível, irrefutável e mais sublime Fé. Acautelai-vos para que vos não priveis da graça de Deus, não anuleis vossas obras, nem repudieis a verdade desta Revelação, a mais manifesta, excelsa, radiante e gloriosa. Julgai com equidade a Causa de Deus, vosso Criador, e vede o que se fez descer do Trono nas alturas, e meditai sobre isso, com corações inocentes e santificados. Então a verdade desta Causa aparecer-vos-á tão manifesta como o sol em sua glória meridiana. Então sereis dos que n'Ele acreditaram.
Dize: O primeiro e proeminente testemunho para estabelecer Sua verdade é Ele Próprio. Depois deste testemunho, é Sua Revelação. Para quem quer que haja deixado de reconhecer um ou outro destes, Ele estabeleceu as palavras que revelou como prova de Sua realidade e Sua verdade. Isto, deveras, é evidência de Sua terna graça nos homens. Por Ele foi cada alma dotada de capacidade para reconhecer os sinais de Deus. Como teria Ele podido, de outro modo, cumprir Seu testemunho aos homens - se sois dos que ponderam Sua Causa em seus corações? Jamais tratará Ele a qualquer um com injustiça, nem atarefará nenhuma alma além de suas forças. Ele, em verdade, é o Compassivo, o Todo-Misericordioso.
Dize: Tão grande é a glória da Causa de Deus que até os, cegos a podem perceber - quanto mais aqueles cuja visão é aguda e pura. Os cegos, embora não possam perceber a luz do sol, são, no entanto, capazes de sentir seu contínuo ardor. Os cegos de coração, porém, entre o povo do Bayán - e disto Deus é Minha Testemunha - não importa quanto tempo o Sol sobre eles brilhe, não podem perceber o esplendor de sua glória nem lhe apreciar o calor dos raios.
Dize: Ó povo do Bayán! Nós vos escolhemos do mundo para que reconhecesses e viésseis a conhecer Nosso Próprio Ser. Nós vos fizemos aproximar do lado direito do Paraíso - do Lugar donde o Fogo imorredouro exclama em múltiplos acentos: "Não há outro Deus senão Eu, o Onipotente, o Altíssimo!" Acautelai-vos para não vos deixardes ser excluídos, como se fosse por um véu deste Sol que brilha sobre a aurora da Vontade de vosso Senhor, o Todo-Misericordioso, cuja luz abrangeu tanto os humildes como os grandes. Purificai vossa vista, para que percebais sua glória com vossos próprios olhos e não dependais da vista de qualquer um, senão de vosso próprio ser, pois Deus jamais deu a alguma alma uma incumbência além de seu poder. Assim foi transmitido aos Profetas e Mensageiros da antiguidade e registrado em todas as Escrituras.
Esforçai-vos, ó povo, para que vos seja permitido entrar nessa vasta Imensidade para a qual Deus não ordenou nem princípio nem fim, onde se ergueu Sua voz e sobre a qual manaram as doces fragrâncias da santidade e glória. Não vos dispais do Manto da grandeza, nem deixeis vossos corações privarem-se da lembrança de vosso Senhor, ou vossos ouvidos desatenderem suaves melodias de Sua maravilhosa e sublime voz que a tudo predomina, de suma clareza e eloqüência.

LIII. Ó Nasír, ó Meu servo! Deus, a Verdade Eterna, dá-Me testemunho. O Jovem Celestial, neste Dia, ergueu acima das cabeças dos homens o glorioso Cálice da Imortalidade e permanece esperançoso em Seu assento, perguntando a Si próprio, quais serão os olhos a Lhe reconhecerem a glória e qual o braço a estender-se, sem hesitar, para apanhar o Cálice de Sua Mão nívea e sorver, até o fim, o conteúdo. Apenas poucos, até agora, participaram desta graça inigualável do Rei antigo - esta graça, que suavemente emana. Estes ocupam as mais sublimes mansões do Paraíso, estando firmemente estabelecidos nos assentos da autoridade. Pela justiça de Deus! Nem os espelhos de Sua glória, nem os reveladores de Seus nomes, nem qualquer coisa criada que já era ou será, poderá jamais os exceder - se sois dos que compreendem esta verdade.
Ó Nasír! A excelência deste Dia está imensamente exaltada acima da compreensão dos homens por mais extensos que sejam seus conhecimentos ou profunda sua compreensão. Quanto mais deve transcender a imaginação daqueles que se desviaram da luz deste Dia e se excluíram de sua glória! Se rompesses o lastimável véu que te cega a visão, verias tal graça que nada, desde o princípio que não tem princípio até o fim que não tem fim, lhe poderia assemelhar ou igualar. Qual o idioma que Aquele que é o Porta-Voz de Deus deveria escolher para falar, de modo que aqueles excluídos d'Ele como se fosse por um véu Lhe pudessem reconhecer a glória? Os justos, habitantes do Reino nas alturas, haverão de sorver profundamente o Vinho da Santidade, em Meu nome, o Todo-Glorioso. Nenhum outro, além deles, participará de tais benefícios.

LIV. Pela justiça de Deus, meu Bem-Amado! Jamais aspirei à liderança terrena. Meu objetivo único tem sido transmitir aos homens o que Deus, o Benévolo, o Incomparável, ordenou que eu lhes desse, a fim de que os desligasse de tudo o que pertence a este mundo e os fizesse atingirem tais alturas como nem os ímpios poderiam conceber, nem os refratários imaginar.

LV. Recorda-te, ó Terra de Tá (Teerã), dos dias anteriores em que teu Senhor te fizera o sítio de Seu Trono e te envolvera na fulgência de Sua glória. Como era vasto o número daqueles seres santificados, daqueles símbolos da certeza, que, em seu grande amor por ti, ofereceram suas vidas em holocausto e sacrificaram seu tudo, por tua causa! Júbilo a ti e beatitude àqueles que em ti habitam. Testifico que de ti, como é do conhecimento de todo coração que discerne, procedes o alento de vida d'Aquele que é o Desejo do mundo. Revelou-se em ti o Invisível e de ti saiu o que jazia oculto dos olhos dos homens. De qual deveremos nos lembrar dentre a multidão de teus devotos sinceros, cujo sangue foi derramado dentro de teus portais e cujo pó se oculta agora em baixo de teu solo? Sobre ti as suaves fragrâncias de Deus têm emanado sem cessar e haverão de continuar a emanar eternamente. Nossa Pena é movida a comemorar-te e a elogiar as vítimas da tirania, aqueles homens e mulheres que dormem sob teu pó.
Entre eles está Nossa própria irmã, de quem nos lembramos agora como sinal de Nossa fidelidade e prova de Nossa benevolência a ela. Como era lastimável sua condição! Em que estado de resignação ela voltou a seu Deus! Nós, somente, em Nosso conhecimento que a tudo abrange, disso temos sabido.
Ó Terra de Tá! Tu és ainda, através da graça de Deus, um centro em cujo redor se têm reunido Seus bem-amados. Felizes são eles; feliz cada refugiado que busca teu abrigo, em seus sofrimentos no caminho de Deus, o Senhor deste Dia maravilhoso! Bem-aventurados aqueles que se lembram do Deus Uno e Verdadeiro, que glorificam Seu Nome e se empenham com ardor em Lhe servir a Causa. Foi a estes homens que os Livros Sagrados da antigüidade se referiram. A eles o Comandante dos Fiéis prodigalizava elogios, dizendo: "A beatitude que lhes espera excede a beatitude da qual agora fruímos." Ele, deveras, disse a verdade e disto Nós agora damos testemunho. A glória de sua posição, porém, ainda não foi desvelada. A Mão do Poder Divino haverá, seguramente, de levantar o véu e expor à vista dos homens o que alegrará e esclarecerá os olhos do mundo.
Agradecei a Deus, a Verdade Eterna - exaltada seja Sua Glória - por haverdes atingido tão maravilhosa graça e vos adornado com o ornamento de Seu louvor. Apreciai o valor destes dias e aderi àquilo que for digno desta Revelação. Ele, em verdade, é o Conselheiro, o Compassivo, o Onisciente.

LVI. Que nada te entristeça, ó Terra de Tá (Teerã), pois Deus te escolheu como a fonte de júbilo para toda a humanidade. Ele, caso for Sua Vontade, haverá de abençoar teu trono com alguém que te governará com justiça, que retinirá o rebanho de Deus que os lobos dispersaram. Tal governante, com júbilo e contentamento, se volverá ao povo de Bahá e lhe concederá seus favores. Ele, em verdade, é estimado, aos olhos de Deus, como uma jóia entre os homens. Que sobre ele repouse para sempre a glória de Deus e a glória de todos os que habitam no reino de Sua revelação.
Regozija-te com grande júbilo, pois Deus te fez "a Aurora de Sua Luz", desde que dentro de ti nasceu o Manifestante de Sua Glória. Alegra-te por este nome que te foi conferido - nome através do qual o Sol da graça difundiu seu esplendor, através do qual, tanto a terra como o céu, foram iluminados.
Em breve o estado de coisas dentro de ti será mudado e as rédeas do poder cairão nas mãos do povo. Verdadeiramente, teu Senhor é o Onisciente. Sua autoridade abrange todas as coisas. Assegura-te nos generosos favores de teu Senhor. O olhar de Sua benevolência há de ser a ti dirigido para sempre. Aproxima-se o dia em que a tua agitação terá sido transmudada em paz e serena tranqüilidade. Assim foi decretado no Livro maravilhoso.

LVII. Quando tiveres partido da corte de Minha Presença, ó Muhammad, dirige teus passos à Minha Casa (Casa de Bagdá), visitando-a em nome de teu Senhor. Ao lhe alcançares a porta e enquanto em pé diante dela, dize: Para onde partiu a Beleza Antiga, ó mais grandiosa Casa de Deus, Aquele por Quem Deus te fez o centro de atração de um mundo devotado e te proclamou o sinal de Sua lembrança para todos os que estão nos céus e todos os que estão na terra? Oxalá fossem estes os dias antigos, os dias em que tu, ó Casa de Deus, foste feita Seu escabelo, os dias em que de ti manou, em tons incessantes, a melodia do Todo-Misericordioso! Que aconteceu com tua jóia cuja glória se irradiou sobre toda a criação? Aonde foram os dias em que Ele, o Rei de antanho, te fizera o trono de Sua glória, os dias em que Ele somente a ti escolhera para ser a lâmpada da salvação entre a terra e o céu e te havia feito difundir, ao alvorecer e ao anoitecer, a suave fragrância do TodoGlorioso?
Onde, ó Casa de Deus, está o Sol de majestade e poder que te envolvera com o brilho de Sua Presença? Onde está Ele, o Alvorecer da terna graça de teu Senhor, o Independente, que estabelecera dentro de teus muros o Seu assento? Que terá alterado, ó trono de Deus, o teu semblante, fazendo tremerem os teus pilares? Que teria podido fechar tua porta diante da face daqueles que ansiosamente te buscam? Que te fez tão desolada? Terá sido contado a ti que o Bem-Amado do mundo é perseguido pelas espadas de Seus inimigos? Que o Senhor te abençoe, e abençoe tua fidelidade a Ele, desde que permaneceste Sua companheira durante todos os Seus sofrimentos e tristezas.
Testifico que és a cena de Sua transcendente glória, Sua santíssima morada. De ti emanou o Alento do Todo-Glorioso, um Alento que foi emitido sobre todas as coisas criadas, enchendo de júbilo os peitos dos devotos que habitam nas mansões do Paraíso. A Assembléia no alto e aqueles que moram nas Cidades dos Nomes de Deus choram por tua causa, lastimando as coisas que a ti sobrevieram.
Tu és ainda o símbolo dos nomes e atributos do Todo-Poderoso, o Ponto para o qual os olhos do Senhor da terra e do céu se dirigem. A ti tem sobrevindo o que sobreveio à Arca na qual se fizera permanecer a promessa de segurança feita por Deus. Bem-aventurado aquele que apreende o intuito destas Palavras e reconhece o desígnio de Quem é o Senhor de toda a criação.
Felizes aqueles que de ti inalam os doces sabores do Misericordioso, que admitem tua excelsitude, salvaguardam tua santidade e reverenciam, em todos os tempos, a tua posição. Imploramos ao Todo-Poderoso permitir que se abram os olhos dos que de ti se desviaram e não apreciaram teu valor, para que possam, verdadeiramente, reconhecer a ti, bem como Àquele que, através do poder da verdade, te enalteceu. Cegos, de fato, são aqueles a teu redor, e completamente inconscientes de ti, neste dia. Teu Senhor é, em verdade, o Bondoso, o Clemente.
Dou testemunho de que Deus, por teu intermédio, provou os corações de Seus servos. Bem-aventurado o homem que a ti dirige os passos e te visita. Infeliz quem te nega o direito, se afasta de ti, desonra teu nome e te profana a santidade.
Não lamentes, ó Casa de Deus, se o véu de tua santidade for rompido pelos infiéis. Deus te adornou, no mundo da criação, com a jóia de Sua lembrança. Tal ornamento não poderá jamais ser profanado por homem algum. A ti os olhos de teu Senhor, sob todas as condições, haverão de continuar a dirigir-se. Ele, verdadeiramente, inclinará Seu ouvido à prece de cada um que te visita, que a teu redor se move e O invoca em teu nome. Ele, em verdade, é o Todo-Misericordioso.
Suplico-Te ó meu Deus - por esta Casa que sofreu tal transformação ao ser separada de Ti, que lastima seu afastamento de Tua Presença e lamenta Tua tribulação - perdoes a mim, meus pais, e parentes e àqueles de meus irmãos que em Ti têm acreditado. Permite que todas as minhas necessidades sejam satisfeitas, através de Tua generosidade, ó Tu que és o Rei dos Nomes. Tu és o Mais Generoso dos generosos, o Senhor de todos os mundos.

LVIII. Recorda-te daquilo que foi revelado a Mihdí, Nosso servo, no primeiro ano de Nosso exílio na Terra do Mistério (Adrianópolis). A ele predissemos o que haveria de sobrevir à Nossa Casa (Casa de Bagdá), nos dias vindouros, para que não se entristecesse com os atos de roubo e violência já contra ela perpetrados. Verdadeiramente, o Senhor, teu Deus, conhece tudo o que está nos céus e tudo o que está na terra.
A ele temos escrito: Não é esta a primeira humilhação infligida à Minha Causa. Em dias passados, a mão do opressor amontoou sobre ela indignidades. Verdadeiramente, será tão rebaixada nos dias vindouros que fará lágrimas manarem de todos os olhos discernentes. Nós assim te revelamos coisas ocultas além do véu, inescrutáveis a todos, salvo a Deus, o Onipotente, o Todo-Louvado. Na plenitude do tempo, pelo poder da verdade, o Senhor haverá de exaltá-la aos olhos de todos os homens. Fará que se torne o Estandarte de Seu Reino, o Santuário em redor do qual circulará a assembléia dos fiéis. Assim falou o Senhor, teu Deus, antes de chegar o dia da lamentação. Nós te demos esta revelação em Nossa santa Epístola, para que não te entristecesses por causa daquilo que sobreveio à Nossa Casa com as investidas do inimigo. Todo louvor a Deus, o Onisciente, a Suma Sabedoria.

LIX. Todo observador imparcial admitirá prontamente que sempre, desde o alvorecer de Sua Revelação, este Injuriado convida toda a humanidade a volver a face à Aurora da Glória, e proíbe a corrupção, o ódio, a opressão e a maldade. E, no entanto, vede o que a mão do opressor perpetrou! Nenhuma pena ousa descrever sua tirania. Embora seja o desígnio d'Aquele que é a Verdade Eterna conferir a vida imortal a todos os homens e lhes garantir a segurança e a paz, vede, entretanto, como se levantaram para derramar o sangue de Seus bem-amados e sobre Ele pronunciaram a sentença de morte.
Os instigadores dessa opressão são aquelas mesmas pessoas que, embora tão insensatas, são reputadas por sábias das sábias. Tamanha é sua cegueira que, com severidade não dissimulada, relegaram a esta Prisão fortificada e aflitiva Aquele para os servos de Cujo Limiar o mundo foi criado. O Todo-Poderoso, porém, a despeito deles e dos que repudiaram a verdade deste "Grande Anúncio", transformou esta Casa de Prisão no Mais Excelso Paraíso, no Céu dos Céus.
Não recusamos tais benefícios materiais que Nos pudessem aliviar as aflições. Cada um de Nossos companheiros, entretanto, será Nossa testemunha de que Nossa sagrada Corte está santificada de tais benefícios materiais e muito acima deles. Nós, porém, aceitamos, enquanto confinado nesta Prisão, aquelas coisas das quais os infiéis tentaram Nos privar. Se for encontrado um homem disposto a erguer, em Nosso Nome, um edifício de puro ouro ou prata, ou uma casa adornada de pedras preciosas de inestimável valor, este desejo, sem dúvida, será atendido. Ele, verdadeiramente, faz o que quer e ordena o que Lhe apraz. Permissão foi dada, além disso, a qualquer um que possa desejar erigir, por toda a extensão desta terra, estruturas nobres e imponentes, e dedicar os ricos e sagrados territórios próximos do Jordão e das suas cercanias, à adoração e ao serviço do Deus Uno e Verdadeiro - magnificada seja Sua glória - a fim de que as profecias registradas pela Pena do Altíssimo nas Sagradas Escrituras sejam cumpridas e se torne manifesto aquilo que Deus, Senhor de todos os mundos, visava nesta Revelação excelsa, a mais sagrada, potente e maravilhosa.
Temos pronunciado, em tempos idos, estas palavras: Estende tuas saias, Ó Jerusalém! Ponderai isto em vossos corações, ó povo de Bahá, e rendei graças a vosso Senhor, o Expositor, o Mais Manifesto.
Fossem desvendados os mistérios conhecidos por ninguém, a não ser por Deus, a humanidade inteira haveria de testemunhar as evidências da perfeita e consumada justiça. Com uma certeza que ninguém pode questionar, todos os homens adeririam a Seus mandamentos e escrupulosamente os observariam. Nós, em verdade, decretamos em Nosso Livro uma boa e generosa recompensa para quem quer que se afaste da maldade e leve uma vida casta e pia. Verdadeiramente, Ele é o Grande Doador, o Todo-Poderoso.

LX. Meu cativeiro não Me pode trazer vergonha. Não, por Minha vida, confere-Me glória. O que Me pode causar vergonha é a conduta daqueles de Meus seguidores que professam Me amar, mas que na realidade, seguem o Ente Mau. Eles, em verdade, são dos perdidos.
Quando findou o tempo determinado para esta Revelação d'Aquele que é o Sol do mundo apareceu no Iraque, Ele mandou os seguidores observarem aquilo que os pudesse santificar de toda mácula terrena. Alguns preferiram seguir os desejos de uma inclinação corrupta, enquanto outros andaram nos caminhos da retidão e verdade, sendo guiados do modo certo.
Dize: Quem seguir seus desejos mundanos e deixar o coração apegar-se às coisas da terra, não haverá de ser contado entre o povo de Bahá. É Meu verdadeiro seguidor aquele que, se vier a um vale de puro ouro, passará adiante, tão alheio como uma nuvem, não virando para trás nem fazendo pausa. Tal homem, seguramente, é de Mim. De suas vestes poderá a Assembléia no alto inalar a fragrância da santidade... E se ele encontrasse a mais bela e graciosa das mulheres, não sentiria o coração seduzido, nem por uma ligeira sombra de desejo pela sua beleza. Tal homem, realmente, é a criação da imaculada castidade. Assim vos instrui a Pena do Ancião dos Dias, segundo ordenado pelo vosso Senhor, o Onipotente, o Todo-Generoso.

LXI. O mundo agoniza e sua agitação aumenta dia a dia, Sua face inclina-se para a desobediência e a descrença. Tal há de ser seu dilema que não seria apropriado ou conveniente revelá-lo agora. Sua perversidade continuará por muito tempo. E, quando chegar a hora marcada, aparecerá de súbito o que fará tremerem os membros do gênero humano. Então, somente então, será içado o Estandarte Divino e o Rouxinol do Paraíso cantará sua melodia.

LXII. Lembra-te de Minhas tristezas, de Minhas preocupações e ansiedades, Minhas angústias e provações, do estado de Meu cativeiro, das lágrimas que tenho vertido, da amargura de Minha aflição e agora de Meu encarceramento nesta longínqua terra. Deus, ó Mustafá, é Minha Testemunha. Pudesse a ti ser relatado o que sobreveio à Beleza Antiga, fugirias para a solidão em grandes prantos. Em teu pesar, baterias na cabeça e gemerias como alguém ferido por um ofídio. Sê grato a Deus, por havermos recusado te divulgar os segredos daqueles decretos inescrutáveis que Nos foram enviados do céu da Vontade de teu Senhor, o Mais Poderoso, o Onipotente.
Pela justiça de Deus! Toda manhã Eu descobria, ao levantar-me do leito, as hostes de incontáveis aflições amontoadas atrás de Minha porta; e toda noite ao recostar-Me, eis Meu coração estava dilacerado de angústia por aquilo que sofrera devido à crueldade feroz dos inimigos. Cada pedaço de pão partido pela Beleza Antiga é acompanhado pela investida de uma nova aflição e com cada gota por Ele sorvida é misturada a amargura da mais penosa das provações. Precede-O, a todo passo que dá, uma hoste de calamidades imprevistas, enquanto à Sua retaguarda seguem legiões de tristezas agoniadoras.
Assim aflitiva é Minha situação, fosses tu ponderar sobre isto em teu coração. Que tua alma, entretanto, não se entristeça por causa daquilo que Deus fez chover sobre Nós. Desvaneça-se tua vontade em Seu beneplácito, pois em nenhuma ocasião temos Nós desejado qualquer coisa que não fosse Sua Vontade, e com bom grado temos acolhido cada um de Seus irrevogáveis decretos. Que teu coração seja paciente e tu não te desalentes, nem sigas no caminho dos que estão penosamente agitados.

LXIII. Ó tu cuja face se volve para Mim! Assim que teus olhos avistarem de longe Minha cidade natal (Teerã), levanta-te e dize: "Eu a ti venho da Prisão, ó Terra de Tá, com novas enviadas por Deus, o Amparo no perigo O que subsiste por Si Próprio. Anuncio a ti, ó mãe do mundo e fonte de luz para todos os seus povos, a terna mercê de teu Senhor, e saúdo-te em nome d'Aquele que é a Verdade Eterna, o Conhecedor das coisas invisíveis. Testifico que dentro de ti se revelou Aquele que é o Nome Oculto e pôs à vista o Tesouro Encoberto. Por teu intermédio, o segredo de todas as coisas, quer do passado ou do futuro, foi desvendado.
Ó Terra de Tá! Aquele que é o Senhor dos Nomes, em Sua posição gloriosa se lembra de ti. Tu eras o Alvorecer da Causa de Deus, a fonte de Sua Revelação, a manifestação de Seu Nome Supremo - Nome este que fez tremerem os corações e as almas dos homens. Quão vasto o número daqueles homens e mulheres, vítimas da tirania, que, dentro de teus muros, sacrificaram suas vidas no caminho de Deus e foram sepultados sob teu pó com tamanha crueldade que todo servo honrado de Deus lastimou seu angustiante destino.

LXIV. É Nosso desejo lembrarmos da Morada de suprema beatitude (Teerã), a cidade santa e radiosa - a cidade da qual emanou a fragrância do Bem-Amado, onde Seus sinais foram difundidos e as evidências de Sua glória se revelaram, onde se levantaram Seus estandartes e se ergueu Seu tabernáculo, onde se desdobrou cada um de Seus sábios decretos.
É a cidade da qual os doces sabores da reunião emanaram, fazendo aqueles que sinceramente amam a Deus, se aproximarem d'Ele e conseguirem acesso à Morada da santidade e beleza. Feliz o peregrino que a essa cidade dirige os passos, nela conseguindo ser admitido e sorvendo o vinho da reunião, através da efluente graça de seu Senhor, o Benévolo, o Todo-Louvado.
Venho a ti, ó terra do desejo do coração, com novas de Deus, e te anuncio Seu terno favor e mercê, saudando-te e glorificando-te em Seu Nome. Ele, verdadeiramente, é de imensa generosidade e bondade. Bem-aventurado o homem que a ti dirige a face, que percebe de ti a fragrância da Presença de Deus, Senhor de todos os mundos. Que Sua glória esteja sobre ti e o esplendor de Sua Luz te envolva, já que Deus te fez um paraíso para Seus servos e te proclamou a terra abençoada e sagrada que Ele Próprio mencionou nos Livros revelados pelos Seus Profetas e Mensageiros.
Por teu intermédio, ó terra de glória resplandecente, se desfraldou a insígnia de "Não há outro Deus, salvo Ele", e o estandarte de "Deveras sou a Verdade, o Conhecedor das coisas invisíveis", foi içado. Compete a cada um que te visita, gloriar-se de ti e dos que em ti habitam, daqueles que brotaram de Minha Árvore, que são Suas folhas e os sinais de Minha glória, que Me seguem e amam e que, com a mais forte determinação, volveram suas faces na direção de Meu glorioso estado.

LXV. Recorda-Te de Tua chegada na Cidade (Constantinopla); lembra-Te como os Ministros do Sultão pensavam que não conhecesses suas leis e seus regulamentos, acreditando que fosses um dos ignorantes. Dize: Sim, por Meu Senhor! Ignoro todas as coisas, exceto aquilo que Deus, por Seu generoso favor, se dignou Me ensinar. Disso damos testemunho, seguramente; isso confessamos, sem hesitação.
Dize: Se as leis e os regulamentos aos quais tendes apego forem de vossa própria invenção, Nós, de modo algum, os seguiremos. Assim Me instruiu Aquele que é o Onisciente, de tudo o Informado. Tal tem sido Meu modo no passado e tal continuará a ser no futuro, através do poder de Deus e Sua grandeza. É este realmente, o modo verdadeiro e certo. Se foram ordenadas por Deus, produzi, então, vossas provas - se sois dos que dizem a verdade. Dize: Em um Livro que não deixa de registrar a obra de qualquer homem, por insignificante que seja, assentamos tudo o que imputaram a Ti e tudo o que a Ti fizeram.
Dize: Compete-vos, ó Ministros de Estado, observar os preceitos de Deus e abandonar vossas próprias leis e regulamentos e ser dos que são guiados do modo certo. Isto vos é melhor do que tudo o que possuís - se apenas o soubésseis. Se transgredirdes o mandamento de Deus, nem um jota, nem um til de todas as vossas obras será, aceitável, a Seu ver. Breve havereis de descobrir as conseqüências daquilo que tiverdes feito nesta vida vã, e a retribuição vos será dada. Isto, deveras, é a verdade, a verdade indubitável.
Como é grande o número dos que, em tempos idos, cometeram as coisas que vós cometestes e que, embora de grau superior ao vosso, voltaram, afinal, ao pó, sendo entregues a seu destino inevitável! Oxalá pudésseis ponderar a Causa de Deus em vossos corações! Havereis de seguir o rastro deles e tereis de entrar numa morada onde ninguém será encontrado que vos seja um amigo ou auxiliador. Sereis, em verdade, interrogados a respeito de vossas ações, sereis chamados a prestar contas por não haverdes cumprido vosso dever à Causa de Deus, por haverdes rejeitado com desdém Seus bem-amados que, com sinceridade manifesta, vieram a vós.
Fostes vós que aconselhastes uns aos outros a seu respeito, vós que preferistes seguir a orientação de vossos próprios desejos e abandonastes o mandamento de Deus, o Amparo no Perigo, o Onipotente.
Dize: Como! Aderis vós às vossas próprias maquinações e rejeitais os preceitos de Deus? Vós, em verdade, injuriastes a vós mesmos e aos outros. Oxalá pudésseis perceber isto! Dize: Se vossos regulamentos e princípios se baseiam na justiça, por que é, então, que seguis aqueles que estejam de acordo com vossas inclinações corruptas e rejeitais aqueles que estejam em conflito com vossos desejos? Que direito tendes, pois, de pretender julgar eqüitativamente entre os homens? São vossos regulamentos e princípios tais, que justifiquem vossa perseguição d'Aquele que, a vosso mando, se apresentou diante de vós? Justificam que O rejeiteis e Lhe inflijais, cada dia, uma injúria lastimável? Ele alguma vez, mesmo por um breve momento, vos desobedeceu? Todos os habitantes do Iraque e, além deles, todo observador de discernimento, darão testemunho da verdade de Minhas palavras.
Sedes justos em vosso julgamento, ó vós Ministros do Estado! Que foi que cometemos, para justificar Nosso desterro? Qual a ofensa que tenha dado motivo para Nossa expulsão? Fomos Nós que vos procuramos e, no entanto, vede como recusastes Nos receber! Por Deus! Foi uma injustiça aflitiva que perpetrastes - uma injustiça com a qual nenhuma injustiça terrena pode ser comparada. Disto o Onipotente é, Ele Mesmo, testemunha.
Sabei que o mundo e suas vaidades e seus adornos passarão. Nada perdurará, salvo o Reino de Deus, o qual a ninguém pertence, senão a Ele, o Senhor Soberano de todos, o Amparo no Perigo, o Todo-Glorioso, o Onipotente. Os dias de vossa vida sumir-se-ão e todas as coisas com que vos ocupais e de que vos vangloriais haverão de perecer, e vós, com absoluta certeza, sereis instados por uma companhia de Seus anjos a aparecer no lugar onde se fará tremerem os membros da criação inteira e arrepiarem-se as carnes de todo opressor. Sereis interrogados a respeito das coisas que vossas mãos fizeram nesta, vossa vida vã, e pagareis os vossos feitos. Este é o dia que, inevitavelmente, vos há de sobrevir, a hora que ninguém pode obstar. A isto tem testificado, a Língua d'Aquele que diz a verdade e é o Conhecedor de todas as coisas.

LXVI. Temei a Deus, vós os habitantes da Cidade (Constantinopla) e não lanceis as sementes da dissensão entre os homens. Não andeis nos caminhos do Ente Mau. Andai, durante os poucos dias restantes de vossa vida, nos caminhos do Deus Uno e Verdadeiro. Vossos dias haverão de passar, assim como os dias daqueles que vos precederam. Ao pó havereis de voltar, assim como voltaram os vossos antepassados.
Sabei vós que a ninguém temo, salvo a Deus. Em ninguém, senão Ele, depositei Minha confiança; a ninguém, senão a Ele, Me segurarei, e nada haverei de querer, salvo o que Ele para Mim tenha querido. É isto, em verdade, o desejo de Meu coração, se apenas o soubésseis. Ofereci Minh'alma e Meu corpo em holocausto a Deus, Senhor de todos os mundos. Quem a Deus tiver conhecido, a ninguém, senão a Ele, haverá de conhecer; quem a Deus teme, a nenhum outro, a não ser a Ele, temerá, ainda que os poderes de toda a terra se levantem e contra ele se ponham. Nada falo que não seja a Seu mando, e graças ao poder de Deus e Sua grandeza, não sigo senão a Sua verdade. Ele, verdadeiramente, haverá de recompensar os verazes.
Relata, ó Servo, as coisas que testemunhaste na ocasião de Tua chegada na Cidade, a fim de que Teu testemunho possa perdurar entre os homens e servir de advertência para aqueles que crêem. Encontramos, ao chegarmos na Cidade, seus governantes e patriarcas reunidos, a se divertirem como crianças, com barro. A ninguém percebemos suficientemente amadurecido para adquirir de Nós as verdades que Deus Nos ensinou, nem bastante receptivo para as Nossas maravilhosas palavras de sabedoria. Nossos olhos interiores choraram penosamente por eles, por suas transgressões e seu total desprezo por aquilo para que foram criados. Foi o que observamos nessa Cidade e o que Nos dignamos assentar em Nosso Livro, para que servisse de advertência a eles e ao resto da humanidade.
Dize: Fossem esta vida e suas vaidades aquilo que buscais, deveríeis tê-las procurado enquanto ainda envoltos no ventre materno, pois naquele tempo estáveis continuamente vos aproximando delas - pudésseis vós apenas o perceber. Por outro lado, desde que nascestes e atingistes maturidade, estais constantemente retrocedendo do mundo e mais e mais vos aproximando do pó. Por que, então, exibirdes tanta avidez em amontoar os tesouros da terra, quando vossos dias são contados e vossa oportunidade está prestes a esgotar-se? Não vos livrareis de vosso sono, pois, ó desatentos?
Inclinai vossos ouvidos aos conselhos que este Servo, por amor a Deus, vos dá. Ele, verdadeiramente, não vos pede recompensa alguma e está resignado àquilo que Deus Lhe ordenou, inteiramente submisso à Vontade de Deus.
Os dias de vossa vida esgotam-se, ó povo, e vosso fim rapidamente se aproxima. Ponde de lado, pois, as coisas que vós inventastes e às quais aderis, e segurai-vos firmemente aos preceitos de Deus, para que possais acaso atingir aquilo que Ele vos designou e ser dos que seguem um caminho certo. Não vos deleiteis nas coisas do mundo e em seus ornamentos vãos, nem nestes depositeis vossas esperanças. Que dependais da lembrança de Deus, o Excelso, o Supremo. Ele, em breve, reduzirá ao nada todas as coisas que possuís. Seja a Ele que temais e não deixeis de vos lembrar de Seu Convênio, convosco, nem sejais dos que d'Ele se excluam como se o fosse por um véu.
Guardai-vos de vos inchar de orgulho diante de Deus e rejeitar com desdém os Seus bem-amados. Condescendei humildemente com os fiéis, com aqueles que acreditaram em Deus e em Seus sinais, cujos corações dão testemunho de Sua unidade, cujas línguas proclamam Sua unicidade e que não falam senão por Sua permissão. Assim vos exortamos com justiça e vos advertimos com verdade, a fim de que talvez desperteis.
Não ponhais sobre nenhuma alma uma carga da qual vós não quereríeis ser incumbidos, nem desejeis para pessoa alguma, as coisas que não desejaríeis para vós mesmos. É este Meu melhor conselho para vós, fôsseis apenas observá-lo.
Respeitai os sacerdotes e sábios entre vós, aqueles cuja conduta esteja em harmonia com aquilo que professam, que não transgridam os limites impostos por Deus, cujos julgamentos estejam em conformidade com Seus preceitos, assim como revelados em Seu Livro. Sabei vós que eles são as lâmpadas guias para os habitantes dos céus e da terra. Os que desprezam e desatendem os sacerdotes e sábios que vivem entre eles, têm, em verdade, alterado o favor que Deus lhes concedeu.
Dize: Aguardai até que Deus tenha alterado Seu favor a vós. Nada em absoluto Lhe escapa. Ele conhece os segredos tanto dos céus como da terra. Seu conhecimento abrange todas as coisas. Não vos regozijeis por causa daquilo que fizestes ou no futuro fareis, nem vos deleiteis na tribulação com a qual Nos afligistes, pois não vos é possível por meios tais como esses exaltar vossas posições - fôsseis vós examinar vossas obras com discernimento agudo. Nem podereis diminuir a sublimidade de Nosso estado. Não, Deus aumentará a recompensa que Nos concederá por havermos suportado com paciência perseverante as tribulações que sofremos. Ele, verdadeiramente, haverá de dar um galardão maior àqueles que as suportarem com paciência.
Sabei vós que provações e tribulações, desde tempos imemoriais, têm sido a sorte dos Eleitos de Deus e de Seus bem-amados e daqueles de Seus servos que estejam desprendidos de tudo mais, senão d'Ele, daqueles a quem nenhuma mercadoria, nenhum comércio, possa seduzir da lembrança do Onipotente, que não falam antes de Ele haver falado e que agem de acordo com Seu mandamento. Tal é o método de Deus levado a efeito nos tempos antigos e assim permanecerá no futuro. Bem-aventurados os que suportam com firmeza, os que são pacientes em vicissitudes e durezas, que não lamentam por causa de qualquer coisa que lhes sobrevenha e que trilham a senda da resignação...
Aproxima-se o dia em que Deus terá feito surgir um povo que recordará Nossos dias, que contará a história de Nossas provações, que exigirá sejam restituídos Nossos direitos por aqueles que, sem um mínimo de evidência, Nos trataram com injustiça manifesta. Deus, seguramente, domina as vidas daqueles que Nos injuriaram e está bem ciente de suas ações. Ele, com absoluta certeza, os prenderá por seus pecados. Ele, verdadeiramente, é o mais implacável dos vingadores.
Assim Nós vos temos relatado as histórias do Deus Uno e Verdadeiro e vos transmitido as coisas que Ele preordenara, a fim de que talvez peçais d'Ele perdão, a Ele regresseis e verdadeiramente vos arrependais, compreendendo vossas ofensas, livrando-vos de vosso sono, despertando de vossa negligência, expiando as coisas que vos escaparam e sendo dos que fazem o bem. Quem quiser, que admita a verdade de Minhas palavras; e quanto àquele que não queira, que se desvie. Minha única obrigação é lembrar-vos de haverdes falhado no dever para com a Causa de Deus - se por acaso fordes dos que atendem a Minha advertência. Escutai, pois, Minhas palavras, voltai-vos para Deus e arrependei-vos, a fim de que Ele, através de Sua graça, vos tenha misericórdia, vos purifique de vossos pecados e vos perdoe as transgressões. A amplidão de Sua misericórdia excede a fúria de Sua ira, e Sua graça envolve todos os que foram chamados para a existência e adornados com o manto da vida, sejam eles do passado ou do futuro.

LXVII. Apareceu nesta Revelação o que jamais aparecera antes. Quanto aos infiéis que testemunharam o que foi manifestado, murmuram e dizem: "Realmente, esse é um feiticeiro que planejou uma mentira contra Deus." São eles, em verdade, um povo proscrito.
Relatas Tu às nações, ó Pena do Ancião dos Dias, as coisas que aconteceram no Iraque. Fala-lhes do mensageiro que a congregação dos sacerdotes daquela terra havia delegado para se encontrar Conosco e que, ao atingir a Nossa Presença, Nos interrogou a respeito de certas ciências, e a quem respondemos em virtude do conhecimento que Nós inerentemente possuímos. Teu Senhor, em verdade, é o Conhecedor de coisas nunca vistas. "Atestamos", disse ele, "que o conhecimento que Tu possues é tal que ninguém pode rivalizar. Esse conhecimento, entretanto, é insuficiente para vindicar o excelso grau que o povo Te atribui. Produze, se dizes a verdade, o que as forças combinadas dos povos da terra são impotentes para produzir." Assim foi irrevogavelmente decretado na corte da presença de teu Senhor, o Todo-Glorioso, o Deus de Amor.
"Testemunha! Que é que vês?" Ele ficou estupefato. E quando voltou a si, disse: "Creio verdadeiramente em Deus, o Todo-Glorioso, o Todo-Louvado." Vai tu ao povo e dize: "Pedi qualquer coisa que quiserdes. Poderoso é Ele para fazer o que Lhe apraz. Nada, em absoluto, seja do passado ou do futuro, Lhe pode frustrar a Vontade." Dize: "Ó vós, congregação de sacerdotes! Escolhei qualquer assunto que desejardes e pedi a vosso Senhor, o Deus de Misericórdia, que isso Ele vos revele. Se Ele satisfizer vosso pedido, em virtude de Sua soberania, acreditai n'Ele, então, e não sejais dos que rejeitam Sua verdade." "Rompeu-se agora a alva da compreensão", disse ele, "e o testemunho do Todo-Misericordioso se cumpriu." Levantou-se e regressou àqueles que o haviam enviado, a mando de Deus, o Todo-Glorioso, o Bem-Amado.
Dias passaram e ele não voltou a Nós. Afinal veio outro mensageiro, que Nos informou que o povo havia desistido daquilo que originariamente pretendera. É, de fato, um povo desprezível. Foi o que aconteceu no Iraque, e daquilo que revelo, sou Eu Próprio testemunha. Espalhou-se a notícia desse acontecimento, mas ninguém foi encontrado que compreendesse sua significação. Assim Nós o ordenamos. Oxalá o soubésseis!
Por Meu Próprio Ser! Quem, em eras passadas, Nos pedia que produzíssemos os sinais de Deus, sempre, assim que a ele os revelávamos, repudiava a verdade de Deus. O povo, entretanto, na maior parte, permanecia desatento. Aqueles cujos olhos são iluminados com a luz da compreensão perceberão os doces sabores do Todo-Misericordioso e abraçarão Sua verdade. São estes os verdadeiramente sinceros.

LXVIII. Ó tu que és o fruto de Minha Árvore e Sua folha! Sobre ti estejam Minha glória e Minha misericórdia. Que teu coração não se entristeça por causa daquilo que te sobreveio. Fosses tu perscrutar as páginas do Livro da Vida, descobririas, com absoluta certeza, aquilo que te dissipasse as tristezas e dissolvesse a angústia.
Sabe tu, ó fruto de Minha Árvore, que os decretos do Soberano Determinador, com referência ao destino e à predestinação, são de duas espécies. Ambas devem ser obedecidas e aceitas. Uma é irrevogável, a outra é, segundo a terminologia dos homens, impendente. Àquela, todos sem reservas têm de se submeter, já que é fixa e determinada. Deus, porém, pode alterá-la ou revogá-la. Como o prejuízo que deve resultar de tal alteração será maior do que se o decreto tivesse ficado inalterado, todos, pois, deveriam de bom grado aquiescer naquilo que Deus ordenou e a isso anuir com confiança.
O decreto que impende, entretanto, é tal que oração e súplica podem conseguir afastá-lo.
Permita Deus que tu, que és o fruto de Minha Árvore, e os que a ti se associam, possam ser protegidos de suas más conseqüências.
Dize: Ó Deus, meu Deus! Confiaste às minhas mãos uma incumbência de Ti e agora, segundo o beneplácito de Tua Vontade, a chamaste para regressar a Ti. Não compete a mim, uma serva Tua, dizer donde me vem isso ou porque sucedeu, desde que Tu estás glorificado em todos os Teus atos e hás de ser obedecido em Teu decreto. Tua serva, ó meu Senhor, fixou suas esperanças em Tua graça e generosidade. Permita que ela obtenha o que a faça aproximar-se de Ti e a beneficie em cada um de Teus mundos. Tu és Quem perdoa, o Todo-Generoso. Não há outro Deus, salvo Tu, Quem a tudo ordenas, o Ancião dos Dias.
Concede Tuas bênçãos, ó Senhor, meu Deus, àqueles que sorveram o vinho de Teu amor à face dos homens e que, apesar de Teus inimigos, admitiram Tua Unidade, deram testemunho de Tua Unicidade e confessaram sua fé naquilo que fez estremecerem os membros dos opressores dentre Tuas criaturas e tremer a carne dos orgulhosos da terra. Testifico que Tua soberania jamais poderá perecer, nem Tua Vontade ser alterada. Ordena para aqueles que a Ti volveram a face e para Tuas servas que se seguraram à Tua Corda, o que for digno do Oceano de Tua generosidade e do Céu de Tua graça.
Tu és, ó Deus, Aquele que se proclamou o Senhor da Riqueza e caracterizou a todos que O servem como pobres e necessitados. Assim mesmo como escreveste: "Ó vós que credes! Sois apenas indigentes que precisam de Deus; mas Deus é o Possuidor de tudo, Aquele por todos louvado." Havendo eu admitido minha pobreza e reconhecido Tua riqueza, não permitas que eu seja privada da glória de Tua opulência. Tu és, em verdade, o Supremo Protetor, o Onisciente, a Suma Sabedoria.

LXIX. Recorda tu a conduta da mãe de Ashraf, cujo filho sacrificou sua vida na Terra de Zá (Zanján). Ele, com absoluta certeza, está no assento da verdade, na presença de Um que é o Mais Poderoso, o Onipotente.
Quando os infiéis, tão injustamente, decidiram executá-lo, mandaram buscar sua mãe, para que ela, quiçá, lhe admoestasse e o induzisse a retratar a sua fé e seguir nas pegadas dos que repudiaram a verdade de Deus, Senhor de todos os mundos.
Mal contemplara ela a face do filho, quando lhe disse tais palavras, que os corações dos que amavam a Deus e, além deles, os da Assembléia no alto, gemeram e agonizaram de pesar. Em verdade, teu Senhor sabe o que Minha língua diz. Ele Próprio dá testemunho de Minhas palavras.
Ela ao dirigir-se a ele, disse: "Meu filho, meu próprio filho! Não deixes de te oferecer em holocausto no caminho de teu Senhor. Acautela-te para não traíres tua fé n'Aquele diante de Cuja face se curvaram em adoração todos os que estão nos céus e todos os que estão na terra. Segue tu diretamente, ó meu filho, e persevera no caminho do Senhor, teu Deus. Apressa-te para atingir a presença d'Aquele que é o Bem-Amado de todos os mundos."
Sobre ela estejam Minhas bênçãos e Minha misericórdia e Meu louvor e Minha glória. Eu Próprio repararei a perda de seu filho - um filho que agora habita no tabernáculo de Minha majestade e glória, cuja face brilha com uma luz que envolve com seu esplendor as Donzelas do Céu em seus aposentos celestiais e além delas, os que residem em Meu Paraíso, e os habitantes das Cidades da Santidade. Fosse alguém lhe fitar a face, exclamaria: "Ei-lo, não é senão um anjo nobre!"

LXX. O equilíbrio do mundo foi alterado através da influência vibrante desta nova e mais grandiosa Ordem Mundial. A vida regulada do gênero humano foi revolucionada por meio deste Sistema único, maravilhoso - cujo igual jamais foi testemunhado por olhos mortais.
Imergi-vos no oceano de Minhas palavras, para que possais desvendar-lhe os segredos e descobrir todas as pérolas de sabedoria que jazem ocultas em suas profundezas. Guardai-vos de vacilar em vossa determinação de abraçar a verdade desta Causa - uma Causa através da qual se revelaram as potencialidades da grandeza de Deus e se estabeleceu Sua soberania. Com face radiante de júbilo, apressai-vos a Ele. Esta é a imutável Fé Divina, eterna no passado, eterna no futuro. Quem buscar, que a atinja; e quanto àquele que se recusou a buscá-la - verdadeiramente, Deus é suficiente por Si Próprio, acima de qualquer necessidade de Suas criaturas.
Dize: Esta é a infalível Balança que a Mão de Deus segura, na qual são pesados todos os que estão nos céus e todos os que estão na terra, e lhes é determinado o destino - se sois dos que acreditam e reconhecem esta verdade. Dize: por seu intermédio foram enriquecidos os pobres, esclarecidos os eruditos, e aqueles que buscavam puderam ascender até a presença de Deus. Guardai-vos de fazer disso uma causa de dissensão entre vós. Estabelecei-vos tão firmemente como a montanha irremovível, na Causa de vosso Senhor, o Poderoso, o Deus de Amor.

LXXI. Não vos consterneis, ó povos do mundo, quando o sol de Minha Beleza se puser e o céu de Meu tabernáculo se ocultar de vossos olhos. Levantai-vos para promover Minha Causa e enaltecer Minha Palavra entre os homens. Estamos convosco em todos os tempos e vos fortaleceremos com o poder da verdade. Somos Nós, verdadeiramente, todo-poderoso. Quem Me tiver reconhecido, levantar-se-á e Me servirá com uma determinação tal que os poderes da terra e do céu não lhe poderão frustrar o propósito.
Os povos do mundo estão profundamente adormecidos. Fossem despertar de seu sono, apressar-se-iam com ansiedade em direção a Deus, o Onisciente, a Suma Sabedoria. Rejeitariam tudo o que possuem, ainda que fosse todos os tesouros da terra, a fim de que seu Senhor se lembrasse deles a ponto de lhes dirigir apenas uma palavra. Tal é a instrução que vos dá Aquele que possui o conhecimento das coisas ocultas, em uma Epístola que os olhos da criação jamais viram e que a ninguém é revelada, senão a Ele Próprio, o onipotente, Protetor de todos os mundos. Tão confusos estão eles na embriaguez de seus maus desejos que lhes falta o poder de reconhecer o Senhor de toda a existência, Cuja voz, de todas as direções, clama: "Não há outro Deus, senão Eu, o Poderoso, o Onisciente."
Dize: Não vos regozijeis nas coisas que possuis; nesta noite, são vossas, amanhã outros haverão de possuí-las. Assim vos adverte Aquele que é o Onisciente, O de Tudo Informado. Dize: Podeis pretender que o que vos pertence seja durável ou seguro? Não! Por Mim Próprio, o Todo-Misericordioso. Os dias de vossa vida fogem como um sopro de vento e toda a vossa pompa e glória acabarão como acabaram a pompa e a glória dos que vos antecederam. Refleti, ó povo! Que foi feito de vossos dias passados, de vossos séculos perdidos? Felizes os dias que foram consagrados à lembrança de Deus, e bem-aventuradas as horas passadas em louvor Àquele que é o Onisciente. Por Minha vida! Não há de perdurar nem a pompa dos poderosos, nem a riqueza dos ricos, nem sequer a ascendência dos ímpios. Tudo perecerá, a uma palavra Sua. Ele, em verdade, é o Todo-Poderoso, o Predominante, o Onipotente. Que vantagem há nas coisas terrenas que os homens possuem? Daquilo que lhes trará proveito, têm eles descuidado completamente. Em breve despertarão de seu sono e se verão sem o poder de obter o que lhes escapou nos dias de seu Senhor, o Todo-Poderoso, O de Todos Louvado. Se apenas soubessem isto, renunciariam a tudo o que possuem, a fim de que seus nomes sejam mencionados diante de Seu trono. Em verdade, são eles contados entre os mortos.

LXXII. Que vossos corações não se perturbem, ó povo, quando a glória de Minha Presença se retirar e o oceano de Minhas palavras se aquietar. Em Minha Presença entre vós há uma sabedoria e em Minha ausência há ainda outra, inescrutável para todos, menos para Deus, o Incomparável, o Onisciente. Verdadeiramente, Nós vos vemos de Nosso reino de glória e ajudaremos qualquer um que se levantar para o triunfo de Nossa Causa, com as hostes da Assembléia do alto e uma companhia de Nossos anjos favorecidos.
Ó povos da terra! Deus, a Verdade Eterna, é Minha testemunha de que correntes de águas frescas e suaves jorraram das rochas, em virtude da doçura das palavras pronunciadas pelo vosso Senhor, o Predominante; e vós continuais ainda adormecidos. Rejeitai o que possuis e com as asas do desprendimento, voai além de todas as coisas criadas. Assim vos ordena o Senhor da criação, o movimento de Cuja Pena revolucionou a alma da humanidade.
Sabeis vós de que alturas vosso Senhor, o Todo-Glorioso, vos chama? Pensais que tendes reconhecido a Pena com a qual vosso Senhor, o Senhor de todos os nomes, vos manda? Não, por Minha Vida! Se apenas o soubésseis, renunciaríeis ao mundo e, de todo coração, vos apressaríeis para a presença do Bem-Amado. Vossos espíritos seriam tão extasiados pela Sua Palavra, que comoveriam o Mundo Maior - quanto mais este mundo pequeno e insignificante! Assim as chuvas de Minhas graças manaram do céu de Minha benevolência, em sinal de Meu favor - para que sejais dos agradecidos...
Acautelai-vos para que os desejos da carne e de uma inclinação corrupta não provoquem divisões entre vós. Sede como os dedos de uma só mão, os membros do mesmo corpo. Assim vos aconselha a Pena da Revelação - se sois dos que crêem.
Considerai a misericórdia de Deus e Suas dádivas. Ele vos admoesta a que façais aquilo que vos traga proveito, embora Ele Próprio bem possa dispensar todas as criaturas. Vossas más ações jamais Nos haverão de prejudicar, nem podem vossas boas obras Nos trazer proveito. Nós vos convocamos inteiramente por amor a Deus. Disto todo homem de compreensão e percepção dará testemunho.

LXXIII. É claro e evidente que, quando tiverem sido rompidos os véus que ocultam as realidades das manifestações dos Nomes e Atributos de Deus, ainda mais, de todas as coisas criadas, visíveis ou invisíveis, nada permanecerá senão o Sinal de Deus - sinal este que Ele, Ele Próprio, pôs dentro dessas realidades. Esse sinal perdurará tanto tempo quanto for o desejo do Senhor teu Deus, o Senhor dos céus e da terra. Se são estas as bênçãos conferidas a todas as coisas criadas, quão superior há de ser o destino do verdadeiro crente, cuja existência e vida devem ser consideradas o propósito originador de toda a criação. Assim como o conceito da fé existe desde o princípio que não tem princípio e perdurará até o fim que não tem fim, do mesmo modo o verdadeiro crente haverá de viver e perdurar eternamente. Seu espírito para todo o sempre circulará em volta da Vontade de Deus. Ele durará tanto tempo quanto Deus Mesmo durar. Através da Revelação de Deus, ele se revela e a Seu mando se oculta. Torna-se evidente que as mais sublimes mansões no Reino da Imortalidade foram ordenadas como a morada daqueles que verdadeiramente acreditam em Deus e em Seus sinais. A morte jamais poderá invadir aquele sagrado assento. Assim confiamos Nós a ti os sinais de teu Senhor, para que perseveres em teu amor por Ele e sejas dos que compreendem esta verdade.

LXXIV. Cada palavra que procede dos lábios de Deus é dotada de tal potência que pode instilar nova vida em todo corpo humano - se sois dos que compreendem esta verdade. Todas as maravilhosas obras que vedes neste mundo foram manifestadas mediante a operação de Sua suprema e excelsa Vontade, Seu Desígnio maravilhoso e inflexível. Com a simples revelação da palavra "Formador" efluindo de Seus lábios e proclamando Seu atributo ao gênero humano, tal força emana, que pode gerar, através de sucessivas eras, todas as múltiplas artes que as mãos do homem, podem produzir. Isto, deveras, é uma verdade certa. Mal se pronuncia esta palavra resplandecente, quando suas energias animadoras, agitando-se dentro de todas as coisas criadas, dão origem aos meios e instrumentos, pelos quais essas artes podem ser produzidas e aperfeiçoadas. Todas as admiráveis realizações que ora testemunhais são as conseqüências diretas da Revelação deste Nome. Nos dias vindouros, contemplareis, verdadeiramente, coisas das quais jamais soubestes. Assim foi decretado nas Epístolas de Deus, e ninguém pode compreender isto, salvo aqueles cuja vista é aguçada. Outrossim, no momento em que manar de Meus lábios a palavra que exprima Meu atributo "O Onisciente", toda coisa criada, segundo sua capacidade e suas limitações, será investida do poder de desenvolver o conhecimento das mais maravilhosas ciências e será capacitada a manifestá-las no decorrer do tempo, a mando d'Aquele que é o Todo-Poderoso, o Conhecedor de tudo. Sabe tu com certeza que a Revelação de todos os outros Nomes é acompanhada de uma manifestação semelhante do poder Divino. Cada uma das letras que procede dos lábios de Deus é, em verdade, uma letra-mãe, toda palavra proferida por Aquele que é o Manancial da Revelação Divina é uma palavra-mãe e Sua Epístola é uma Epístola-Mãe. Bem-aventurados os que apreendem esta verdade.

LXXV. Rompei, em Meu Nome, os véus que lastimavelmente cegaram vossa visão e, através do poder oriundo de vossa crença na unidade de Deus, dispersai os ídolos da vã imitação. Entrai, então, no santo paraíso do beneplácito do Todo Misericordioso. Santificai vossas almas de qualquer coisa que não seja de Deus, e saboreai a doçura do repouso dentro do recinto de Sua vasta e poderosa Revelação e à sombra de Sua autoridade suprema e infalível. Não vos deixeis ser envolvidos nos véus densos de vossos desejos egoístas, desde que aperfeiçoei em cada um de vós a Minha criação, para que a excelência de Minha obra seja plenamente revelada aos homens. Segue-se, pois, que todo homem tem sido e continuará a ser capaz, por si só, de apreciar a Beleza de Deus, o Glorificado. Se ele não tivesse sido dotado de tal capacidade, como seria chamado para responder por sua falha? No Dia em que todos os povos da terra forem juntados, se a algum homem, enquanto na presença de Deus, se perguntar: "Por que deixaste de crer em Minha Beleza e te desviaste de Mim Mesmo?", e se esse homem responder, dizendo: "Já que todos os homens erraram não se encontrando nenhum disposto a volver a face para a Verdade, eu também, seguindo-lhes o exemplo, deixei, lamentavelmente, de reconhecer a Beleza do Eterno", tal argumento será, com toda certeza, rejeitado. Pois a fé de homem algum pode ser condicionada por qualquer outro senão por ele mesmo.
Esta é uma das verdades que jazem entesouradas em Minha Revelação - uma verdade que revelei em todos os Livros celestiais, que fiz a Língua da Grandeza pronunciar e a Pena do Poder inscrever. Ponderai isto um pouco, a fim de que, tanto com os olhos interiores como também com os exteriores, possais perceber as sutilezas da Sabedoria Divina e descobrir as jóias do conhecimento celestial - as quais, em clara e ponderável linguagem, revelei nesta Epístola excelsa e incorruptível - e a fim de que não vos desvieis para longe do Altíssimo Trono, da Árvore além da qual não há passagem, da Morada de grandeza e glória sempiternas.
Os sinais de Deus brilham, tão manifestos e resplandecentes como o sol, entre as obras de Suas criaturas. Qualquer coisa que d'Ele proceda, está separada e sempre permanecerá distinta das invenções dos homens. Da Fonte de Seu conhecimento, incontáveis Luminares de erudição e sabedoria têm surgido; do Paraíso de Sua Pena, o sopro do Todo-Misericordioso tem sido levado continuamente nos corações e almas dos homens. Felizes aqueles que reconheceram esta verdade.

LXXVI. Dá ouvidos, ó Meu servo, àquilo que te está sendo transmitido, vindo do Trono de teu Senhor, o Inatingível, o Mais Grandioso. Não há, outro Deus, senão Ele. Ele chamou à existência Suas criaturas, a fim de que pudessem conhecer Aquele que é o Compassivo, o Todo-Misericordioso. Às cidades de todas as nações, enviou Ele Seus Mensageiros, os quais incumbiu de anunciar aos homens as boas novas do Paraíso de Seu beneplácito e de fazê-los aproximarem-se do Refúgio de perene segurança, a Sede de santidade eterna e glória transcendente.
Alguns, guiados pela Luz de Deus, conseguiram entrar na corte de Sua presença, sorveram as águas da vida eterna oferecidas pela mão da resignação e vieram a ser contados entre aqueles que, em verdade, O reconheceram e n'Ele acreditaram. Outros, contra Ele se rebelando, rejeitaram os sinais de Deus, o Mais Poderoso, o Onipotente, a Suma Sabedoria.
Passaram-se as eras, até que atingiram sua consumação neste Dia, o Senhor dos dias, quando o Sol do Bayán se manifestou acima do horizonte da misericórdia, Dia em que a Beleza do Todo-Glorioso resplandeceu na pessoa excelsa de 'Alí-Muhammad, o Báb. Mal se revelara, quando todo o povo contra Ele se levantou. Por alguns foi denunciado como alguém que pronunciara calúnias contra Deus, o Todo-Poderoso, o Ancião dos Dias. Outros o consideraram um homem acometido de loucura - alegação esta que Eu Próprio ouvi dos lábios de um dos sacerdotes. Ainda outros disputaram Sua pretensão de ser o Porta-Voz de Deus e O estigmatizaram como alguém que tivesse roubado e usado como se fossem dele as palavras do Todo-Poderoso, pervertendo-lhes o significado e misturando-as com suas próprias. Os Olhos da Grandeza pranteiam pelas coisas que suas bocas pronunciaram, enquanto eles continuam a regozijar-se em seus assentos.
"Deus", disse Ele, "é Minha testemunha, ó povo! Eu vos venho com uma Revelação oriunda do Senhor, vosso Deus, o Senhor de vossos pais de antanho. Não olheis, ó povo, as coisas que possuís. Antes, dirigi vosso olhar às coisas que Deus vos enviou. Isto, seguramente, vos será melhor do que a criação inteira - pudésseis vós apenas o perceber. Repeti esse olhar, ó povo, e considerai o testemunho de Deus e Sua prova, os quais estão em vossas mãos, e comparai-os com a Revelação que se fez descer para vós neste Dia, para que a verdade, a infalível verdade, vos seja manifestada indubitavelmente. Não sigais, ó povo, os Passos do Ente Mau; segui a Fé do Todo-Misericordioso e sede vós dos que verdadeiramente crêem. Qual o proveito para o homem se ele deixasse de reconhecer a Revelação de Deus? Nenhum, em absoluto. Disto Meu Próprio Ser, o Onipotente, o Onisciente, a Suma Sabedoria, dará testemunho."
Quanto mais Ele os exortava, mais feroz se tornava sua inimizade, até que, finalmente, O trucidaram com vergonhosa crueldade. A maldição de Deus esteja sobre os opressores!
Alguns poucos acreditaram Nele; poucos de Nossos servos são os agradecidos. Estes Ele admoestava, em todas as Suas Epístolas - ainda mais, em cada passagem de Seus Escritos maravilhosos - a que não se rendessem, no Dia da prometida Revelação, a coisa alguma, fosse no céu ou na terra. "Ó povo!", disse Ele, "revelei-Me para Sua Manifestação e fiz que Meu Livro, o Bayán, sobre vós descesse, com nenhum outro propósito, senão o de estabelecer a verdade de Sua Causa. Temei a Deus e não contendais com Ele do mesmo modo que comigo o povo do Alcorão contendeu. Em qualquer tempo em que souberdes d'Ele, apressai-vos a Seu encontro e aderi a qualquer coisa que Ele vos revele. Nada, senão Ele, poderá jamais vos beneficiar - não, nem ainda que apresenteis os testemunhos, do primeiro ao último, de todos aqueles que vos antecederam."
E quando, após haverem passado alguns anos, o céu o decreto Divino se rompeu e a Beleza do Báb apareceu nas nuvens dos nomes de Deus, adornada com novas vestes, essas mesmas pessoas maliciosamente se levantaram contra Aquele Cuja luz abrange todas as coisas criadas. Violaram-Lhe o Convênio, rejeitaram Sua verdade, com Ele contenderam, cavilaram de Seus sinais, tratando Seu testemunho como falso, e se uniram a companhia dos infiéis. Finalmente, determinaram-se a tirar-Lhe a vida. Tal é o estado daqueles que se acham em um erro extremo!
E ao perceberem sua incapacidade de realizar seu propósito, levantaram-se para conspirar contra Ele. Vede como a todo o momento, maquinam uma nova maneira de prejudicá-Lo, a fim de lesar e desonrar a Causa de Deus. Dize: Infelizes vós! Por Deus! Vossas maquinações cobrem-vos de vergonha. Vosso Senhor, o Deus de misericórdia, bem pode dispensar todas as criaturas. Nada em absoluto pode aumentar ou diminuir as coisas que Ele possui. Se acreditardes, em vosso próprio benefício acreditareis; e se não acreditardes, vós próprios sofrereis. Em tempo algum, pode a mão do infiel profanar a orla de Suas Vestes.
Ó Meu servo que acreditas em Deus! Pela retidão do Todo-Poderoso! Fosse Eu te relatar as coisas que a Mim têm sucedido, as almas e mentes dos homens seriam incapazes de lhes sustentar o peso. O Próprio Deus Me dá testemunho. Vigia-te e não sigas nas pegadas dessas pessoas. Medita diligentemente sobre a Causa de teu Senhor. Esforça-te por conhecê-Lo através de Seu próprio Ser e não por intermédio de outros. Pois ninguém, senão Ele, jamais te poderá beneficiar. Disto, todas as coisas criadas darão testemunho - pudesses tu apenas o perceber.
Emerge tu detrás do véu, com a permissão de teu Senhor, o Todo-Glorioso, o Potentíssimo, e, diante dos olhos dos que estão nos céus e dos que estão na terra, apodera-te do Cálice da Imortalidade, em nome de teu Senhor, o Inatingível, o Altíssimo, e sorve até te saciares e não sejas dos que tardam. Deus é Minha Testemunha! No momento em que tocares a Taça com teus lábios, a Assembléia no alto te aclamará, dizendo, "Aprecia o sabor, ó homem que tens, na verdade, acreditado em Deus!" e os habitantes das Cidades da Imortalidade exclamarão, "Júbilo a ti, ó tu que esvaziaste a Taça de Seu amor!" e a língua da Grandeza te saudará, "Grande é a bem-aventurança que te espera, ó Meu servo, pois atingiste o que ninguém atingiu, salvo aqueles que se desligaram de tudo o que está nos céus e tudo o que está na terra e que são os emblemas do verdadeiro desprendimento."

LXXVII. E agora, quanto à tua pergunta relativa à criação do homem. Sabe tu que todos os homens foram criados na natureza feita por Deus, o Guardião, O que Subsiste por Si Próprio. A cada um se prescreveu uma medida preordenada, segundo decretam as poderosas Epístolas guardadas de Deus. Tudo o que vós possuís potencialmente, porém, só se pode manifestar como resultado de vossa própria volição. Vossos próprios atos atestam esta verdade. Considera, por exemplo, o que, segundo o Bayán, foi proibido aos homens. Deus, neste Livro, a Seu mando, decretou como legítima qualquer coisa que Lhe aprouvesse decretar, e proibiu, mediante o poder de Sua soberana grandeza, aquilo que Ele quisesse proibir. Isto, o texto desse Livro afirma. Não dareis testemunho? Os homens, entretanto, têm violado propositalmente Sua lei. Poderá tal conduta ser atribuída a Deus, ou a eles mesmos? Sede eqüitativos em vosso julgamento. Toda coisa boa provém de Deus e toda coisa má parte de vós mesmos. Não quereis compreender? Esta mesma verdade foi revelada em todas as Escrituras - se sois dos que compreendem. Cada ato que meditais está tão claro para Ele como estará esse ato quando já realizado. Não há outro Deus além d'Ele. Sua é toda a criação e Seu o império desta. Tudo está revelado diante d'Ele; tudo está registrado em Suas Epístolas santas e ocultas. Essa presciência de Deus, no entanto, não deve ser considerada como causadora das ações dos homens, justamente como vosso próprio conhecimento prévio, de que certa ocorrência se vai realizar, ou vosso desejo de que aconteça, não é, nem poderá jamais ser a razão de sua realização.

LXXVIII. Quanto à tua pergunta relativa à origem da criação. Sabe tu com segurança, que a criação de Deus existe desde a eternidade e continuará a existir para sempre. Seu princípio não teve princípio e seu fim não conhece fim. O nome de Deus, o Criador, pressupõe uma criação, assim como o título, o Senhor dos Homens, deve envolver a existência de um servo.
A respeito daquelas afirmações atribuídas aos Profetas da antigüidade, tais como, "No princípio havia Deus; não havia criatura para conhecê-Lo" e "O Senhor estava só; sem ninguém para adorá-Lo", o sentido destes e de outros dizeres semelhantes é claro e evidente e em tempo algum deve ser mal interpretado. Dessa mesma verdade dão testemunho estas palavras que Ele revelou: "Deus estava só; não havia nenhum outro além d'Ele. Eternamente haverá Ele de permanecer o que sempre foi." Todos os olhos discernentes perceberão prontamente que o Senhor está agora manifesto, mas que não há quem Lhe reconheça a glória. Isso significa que a morada em que o Ser Divino habita está muito além do alcance e do conhecimento de qualquer um, senão Ele. Nada no mundo contingente que possa ser expresso ou apreendido, poderá jamais transgredir os limites que, por sua natureza inerente, lhe foram impostos. Deus, tão somente, transcende tais limitações. Ele, em verdade, existe desde sempre. Nunca houve, nem pode haver jamais, igual ou associado que com Ele se una. Nome algum é comparável a Seu Nome. Nenhuma pena pode apresentar Sua natureza, ou língua alguma descrever Sua glória. Ele, para todo o sempre, permanecerá imensuravelmente exaltado acima de qualquer um, senão Ele Mesmo.
Considera tu a hora em que o supremo Manifestante de Deus se revela aos homens. Antes de vir essa hora, o Ser Antigo, que está ainda desconhecido dos homens e não deu expressão ainda ao Verbo de Deus, é, Ele Próprio, o Onisciente em um mundo destituído de qualquer homem que O tenha conhecido. Ele é, em verdade, o Criador sem criação. Pois no exato momento que precede Sua Revelação, cada uma das coisas criadas terá de render a alma a Deus. É este, em verdade, o Dia do qual foi escrito: "De quem será o Reino neste Dia?" E não se encontra quem esteja pronto para responder!

LXXIX. Quanto à tua pergunta sobre os mundos de Deus. Sabe tu que, em verdade, os mundos de Deus são incontáveis em seu número e infinitos em seu âmbito. Ninguém os pode avaliar ou compreender, salvo Deus, o Onisciente, a Suma Sabedoria. Considera teu estado enquanto adormecido. Verdadeiramente, digo, este fenômeno é o mais misterioso dos sinais de Deus entre os homens - fossem eles ponderá-lo em seus corações. Vê como a coisa que viste em teu sonho se realiza plenamente após um tempo considerável. Se o mundo em que te encontraste em teu sonho tivesse sido idêntico ao mundo em que vives, o ocorrido nesse sonho haveria, necessariamente, se realizado neste mundo no mesmo momento. Se assim fosse, tu mesmo terias dado testemunho disso. Não sendo o caso, entretanto, segue-se, forçosamente, ser o mundo em que vives diferente e separado daquele que experimentaste em teu sonho. Este último mundo não tem princípio, nem fim. Seria verdade se fosses argüir que esse mesmo mundo, segundo o decreto de Deus, o Todo-Glorioso e Onipotente, esteja dentro de teu próprio ser, envolvido dentro de ti. Seria verdade outrossim, manter que teu espírito, havendo transcendido as limitações do sono e se despido de toda ligação terrena, tivesse sido levado a atravessar, segundo o ato de Deus, um reino que jaz oculto na mais íntima realidade deste mundo. Em verdade digo, a criação de Deus abrange mundos além deste mundo e criaturas distintas destas criaturas. Em cada um desses mundos, Ele tem ordenado coisas que ninguém pode perscrutar, senão Ele Próprio, o Perscrutador de Tudo, o Onisciente. Tu deves meditar sobre aquilo que Nós te revelamos, a fim de que possas descobrir o desígnio de Deus, teu Senhor e o Senhor de todos os mundos. Nestas palavras, os mistérios da Sabedoria Divina foram entesourados. Abstemo-nos de nos estender sobre este tema, por causa da tristeza que Nos envolveu em conseqüência. das ações dos que foram criados mediante Nossas palavras - se sois dos que querem escutar a Nossa Voz.

LXXX. Tu Me perguntaste se o homem - sem ser os Profetas de Deus e Seus eleitos - há de reter, após a morte física, exatamente a mesma individualidade, personalidade, consciência e compreensão que lhe caracterizam a vida neste mundo. Se for o caso - tu observaste - visto que uma ligeira lesão às suas faculdades mentais, causada, por exemplo, por um desmaio ou uma doença grave, priva o homem de sua compreensão e consciência, como é que a morte, a qual deve envolver a desintegração de seu corpo e a dissolução dos elementos componentes, é incapaz de lhe destruir essa compreensão e extinguir essa consciência? Como pode alguém imaginar que a consciência, e a personalidade do homem possam ser mantidas, quando os próprios instrumentos necessários à sua existência e ao seu funcionamento já foram completamente decompostos?
Sabe tu que a alma do homem está elevada acima de todas as enfermidades do corpo ou da mente e independente delas. O fato de uma pessoa enferma mostrar sinais de fraqueza é devido aos empecilhos que se interpõem entre sua alma e seu corpo, pois a própria alma fica isenta de qualquer mal do corpo. Considera a luz da lâmpada. Embora um objeto externo possa interferir com sua irradiação, a própria luz continua a brilhar sem diminuição de intensidade. Semelhantemente, cada enfermidade que aflige o corpo do homem é um obstáculo que impede a alma de manifestar seu poder e força inerentes. Ao deixar o corpo, entretanto, ela mostrará tal ascendência e revelará tamanha influência, que força alguma na terra pode igualar. Cada alma pura, evoluída e santa será dotada de tremendo poder e com júbilo extremo se regozijará.
Consideremos a lâmpada que se oculta debaixo de um alqueire. Embora sua luz resplandeça, sua irradiação, no entanto, se esconde dos homens. Do mesmo modo, consideremos o sol que está obscurecido pelas nuvens. Observemos como seu esplendor parece haver diminuído, quando, na realidade, a fonte dessa luz permanece inalterada. A alma do homem deve ser comparada a esse sol, e todas as coisas na terra a seu corpo. Enquanto nenhum obstáculo exterior se interpõe entre eles, o corpo continuará a refletir a luz da alma em sua plenitude e a ser sustentado pelo seu poder. Logo que um véu se interpõe entre eles, porém, o brilho dessa luz parece diminuir.
Consideremos outra vez o sol quando está completamente escondido atrás das nuvens. Embora a terra esteja ainda iluminada com sua luz, a medida de luz que ela recebe é, não obstante, bem reduzida. Enquanto as nuvens não se tiverem dispersado, o sol não irradiara outra vez na plenitude de sua glória. Nem a presença da nuvem, nem a sua ausência, pode afetar de modo algum o inerente esplendor do sol. A alma do homem é o sol pelo qual seu corpo é iluminado e do qual deriva seu sustento. Assim deve ela ser considerada.
Vejamos, além disso, como o fruto, antes de se formar, jaz potencialmente dentro da árvore. Fosse a árvore despedaçada, nenhum sinal ou parte do fruto, por menor que fosse, poderia ser percebido. Ao aparecer, porém, como já observaste, manifesta-se em sua admirável beleza e gloriosa perfeição. Certas frutas, de fato, atingem seu mais pleno desenvolvimento só depois de serem tiradas da árvore.

LXXXI. E agora a respeito de tua pergunta sobre a alma do homem e sua sobrevivência após a morte. Sabe tu que, em verdade, a alma após sua separação do corpo continuará a progredir até que atinja a Presença de Deus, em uma condição e um estado que nem a revolução dos séculos e eras, nem os acasos e as vicissitudes deste mundo, poderão alterar. Durará enquanto durar o Reino de Deus - Sua soberania, Seu domínio e Seu poder. Haverá de manifestar os sinais de Deus e Seus atributos e revelar Sua benevolência e generosidade. O movimento de Minha Pena aquieta-se quando tenta descrever, de um modo digno, a sublimidade e a glória de tão excelsa condição. Tamanha é a honra da qual a Mão da Misericórdia investirá a alma, que nenhuma língua pode revelá-la adequadamente, nem qualquer outro instrumento terreno descrevê-la. Bem-aventurada a alma que, na hora de sua separação do corpo, estiver santificada das vãs imaginações dos povos do mundo. Essa alma vive e atua segundo a Vontade de seu Criador e entra no Paraíso supremo. As Donzelas do Céu, habitantes das, mais elevadas mansões, circundá-la-ão e os Profetas de Deus e Seus eleitos procurarão sua companhia. Com eles essa alma conversará livremente, relatando-lhes o que teve de sofrer no caminho de Deus, o Senhor de todos os mundos. Se a alguém se disser o que e destinado a essa alma nos mundos de Deus, Senhor do trono nas alturas e do reino terrestre, todo o seu ser arderá instantaneamente em seu anseio por atingir essa condição excelsa, santificada e resplandecente... A natureza da alma após a morte não pode jamais ser descrita, nem é apropriado ou permissível revelar seu caráter plenamente aos olhos dos homens. Os Profetas e Mensageiros de Deus têm sido enviados com o fim único de guiar a humanidade ao Caminho Reto da Verdade. É o intuito fundamental de Sua Revelação educar todos os homens para que possam, na hora de sua morte, ascender ao trono do Altíssimo no grau máximo de pureza e santidade e com desprendimento absoluto. Da luz irradiada por essas almas, dependem o progresso do mundo e o adiantamento de seus povos. Elas são como fermento que leveda o mundo, existente; constituem a força animadora que faz manifestarem-se as artes e maravilhas do mundo. Por seu intermédio, as nuvens dispensam suas graças aos homens e a terra produz seus frutos. É mister que todas as coisas tenham uma causa, uma força motriz, um princípio animador. Essas almas, símbolos do desprendimento, têm provido e continuarão a prover o impulso supremo que move o mundo dos seres. O mundo do além é tão diferente deste mundo como este o é do mundo da criança ainda no ventre materno. Quando a alma atinge a Presença de Deus, assumirá a forma que melhor convier à sua imortalidade e for digna de sua morada celestial. Tal existência é uma existência contingente e não absoluta, desde que aquela é precedida por uma causa, enquanto esta última é independente disso. A existência absoluta confina-se estritamente a Deus, enaltecida seja Sua glória. Felizes aqueles que apreendem essa verdade. Fosses tu ponderar em teu coração a conduta dos Profetas de Deus, testificarias segura e prontamente que deve haver outros mundos, forçosamente, além deste mundo. A maioria dos verdadeiramente sábios e eruditos, através dos tempos, assim como foi anotado pela Pena da Glória na Epístola da Sabedoria, tem atestado a verdade daquilo que a sagrada Escritura de Deus revelou. Até os materialistas, em seus escritos, têm dado testemunho da sabedoria desses Mensageiros divinamente designados e tem considerado as referências que os Profetas fizeram ao Paraíso, ao fogo do inferno, às futuras recompensas e punição, como sendo motivadas por um desejo de educar e elevar as almas dos homens. Considera tu, pois, como a humanidade em geral, quaisquer que sejam suas crenças ou teorias, tem reconhecido a excelência desses Profetas de Deus e Lhes admitido a superioridade. Essas Jóias do Desprendimento são aclamadas por alguns como as personificações da sabedoria, enquanto outros crêem que sejam o Porta-Voz do próprio Deus. Como poderiam essas Almas ter consentido em se render aos inimigos, se acreditassem serem todos os mundos de Deus reduzidos a esta vida terrena? Teriam Eles sofrido voluntariamente tais aflições e tormentos como nenhum homem jamais experimentou ou testemunhou?

LXXXII. Tu Me perguntaste sobre a natureza da alma. Sabe tu, em verdade, que a alma é um sinal de Deus, uma jóia celestial cuja realidade os mais eruditos dos homens não conseguiram apreender e cujo mistério mente alguma, por aguçada que seja, pode esperar jamais desvendar. Entre todas as, coisas criadas, é a primeira a declarar a excelência de seu Criador, a primeira a Lhe reconhecer a glória, a aderir à Sua verdade e a primeira a curvar-se em adoração diante d'Ele. Se for fiel a Deus, refletirá a Sua Luz e a Ele, afinal, regressará. Se, porém, falhar em lealdade ao seu Criador, tornar-se-á vítima do eu e da paixão, em cujas profundidades, finalmente, mergulhará.
Quem quer que, neste Dia, tenha recusado permitir que as dúvidas e fantasias dos homens o desviem d'Aquele que é a Verdade Eterna - não tendo deixado o tumulto provocado pelas autoridades eclesiásticas e seculares impedi-lo, de reconhecer Sua Mensagem - será considerado por Deus, Senhor de todos os homens, como um de Seus poderosos sinais, e será contado entre aqueles cujos nomes foram inscritos pela Pena do Altíssimo em Seu Livro. Bem-aventurado quem tiver reconhecido a verdadeira estatura dessa alma, que lhe tiver admitido o grau e descoberto as virtudes.
Muito foi escrito nos livros da antigüidade sobre as várias etapas no desenvolvimento da alma, tais como concupiscência, irascibilidade, inspiração, benevolência, contentamento, beneplácito Divino e coisas semelhantes; a Pena do Altíssimo, toda via, não se inclina a estender-se sobre elas. Cada alma que, neste Dia, anda humildemente com seu Deus e n'Ele se apóia, se encontrará investida da honra e glória de todos os bons nomes e graus.
Quando o homem está adormecido, não se pode dizer que sua alma tenha sido, de modo algum, afetada inerentemente por qualquer objeto externo. Não é suscetível a alteração alguma em, seu estado ou caráter original. Qualquer variação em suas funções deve ser atribuída a causas externas. É a essas influências externas que quaisquer variações em seu ambiente, sua compreensão e percepção devem ser atribuídas.
Consideremos os olhos humanos. Embora possuam a faculdade de perceber todas as coisas criadas, o mais leve impedimento, no entanto, pode a tal ponto lhes obstruir a visão que os priva do poder de discernir qualquer objeto. Glorificado seja o nome d'Aquele que criou essas causas e lhes é a Causa, Quem ordenou que delas dependessem cada modificação e variação no mundo dos seres. Toda coisa criada no universo inteiro é apenas uma porta que conduz a Seu conhecimento, um sinal de Sua soberania, uma revelação de Seus nomes, um símbolo de Sua majestade, um indício de Seu poder, um meio de acesso a Seu Caminho reto...
Em verdade digo, a alma humana é, em sua essência, um dos sinais de Deus, um mistério entre Seus mistérios. É um dos poderosos sinais do Onipotente, o precursor que proclama a realidade de todos os mundos de Deus. Dentro dela jaz oculto aquilo que o mundo atual é completamente incapaz de apreender. Pondera tu em teu coração a revelação da Alma de Deus que se insinua em todas as Suas Leis, e vê como contrasta com aquela natureza vil e apetitiva que se rebelou contra Ele, que proíbe os homens de se volverem ao Senhor dos Nomes e os impele a seguir seus desejos lascivos e maléficos. Essa alma, em verdade, andou longe no caminho do erro...
Tu Me perguntaste, além disso, a respeito do estado da alma após sua separação do corpo. Sabe tu, em verdade, que a alma do homem, se tiver seguido os caminhos de Deus, voltará, seguramente, e se associará à glória do Bem-Amado. Pela retidão de Deus! Haverá de atingir um grau que nenhuma pena nem língua pode descrever. A alma que tiver permanecido fiel à Causa de Deus e se mantido inabalavelmente firme em Seu Caminho, haverá de possuir, após sua ascensão, tal poder que todos os mundos que o Onipotente criou podem ser beneficiados por seu intermédio. Esta alma, a mando do Rei Ideal e do Educador Divino, provê o lêvedo puro para fermentar o mundo dos seres, e fornece o poder através do qual as artes e maravilhas do mundo se tornam manifestas. Considera como a farinha necessita de lêvedo para ser fermentada. Aquelas almas que são os símbolos do desprendimento são o fermento do mundo. Medita sobre isto e sê tu dos agradecidos.
Em várias de Nossas Epístolas, referimo-nos a este tema, expondo as diversas etapas no desenvolvimento da alma. Em verdade digo, a alma humana está elevada acima de toda saída e todo regresso. É imóvel e, no entanto, voa; move-se, porém está quieta. É, em si, um testemunho que prova a existência, de um mundo que é contingente, bem como a realidade de um mundo que não tem princípio nem fim. Vê como o sonho que tiveste pode, após um intervalo de muitos anos, representar-se diante de teus olhos. Considera como é estranho o mistério do mundo que te aparece em teu sonho. Pondera em teu coração a inescrutável sabedoria de Deus e medita sobre suas múltiplas revelações...
Contempla tu as maravilhosas evidências da obra de Deus e reflete sobre seu âmbito e caráter. Aquele que é o Selo dos Profetas, disse: "Aumenta minha admiração e espanto diante de Ti, ó Deus!"
Quanto à tua pergunta se o mundo físico está sujeito a quaisquer limitações, sabe tu que a compreensão desse assunto depende do próprio, observador. Em um sentido, é limitado; em outro, está elevado além de todas as limitações. O Deus Uno e Verdadeiro existe desde sempre e continuará a existir para todo o sempre. Sua criação, semelhantemente, não teve princípio, nem terá fim. Tudo o que é criado, todavia, é precedido por uma causa. Este fato, em si, estabelece, fora de qualquer sombra de dúvida, a unidade do Criador.
Tu Me perguntaste, ademais, sobre a natureza das esferas celestes. A fim de se compreender sua natureza, seria necessário inquirir o sentido das alusões feitas nos Livros da antigüidade às esferas celestes e aos céus, e descobrir o caráter de sua relação com este mundo físico e a influência que sobre ele exercem. Todo coração maravilha-se diante de um tema tão deslumbrante e toda mente se confunde diante de seu mistério. Deus, tão somente, pode penetrar seu intuito. Os eruditos, que fixaram em alguns milhares de anos a vida desta terra, deixaram de considerar, por todo o longo período de sua observação, o número ou a idade dos outros planetas. Pensa, além disso, nas múltiplas divergências que resultaram das teorias propostas por esses homens. Sabe tu, que cada estrela fixa tem seus próprios planetas, e cada planeta, suas próprias criaturas, cujo número homem algum pode computar.
Ó tu que fixaste teus olhos em Meu semblante! O Alvorecer da Glória, neste Dia, manifestou seu esplendor, e a Voz do Altíssimo chama. Anteriormente pronunciamos estas palavras: "Não é este o dia em que um homem deva questionar seu Senhor. Compete a quem tiver escutado o Chamado de Deus, assim como foi expresso por Aquele que é o Alvorecer da Glória, levantar-se e exclamar: - Aqui estou, aqui estou, ó Senhor de todos os Nomes; aqui estou, aqui estou, ó Criador dos céus! Testifico que, através de Tua Revelação, as coisas ocultas nos Livros de Deus foram reveladas e tudo o que tenha sido assentado pelos Teus Mensageiros nas sagradas Escrituras, se cumpriu."

LXXXIII. Considera tu a faculdade do raciocínio, de qual Deus dotou a essência do homem. Examina teu próprio ser e vê como teu movimento e tua quietude, tua vontade e propósito, tua visão e audição, teu sentido de olfato e teu poder de fala e qualquer coisa mais que se relacione ou transcenda aos teus sentidos físicos ou às tuas percepções espirituais - tudo isso procede dessa mesma faculdade e a ela deve sua existência. Tão estreitamente lhe estão relacionados que, essa relação com o corpo humano for cortada por menos de um piscar de olhos, cada um desses sentidos cessará imediatamente de exercer sua função e ficará privado do poder de manifestar as evidências de sua atividade. Está, sem a menor dúvida, claro que o devido funcionamento de cada um desses instrumentos supracitados, tem dependido e para sempre continuará a depender dessa faculdade racional, devendo esta ser considerada um sinal da revelação d'Aquele que é o Senhor soberano de tudo. Através de sua manifestação, todos esses nomes e atributos foram revelados e, ao suspender-se sua ação, todos são destruídos e perecem.
Seria inteiramente infundada a alegação de ser essa faculdade a mesma do poder da visão, já que dessa faculdade o poder da visão deriva e depende para sua atuação. Igualmente fútil seria argüir-se que essa faculdade possa ser identificada com o sentido auditivo, pois este recebe da faculdade racional a energia necessária para o desempenho de suas funções.
A mesma relação liga essa faculdade com qualquer coisa que, dentro do templo humano, tenha sido o recipiente desses nomes e atributos. Esses nomes diversos e esses atributos revelados foram gerados através desse sinal de Deus. Imensuravelmente elevado é esse sinal, em sua essência e realidade, acima de todos esses nomes e atributos. Ainda mais, tudo além desse sinal, ao ser comparado com sua glória, se esvai, torna-se inexistente, uma coisa olvidada.
Fosses tu ponderar em teu coração, desde agora até o fim que não tem fim - e com toda a inteligência e compreensão concentradas que os maiores cérebros atingiram no passado ou haverão de atingir no futuro - essa Realidade divinamente ordenada e sutil, esse sinal da revelação do Deus Sempiterno e Todo-Glorioso, nem assim poderias compreender seu mistério ou lhe avaliar a virtude. Havendo reconhecido tua incapacidade para atingir uma compreensão adequada dessa Realidade que dentro de ti habita, admitirás prontamente a futilidade de quaisquer esforços que possam ser tentados, por ti ou por qualquer das coisas criadas, para sondar o mistério do Deus Vivente, Sol de imperecível glória, Ancião dos dias infindáveis. Tal confissão de incapacidade que a consideração madura deve, no final, impelir cada mente a fazer, é, em si, o auge da compreensão humana e assinala a culminância do desenvolvimento do homem.

LXXXIV. Considera tu a Deus, Uno e Verdadeiro, como sendo Aquele que está separado de todas as coisas criadas e, acima de todas elas, imensuravelmente enaltecido. O universo inteiro reflete Sua glória, enquanto Ele Próprio é independente de Suas criaturas e as transcende. É este o verdadeiro significado da unidade Divina. Aquele que é a Verdade Eterna, é o Poder único que exerce incontestável soberania sobre o mundo dos seres, e Cuja imagem é refletida no espelho da criação inteira. D'Ele depende toda a existência; d'Ele deriva a fonte do sustento de todas as coisas. É o que significa a unidade Divina; é este seu princípio fundamental.
Algumas pessoas, iludidas pelas suas vãs fantasias, têm imaginado que todas as coisas criadas sejam associadas e co-participantes de Deus e que elas mesmas sejam os expoentes de Sua unidade. Por Aquele que é o Deus Uno e Verdadeiro! Tais homens eram e continuarão a ser as vítimas da cega imitação, devendo ser contados entre aqueles que têm restringido e limitado o conceito de Deus.
O verdadeiro crente na unidade Divina é aquele que, longe de confundir a dualidade com a singeleza, recusa deixar qualquer noção de multiplicidade lhe obscurecer o conceito da unicidade de Deus e considera o Ser Divino como Aquele que, por Sua própria natureza, transcende as limitações dos números.
A essência da crença na unidade Divina consiste em considerar Aquele que é o Manifestante de Deus e Aquele que é a Essência invisível, inatingível, incognoscível, como um só e o mesmo. Significa isto que qualquer coisa que se refira Àquele, todos os Seus atos e feitos, tudo o que Ele ordene ou proíba, deve ser considerado, em todos os seus aspectos e sob todas as circunstâncias e sem nenhuma reserva, como idêntico à Vontade do Próprio Deus. É este o grau mais elevado que um verdadeiro crente na unidade Divina pode esperar atingir. Bem-aventurado o homem que alcançar este grau e for um dos que sejam constantes em sua fé.

LXXXV. Ó Meus servos! Cumpre-vos refrescar e revivificar vossas almas com os benévolos favores que sobre vós chovem, nesta extasiante Primavera Divina. O Sol de Sua grande glória irradiou sobre vós seu fulgor e as nuvens de Sua infinita graça vos abrigaram à sua sombra. Que alta recompensa espera aquele que se não privou de tão grandes dádivas nem deixou de reconhecer a beleza do Mais-Amado em Suas vestes novas.
Dize: Ó povo! Está acesa a lâmpada de Deus; acautelai-vos para que os impetuosos ventos de vossa desobediência não lhe extingam a luz. Agora é o tempo em que vos deveis levantar e glorificar o Senhor, vosso Deus. Não busqueis confortos materiais; conservai puro e sem mácula vosso coração. O Ente Mau espera às escondidas, pronto para vos enredar. Muni-vos contra suas astúcias maléficas e, guiados pela luz do Nome do Deus Uno e Verdadeiro, livrai-vos das trevas que vos cercam. Concentrai vossos pensamentos no Bem-Amado e não em vós mesmos.
Dizei: Ó vós que tendes vos desviado e perdido o caminho! O Mensageiro Divino, Aquele que não diz senão a verdade, vos anunciou a vinda do Mais-Amado. Eis que já veio. Por que motivo esmoreceis e vos desalentais? Por que continuardes deprimidos após haver aparecido entre vós, sem véu, o Puro, o Oculto? Aquele que é, a um tempo, o Princípio e o Fim, Aquele que é Quietude e também Movimento, está agora manifesto diante de vossos olhos. Vede como, neste Dia, o Princípio se reflete no Fim e, da Quietude, se engendrou o Movimento. Gerou-se este movimento através das energias potentes que, das palavras do Todo-Poderoso, emanaram sobre a criação inteira. Quem se animou através de seu poder vitalizador, se verá impelido a alcançar a corte do Bem-Amado; e quem se privou deste poder, cairá num desalento irremediável. Verdadeiramente sábio é aquele a quem o mundo e tudo o que nele está, não impediram de reconhecer a luz deste Dia, e que não permitirá que o vão discurso dos homens o faça desviar-se do caminho da retidão. Igual a um morto, em verdade, é aquele que, no maravilhoso alvorecer desta Revelação, deixou de se vivificar com sua brisa extasiante. Cativo, em verdade, é aquele que não reconheceu o Supremo Redentor, mas sim, consentiu em que sua alma, aflita e indefesa, se prendesse pelos grilhões de seus desejos.
Ó Meus servos! Quem saboreou esta Fonte, atingiu a Vida eterna, enquanto aquele que recusou dela sorver, é assim como um morto. Dizei: Ó vós que perpetrais iniqüidades! A cobiça vos impediu de prestar ouvidos à melodiosa voz d'Aquele que é o Todo-Suficiente. Purificai disso os vossos corações, para que se vos revele Seu segredo Divino. Vede-O manifesto e resplandecente como o sol em toda a sua glória.
Dizei: Ó vós que estais destituídos de compreensão! Uma provação severa vos persegue e repentinamente vos sobrevirá. Despertai, a fim de que passe, porventura, sem vos infligir dano. Reconhecei o caráter excelso do nome do Senhor, vosso Deus, que veio a vós na grandeza de Sua glória. Ele, em verdade, é o Onisciente, Possuidor de Tudo, o Supremo Protetor.

LXXXVI. E agora, no tocante à tua pergunta se as almas humanas continuarão a ser conscientes uma da outra, após sua separação do corpo. Sabe tu que as almas do povo de Bahá que tiverem entrado e se estabelecido dentro da Arca Carmesim, haverão de se unir e comungar intimamente umas com as outras, estando tão estreitamente associadas em suas vidas - em suas aspirações, seus objetivos e esforços, que serão como uma só alma. São, em verdade, os seres bem informados, que possuem uma visão aguçada e são dotados de compreensão. Assim foi decretado por Aquele que é o Onisciente, a Suma Sabedoria.
O povo de Bahá, os habitantes da Arca de Deus, são, todos eles, bem conscientes do estado e da condição, um do outro, e estão unidos por laços de íntima amizade. Tal estado, entretanto, deve depender de sua fé e sua conduta. Os que são do mesmo grau e condição estão plenamente conscientes da capacidade, do caráter, das realizações e dos méritos, uns dos outros. Os que são de um grau inferior, porém, são incapazes de compreender adequadamente o grau daqueles de uma categoria superior ou de lhes estimar os méritos. Cada um receberá de teu Senhor o seu quinhão. Bem-aventurado o homem que tiver volvido a face a Deus e seguido firmemente em Seu amor, até que sua alma tenha alçado vôo a Deus, o Senhor Soberano de todos, o Mais Poderoso, a Eterna Clemência, o Todo-Misericordioso.
As almas dos infiéis, entretanto, ao expirarem - e disso dou testemunho - tornar-se-ão conscientes das boas coisas que lhes escaparam e haverão de lastimar sua condição penosa e humilhar-se diante de Deus. Continuarão a fazer isso depois de se haverem separado dos corpos.
Está claro e evidente que todos os homens, após sua morte física, haverão de estimar o valor de seus atos e compreender tudo o que suas mãos fizeram. Atesto pelo Sol que brilha sobre o horizonte do Poder Divino! Os que são seguidores do Deus Uno e Verdadeiro, no momento em que partirem desta vida, haverão de sentir tão grande contentamento e alegria como seria impossível descrever, enquanto tamanho medo e tremor se apoderarão daqueles que vivem no erro, e tanta consternação os acabrunhará, como nada poderia exceder. Feliz quem tiver sorvido o vinho seleto e incorruptível da fé, através do benévolo favor e das múltiplas graças d'Aquele que é o Senhor de todas as Fés...
Este é o dia em que os bem-amados de Deus devem fixar, os olhos em Seu Manifestante e fitar qualquer coisa que esse Manifestante queira revelar. Certas tradições dos tempos idos são inteiramente infundadas, enquanto as noções que prevaleciam entre as gerações passadas e se encontram registradas em seus livros, foram, na maior parte, influenciadas pelos desejos de uma inclinação corrupta. Tu testemunhas como a maioria dos comentários e interpretações das palavras de Deus, agora correntes entre os homens, é destituída de verdade. Sua falsidade foi exposta em alguns casos, quando os véus que intervinham se romperam. Eles mesmos têm admitido seu insucesso em apreender o significado de quaisquer das palavras de Deus.
Nosso propósito é mostrar que, se os bem-amados de Deus santificassem seus corações e ouvidos dos vãos dizeres expressos anteriormente e, de toda a alma, se volvessem Àquele que é o Alvorecer de Sua Revelação e a quaisquer coisas que Ele tenha manifestado, tal procedimento seria considero altamente meritório aos olhos de Deus...
Glorifica tu Seu Nome e sê dos agradecidos. Transmite Minhas saudações aos Meus bem-amados, aqueles que Deus distinguiu com Seu amor e fez atingirem os objetivos. Toda glória seja a Deus, o Senhor de todos os mundos.

LXXXVII. E agora, quanto à tua pergunta: "Como é que se não encontra registrado, nada concernente aos Profetas que precederam a Adão, o Pai da Humanidade, ou aos reis que viveram nos dias daqueles Profetas?" Sabe tu que a falta de qualquer referência a eles, não é prova de que não existiram realmente. O fato de agora nada existir registrado a respeito, deve ser atribuído à sua extrema antigüidade, bem como às vastas transformações pelas quais a terra tem passado desde aquele tempo.
Além disso, as formas e modos de escrita agora correntes entre os homens, eram desconhecidos das gerações anteriores a Adão. Houve um tempo, até, em que os homens eram totalmente ignorantes da arte da escrita e haviam adotado um sistema completamente diferente do atual. Para a devida exposição deste assunto, uma explicação elaborada seria necessária.
Considera tu as diferenças surgidas desde os dias de Adão. As diversas línguas agora faladas pelos povos da terra e conhecidas em toda parte, eram originariamente desconhecidas, bem como os vários regulamentos e costumes que entre eles hoje prevalecem. O povo naqueles tempos falava um idioma diferente dos atualmente conhecidos. Divergências de língua surgiram em uma época posterior, numa terra conhecida como Babel. Foi-lhe dado o nome de Babel, porque o termo significa "o lugar onde surgiu a confusão de línguas".
Subseqüentemente, o siríaco veio a destacar-se entre os idiomas existentes. As Sagradas Escrituras dos tempos anteriores foram reveladas nessa língua. Mais tarde, Abraão, o Amigo de Deus, apareceu e irradiou sobre o mundo a luz da Revelação Divina. O idioma que Ele falava enquanto atravessava o Jordão, veio a ser conhecido como hebreu ('Ibrání), que significa "a língua da travessia". Nessa língua, pois, os Livros de Deus e as Sagradas Escrituras foram revelados, sendo só após um período considerável, que o árabe se tornou a língua da Revelação...
Vê tu, pois, como têm sido numerosas e extensas as modificações na língua, tanto falada como escrita, desde os dias de Adão. Quanto maiores antes d'Ele devem ter sido essas modificações!
Nosso propósito em revelar estas palavras é mostrar que o Deus Uno e Verdadeiro, em Seu altíssimo e transcendente grau, sempre esteve e para todo o sempre continuará a estar enaltecido acima do louvor e da concepção, de todos, salvo Ele. Sua criação sempre existiu e as Manifestações de Sua glória Divina e os Alvoreceres da santidade eterna têm sido enviados desde tempos imemoriais, sendo incumbidos de convocar o gênero humano ao Deus Uno e Verdadeiro. O fato de se haver esquecido dos nomes de alguns e perdido os registros de suas vidas, deve ser atribuído aos distúrbios e transformações pelos quais o mundo tem passado.
Certos livros mencionam um dilúvio que causou a destruição de tudo o que existia sobre a terra, inclusive os registros, históricos. Além disso, muitos cataclismos têm ocorrido, que apagaram os traços de numerosos acontecimentos. Mais ainda, entre os registros históricos existentes se encontram diferenças, e cada um dos vários povos do mundo tem sua própria versão da idade da terra e de sua história. Alguns traçam sua história até oito mil anos atrás, outros até doze mil anos. Para quem tiver lido o livro de Júk, estará claro e evidente, o quanto as narrações dadas pelos vários livros, têm divergido.
Queira Deus que tu volvas teus olhos para a Revelação Suprema e deixes inteiramente de considerar essas histórias e tradições contraditórias.

LXXXVIII. Deveis saber, verdadeiramente, que a essência da justiça e sua origem, se incorporam ambas nas leis prescritas por Aquele que é a Manifestação do próprio Deus entre os homens - se sois dos que reconhecem esta verdade. Ele, verdadeiramente, encarna o mais elevado e o infalível padrão da justiça para toda a criação. Se Sua lei fosse tal, que incutisse terror nos corações de todos os que estão no céu e na terra, essa lei seria apenas justiça manifesta. Os receios e o tumulto que a revelação dessa lei provoca nos corações dos homens devem ser comparados, realmente, ao choro da criancinha ao lhe ser tirado o leite materno - se sois dos que percebem. Fossem os homens descobrir o desígnio motivador da Revelação de Deus, e se livrariam, seguramente, de seus receios, e com seus corações cheios de gratidão, se regozijariam com alegria extrema.

LXXXIX. Sabe tu com certeza que, assim como crês firmemente que a Palavra de Deus - exaltada seja Sua Glória - perdura para sempre, deves do mesmo modo acreditar, com fé inabalável, que sua significação jamais se poderá esgotar. Os que são seus interpretes designados, cujos corações são os repositórios de seus segredos, são os únicos, entretanto, que podem compreender sua múltipla sabedoria. Se alguém, ao ler as Sagradas Escrituras, se sente induzido a escolher delas qualquer, coisa que lhe apraza, com a qual desafiar a autoridade do Representante de Deus entre os homens, ele, em verdade, é como um morto, embora aparentemente ande e converse com seus semelhantes e de alimento e bebida com eles participe.
Oxalá pudesse o mundo acreditar em Mim! Se todas as coisas que jazem entesouradas dentro do coração de Bahá e que o Senhor, Seu Deus, o Senhor de todos os nomes, Lhe ensinou, fossem desveladas diante da humanidade, todo homem na terra ficaria estupefato.
Como é grande a multidão de verdades que a vestimenta das Palavras jamais poderá conter! Como é vasto o número de tais verdades que nenhuma expressão adequadamente descreve, cujo significado jamais se desvelará e às quais não podem ser feitas nem sequer as mais remotas alusões! Como são múltiplas as verdades que não devem ser expressas antes que venha o tempo marcado! Assim como se tem dito: "Nem tudo o que um homem sabe, pode ser revelado, nem tudo o que lhe é possível revelar deverá ser julgado oportuno, nem todo dizer oportuno pode ser considerado adaptável à capacidade dos que o ouvem."
Destas verdades, algumas podem ser reveladas somente na medida da capacidade dos repositórios da luz de Nosso conhecimento e dos recipientes de Nossa graça oculta. Suplicamos a Deus que te fortaleça com Seu poder e te capacite a reconhecer Aquele que é a Fonte de todo o conhecimento, para que te possas desligar de toda erudição humana, pois, "que proveito traria a um homem esforçar-se para adquirir erudição após haver encontrado e reconhecido Aquele que é o Objeto de todo o conhecimento?" Segura-te à Raiz do Conhecimento e Àquele que é sua Fonte, para que te vejas independente de todos os que se dizem bem versados na erudição humana e cuja pretensão nenhuma prova clara, nem o testemunho de qualquer livro esclarecedor, pode sustentar.

XC. Qualquer coisa que esteja nos céus e qualquer coisa que esteja na terra é uma evidência direta da revelação, em seu âmago, dos atributos e nomes de Deus, desde que se acham entesourados dentro de cada átomo os sinais que dão eloqüente testemunho da revelação daquela Luz Superna. Parece-Me, não fosse a potência dessa revelação, e nenhum ser jamais poderia existir. Quão esplendorosos os luminares de conhecimento que brilham em um átomo, e vastos os oceanos de sabedoria que surgem dentro de uma gota! Em grau supremo, é isso verdade no caso do homem - aquele que, entre todas as coisas criadas, foi adornado com as vestes de tais dádivas e escolhido para a glória de tal distinção. Pois nele se revelam, potencialmente, todos os atributos e nomes de Deus em um grau jamais excedido por qualquer outro ser criado. Todos esses nomes e atributos lhe são aplicáveis. Assim mesmo como Ele disse: "O homem é Meu mistério e Eu sou seu mistério." Múltiplos são os versículos que foram revelados repetidamente em todos os Livros Celestiais e Sagradas Escrituras, expressando esse tema, o mais sutil e elevado. Assim mesmo como Ele revelou: "Nós seguramente lhes mostraremos Nossos sinais no mundo e dentro deles mesmos." Outra vez Ele diz: "E também dentro de vós próprios: não quereis, pois, contemplar os sinais de Deus?" E ainda outra vez, revela Ele: "E não sejais como aqueles que se esquecem de Deus e aos quais Ele, pois, fez esquecerem de si mesmos." Com referência a isto, Aquele que é o Rei eterno - que as almas de todos os que habitam no Tabernáculo místico Lhe sejam um sacrifício - tem dito: "Quem se conheceu a si próprio, conheceu a Deus."
...Do que se tem dito, torna-se evidente que todas as coisas, em sua mais íntima realidade, atestam a revelação, dentro de si, dos nomes e atributos de Deus. Cada um, de acordo, com sua capacidade, indica e expressa o conhecimento de Deus. Tão potente e universal é esta Revelação, que abrangeu todas as coisas visíveis e invisíveis. Assim revelou Ele: "Será que algo, senão Tu, tenha um poder de revelação não possuído por Ti, para que Te pudesse haver manifestado? Cegos são os olhos que Te não percebem." Outrossim falou o Rei eterno: "Coisa alguma tenho percebido, a não ser que Eu percebesse Deus dentro dela, Deus em sua frente, ou Deus depois dela." Também na tradição de Kumayl, está escrito: "Vede, uma luz irradiou do amanhecer da eternidade e eis, suas ondas penetraram a mais íntima realidade de todos os homens." O homem, o mais nobre e mais perfeito de todos os seres criados, excede a todos na intensidade desta revelação e lhe expressa mais plenamente a glória. E de todos os homens, os de maiores dotes, que mais se distinguem, os mais excelentes, são os Manifestantes do Sol da Verdade. Não, antes, todos os demais, além destes Manifestantes, vivem pela operação de sua Vontade, movem-se e existem através das emanações de Sua graça.

XCI. Entre as provas que demonstram a verdade desta Revelação, figura a seguinte: em cada era e Dispensação, sempre que a Essência invisível se revelava na pessoa de Seu Manifestante, certas almas, obscuras e desprendidas de todos os enredos terrenos, iam, em busca de iluminação, ao Sol Profético e à Lua da guia divina e atingiam a Presença Divina. Por esta razão, os sacerdotes da época e os possuidores de riquezas desdenhavam e zombavam dessas pessoas. Assim mesmo como Ele revelou a respeito dos que erraram: "Então disseram os líderes entre Seu povo, os quais não acreditaram - Vemos em Ti apenas um homem como nós mesmos; e ninguém vemos que Te tenha seguido, a não ser os mais desprezíveis entre nós, de juízo precipitado; tampouco percebemos em vós excelência alguma superior à nossa antes, nós vos julgamos mentirosos." Cavilaram daqueles santos Manifestantes e protestaram, dizendo: "Ninguém vos seguiu senão os abjetos entre nós, aqueles indignos de qualquer atenção." Foi seu propósito mostrar que nenhum dos eruditos, ricos ou renomados, neles acreditou. Por esta prova e outras semelhantes, tentaram demonstrar a falsidade d'Aquele que nada diz senão a verdade.
Nesta, a mais resplendente Era, porém, nesta, a mais poderosa Soberania, vários sacerdotes iluminados, diversos homens de consumada erudição e doutos possuidores de sabedoria madura, atingiram Sua Corte, beberam da taça de Sua Presença Divina e foram agraciados com a honra de Seu mais excelente favor. Renunciaram, por causa do Bem-Amado, ao mundo e a tudo o que nele está...
Todos estes foram guiados pela luz do Sol da Revelação Divina, confessaram e reconheceram Sua verdade. Tal foi a fé da maioria, que renunciou bens e parentes e aderiu ao beneplácito do Todo-Glorioso. Renderam a alma ao Bem-Amado e sacrificaram tudo em Seu caminho. Os peitos tornaram-se alvos para os dardos do inimigo, e as cabeças adornaram as lanças do infiel. Nenhuma terra restava que não tivesse bebido o sangue dessas personificações do desprendimento, nem espada que não lhes houvesse ferido o pescoço. Bastam as ações para atestar a verdade das palavras. Não será suficiente para o povo deste dia o testemunho dessas almas santas que tão gloriosamente se levantaram para oferecer as vidas pelo Bem-Amado, que o mundo inteiro se maravilhou da maneira de seu sacrifício? Não será testemunho amplo contra a infidelidade daqueles que por uma bagatela traíram a fé, que trocaram a imortalidade por aquilo que perece, que por nascentes salobras renunciaram ao Kawthar da Presença Divina, e cujo objetivo único na vida é usurpar a propriedade dos outros? Assim mesmo como tu testemunhas, todos eles se ocuparam com as vaidades do mundo e se desviaram para longe d'Aquele que é o Senhor, o Altíssimo.
Sê justo: Será aceitável e digno de atenção o testemunho daqueles cujos atos condizem com suas palavras, cuja conduta exterior conforma com sua vida interior? A mente deslumbra-se diante de seus feitos e a alma se maravilha de sua fortaleza e resistência física. Ou será aceitável o testemunho dessas almas infiéis que nada aspiram senão o desejo egoísta e que jazem confinadas na prisão de suas vãs fantasias? Semelhantes aos morcegos da escuridão, não levantam as cabeças do leito, a não ser em busca das coisas efêmeras do mundo, e não acham repouso à noite, exceto em sua dedicação aos objetivos de sua vida sórdida. Imersas em seus enredos egoístas, estão inconscientes do decreto Divino. Durante o dia, eles se esforçam de toda a alma para obter benefícios terrenos e, à noite, só se ocupam em satisfazer os desejos carnais. Segundo qual lei ou norma seriam os homens justificados em aderir às negações de almas tão mesquinhas e em desestimar a fé daqueles que, por causa do beneplácito de Deus, renunciaram à vida e a bens, fama e renome, reputação e honra?...
Com que amor, que devoção, que exultação e santo êxtase, sacrificaram suas vidas no caminho do Todo-Glorioso! A verdade disto, todos atestam. E todavia, como podem menosprezar esta Revelação? Alguma era já testemunhou tão momentosos acontecimentos? Se estes companheiros não são os que verdadeiramente se esforçam por se aproximarem de Deus, quem mais poderia ser assim designado? Terão estes companheiros buscados o poder ou a glória? Já alguma vez anelaram eles riquezas? Alimentaram qualquer desejo, salvo o beneplácito de Deus? Se estes companheiros, com todos os seus testemunhos maravilhosos e obras admiráveis, são falsos, quem, então, será digno de se dizer possuidor da verdade? Deus é Minha Testemunha! Seus próprios atos atestam suficientemente, sendo uma prova irrefutável, para todos os povos da terra - fossem os homens ponderar em seus corações os mistérios da Revelação Divina. "E os que agem com injustiça, breve saberão que destino lhes espera!"...
Considera tu estes mártires, cuja sinceridade é inquestionável e de quem o texto explícito do Livro afirma a veracidade, todos os quais, assim como tens testemunhado, sacrificaram vida, bens, esposas, filhos, tudo, e ascenderam aos mais altos aposentos do Paraíso. Será justo rejeitar o testemunho que esses seres desprendidos e elevados deram da verdade desta proeminente e gloriosa Revelação, e considerar aceitáveis as denúncias feitas contra esta Luz resplandecente por esse povo infiel, que por ouro abandonou sua fé e por amor à liderança repudiou Aquele que é o Dirigente Primário de toda a humanidade? E isso, embora seu caráter esteja agora revelado a todos os que tenham neles reconhecido pessoas que, de modo algum, renunciarão, por causa da santa Fé de Deus, um jota ou um til de sua autoridade temporal, e quanto menos ainda, sua vida, seus bens ou coisa semelhante.

XCII. O Livro de Deus está aberto de par em par e Sua Palavra convoca a Ele o gênero humano. Nada mais de uma simples mancheia, entretanto, tem se mostrado disposta a aderir à Sua Causa ou tornar-se os instrumentos para sua promoção. Estes poucos têm sido dotados do Elixir Divino que pode, tão somente, transmudar no mais puro ouro, a escória do mundo, e foram capacitados a administrar o remédio infalível para todos os males que afligem os filhos dos homens. Homem algum poderá obter a vida eterna, a não ser que abrace a verdade desta Revelação inestimável, maravilhosa e sublime.
Inclinai vossos ouvidos, ó amigos de Deus, à voz d'Aquele a Quem o mundo injuriou, e segurai-vos a qualquer coisa que enalteça Sua Causa. Ele, verdadeiramente, guia qualquer um que Ele queira, a Seu Caminho reto. Esta é uma Revelação que infunde força no fraco e coroa de riqueza aquele de tudo desprovido.
Com a maior amizade e em espírito perfeitamente fraternal, aconselhai-vos juntos e dedicai os preciosos dias de vossas vidas ao melhoramento do mundo e à promoção da Causa d'Aquele que é o Senhor Antigo e Soberano de todos. Ele, em verdade, ordena a todos os homens o que é direito e proíbe qualquer coisa que lhes possa degradar a posição.

XCIII. Sabe tu que cada coisa criada é sinal da Revelação de Deus. Cada uma, de acordo com sua capacidade, é, e sempre haverá de permanecer, um símbolo do Onipotente. Desde que Ele, o Senhor soberano do todos, tenha determinado revelar Sua Soberania no reino dos nomes e atributos, cada uma das coisas criadas, sem exceção - mediante o ato da Vontade Divina - foi feita um sinal de Sua glória. Tão predominante e geral é esta Revelação, que em todo o universo nada se pode descobrir, em absoluto, que não reflita Seu esplendor. Sob tais condições, se oblitera toda consideração de proximidade e afastamento... Fosse a Mão do Poder Divino despir deste dote excelso todas as coisas criadas, o universo inteiro se tornaria desolado e vazio.
Vê como o Senhor teu Deus está imensuravelmente exaltado acima de todas as coisas criadas! Testemunha tu a majestade de Sua soberania, Sua ascendência e poder supremo. Se as coisas que Ele - magnificada seja Sua glória - criou e ordenou fossem as manifestações de Seus nomes e atributos, estão enaltecidas além de toda proximidade e afastamento, em virtude da graça da qual foram dotadas, quanto mais elevada não deve ser aquela Essência Divina que as chamou à existência? ...
Medita sobre aquilo que o poeta escreveu: "Não te admires, se meu Mais-Amado estiver mais perto de mim do que meu próprio ser; admira-te disto, que eu, a despeito de tão grande proximidade, estou ainda tão longe d'Ele." ...Considerando o que Deus tem revelado, que "Nós estamos mais próximos do homem do que dele está sua veia vital", o poeta, aludindo a este verso, diz que, embora a revelação de meu Mais-Amado tenha a tal ponto penetrado meu ser que Ele está mais perto de mim do que minha veia vital, contudo, não obstante minha certeza dessa realidade e meu reconhecimento de minha condição, estou ainda tão remoto d'Ele. Com isto ele quer dizer que seu coração - o qual é a sede do Todo-Misericordioso e o trono em que permanece o esplendor de Sua Revelação - está esquecido de seu Criador, desviou-se de Seu caminho, excluiu-se de Sua glória e está maculado com a poluição dos desejos terrenos.
Com referência a isso, deve-se lembrar que o Deus Uno e Verdadeiro é, em Si Próprio, exaltado além e acima da proximidade e do afastamento. Sua Realidade transcende tais limitações. Sua relação às Suas criaturas não conhece graus. O fato de algumas estarem perto e outras longe devem ser atribuído às próprias manifestações.
Que o coração é o trono, no qual a Revelação de Deus, o Todo-Misericordioso, se concentra, é atestado pelas sagradas palavras que anteriormente revelamos. Entre estes dizeres se encontra o seguinte: "A terra e o céu não Me podem conter o que, tão somente, Me pode conter é o coração daquele que em Mim crê e à Minha Causa é fiel." Quantas vezes o coração humano, que é o receptáculo da Luz de Deus e a sede da Revelação do Todo-Misericordioso, tem-se desviado d'Aquele que é a Fonte dessa Luz e o Manancial dessa Revelação. É a rebeldia do coração que o afasta para longe de Deus e o condena a permanecer remoto d'Ele. Os corações que estão conscientes de Sua Presença, entretanto, estão perto d'Ele e devem ser considerados como havendo se aproximado de Seu Trono.
Considera, ainda mais, quão freqüentemente o homem se esquece de si mesmo, enquanto Deus, através de Seu conhecimento que a tudo abrange, permanece consciente de Sua criatura e sobre ela continua a irradiar o brilho manifesto de Sua glória. Evidentemente, pois, em tais circunstâncias, Ele está mais próximo de Sua criatura do que lhe está o seu próprio ser. Assim será, em verdade, para todo o sempre, pois, enquanto o Deus Uno e Verdadeiro conhece todas as coisas, percebe todas as coisas e compreende todas as coisas, o homem mortal está sujeito ao erro e ignora os mistérios que dentro dele se encerram...
Que ninguém imagine que Nossa asserção de que todas as coisas criadas sejam os sinais da revelação de Deus, signifique - Deus proíba - que todos os homens, quer bons ou maus, pios ou infiéis, sejam aos olhos de Deus iguais. Nem se deve entender com isso que o Ser Divino - magnificado seja Seu nome e exaltada Sua glória - sob quaisquer circunstâncias, seja comparável aos homens, ou que possa, de modo algum, ser associado às Suas criaturas. Esse erro já foi cometido por certos insensatos que, depois de ascenderem aos céus de suas vãs fantasias, têm interpretado a Unidade Divina como significando que todas as coisas criadas sejam os sinais de Deus e que, por conseguinte, não haja entre elas distinção alguma. Alguns até excederam a eles, mantendo que esses sinais fossem companheiros do próprio Deus e Lhe fossem iguais. Deus Bondoso! Ele, verdadeiramente, é uno e indivisível; uno em Sua essência, uno em Seus atributos. Tudo, além d'Ele, é como nada, quando face a face com a resplandecente revelação de somente um de Seus nomes, com apenas a mais ligeira intimação de Sua glória quanto menos, ainda, ao defrontar com Seu próprio Ser!
Pela retidão de Meu Nome, o Todo-Misericordioso! A Pena do Altíssimo treme com um grande tremor e é severamente abalada com a revelação destas palavras. Como é débil e insignificante a gota evanescente, quando comparada com as ondas e vagas do ilimitado e sempiterno Oceano de Deus, e quão completamente desprezível cada coisa contingente e perecível deve parecer, quando se põe face a face com a glória que não foi criada, a glória indizível do Eterno! Imploramos a Deus, o Todo-Poderoso, perdão por aqueles que nutrem tais crenças e expressam tais palavras. Dize: Ó povo! como pode uma fantasia fugaz ser comparável Àquele que subsiste por Si Próprio, ou o Criador assemelhar-se às Suas criaturas, que são apenas como o escrito de Sua Pena? Não, antes, Seu escrito é superior a todas as coisas; de todas as criaturas é santificado e é imensuravelmente elevado acima delas todas.
Além disso, considera os sinais da Revelação de Deus em sua relação um ao outro. Poderá o sol, que é apenas um desses sinais, ser considerado igual em grau à escuridão? O Deus Uno e Verdadeiro dá-Me testemunho! Homem algum pode acreditar isso, a não ser que seja um daqueles cujos corações se hajam estreitado e cujos olhos estejam iludidos. Dize: Considerai-vos a vós mesmos. Vossas unhas e vossos olhos são, ambos, partes de vossos corpos. Vós os considerais iguais em grau e valor? Se disserdes que sim, dizei, então: tendes, de fato, acusado de impostura o Senhor, Meu Deus, o Todo-Glorioso, desde que dispenseis aquelas e estimeis estes tão enternecidamente como vossa própria vida.
Transgredir os limites de nosso próprio grau e estado não é, de modo algum, permissível. A integridade de cada grau e estado deve ser preservada. Isso significa que cada coisa criada deve ser vista à luz da posição que lhe foi ordenado ocupar.
Deve se ter em mente, contudo, que quando a luz de Meu Nome, o Predominante, difundiu seu esplendor sobre o universo, cada uma das coisas criadas, sem exceção, segundo um decreto fixo, foi dotada da capacidade de exercer uma influência própria e veio a possuir uma virtude distinta. Consideremos o efeito do veneno. Embora mortífero, possui o poder de exercer, sob certas condições, uma influência benéfica. A potência que se infundiu em todas as coisas criadas é a conseqüência direta da revelação deste mais abençoado Nome. Glorificado seja Aquele que é o Criador de todos os nomes e atributos! Lançai ao fogo a árvore que apodreceu e secou, e permanecei à sombra da árvore verdejante e bela, e de seus frutos participai.
O povo que vive nos dias dos Manifestantes de Deus tem, em sua maioria, pronunciado palavras assim impróprias. Estas têm sido circunstancialmente anotadas nos Livros e Sagradas Escrituras que foram revelados.
É crente verdadeiro na Unidade de Deus, quem reconhece, em cada uma das coisas criadas, o sinal da revelação d'Aquele que é a Verdade Eterna; e não quem sustenta ser a criatura indistinguível do Criador.
Considera tu, por exemplo, a revelação da luz do Nome de Deus, o Educador. Vê como, em todas as coisas, as evidências dessa revelação estão manifestas; vê como dela depende o melhoramento de todos os seres. Essa educação é de duas espécies. Uma é universal. Sua influência penetra todas as coisas e as sustenta. Por esta razão foi que Deus assumiu o titulo de "Senhor de todos os mundos." A outra se limita aos que entraram na sombra deste Nome e buscaram o amparo desta poderosíssima Revelação. Aqueles, porém, que deixaram de procurar este amparo, privaram-se deste privilégio e não podem derivar benefícios do sustento espiritual que se fez descer através da graça celestial deste Mais Grandioso Nome. Como é grande o abismo fixado entre uma espécie e a outra! Se o véu fosse levantado, tornando manifesta a plena glória da condição dos que se volveram inteiramente a Deus e, em seu amor por Ele, renunciaram ao mundo, toda a criação ficaria estupefato. O verdadeiro crente na Unidade de Deus, como já foi explicado, haverá de reconhecer, no crente e no descrente, as evidências de ambos esses Nomes. Fosse retirada esta Revelação, e todos viriam a perecer.
Considera, do mesmo modo, a revelação da luz do Nome de Deus, o Incomparável. Vê como esta luz envolveu a criação inteira, como cada coisa, sem exceção, manifesta o sinal de Sua Unidade, atesta a realidade d'Aquele que é a Verdade Eterna, proclama Sua soberania, Sua Unicidade e Seu poder. Esta revelação é um símbolo de Sua misericórdia que abrangeu todas as coisas criadas. Aqueles que Lhe atribuíram companheiros, porém, são inconscientes de tal revelação e privados da Fé através da qual se podem d'Ele aproximar e com Ele se unir. Vê tu como os diversos povos e raças da terra atestam Sua Unidade e Lhe reconhecem a Unicidade. Não fosse o sinal da Unidade de Deus dentro deles, jamais teriam admitido a verdade das palavras, "Não há outro Deus, senão Deus." E todavia, considera quão lastimavelmente erraram e se desviaram de Seu caminho. Desde que deixaram de reconhecer o Revelador Soberano, não mais foram contados entre aqueles que possam ser considerados verdadeiros crentes na Unidade de Deus.
Esse sinal da revelação do Ser Divino naqueles que Lhe atribuíram companheiros, pode, em certo sentido, ser considerado um reflexo da glória com a qual os fiéis são iluminados. Ninguém, entretanto, pode compreender esta verdade, salvo homens dotados de compreensão. Aqueles que verdadeiramente reconheceram a Unidade de Deus devem ser considerados as manifestações primárias deste Nome. São eles os que sorveram o vinho da Unidade Divina da taça que a mão de Deus lhes ofereceu, e para Ele volveram a face. Como é vasta a distância, que separa esses santificados seres daqueles homens que se encontram tão longe de Deus!...
Permita Deus que tu, com visão penetrante, percebas em todas as coisas o sinal da revelação d'Aquele que é o Rei Antigo, e reconheças quanto aquele mais santo e sagrado Ser está exaltado e santificado acima da criação inteira. Isto, em verdade, é a própria raiz e essência da crença na Unidade e Unicidade de Deus. "Deus estava só; não havia outro além d'Ele". Ele, agora, é o que sempre foi. Não há nenhum outro Deus, senão Ele, o Uno, o Incomparável, o Todo-Poderoso, O Excelso, a Suma Grandeza.

XCIV. E agora sobre tua alusão à existência de dois Deuses. Acautela-te, acautela-te, para que não sejas induzido a atribuir companheiros ao Senhor, teu Deus. Ele é, e desde sempre foi, Um único e só, sem par ou igual, eterno no passado, eterno no futuro, desligado de todas as coisas, sempre-presente, inalterável, O que subsiste por Si Próprio. Não designou Ele nenhum associado a Si Próprio em Seu Reino, nenhum conselheiro para Lhe aconselhar, ninguém que Lhe seja comparável, ninguém para Lhe rivalizar a glória. Disto todos os átomos do universo dão testemunho, e além deles, os habitantes dos reinos no alto, os que ocupam os assentos mais elevados e cujos nomes são lembrados diante do Trono da Glória.
Deves confirmar no âmago de teu coração esse testemunho que Deus pronunciou - Ele Próprio e para Si Próprio - de que não há outro Deus, senão Ele, e todos os demais, além d'Ele, foram criados a Seu mando, formados por Sua permissão, estão sujeitos à Sua lei e são como uma coisa esquecida quando comparados às gloriosas evidências de Sua Unicidade, são como nada quando postos face a face com as poderosas revelações de Sua Unidade.
Ele, verdadeiramente, por toda a eternidade, foi Um só em Sua Essência, Um só em Seus atributos, Um só em Suas obras. Toda e qualquer comparação é aplicável somente às Suas criaturas; todos os conceitos de associação são conceitos que pertencem exclusivamente àqueles que O servem. Imensuravelmente exaltada é Sua Essência acima das descrições de Suas criaturas. Ele, só, ocupa o Assento de transcendente majestade, de glória suprema e inatingível. As aves dos corações humanos, por mais alto que voem, não podem esperar atingir jamais as alturas de Sua incognoscível Essência. Ele foi Quem chamou para a existência a criação inteira, Quem fez surgir, a Seu mando, cada coisa criada. Deverá, então, a coisa nascida em virtude da palavra que Sua Pena revelou, a qual o dedo de Sua Vontade dirigiu, ser considerada companheira Sua ou uma personificação de Seu Próprio Ser? Longe esteja de Sua glória uma pena ou língua humana transmitir a mais leve sugestão de seu mistério, ou um coração humano conceber Sua Essência. Todos os demais, além d'Ele, encontram-se pobres e desolados à Sua porta; todos são impotentes diante da grandeza de Seu poder, todos são apenas escravos em Seu Reino. Suficientemente rico é Ele para dispensar todas as criaturas.
O laço de servitude estabelecido entre aquele que adora e o Adorado, entre a criatura e o Criador, deve ser considerado em si um sinal de Seu benévolo favor aos homens e não como indício de qualquer mérito que eles talvez possuam. Testemunho disto é dado por todo crente que seja verdadeiro e dotado de discernimento.

XCV. Sabe tu que - de acordo com aquilo que teu Senhor, o Senhor de todos os homens, decretou em Seu Livro - os favores concedidos por Ele ao gênero humano têm sido e para sempre haverão de permanecer ilimitados em seu âmbito. O primeiro e proeminente entre estes favores que o Todo-Poderoso conferiu ao homem, é o dom da compreensão. Seu desígnio em conferir tal dádiva não é outro, senão o de capacitar Sua criatura a conhecer e aceitar o Deus Uno e Verdadeiro - exaltada seja Sua glória. Esse dom concede ao homem o poder de discernir a verdade em todas as coisas, conduze-o àquilo que é direito e o ajuda a descobrir os segredos da criação. O segundo em grau é o poder da visão, o principal instrumento por meio do qual sua compreensão pode funcionar. Os sentidos do ouvido, do coração e os demais, devem igualmente ser contados entre a dádiva das quais o corpo humano é dotado. Imensuravelmente elevado é o Todo-Poderoso, que criou esses poderes e os revelou no corpo do homem.
Cada uma dessas dádivas é uma indubitável evidência da majestade, do poder, da ascendência, do ilimitado conhecimento do Deus Uno e Verdadeiro - exaltada seja Sua glória. Considera tu o sentido do tato. Testemunha como seu poder se difundiu sobre todo o corpo humano. Enquanto as faculdades da visão e da audição se localizam, cada uma em centro especial, o sentido tátil abrange toda a estrutura humana. Glorificado seja Seu poder, enaltecida Sua soberania!
Esses dons são inerentes ao próprio homem. O que sobressai acima de todos os demais dons, incorruptível em sua natureza e pertencente ao próprio Deus, é o dom da Revelação Divina. Cada graça conferida pelo Criador ao homem, seja material ou espiritual, lhe é subordinada. É, em sua essência, e para sempre continuará a ser, o Pão que desce do Céu. É o supremo testemunho de Deus, a mais clara evidência de Sua verdade, o sinal de Sua consumada generosidade, o emblema de Sua misericórdia, que a tudo abrange, a prova de Sua mais terna providência e o símbolo de Sua mais perfeita graça. Quem tiver reconhecido Seu Manifestante neste Dia, terá, em verdade, participado desta suprema dádiva de Deus. Rende agradecimentos a teu Senhor por te haver concedido tão grande favor. Ergue tua voz e dize: Todo louvor a Ti, ó Tu, o Desejo de todo coração compreensivo!

XCVI. A Pena do Altíssimo chama sem cessar; e no entanto, como são poucos aqueles que inclinaram os ouvidos à Sua voz! Os que habitam no reino dos nomes se têm ocupado com os trajes coloridos do mundo, esquecidos de que homem algum que possui olhos para perceber e ouvidos para ouvir pode deixar de reconhecer, prontamente, como são evanescentes suas cores.
Uma vida nova, nesta era, está vibrando em todos os povos da terra; contudo, ninguém lhe descobriu a causa nem percebeu o motivo. Considerai os povos do Ocidente. Vede como, em busca daquilo que é vão e insignificante, eles têm sacrificado e ainda sacrificam incontáveis vidas para seu estabelecimento e sua promoção. Os povos da Pérsia, por outro lado, embora lhes fosse confiada uma Revelação perspícua e luminosa, a glória de cuja sublimidade e renome abrangeu toda a terra, estão desalentados e imersos em uma letargia profunda.
Ó amigos! Não descuideis das virtudes das quais fostes dotados, nem menosprezeis vosso alto destino. Mister é não deixardes vossos esforços se desperdiçarem por causa das vãs fantasias que certos corações têm inventado. Vós sois as estrelas do céu da compreensão, a brisa que sopra ao romper do dia, as águas que fluem suavemente, das quais há de depender a própria vida de todos os homens, as letras inscritas em Seu sagrado pergaminho. Com a maior unidade e em espírito perfeitamente fraternal, esforçai-vos, a fim de que sejais capacitados a realizar o que for digno deste Dia de Deus. Em verdade, digo, a luta e a dissensão, e qualquer coisa que a mente do homem abomine, são inteiramente indignas de sua posição. Concentrai vossas energias na propagação da Fé de Deus. Quem é digno de tão alta vocação, que se levante e a promova. Quem não puder, deverá designar alguém que possa proclamar em seu lugar esta Revelação, o poder da qual fez tremerem os alicerces das mais fortes estruturas, esmagar em pó toda montanha e estarrecer toda alma. Fosse a grandeza deste Dia revelada em sua plenitude, todo homem, em seu ardente desejo de participar de sua grande glória, embora fosse por apenas um momento, abandonaria uma miríade de vidas - quanto mais este mundo e seus tesouros corruptíveis!
Sede vós em todas as ações guiadas por sabedoria, a esta aderindo tenazmente. Queira Deus que vós todos sejais fortalecidos para levar a efeito o que for a Vontade de Deus e, por Sua graça sejais ajudados a apreciar o grau conferido àqueles de Seus bem-amados que se levantaram para serví-Lo e Lhe glorificar o Nome. Sobre eles esteja a glória de Deus, a glória de tudo o que está nos céus e tudo o que está na terra, e a glória dos habitantes do mais sublime Paraíso, do céu dos céus.

XCVII. Considerai as dúvidas que aqueles que atribuíram companheiros a Deus têm instilado nos corações do povo desta terra. "É possível algumas vezes", perguntam eles, "que o cobre seja transmudado em ouro?" Dizei, Sim, por meu Senhor, é possível. Seu segredo, entretanto, jaz oculto em Nosso Conhecimento, Nós o revelaremos a quem quisermos. Qualquer um que duvide de Nosso poder, deve pedir ao Senhor, seu Deus, que lhe revele o segredo e lhe assegure sua verdade. Que o cobre pode ser transformado em ouro é, em si, prova suficiente de que o ouro pode, de igual modo, ser transmudado em cobre - se eles são dos que podem entender esta verdade. Pode-se fazer cada mineral adquirir a densidade, forma e substância de todo e qualquer outro mineral. O conhecimento disto está Conosco no Livro Oculto.

XCVIII. Dizei: Ó dirigentes da religião! Não peseis o Livro de Deus por tais padrões e ciências como estejam correntes entre vós, pois o próprio Livro é a infalível balança estabelecida entre os homens. Nesta mais perfeita balança, deve ser pesada qualquer coisa que os povos e raças da terra possuam, enquanto a medida do Peso do Livro deve ser verificada segundo seu próprio padrão - se apenas o soubésseis.
Os olhos de Minha benevolência choram lastimavelmente por vós, desde que deixastes de reconhecer Aquele a Quem tendes invocado, durante o dia e nas horas da noite, ao anoitecer e ao amanhecer. Avança, ó povo, como face nívea e coração radiante, ao abençoado Lugar carmesim, onde o Sadratu'l-Muntahá está chamando: "Em verdade, não há outro Deus além de Mim, o Protetor Onipotente, O que Subsiste por Si Próprio!"
Ó vós, dirigentes da religião! Qual o homem entre vós que Me possa rivalizar em visão ou percepção? Onde há de ser encontrado quem se atreva a dizer-se Meu igual em expressão ou sabedoria? Não, por Meu Senhor, o Todo-Misericordioso! Tudo na terra há de passar; e esta é a face de vosso Senhor, o Onipotente, o Bem-Amado.
Decretamos, ó povo, que o fim supremo e final de toda a erudição seja o reconhecimento d'Aquele que é o Objeto de todo o conhecimento; e no entanto, vede como permitistes que vossa erudição vos excluísse, como se fosse por um véu, d'Aquele que é o Alvorecer desta Luz, através de Quem cada coisa oculta se revelou. Pudésseis vós apenas descobrir a fonte donde se difunde o esplendor destas palavras, rejeitaríeis os povos do mundo e tudo o que possuem, e vos aproximaríeis deste mais abençoado Assento de glória.
Dizei: Este, verdadeiramente, é o céu em que o Livro-Mater está entesourado - pudésseis vós apenas o compreender. Ele é Quem fez que a Rocha exclamasse e a Sarça Ardente erguesse sua voz, sobre o Monte que se eleva acima da Terra Santa, e proclamasse: "O Reino é de Deus, o Senhor soberano de todos, o Onipotente, o Amoroso!"
Não entramos em nenhuma escola, nem temos lido quaisquer de vossas dissertações. Inclinai vossos ouvidos às palavras deste Iletrado, com as quais Ele vos convoca a Deus, o Sempiterno. Isto vos é melhor do que todos os tesouros da terra - pudésseis vós apenas o compreender.

XCIX. A vitalidade da crença dos homens em Deus esmorece em todas as terras; nada senão Seu remédio salutar jamais o poderá restaurar. A corrosão da impiedade carcome as vísceras da sociedade humana; que outra coisa senão o Elixir da Sua potente Revelação poderá limpá-la e revivificá-la? Estará dentro do poder humano, ó Hakim, efetivar nos elementos constituintes de quaisquer das partículas minúsculas e indivisíveis da matéria uma transformação tão completa que a transmute no mais puro ouro? Por difícil e perplexo que isto possa parecer, a tarefa ainda maior de converter força satânica em poder celestial é uma que Nos foi possibilitado realizar. A Força capaz de efetivar tal modificação transcende a potência do próprio Elixir. O Verbo de Deus, tão somente, pode pretender a distinção de estar dotado da capacidade exigida para uma transformação tão grande e de tamanho alcance.

C. A Voz do Arauto Divino, procedendo do trono de Deus, declara: Ó vós, Meus bem-amados! Não deixeis a orla das Minhas vestes sagradas se enodoar e enlamear com as coisas deste mundo, nem sigais as sugestões de vossos desejos maus e corruptos. O Sol da Revelação Divina, que resplandece na plenitude de sua glória no céu desta Prisão, dá-Me testemunho. Os homens cujos corações estão volvidos Aquele que é Objeto da adoração da criação inteira, devem forçosamente, neste Dia, passar além de todas as coisas criadas, visíveis e invisíveis, e delas se santificar. Se se levantarem para promover Minha Causa, deverão comover-se com o alento d'Aquele que é o Absoluto e difundí-la em toda parte da terra com alta resolução, com as mentes n'Ele inteiramente concentradas, com corações que estejam completamente independentes e desprendidos de todas as coisas e com almas santificadas do mundo e de suas vaidades. Incumbe-lhes escolher a confiança em Deus como a melhor provisão para sua jornada e vestir-se do amor de seu Senhor, o Excelso, o Todo-Glorioso. Se assim fizerem, suas palavras haverão de influenciar os seus ouvintes.
Como é grande, muito grande, o abismo que Nos separa daqueles que, neste Dia, se ocupam com suas más paixões e puseram suas esperanças nas coisas da terra e em sua glória fugaz! Muitas foram as vezes que a corte do Todo-Misericordioso estava, aparentemente, tão despida das riquezas deste mundo que aqueles que viviam em íntima associação com Ele sofriam as mais duras privações. A despeito de seus sofrimentos, a Pena do Altíssimo, em nenhuma ocasião, consentiu em se referir, nem mesmo em fazer a mais ligeira alusão, às coisas que pertencem a este mundo e seus tesouros. E se, em alguma ocasião, um presente Lhe era oferecido, era aceito em sinal de Sua graça a quem o oferecia. Se em qualquer tempo Nos aprouvesse apossar-Nos de todos os tesouros da terra para Nosso próprio uso, a ninguém seria dado o direito de questionar Nossa autoridade ou Nos desafiar a prerrogativa. Seria impossível conceber um ato mais desprezível do que solicitar, em nome do Deus Uno e Verdadeiro, as riquezas que os homens possuem.
A ti e aos que seguem Aquele que é a Verdade Eterna, incumbe convocar todos os homens para qualquer coisa que os santifique de todo apego ás coisas da terra e os purifique de sua contaminação, para que a doce fragrância das vestes do Todo-Glorioso seja inalada de todos os que O amam.
Os que possuem riquezas, entretanto, devem ter a máxima consideração pelos pobres, pois grande é a honra destinada por Deus àqueles pobres que são constantes em paciência. Por Minha vida! Não há honra que se possa comparar com esta honra, exceto aquela que apraza a Deus conceder. Grande é a bem-aventurança que espera os pobres que suportam pacientemente e ocultam seus sofrimentos, e felizes os ricos que doam suas riquezas aos necessitados e os preferem a si próprios.
Queira Deus, possam os pobres esforçar-se e lutar para ganharem os meios de sustento. É este um dever que, nesta mais grandiosa Revelação, foi prescrito a cada um e, aos olhos de Deus, é julgado uma boa ação. A quem observar este dever, a ajuda do Invisível, com absoluta certeza, haverá de beneficiar. Ele pode enriquecer, através de Sua graça, a quem Ele queira. Ele, verdadeiramente, tem poder sobre todas as coisas...
Dize, ó 'Ali, aos bem-amados de Deus, que a eqüidade é a mais fundamental de todas as virtudes humanas. Dela, a avaliação de todas as coisas há necessariamente de depender. Pondera um pouco sobre as angústias e aflições que este prisioneiro tem suportado. Durante todos os dias de Minha Vida tenho estado à mercê de Meus inimigos, sofrendo a cada dia, no caminho do amor de Deus, uma nova tribulação. Sofri pacientemente até que a fama da Causa de Deus se difundiu por toda parte da terra. Se alguém agora se levantasse e, instigado pelas vãs imaginações que seu coração tramou, se esforçasse, aberta ou secretamente, para lançar as sementes da dissensão entre os homens, poderia se dizer que tal homem tenha agido com eqüidade? Não, por Aquele cujo poder se estende sobre todas as coisas! Por Minha vida! Meu coração geme e Meus olhos pranteiam pela Causa de Deus e por aqueles que não compreendem o que dizem, e imaginam o que não podem compreender.
Convém a todos os homens, neste Dia, segurarem-se ao Maior Nome e estabelecerem a unidade de todo o gênero humano. Não há lugar para onde fugir, nem asilo que qualquer um possa buscar, senão Ele. Se algum homem for induzido, a pronunciar tais palavras que façam o povo afastar-se das orlas do ilimitado oceano de Deus e fixar o coração em qualquer coisa que não seja este Ser glorioso e manifesto - o qual assumiu uma forma sujeita às limitações humanas - tal homem, por mais elevado que seja a posição que possa ocupar, será denunciado pela criação inteira como aquele que se privou das doces fragrâncias do Todo-Misericordioso.
Dize: Observai eqüidade em vosso julgamento, vós homens de coração compreensivo! Quem é injusto em seu julgamento, é destituído das características que distinguem a posição do homem. Aquele que é a Verdade Eterna bem sabe o que os peitos dos homens ocultam. Sua longa tolerância tornou audazes Suas criaturas, pois antes de vir o tempo marcado, Ele nenhum véu romperá. Sua inexcedível misericórdia restringiu a fúria de Sua irá e fez que a maioria dos homens imaginasse que o Deus Uno e Verdadeiro estivesse inconsciente das coisas por eles secretamente cometidas. Por Aquele que é o Onisciente, O de tudo Informado! O espelho de Seu conhecimento reflete, com completa nitidez, precisão e fidelidade, as ações de todos os homens. Dize: Louvores a Ti, ó Ocultador dos pecados dos fracos e desvalidos! Glorificado seja Teu Nome, ó Tu que perdoas os desatentos que contra Ti transgridem!
Temos proibido aos homens que andem segundo a imaginação de seus corações, para que sejam capacitados a reconhecer Aquele que é a Origem soberana e Objeto de todo o conhecimento, e para que admitam qualquer coisa que Lhe apraza revelar. Testemunha tu como eles se têm emaranhado em suas vãs fantasias e fúteis imaginações. Por Minha vida! São eles mesmos as vítimas daquilo que seus próprios corações tramaram e, no entanto, não o percebem. Vão e improfícuo é aquilo que seus lábios pronunciam e, todavia, não o compreendem.
Suplicamos a Deus que benevolamente conceda Sua graça a todos os homens e lhes possibilite atingir o conhecimento d'Ele e de si próprios. Por Minha vida! Quem O tiver conhecido, haverá de alçar vôo na imensidão de Seu amor e se desprender do mundo e de tudo o que nele está. Nada na terra haverá de desviá-lo de seu curso - quanto menos ainda aqueles que, incitados pelas suas vãs imaginações, dizem as coisas que Deus proibiu.
Dize: Este é o Dia em que cada ouvido deve, forçosamente, ser atento à Sua voz. Escutai o Chamado deste Injuriado e glorificai o nome do Deus Uno e Verdadeiro; que o ornamento de Sua lembrança vos adorne e a luz de Seu amor ilumine vossos corações. É esta a chave que abre os corações dos homens, o polimento que há de limpar as almas de todos os seres. Quem desatende o que emanou do dedo da Vontade de Deus vive em erro manifesto. Amizade e retidão de conduta, em vez de dissensão e malefício, são os distintivos da fé verdadeira.
Proclama aos homens o que Aquele que diz a verdade e é o Portador da Incumbência de Deus, te ordenou que observasses. Esteja Minha glória contigo, ó tu que invocas Meu Nome, cujos olhos estão volvidos à Minha corte e cuja língua pronuncia o louvor de teu Senhor, o Benéfico.

CI. O desígnio que baseia a revelação de todo Livro celestial - ainda mais, de cada versículo divinamente revelado, é o de imbuir de retidão e compreensão todos os homens, de modo que entre eles sejam firmemente estabelecidas a paz e a tranqüilidade. Qualquer coisa que possa instilar segurança nos corações dos homens, qualquer coisa que lhes enalteça o grau ou promova o contentamento, é aceitável aos olhos de Deus. Como é elevado o grau que o homem, se ele apenas resolver cumprir seu alto destino, pode atingir! E a que profundezas de degradação pode ele rebaixar-se, profundezas que as mais vis das criaturas jamais alcançaram! Aproveitai, ó amigos, a oportunidade que este Dia vos oferece e não vos priveis dos generosos eflúvios de Sua graça. Suplico a Deus que Ele benevolamente capacite cada um de vós a adornar-se, neste Dia abençoado, com o ornamento de ações puras e santas. Ele, verdadeiramente, faz qualquer coisa que Lhe apraza.

CII. Dai ouvidos, ó povo, àquilo que Eu, em verdade, vos digo. O Deus Uno e Verdadeiro - exaltada seja Sua glória - sempre considerou e continuará a considerar os corações dos homens como Sua própria e exclusiva possessão. Tudo mais, quer pertencente à terra ou ao mar, seja riqueza ou glória, Ele o legou aos reis e governantes da terra. Desde o começo que não tem começo, a insígnia que proclama as palavras "Ele faz qualquer coisa que Lhe apraza" tem sido desdobrada em todo o seu esplendor diante de Seu Manifestante. O que a humanidade necessita, neste dia, é obediência àqueles que estão em autoridade e adesão fiel à corda da sabedoria. Os instrumentos que são essenciais à proteção imediata, à segurança e tranqüilidade do gênero humano, foram entregues às mãos dos governantes da sociedade humana e jazem em seu poder. É este, o desejo de Deus; e este, Seu decreto... Nutrimos a esperança de que um dos reis da terra, por amor a Deus, se levante para o triunfo deste povo injuriado e opresso. Tal rei será eternamente elogiado e glorificado. Deus prescreveu a esse povo o dever de dar seu apoio a quem o apoiar, de lhe servir os melhores interesses e lhe demonstrar perene lealdade. Os que Me seguem devem esforçar-se, sob todas as circunstâncias, para promover o bem-estar de quem quer que se levante para o triunfo de Minha Causa e em todos os tempos lhe devem provar sua devoção e fidelidade. Feliz o homem que escuta e observa Meu conselho. Infeliz aquele que deixa de cumprir Meu desejo.

CIII. Deus, através de Sua língua, que pronuncia a verdade, testemunhou em todas as Suas Epístolas estas palavras: "Sou Aquele que vive no Reino da Glória de Abhá."
Pela retidão de Deus! Ele, das alturas deste grau sublime, santo, poderoso e transcendente, vê todas as coisas, ouve todas as coisas e está, nesta hora, proclamando: Abençoado és tu, o Javád, por haveres atingido aquilo que, antes de ti, homem algum atingiu. Juro por Aquele que é a Verdade Eterna! Através de ti os olhos dos habitantes do Excelso Paraíso se alegraram. O povo, entretanto, está completamente desatento. Fôssemos Nós revelar tua posição, os corações dos homens haveriam de se agitar penosamente, seus pés tropeçariam, as personificações da vanglória estariam estupefatas, cairiam no chão e, por medo de ouvir, poriam nos seus ouvidos os dedos da desatenção
Não te entristeças por causa daqueles que se têm ocupado com as coisas deste mundo e se esquecido da lembrança de Deus, o Supremo. Por Aquele que é a Verdade Eterna! Aproxima-se o dia em que a irada indignação do Todo-Poderoso os terá atingido. Ele, em verdade, é o Onipotente, o Predominante, o Mais Poderoso. Ele haverá de remover da terra a contaminação que eles, com sua corrupção, nela espalharam, e dá-la como herança àqueles de Seus servos que Lhe estejam próximos.
Dize: Ó povo! Que o pó vos encha as bocas e cinzas vos ceguem os olhos, por haverdes trocado o José Divino pelo mais mesquinho dos preços. Oh!, a miséria que pesa sobre vós, vós que para tão longe vos desviastes! Imaginastes em vossos corações serdes possuidores do poder de passar além d'Ele e de Sua Causa? Longe disso! Disso Ele Mesmo, o Todo-Poderoso, o Excelso, o Supremo, dá testemunho.
Em breve, os golpes de Seu castigo vos baterão e o pó do inferno vos haverá de amortalhar. Os homens que, tendo amontoado as vaidades e adornos da terra, se afastaram, de Deus com desdém - estes perderam tanto este mundo, como o vindouro. Dentro de pouco tempo, Deus, com a Mão do Poder, haverá de os despojar de suas possessões e despir do manto de Sua bondade. Disto eles próprios breve darão testemunho. Tu, também, haverás de testemunhar.
Dize: Ó povo! Não deixeis esta vida e as decepções que traz, vos enganarem, pois o mundo e tudo o que nele se acha estão seguros firmemente nas mãos de Sua Vontade. Ele concede Seu favor a quem Lhe apraz, e de quem Lhe apraz, Ele o retira. Faz qualquer coisa que Ele queira. Tivesse o mundo sido de algum valor aos Seus olhos, certamente jamais teria Ele permitido que Seus inimigos o possuíssem, nem sequer na medida de um grão de mostarda. Ele, porém, fez com que vos emaranhásseis nos afazeres do mundo, em retribuição por aquilo que vossas mãos cometeram em Sua Causa. Este, em verdade, é um castigo que a vós mesmos infligistes, de vossa própria vontade - pudésseis apenas o perceber. Será que vos regozijais das coisas que, segundo a estimativa de Deus, são desprezíveis e sem valor, coisas com as quais Ele prova os corações dos que duvidam?

CIV. Ó vós povos do mundo! Sabei, em verdade, que uma calamidade imprevista vos segue e severa retribuição vos espera. Não penseis que os atos que cometestes tenham sido apagados de Minha vista. Por Minha beleza! Todos os vossos feitos foram gravados por Minha Pena, em caracteres nítidos sobre tábuas de crisólita.

CV. Ó reis da terra! Veio Aquele que é o Senhor soberano de todos. O Reino é de Deus, o onipotente Protetor, O Que Subsiste por Si Próprio. Não adoreis, senão a Deus e, com corações radiantes, erguei a face a vosso Senhor, o Senhor de todos os nomes. Esta é uma Revelação com a qual jamais poderá ser comparada coisa alguma que vós possuís - pudésseis apenas o saber.
Nós vos vemos regozijardes por causa daquilo que amontoastes para outros e vos excluirdes dos mundos que nada pode avaliar, salvo Minha Epístola guardada. Os tesouros que acumulastes vos têm desviado para longe de vosso objetivo final. Isso mal vos convém, pudésseis vós apenas o compreender. Limpai de vossos corações todas as contaminações terrenas e apressai-vos para entrar no Reino de vosso Senhor, o Criador da terra e do céu, Quem fez tremer o mundo e gemerem todos os seus povos, menos aqueles que renunciaram todas as coisas e aderiram àquilo ordenado pela Epístola Oculta.
Este é o Dia em que Aquele que conversou com Deus atingiu a luz do Ancião dos Dias e sorveu as águas puras da reunião deste Cálice que fez intumescerem os mares. Dizei: Pelo Deus Uno e Verdadeiro! O Sinai move-se em volta do Alvorecer da Revelação, enquanto das alturas do Reino, a Voz do Espírito de Deus se ouve a proclamar: "Despertai, vós orgulhosos da terra, e apressai-vos em direção a Ele." O Carmelo, neste Dia, apressou-se com anelo e adoração para atingir Sua corte, enquanto do coração de Sião se exclama: "Cumpriu-se a promessa. O que fora anunciado na sagrada Escritura de Deus, o Excelso, o Todo-Poderoso, o Mais Amado, se torna manifesto."
Ó reis da terra! A Mais Grandiosa Lei foi revelada neste Lugar, nesta cena de transcendente esplendor. Cada coisa oculta veio à luz, por efeito da Vontade do Supremo Ordenador, d'Aquele que fez chegar a Hora Final, através de Quem a Lua se rachou e todo decreto irrevogável foi exposto.
Sois apenas vassalos, ó reis da terra! Apareceu Aquele que é o Rei dos Reis, adornado em Sua mais maravilhosa glória, e vos convoca a Si Próprio, o Amparo no Perigo, o que Subsiste por Si. Acautelai-vos para que o orgulho não vos detenha de reconhecer a Fonte da Revelação, para que as coisas deste mundo não vos excluam, como se fossem por um véu, d'Aquele que é o Criador do céu. Levantai-vos e servi Aquele que é o Desejo de todas as nações e que vos criou por uma palavra Sua, ordenando fôsseis, para todo o sempre, os emblemas de Sua soberania.
Pela retidão de Deus! Não é Nosso desejo apoderarmo-nos, de vossos reinos. É Nossa missão tomarmos e possuirmos os corações dos homens. Sobre eles estão fixos os olhos de Bahá. Disso, o Reino dos Nomes dá testemunho, pudésseis vós apenas o compreender. Quem quer que siga seu Senhor, renunciará ao mundo e a tudo o que nele está; quanto maior, pois, deve ser o desprendimento d'Aquele que ocupa tão augusta posição! Abandonai vossos palácios e apressai-vos a obter acesso a Seu Reino. Isto, em verdade, vos será proveitoso, tanto neste mundo como no vindouro. Disto, o Senhor do reino nas alturas dá testemunho - se apenas o soubésseis.
Que grande bem-aventurança espera o rei que se levantar para ajudar Minha Causa em Meu Reino, que se desprender de tudo, exceto de Mim! Tal rei é contado entre os companheiros da Arca Carmesim - a Arca que Deus preparou para o povo de Bahá. Todos lhe devem glorificar o nome e reverenciar a posição, e devem ajudá-lo a destrancar as cidades com as chaves de Meu Nome, o onipotente Protetor de todos os que habitam os reinos visíveis e invisíveis. Tal rei é o próprio olho da humanidade, o luminoso ornamento na fronte da criação, o manancial de bênçãos para o mundo inteiro. Oferece, ó povo de Bahá, vossa substância, ainda mais, vossas próprias vidas, em seu auxílio.

CVI. O Médico Onisciente tem Seu dedo no pulso da humanidade. Ele percebe o mal e, com sua infalível sabedoria, prescreve o remédio. Cada era tem seu próprio problema e cada alma sua especial aspiração. O remédio que o mundo necessita em suas aflições hodiernas não pode ser, jamais, o mesmo daquele requisitado por uma era subseqüente. Cuidai zelosamente das necessidades da era em que viveis e concentrai vossas deliberações em suas exigências e seus requisitos.
Podemos bem perceber como a humanidade inteira é cercada de grandes aflições, de aflições incalculáveis. Nós a vemos languescer no leito da doença, angustiada e desiludida. Os que estão intoxicados pela arrogância interpuseram-se entre ela e o infalível Medico Divino. Vede como eles emaranharam todos os homens, inclusive a si mesmos, no enredo de suas maquinações. Não podem descobrir a causa da enfermidade, nem possuem eles conhecimento algum do remédio. Conceberam o direito como sendo torto e imaginaram que seu amigo fosse um inimigo.
Inclinai vossos ouvidos a suave melodia deste Prisioneiro. Levantai-vos e erguei vossas vozes para que talvez aqueles profundamente adormecidos possam despertar. Dizei: Ó vós que sois como mortos! A Mão da Bondade Divina oferece-vos a Água da Vida. Apressai-vos e sorvei até vos saciardes. Quem tiver renascido neste Dia, não há de morrer jamais; quem permanecer morto, jamais viverá.

CVII. Aquele que é vosso Senhor, o Todo-Misericordioso, nutre em Seu coração o desejo de ver o gênero humano inteiro como uma só alma e um só corpo. Apressai-vos a ganhar vosso quinhão da benévola graça e misericórdia de Deus, neste Dia que eclipsa todos os outros Dias criados. Como é grande a felicidade que espera o homem que renuncia a tudo o que possui em um desejo de obter as coisas de Deus! Tal homem, testificamos, se conta entre os abençoados de Deus.

CVIII. Temos um tempo marcado para vós, ó povos. Se, na hora designada, deixardes de vos volver a Deus, Ele, verdadeiramente, porá as mãos em vós com violência e fará que penosas aflições vos acometam de todas as direções. Como é severo, em verdade, o castigo com o qual vosso Senhor, então, vos castigará.

CIX. Ó Kamal! As alturas que o homem mortal pode atingir, neste Dia, através do mais benévolo favor de Deus, ainda não foram reveladas à sua vista. O mundo da existência jamais teve revelação igual, nem para isso possui ainda capacidade. Aproxima-se o dia, entretanto, em que as potencialidades de tão grande favor, em virtude de Seu mando, se manifestarão aos homens. Embora as forças das nações se disponham contra Ele, ainda que os reis da terra se coliguem para solapar Sua Causa, o poder de Sua grandeza permanecerá inabalado. Ele, verdadeiramente, diz a verdade e convoca todo o gênero humano no caminho d'Aquele que é o Incomparável, o Onisciente.
Todos os homens foram criados a fim de levarem avante uma civilização destinada a evoluir para sempre. O Todo-Poderoso dá-Me testemunho: Agir como os animais do campo é indigno do homem. Aquelas virtudes que convém à sua dignidade são a tolerância, a misericórdia, a compaixão e a benevolência para com todos os povos e raças da terra. Dize: Ó amigos! Bebei até vos saciardes desta corrente cristalina que flui através da graça celestial d'Aquele que é o Senhor dos Nomes. Que os outros participem de suas águas em Meu Nome, a fim de que os líderes dos homens em todas as terras possam reconhecer plenamente o objetivo para o qual foi revelado a Verdade Eterna e a razão pela qual eles próprios foram criados.

CX. Diz o Grande Ser: Ó vós filhos dos homens! O desígnio fundamental que anima a Fé de Deus e Sua Religião é a proteção dos interesses e a promoção da unidade da raça humana; consiste em nutrir o espírito de amor e amizade entre os homens. Não permitais que se torne fonte de dissensão e discórdia, de ódio e inimizade. É este o Caminho reto, o alicerce fixo e imóvel. Qualquer coisa que se erga nesse alicerce, as mudanças e vicissitudes do mundo jamais lhe poderão prejudicar a força nem a revolução de séculos incontáveis lhe solapar a estrutura. Nossa esperança é que os dirigentes religiosos do mundo e seus governantes se levantem unidos para a reforma desta era e a reabilitação de suas fortunas. Que eles, após meditarem sobre suas necessidades, se aconselhem mutuamente e, através de plena e zelosa deliberação, administrem a um mundo enfermo e severamente aflito, o remédio de que necessita... Incumbe àqueles que estão em autoridade exercerem moderação em todas as coisas. Qualquer coisa que ultrapasse os limites da moderação cessará de exercer uma influência benéfica. Considerai, por exemplo, tais coisas como liberdade, civilização, e outras semelhantes. Não importa com quanto favor sejam vistas por homens de compreensão, se forem levadas a um extremo, exercerão uma influência perniciosa sobre os homens... Queira Deus possam os povos do mundo, em conseqüência dos altos esforços envidados pelos seus governantes e pelos sábios e eruditos entre os homens, ser levados a reconhecer seus melhores interesses. Por quanto tempo a humanidade persistirá em sua insubordinação? Por quanto tempo a injustiça haverá de continuar? Por quanto tempo o caos e a confusão reinarão entre os homens? Por quanto tempo a discórdia agitará a face da sociedade? Os ventos do desespero sopram, lastimavelmente, de todas as direções, e a contenda que divide e aflige a raça humana aumenta dia a dia. Os sinais de caos e convulsões iminentes podem agora ser discernidos, desde que a ordem que predomina parece ser lamentavelmente defeituosa. Imploro a Deus - exaltada seja Sua glória - que, por Sua graça, desperte os povos da terra, permita que o fim de sua conduta lhes seja profícuo e os ajude a realizar o que for digno de sua posição.

CXI. Ó povos e raças da terra que estais em contenda! Volvei vossas faces à unidade e deixai brilhar sobre vosso esplendor de sua luz. Uní-vos e por amor a Deus resolvei extirpar qualquer coisa que motive contenda entre vós. Então a fulgência do grande Luminar do mundo envolverá toda a terra, e seus habitantes haverão de se tornar os cidadãos de uma só cidade e os ocupantes de um mesmo trono. Este Injuriado, desde os primeiros dias de Sua vida, nenhum outro desejo nutriu senão este, nem outra esperança continuará Ele a alimentar, senão esta esperança. Não pode haver dúvida alguma de que os povos do mundo, de qualquer raça ou religião que sejam, derivam sua inspiração de uma só Fonte Celestial e são súditos de um só Deus. A diferença entre os preceitos sob os quais vivem deve ser atribuída aos vários requisitos e exigências da época em que foram revelados. Todos eles, excetuando-se apenas alguns poucos que resultam da perversidade humana, foram ordenados por Deus e são um reflexo de Sua Vontade e Seu Propósito. Levantai-vos e, armados com o poder da fé, demoli os deuses de vossas vãs imaginações, semeadoras que são de dissensões entre vós. Aderi aquilo que vos aproxime uns dos outros e vos una. É esta, verdadeiramente, a Palavra mais elevada que o Livro-Mater fez descer e vos revelou. Disso, a Língua da Grandeza, falando de Sua morada de glória, dá testemunho.

CXII. Vede os distúrbios que por anos sem conta têm afligido a terra, e a agitação que se tem apoderado de seus povos. Tem sido assolada pela guerra ou atormentada por calamidades repentinas e imprevistas. Embora o mundo esteja cercado de miséria e angústia, homem algum fez pausa, entretanto, para ponderar qual seria a causa ou origem disso. Sempre que o Verdadeiro Conselheiro pronunciava uma palavra de admoestação, eis que todos O denunciavam como promotor de malefício e Lhe rejeitavam a pretensão. Quão perplexa e quão confusa, é tal conduta. Não se encontram dois homens que estejam, pode-se dizer, unidos exterior e interiormente. As evidências da discórdia e malícia aparecem em toda parte, se bem que todos fossem criados para a harmonia e a união. Diz o Grande Ser: Ó bem-amados! Ergueu-se o tabernáculo da unidade; não vos considereis uns aos outros como estranhos. Sois os frutos de uma só árvore e as folhas do mesmo ramo. Nutrimos a esperança de que a luz da justiça possa brilhar sobre o mundo e o santificar da tirania. Se os governantes e reis da terra, símbolos do poder de Deus - exaltada seja Sua glória - se levantarem e resolverem dedicar-se a qualquer coisa que promova os mais altos interesses da humanidade inteira, o reinado da justiça seguramente se estabelecerá entre os filhos dos homens e a fulgência de sua luz envolverá toda a terra. Diz o Grande Ser: A estrutura da estabilidade e ordem do mundo se erigiu sobre os pilares gêmeos da recompensa e da punição, e por estes continuará a ser sustentada... Em outra passagem escreveu Ele: Atendei, ó assembléia dos governantes do mundo! Não há na terra força alguma que possa igualar, em seu poder conquistador, à força da justiça e sabedoria... Bem-aventurado é o rei que marcha com a insígnia da sabedoria desfraldada em sua frente, e os batalhões da justiça aglomerados em sua retaguarda. Ele, verdadeiramente, é o adorno que embeleza a fronte da paz e o semblante da segurança. Não pode haver dúvida alguma de que, fosse o sol da justiça - que as nuvens da tirania obscureceram - irradiar sobre os homens sua luz, a face da terra seria completamente transformada.

CXIII. Imaginas tu, ó Ministro do Xá na Cidade (Constantinopla), que Eu segure em Minhas mãos o destino final da Causa de Deus? Pensas tu que Meu encarceramento, ou a ignomínia que tive de sofrer, ou mesmo Minha morte e aniquilamento total, possam fazê-la desviar-se de seu curso? Desprezível é aquilo que imaginaste em teu coração! Tu és, em verdade, dos que andam de acordo com as vãs fantasias que seus corações inventam. Nenhum Deus há, senão Ele. Poderoso é Ele para manifestar Sua Causa, enaltecer Seu testemunho e estabelecer qualquer coisa que seja Sua Vontade e elevá-la a tão eminente posição que nem tuas próprias mãos, nem as mãos dos que d'Ele se afastaram, jamais a poderão tocar ou danificar.
Acreditas tu que tens o poder de frustrar Sua Vontade, impedi-Lo de executar Seu julgamento ou detê-Lo de exercer Sua soberania? Pretendes tu que qualquer coisa nos céus ou na terra possa resistir Sua Fé? Não por Aquele que é a Verdade Eterna! Nada, em absoluto, na criação inteira, pode frustrar Seu Desígnio. Rejeita, pois, o mero conceito que segues, pois o mero conceito jamais poderá substituir a verdade. Sê tu dos que, em verdade, se arrependeram e voltaram a Deus, o Deus que te criou, que te nutriu e te fez um ministro entre aqueles que professam tua fé.
Sabe tu, além disso, que Ele é Quem, à Seu próprio mando, criou tudo o que está nos céus e tudo o que está na terra. Como pode contra Ele prevalecer, pois, a coisa que a Seu mando foi criada? Altamente está Deus elevado acima daquilo que sobre Ele imaginais, ó vós, povo de malícia! Se esta Causa for de Deus, homem algum poderá contra ela prevalecer; e se não for de Deus, os sacerdotes entre vós e aqueles que seguem seus desejos corruptos e os que se rebelaram contra Ele terão, certamente, poder suficiente para superá-la.
Não tens sabido daquilo que disse, na antigüidade, um homem da família de Faraó, um crente, e que Deus relatou ao Seu Apóstolo, a Quem Ele escolheu acima de todos os seres humanos, confiando-Lhe Sua Mensagem e fazendo-O a fonte de Sua misericórdia para todos os que habitam na terra? Ele disse - e Ele, verdadeiramente, diz a verdade: "Quereis matar um homem por dizer que meu Senhor é Deus, quando ele já veio a vós com provas de sua missão? E se for um mentiroso, sobre ele caíra sua mentira; mas se for homem da verdade, uma parte, pelo menos, daquilo que ele ameaça, sobre vós haverá de cair". Eis o que Deus revelou ao Seu Bem-Amado, em Seu Livro infalível.
E no entanto, deixastes de inclinar vossos ouvidos àquilo que Ele ordenou, desatendestes Sua lei, rejeitastes Seu conselho, segundo se acha registrado em Seu Livro, e fostes dos que para longe d'Ele se desviaram. Quão numerosos aqueles que, todo ano, todo mês, têm sido mortos por vossa causa! Como são múltiplas as injustiças que perpetrastes - injustiças cujo igual os olhos da criação não viram nem cronista jamais registrou! Como foi grande o número de criancinhas e recém-nascidos que se tornaram órfãos, e de país que perderam os filhos por causa de vossa crueldade, ó vós perpetradores da injustiça! Quantas vezes uma irmã languescia e chorava o irmão, e quantas vezes uma esposa lamentava o esposo, seu único sustentáculo!
Vossa iniqüidade aumentava mais e mais até que matastes Aquele que jamais tirara os olhos da face de Deus, o Excelso, o Mais Grandioso. Oxalá o tivésseis matado da maneira como os homens costumam executar um ao outro! Vós o trucidastes, porém, em tais circunstâncias como homem algum até agora testemunhou. Os céus O prantearam e as almas dos que estão próximos de Deus gemeram por causa de Sua aflição. Não foi Ele Descendente da Família antiga de vosso Profeta? Sua fama como Descendente direto do Apóstolo não fora difundida largamente entre vós? Por que, então, vós Lhe infligistes o que homem algum, por mais longe que olheis em retrospecto, jamais infligiu a outro? Por Deus! Os olhos da criação nunca viram seres iguais a vós. Trucidais Aquele que é Descendente da Casa de vosso Profeta, e vos regozijais e festejais enquanto sentados em vossos assentos de honra! Pronunciais vossas imprecações contra aqueles que viviam antes de vós e que perpetraram o que vós perpetrastes, e vós mesmos permaneceis durante todo o tempo inconscientes de vossas enormes iniqüidades!
Sede eqüitativos em vosso julgamento. Aqueles a quem maldizeis, contra quem praguejais, agiram de um modo diferente de vós mesmos? Não mataram o Descendente de seu Profeta assim mesmo como vós matastes o Descendente de vosso próprio? Não é vossa conduta semelhante à sua? Por que, então, pretendeis ser diferentes deles, ó vós, semeadores de dissensão entre os homens?
E quando Lhe tirastes a vida, um de Seus seguidores levantou-se para vingar a Sua morte. Era desconhecido dos homens e o desígnio que ele concebera passou despercebido. Afinal cometeu o que fora preordenado. Compete-vos, portanto, a ninguém atribuir a culpa senão a vós mesmos, pelas coisas que cometestes - se apenas julgardes com eqüidade. Quem há em toda a terra que tenha feito o que vós fizestes? Ninguém, por Aquele que é o Senhor de todos os mundos!
Todos os governantes e reis da terra honram e reverenciam os descendentes de seus Profetas e homens santos, pudésseis vós apenas o perceber. Vós, ao contrário, sois responsáveis por tais atos como nenhum homem, em época alguma, perpetrou. Vossas ofensas fizeram com que todo coração compreensivo se consumisse de tristeza. E no entanto, permanecestes mergulhados em vossa negligência e deixastes de perceber a malícia de vossas ações.
Persististes em vossa obstinação até que vos levantastes contra Nós, embora nada tivéssemos nós cometido que justificasse vossa inimizade. Não temeis a Deus, Quem vos criou, e amoldou, e fez atingirdes vosso poder e vos uniu com aqueles que a Ele se resignaram (muçulmanos)? Por quanto tempo persistireis nessa obstinação? Por quanto tempo recusareis refletir? Quanto tempo passará, antes de vos livrardes de vosso sono e despertardes de vossa negligência? Por quanto tempo permanecereis inconscientes da verdade?
Pondera em teu coração. Será que vós, não obstante vossa conduta e as coisas que vossas mãos perpetraram, tendeis conseguido extinguir o fogo de Deus ou apagar a luz de Sua Revelação - luz esta que, com seu esplendor, envolveu aqueles que estão imersos nos encapelados oceanos da imortalidade, e atraiu as almas dos que verdadeiramente acreditam em Sua unidade e a sustentam? Será que não sabeis estar a Mão de Deus por cima de vossas mãos, que Seu irrevogável Decreto transcende todas as vossas maquinações, que Ele é supremo sobre Seus servos, tem capacidade para executar Seu desígnio, faz o que quer, não será questionado sobre qualquer coisa que Ele deseje, ordena o que Lhe apraz e é o Mais Poderoso, o Onipotente? Se acreditais ser isto a verdade, por que, então, não quereis cessar de perturbar; por que não quereis estar em paz convosco mesmo?
Perpetrais todo dia uma nova injustiça e Me tratais como Me tratastes em tempos idos, se bem que nunca tenha Eu tentado intrometer-Me em vossos assuntos. Em nenhuma instância Eu vos fiz oposição, nem me rebelei contra vossas leis. Vede como, afinal, Me fizestes prisioneiro nesta terra longínqua! Sabei com toda certeza, entretanto, que nada cometido pelas vossas mãos, ou pela mão dos infiéis, jamais conseguirá no futuro, como também nunca conseguiu em tempos antigos, mudar a Causa de Deus ou Lhe alterar os métodos.
Atendei a Minha advertência, ó povo da Pérsia! Se Eu for morto pelas vossas mãos, Deus seguramente fará levantar um outro que ocupará o lugar tornado vazio por Minha morte, pois tal é o método de Deus, levado a efeito em tempos antigos e nenhuma alteração podereis encontrar em Seu modo de agir. Quereis extinguir a luz de Deus que brilha sobre Sua terra? Avesso é Deus àquilo que vós desejais. Ele haverá de aperfeiçoar Sua luz, ainda que vós a abomineis no íntimo de vossos corações.
Pára apenas um pouco e reflete, ó ministro, e sê justo em teu julgamento. Que foi que Nós cometemos que te pudesse justificar em Nos difamar aos ministros do Rei, em seguir teus desejos, em perverter a verdade e pronunciar tuas calúnias contra Nós? Nunca nos encontramos, exceto quando Nós te vimos na casa de teu pai, nos dias em que se comemorava o martírio do Imame Husayn. Nessas ocasiões ninguém podia ter a oportunidade de tomar conhecidas aos outros suas opiniões e crenças, quer fosse em conversação ou em discurso. Darás testemunho da verdade de Minhas palavras, se és dos verazes. Nenhuma outra reunião tenho Eu freqüentado em que tu pudesses ter sabido de Meus pensamentos, ou qualquer outro pudesse ter sabido. Como, então, pronunciaste teu veredicto contra Mim, quando de Meus próprios lábios não havias ouvido meu testemunho? Não tens ouvido o que Deus - exaltada seja Sua glória - disse: "Não digais a cada um que com uma saudação vos encontra - Tu não és crente?" "Não repilais aqueles que imploram ao seu Senhor pela manhã e à noite, em seu ardente desejo de Lhe contemplar a face." Tu tens abandonado, em verdade, o que o Livro de Deus prescreveu e, no entanto, te julgas um crente!
Apesar daquilo que fizeste, não alimento - e disto Deus é Minha Testemunha - nenhuma malevolência contra ti, nem contra qualquer um, embora de ti e de outrem recebamos tal ofensa como nenhum crente na unidade de Deus pode sustentar. Minha Causa não está em outras mãos, senão nas de Deus, e Minha confiança em nenhum outro está, salvo n'Ele. Em breve terão vossos dias passado, assim como haverão de passar os dias daqueles que agora, com orgulho flagrante, se jactam sobre seu próximo. Breve estareis vós ajuntados na Presença de Deus; sereis interrogados a respeito de vossos atos e retribuídos por aquilo que vossas mãos fizeram - e miserável é a morada dos malfeitores!
Por Deus! Fosses tu compreender o que fizeste, prantearias, seguramente, por ti mesmo, fugirias em busca de refúgio em Deus e haverias de languescer e lamentar durante todos os dias de tua vida, até que Deus te tivesse perdoado, pois Ele, em verdade, é o Mais Generoso, o Todo-Bondoso. Tu, porém, até a hora de tua morte, persistirás em tua negligência, já que tens, de todo o teu coração, de toda a tua alma e do âmago de teu ser, te ocupado com as vaidades do mundo. Após tua partida, haverás de descobrir o que Nós te revelamos e de encontrar todos os teus atos assentados no Livro em que se anotam as obras de todos os que habitam na terra, sejam elas maiores ou menores que o peso de um átomo. Atende, pois, Meu conselho, e com o ouvido de teu coração escuta Minhas palavras, e delas não te descuides, nem sejas dos que rejeitam Minha verdade. Não te glories nas coisas que te foram dadas. Põe diante de teus olhos o que foi revelado no Livro de Deus, o Amparo no Perigo, o Todo-Glorioso: "E quando se haviam esquecido de suas advertências, fizemos abrirem-se diante deles os portais de todas as coisas", assim como abrimos diante de ti e de teus semelhantes os portais desta terra e seus ornamentos. Espera tu, pois, por aquilo que foi prometido na última parte deste versículo sagrado, porque é uma promessa d'Aquele que é o Todo-Poderoso, o Onisciente - promessa esta que não se provará ser inverídica.
Desconheço o caminho que escolhestes e que trilhais, ó congregação dos que Me desejam mal! Nós vos convocamos a Deus, vos lembramos de Seu Dia, a vós anunciamos as novas de vossa reunião com Ele e vos aproximamos de Sua corte, fazendo descer sobre vós sinais de Sua maravilhosa sabedoria, e todavia, eis que Nos rejeitais, Nos condenando como infiéis, com as coisas que vossos lábios mentirosos pronunciaram, e tramando contra Nós vossas maquinações! E quando Nós vos manifestamos o que Deus, por Seu generoso favor, Nos concedeu, dizeis, "Nada é, senão simples mágica." As mesmas palavras foram pronunciadas pelas gerações que vos antecederam e que eram o que vós sois - se apenas o percebêsseis. Assim vos privastes da bondade de Deus e Sua graça e nunca havereis de obtê-las até o dia em que Deus tiver julgado entre Nós e vós, e, verdadeiramente, Ele é o melhor dos juizes.
Certas pessoas entre vós têm dito: "Ele é Quem teve pretensão de ser Deus." Por Deus! Esta é calúnia flagrante. Sou apenas um servo de Deus que acreditou n'Ele e em Seus sinais, e em Seus Profetas e Seus anjos. Minha língua e Meu coração e Meu Ser exterior, tanto quanto o interior, atestam não haver outro Deus senão Ele, que todos os outros foram criados a Seu mando, moldados pela operação de Sua Vontade. Não há outro Deus, senão Ele, o Criador, o Ressuscitador, Quem vivifica e Quem priva de vida. Sou Aquele que difunde em toda parte as graças com as quais Deus, por Sua bondade, Me favoreceu. Se é nisto que consiste Minha transgressão, sou, em verdade, o primeiro dos transgressores. Eu e Meus parentes estamos à mercê de vós. Fazei como vos apraz e não sejais dos que hesitam, para que Eu possa regressar a Deus, meu Senhor, e alcançar o lugar onde não mais posso contemplar vossas faces. É este, em verdade, Meu maior desejo, Minha mais ardente esperança. De Meu estado, Deus, em verdade, está suficientemente informado e é observador.
Imagina-te debaixo dos olhos de Deus, ó Ministro! Se tu não O vês, Ele, em verdade, claramente te vê. Observa e julga com eqüidade Nossa Causa. Que foi que cometemos que te pudesse ter induzido a levantar-te contra Nós e Nos caluniar ao povo - se és dos que são justos? Partimos de Teerã, a mando do Rei, e com sua permissão transferimos ao Iraque Nossa residência. Se Eu havia transgredido contra ele, por que, então, Me libertou? E se Eu era inocente de qualquer culpa, por que Nos afligistes com tal tribulação como ninguém entre aqueles que professam sua fé já sofreu? Foi qualquer de Meus atos, após Minha chegada no Iraque, de tal natureza que subvertesse a autoridade do governo? Quem pode-se dizer ter descoberto algo repreensível em Nosso comportamento? Indaga, tu mesmo, de seu povo, para que sejas dos que discerniram a verdade.
Durante onze anos residimos naquela terra, até a chegada do Ministro que representava teu governo, e cujo nome Nossa Pena sente relutância em mencionar, aquele que se entregava ao vinho, que seguia seus desejos libidinosos e cometia atos perversos, que era corrupto e corrompia o Iraque. Disto a maioria dos habitantes de Bagdá dará testemunho, fosses tu indagar deles e ser dos que buscam a verdade. Foi ele quem injustamente se apoderou dos bens de seus semelhantes, que abandonou todos os mandamentos de Deus e perpetrou qualquer coisa que Deus tivesse proibido. Finalmente, seguindo seus próprios desejos, levantou-se contra Nós, e andou nos caminhos dos injustos. Ele Nos acusou, em sua carta a ti, e tu o acreditaste e seu caminho seguiste, sem dele procurar alguma prova ou evidência fidedigna. Não pediste explicação, nem tentaste investigar ou averiguar o assunto, para que a verdade se distinguisse da falsidade em tua vista e tu adquirisses discernimento nítido. Verifica, tu mesmo, a espécie de homem que ele era, perguntando àqueles Ministros que estavam no Iraque naquele tempo, bem como ao Governador da Cidade (Bagdá) e seu alto Conselheiro, para que a verdade te seja revelada e tu sejas dos bem-informados.
Deus é Nossa Testemunha! Em circunstância alguma temos Nós nos oposto a ele, nem a outros. Observamos, sob todas as condições, os preceitos de Deus, nunca sendo um dos que perpetravam desordens. Disto ele mesmo dá testemunho. Foi sua intenção prender-Nos e Nos mandar de volta à Pérsia, a fim de que ele assim enaltecesse sua fama e reputação. Tu cometeste o mesmo crime e pelo mesmo motivo. Mas ambos são do mesmo grau, aos olhos de Deus, o Senhor soberano de todos, o Onisciente.
Ao dirigirmos a ti estas palavras, não é Nosso propósito aliviar o peso de Nossa tribulação, nem te induzir a interceder por Nós com qualquer um. Não, por Aquele que é o Senhor de todos os mundos! Expusemos todo o assunto diante de ti, para que talvez compreendesses o que fizeste, desistisses de infligir a outros o dano que Nos infligiste e fosses dos que verdadeiramente se arrependeram a Deus, Quem te criou e criou todas as coisas, e viesses a agir com discernimento no futuro. Isto te é melhor do que tudo o que tu possues, melhor do que teu ministério, os dias do qual são contados.
Acautela-te para que não sejas induzido a fechar os olho para a injustiça. Prende teu coração firmemente à justiça e não alteres a Causa de Deus, e sê daqueles cujos olhos estejam volvidos para as coisas que foram reveladas em Seu Livro. Não sigais, sob quaisquer condições, o que teus maus desejos incentivam. Observa tu a lei de Deus, teu Senhor, o Benéfico, o Ancião dos Dias. Com absoluta certeza haverás tu de voltar ao pó, de perecer assim como todas as coisas em que te deleitas. Eis o que disse a Língua da verdade e glória.
Não te lembras da advertência de Deus pronunciada em tempos idos, para que sejas dos que atendem Sua advertência? Disse Ele e, verdadeiramente, Ele diz a verdade: "Dela (da terra) Nós vos criamos e a ela vos faremos voltar, e dela Nós vos levantaremos pela segunda vez." Foi o que Deus ordenou para todos os que habitam na terra, sejam de alto ou de baixo grau. Não convém, portanto, àquele que foi criado do pó - que a este voltará e que novamente deste sairá - tornar-se soberbo diante de Deus e de Seus bem-amados, orgulhosamente desprezá-los e se encher de desdenhosa arrogância. Não, antes, incumbe-te e aos teus semelhantes, vos submeterdes àqueles que são os Manifestantes da Unidade de Deus, e deveis humildemente mostrar deferência aos fiéis, àqueles que renunciaram tudo por causa de Deus e se desprenderam das coisas que absorvem a atenção dos homens e os desviam do caminho de Deus, o Todo-Glorioso, o Todo-Louvado. Assim Nós vos enviamos aquilo que vos será proveitoso e dará proveito àqueles que puseram sua inteira confiança em seu Senhor.

CXIV. Dá ouvidos, ó Rei (Sultão 'Abdu'l-Azíz), ao discurso d'Aquele que diz a verdade - d'Aquele que não te pede como recompensa as coisas que Deus Se dignou te conferir, d'Aquele que trilha, infalivelmente, o Caminho reto. Ele é Quem te chama a Deus, teu Senhor, Quem te mostra o curso certo, o caminho que leva à felicidade verdadeira, para que, acaso, sejas dos que hão de ser felizes.
Acautela-te, ó Rei, para que não reúnas a teu redor tais ministros que seguem os desejos de uma inclinação corrupta, que jogaram atrás de si o que foi confiado às suas mãos e manifestamente traíram sua incumbência. Sê generoso aos outros, assim como Deus tem sido generoso a ti, e não abandones os interesses de teu povo à mercê de ministros como esses. Não ponhas de lado o temor a Deus e sê dos que agem com retidão. Reúne em volta de ti ministros de quem possas perceber a fragrância da fé e da justiça; aconselha-te com eles e decide o que for melhor aos teus olhos, e sê dos que agem com generosidade.
Sabe tu com certeza: quem não crê em Deus, não é nem fidedigno nem veraz. Isto, realmente, é a verdade, a indubitável verdade. Quem age traiçoeiramente para com Deus, agirá traiçoeiramente também para com seu rei. Nada em absoluto pode deter tal homem do mal, nada o pode impedir de trair seu próximo, nada o pode induzir a comportar-se com retidão.
Guarda-te de entregar as rédeas dos assuntos de teu domínio às mãos de outrem; não deposites tua confiança em ministros que não sejam fidedignos e não sejas dos que vivem em negligência. Evita aqueles cujos corações estejam afastados de ti e não ponhas neles tua confiança, nem lhes confies teus assuntos e os assuntos daqueles que professam tua fé. Guarda-te de permitir que o lobo se torne o Pastor do rebanho de Deus, nem entregues o destino de Seus bem-amados à mercê dos maliciosos. Não esperes que aqueles que violam os preceitos de Deus sejam dignos de confiança ou sinceros na fé que professam. Evita-os e mantém estrita vigilância sobre ti mesmo, para que suas maquinações e malícia não te causem dano. Afasta-te deles e fixa teu olhar em Deus, teu Senhor o Todo-Glorioso, o Mais Generoso. Quem se submete inteiramente a Deus, com ele, seguramente, haverá Deus de estar; e quem deposita em Deus sua completa confiança, será, verdadeiramente, por Ele protegido de qualquer coisa que o possa lesar e abrigado contra a maldade de cada maquinador iníquo.
Fosses tu inclinar teus ouvidos às Minhas palavras e observar Meu conselho, Deus te enalteceria a tão eminente posição, que os desígnios de homem algum em toda a terra jamais te poderiam tocar ou danificar. Observa, ó Rei, do âmago de teu, coração e com todo o teu ser, os preceitos de Deus, e não andes nos caminhos do opressor. Toma tu e segura firmemente dentro das mãos de teu Poder, as rédeas dos interesses de teu povo e examina pessoalmente qualquer coisa que lhe concerne. Não deixes nada te escapar, pois nisso está o maior bem.
Rende agradecimentos a Deus por haver Ele te escolhido do mundo inteiro e te feito rei sobre aqueles que professam tua fé. Bem te compete apreciar as maravilhosas graças com as quais Deus te favoreceu e glorificar continuamente Seu Nome. Podes melhor louvá-Lo se amas os Seus bem-amados e salvaguardas e proteges Seus servos da maldade dos traiçoeiros, para que não mais sejam oprimidos por pessoa alguma. Tu te deverias levantar, além disso, para executar a lei de Deus entre eles, a fim de que sejas daqueles firmemente estabelecidos em Sua Lei.
Fosses tu fazer com que rios de justiça espalhassem suas águas entre teus súditos, Deus, seguramente, haveria de te ajudar com as hostes dos invisíveis e dos visíveis e te fortaleceria em teus interesses. Não há Deus senão Ele. Toda a criação e o império a ela inerente, Lhe pertencem. A Ele regressam as obras dos fiéis.
Não dependas de teus tesouros. Põe tua inteira confiança na graça de Deus, teu Senhor. Que Ele seja teu sustentáculo em tudo o que fizeres, e sê tu dos que se submeteram à Sua Vontade. Toma-O como teu auxiliador e enriquece-te com Seus tesouros, pois com Ele estão os depósitos dos tesouros dos céus e da terra. Ele os concede a quem Ele queira e os nega a quem Lhe apraz. Não há outro Deus salvo Ele, Possuidor de Tudo, o Todo-Louvado. Todos são apenas indigentes à porta de Sua mercê; todos são desvalidos diante da revelação, de Sua soberania e imploram Seus favores.
Não ultrapasses os limites da moderação e trata tu com justiça aqueles que te servem. Doa-lhes o que corresponde às suas necessidades e não tanto que lhes facilite a acumulação de riquezas para eles mesmos, a ornamentação de suas pessoas, o embelezamento de suas casas ou a aquisição das coisas que não lhes tragam benefício algum, vindo eles a ser contados entre os extravagantes. Trata-os com inalterável justiça, de modo que nenhum entre eles nem sofra necessidade nem seja regalado de luxos. Isto é apenas justiça manifesta.
Não permitas que os abjetos governem e dominem aqueles que são nobres e dignos de honra, nem admitas que os magnânimos estejam à mercê dos desprezíveis e imerecedores, pois foi o que observamos na ocasião de Nossa chegada na Cidade (Constantinopla), e disso damos testemunho. Encontramos entre seus habitantes alguns que possuíam abundantes fortunas e viviam em meio a excessivas riquezas, enquanto outros estavam em aflitiva necessidade e pobreza abjeta. Isso mal convém à tua soberania e é indigno de teu grau.
Que Meu conselho te seja aceitável e que te esforces para governar com eqüidade entre os homens, de modo que Deus te exalte o nome e espalhe, pelo mundo todo, a fama de tua justiça. Guarda-te de engrandeceres teus ministros à custa de teus súditos. Teme os suspiros dos pobres e dos íntegros de coração que, a cada alvorecer, lamentam sua aflitiva condição, e sê para eles um soberano benévolo. Eles são, em verdade, teus tesouros na terra. Compete-te, pois, salvaguardar teus tesouros dos ataques daqueles que te querem roubar. Indaga sobre seus afazeres e averigua, todo ano, ou melhor, todo mês, sua condição, e não sejas dos que descuidam de seu dever.
Põe diante de teus olhos a infalível Balança de Deus e, como alguém que esteja em Sua Presença, pesa nessa Balança tuas ações a todo dia, a todo momento de tua vida. Examina-te a ti mesmo antes de seres chamado a um julgamento, no Dia em que homem algum terá forças para permanecer em pé, por temor a Deus, no Dia em que se fará tremerem os corações dos negligentes.
Incumbe a todo rei ser tão generoso como o sol, o qual promove o crescimento de todos os seres, dando a cada um o que lhe é devido, cujos benefícios não lhe são inerentes, mas sim, ordenados por Aquele que é o Mais Poderoso, o Onipotente. O Rei deve ser tão generoso, tão liberal em sua misericórdia como as nuvens, as emanações de cujas graças chovem sobre todas as terras, a mando d'Aquele que é o Supremo Ordenador, o Onisciente.
Tem o cuidado de não entregar teus assuntos de estado, inteiramente às mãos de outrem. Ninguém pode, melhor do que tu mesmo, desempenhar tuas funções. Assim tornam claras a ti Nossas palavras de sabedoria e fazemos descer sobre ti o que te possa habilitar a passar da mão esquerda da opressão para a mão direita da justiça e aproximar-te do oceano resplandecente de Seus favores. Tal é o caminho que os reis que te antecederam têm trilhado, os que tratavam seus súditos com eqüidade e seguiam a senda da inalterável justiça.
Tu és a sombra de Deus na terra. Esforça-te, portanto, para agir de um modo que seja digno de tão eminente, tão augusta posição. Se te desviares de seguir as coisas que Nós fizemos descer sobre ti e te ensinamos, estarás, seguramente, detraindo dessa grande e inestimável honra. Volta, pois, e adere completamente a Deus e purifica teu coração do mundo e de todas as suas vaidades, e não permitas que o amor de qualquer estranho nele entre e habite. Antes de purificares teu coração de todo traço de tal amor, não poderá o esplendor da luz de Deus sobre ele se irradiar, pois a ninguém deu Deus mais de um coração. Isto, verdadeiramente, foi decretado e inscrito em Seu Livro antigo. E como o coração humano, segundo foi formado por Deus, é um só e não dividido, convém acautelar-te para que suas afeições também sejam uma só e não divididas. Segura-te, pois, com todo o afeto de teu coração, a Seu amor, e retira-o do amor a qualquer um além d'Ele, para que Ele te ajude a imergir-te no oceano de sua Unidade e te capacite a tornar-te um verdadeiro sustentáculo de Sua Unicidade. Deus é Minha Testemunha; Meu único objetivo em te revelar estas palavras é santificar-te das coisas transitórias da terra e ajudar-te a entrar no domínio da glória eterna, a fim de que, por permissão de Deus, tu sejas dos que nele habitam e regem...
Juro por Deus, ó Rei! Não é meu desejo fazer a ti Minha queixa contra aqueles que Me perseguem. Só expresso Meu pesar e Minha tristeza a Deus, Quem me criou e os criou, Quem conhece muito bem o Nosso estado e vigia sobre todas as coisas. É Meu desejo admoestá-los das conseqüências de suas ações, para que assim por acaso desistam de tratar outros como a Mim trataram e venham a ser dos que atendem Minha advertência.
As tribulações que Nos têm atingido, a destituição que sofremos, as várias dificuldades que Nos cercam, haverão todas de passar, assim como passarão os prazeres em que eles se deleitam e a riqueza de que gozam. É esta a verdade que homem algum na terra pode rejeitar. Os dias em que Nós fomos obrigados a habitar no pó em breve haverão de findar, assim como os dias em que eles ocupavam os assentos de honra. Deus, seguramente, haverá de julgar com verdade entre Nós e eles e, verdadeiramente, Ele é o melhor dos juizes.
Rendemos agradecimentos a Deus por qualquer coisa que Nos tenha sobrevindo e suportamos pacientemente as coisas que Ele ordenou no passado ou há de ordenar no futuro. Nele pus Minha confiança; e em Suas mãos entreguei Minha Causa. Ele, certamente, recompensará todos aqueles que suportam com paciência e n'Ele confiam. A criação e o império desta Lhe pertencem. Ele enaltece a quem Ele deseja e avilta a quem Lhe apraz. Não será interrogado a respeito de Suas ações. Ele, verdadeiramente, é o Todo-Glorioso, o Onipotente.
Seja atento teu ouvido, ó Rei, às palavras que Nós a ti dirigimos. Que o opressor desista de sua tirania e exclua os perpetradores de injustiça dentre aqueles que professam tua fé. Pela retidão de Deus! Tais são as tribulações que temos sustentado que qualquer pena que as relate não pode deixar de se abater de angústia. Nenhum daqueles que verdadeiramente crêem e defendem a unidade de Deus pode suportar o peso dessa narração. Tamanhos foram Nossos sofrimentos que até os olhos de Nossos inimigos choraram por Nós e, além deles, os de toda pessoa discernente. E a todas essas provações fomos sujeitados apesar de Nossa ação em Nos aproximarmos de ti e em mandarmos o povo entrar embaixo de tua sombra, para que tu fosses uma cidadela para aqueles que acreditam na unidade de Deus e a sustentam.
Tenho Eu, alguma vez, ó Rei, te desobedecido? Tenho Eu, em alguma ocasião transgredido qualquer uma de tuas leis? Pode algum de teus ministros que te representaram no Iraque produzir uma prova que possa estabelecer Minha deslealdade a ti? Não, por Aquele que é o Senhor de todos os mundos! Nem por um breve momento Nós contra ti Nos rebelamos, nem contra qualquer um de teus ministros. Nunca, permita Deus, haveremos de Nos revoltar contra ti, ainda que sejamos expostos a provações mais severas do que quaisquer que sofremos no passado.
Durante o dia e à noite, ao anoitecer e ao amanhecer, oramos a Deus por ti, para que Ele, por Sua graça, te ajude a ser-Lhe obediente e observar Seu mandamento, para que Ele te proteja contra as hostes dos maus. Faze, pois, segundo te apraz e trata-Nos de um modo consoante com teu grau e digno de tua soberania. Não te esqueças da lei de Deus em qualquer coisa que queiras realizar, agora ou nos dias vindouros. Dize: Louvores a Deus, o Senhor de todos os mundos!

CXV. A Pena da Revelação, ó Dhabíh, na maioria das Epístolas divinamente reveladas, registrou estas palavras: Temos admoestado todos os bem-amados de Deus a que tomem cuidado para que a orla das Nossas sagradas vestes não se macule do lodo dos atos ilegais ou se manche com o pó da conduta repreensível. Nós os temos exortado, ainda mais, a fixar os olhos em qualquer coisa que haja sido revelada em Nossas Epístolas. Tivessem seus ouvidos interiores sido atentos aos conselhos divinos que se irradiaram do Alvorecer da Pena do Todo-Misericordioso, se tivessem escutado Sua Voz, a maior parte dos povos da terra teria, até agora, se adornado com o ornamento de Sua guia. Aconteceu, contudo, o que fora preordenado.
Mais uma vez a Língua do Ancião dos Dias revela, enquanto nesta, a maior prisão, estas palavras que estão assentadas neste níveo Pergaminho: Ó vós, os bem-amados do Deus Uno e Verdadeiro! Passai além das plagas estreitas de vossos desejos maus e corruptos e avançai para a vasta imensidão do domínio de Deus, e permanecei nos prados da santidade e do desprendimento, a fim de que a fragrância de vossas ações possa guiar a humanidade inteira ao oceano da infindável glória de Deus. Abstende-vos de vos preocupar com os assuntos deste mundo e tudo o que lhe pertence, ou de vos intrometer nas atividades daqueles que são aparentemente seus líderes.
O Deus Uno e Verdadeiro - exaltada seja Sua glória - concedeu aos reis o governo da terra. A ninguém é dado o direito de agir de um modo contrário às consideradas opiniões dos que têm autoridade. O que Ele reservou para Si próprio são as cidades dos corações dos homens, das quais os bem-amados d'Aquele que é a Verdade Soberana são, neste Dia, como as chaves. Queira Deus que a eles, cada um e todos, seja possibilitado descerrar, através do poder do Maior Nome, os portais dessas cidades. É isto que significa prestar auxílio ao Deus Uno e Verdadeiro - um tema ao qual se referiu, em todos os Seus Livros e Epístolas, a Pena d'Aquele que faz romper a alvorada.
Convém, outrossim, aos bem-amados de Deus, mostrarem tolerância para com seus semelhantes, serem tão santificados e desprendidos de todas as coisas e demonstrarem tal sinceridade e justiça, que todos os povos da terra os possam reconhecer como fideicomissários de Deus entre os homens. Considera tu a que alturas sublimes os preceitos do Onipotente se têm elevado e como é abjeta a morada em que habitam agora essas almas fracas. Bem-aventurados aqueles que, com as asas da certeza, voaram nos céus que a Pena de teu Senhor, o Todo-Misericordioso, fez estenderem-se.
Vê, ó Dhabíh, as obras que Deus, a Verdade Soberana, realizou. Dize tu: Como é grande, muito grande, a força de Seu poder que abrange todos os mundos! Enaltecido, imensuravelmente enaltecido, é Seu desprendimento além do alcance e do conhecimento da criação inteira! Glorificada seja Sua humildade - uma humildade que dissolveu os corações dos que foram levados para perto de Deus!
Embora aflitos com incontáveis tribulações, que sofremos nas mãos de Nossos inimigos, temos proclamado a todos os governantes da terra o que Deus quis proclamar, para que todas as nações possam saber que nenhuma espécie de aflição pode deter a Pena do Ancião dos Dias de levar a efeito seu propósito. Sua Pena move-se por permissão de Deus, d'Aquele que amolda os ossos em decomposição.
Levando em consideração este mais grandioso desígnio, convém àqueles que o amam prepararem-se para envidar esforços e fixarem seus pensamentos em qualquer coisa que assegure a vitória da Causa de Deus, em vez de cometerem atos vis e desprezíveis. Fosses tu considerar por apenas pouco tempo, as ações e obras exteriores d'Aquele que é a Verdade Eterna, haverias de te prostrar e exclamar: Ó Tu Que és o Senhor dos Senhores! Dou testemunho de que Tu és o Senhor de toda a criação e o Educador de todos os seres, visíveis e invisíveis. Atesto que Teu poder abrangeu o universo inteiro e que as hostes da terra jamais Te poderão consternar, nem poderá o domínio de todos os povos e nações Te impedir de executar Teu desígnio. Confesso que Tu nenhum desejo tens senão o de regenerar o mundo todo e estabelecer a unidade de seus povos, e que nada almejas a não ser a salvação de todos os que nele habitam.
Reflete um pouco e considera como aqueles que são os de Deus devem comportar-se e a que alturas se devem elevar. Suplica tu, em todos os tempos, a teu Senhor, o Deus de Misericórdia, que os ajude a fazerem o que Lhe apraz. Ele, verdadeiramente, é o Mais Poderoso, o Todo-Glorioso, o Onisciente.
O encarceramento que se infligiu a este Injuriado, ó Dhabíh, nenhum dano Lhe causou nem Lhe poderá causar jamais; nem pode a perda de todos os Seus bens terrestres, Seu exílio ou até Seu martírio e aparente humilhação Lhe fazer nenhum mal. O que pode prejudicá-Lo são as más ações que os bem-amados de Deus cometem e imputam Aquele que é a Verdade Soberana. É esta a aflição da qual sofro, e disso Ele Próprio, que é potente sobre todas as coisas, Me dá testemunho. O que Me tem prejudicado aflitivamente são as pretensões que o povo do Bayán avança todo dia. Alguns têm proclamado sua lealdade a um de Meus Ramos (Filhos), enquanto outros têm afirmado independentemente suas pretensões e agido de acordo com seus próprios desejos.
Ó Dhabíh! Diz a Língua da Grandeza: Por Mim Mesmo, Quem diz a verdade! Nesta mais potente Revelação, todas as Dispensações do passado atingiram sua consumação máxima e final. Qualquer um que pretenda uma Revelação depois d'Ele, tal homem será, seguramente, um mentiroso impostor. Pedimos a Deus que Ele, por Sua graça, o ajude a retratar-se e repudiar tal pretensão. Se se arrepender, Deus, sem dúvida, o perdoará. Se, porém, persistir em seu erro, Deus seguramente mandará alguém que não lhe mostrará piedade. Em verdade, Ele é o Onipotente, o Mais Poderoso.
Vê como o povo do Bayán deixou completamente de reconhecer que o objetivo único de tudo o que Meu Manifestante anterior, o Precursor de Minha Beleza, revelou, foi Minha Revelação e a proclamação de Minha Causa. Nunca, se não fosse Eu - e disso Aquele que é a Verdade Soberana Me dá testemunho - teria Ele pronunciado o que pronunciou. Testemunha tu como esses insensatos trataram como um brinquedo e passatempo a Causa d'Aquele que é o Possuidor de Tudo, o Inatingível. Seus corações inventam a cada dia um novo ardil, e sua fantasia os leva a procurar um novo refúgio. Se o que dizem for verdade, como, então, poderá a estabilidade da Causa de teu Senhor ser assegurada? Pondera isto em teu coração e sê tu dos que são perspicazes, que perscrutam atentamente, que são constantes em seu propósito e confiantes em sua crença. Tal deve ser tua certeza que, se toda a humanidade avançasse tais pretensões como homem algum jamais avançou, nem mente alguma concebeu, tu as desprezarias completamente e as repudiarias, e volverias tua face para Aquele que é o Objeto da adoração de todos os mundos.
Pela retidão de Meu Próprio Ser! Grande, imensuravelmente grande é esta Causa! Poderoso, inconcebivelmente poderoso é este Dia! Bem-aventurado, em verdade, será o homem que tiver renunciado a todas as coisas e fixado seus olhos n'Aquele Cuja face irradiou iluminação sobre todos os que estão no céu e todos os que estão na terra.
Aguçada deve ser tua vista, ó Dhabíh, e adamantina tua alma, e como latão teus pés, se quiseres te manter inabalável diante das investidos dos desejos egoístas que sussurram nos peitos dos homens. É esta a ordem firme que a Pena do Maior Nome, por efeito da Vontade do Rei Antigo, foi movida a revelar. Guarda-a como a menina de teus olhos, e sê tu dos gratos. Esforça-te dia e noite para servir a Causa d'Aquele que é a Verdade Eterna e desprende-te de tudo mais, salvo d'Ele. Por Mim Próprio! Qualquer coisa que vejas neste Dia haverá de perecer. Supremamente elevado será teu grau, se tu te mantiveres firme na Causa de teu Senhor. A Ele se dirigem todos os teus movimentos fervorosos, e n'Ele está teu lugar de repouso final.

CXVI. Ó reis da cristandade! Não ouvistes as palavras de Jesus, o Espírito de Deus, "Vou embora e venho outra vez a vós"? Por que, então, quando, em verdade, Ele veio a vós outra vez, nas nuvens do céu, deixastes de vos aproximar d'Ele e de assim poder contemplar Sua face e ser dos que atingiram Sua Presença? Em outra passagem, Ele diz: "Quando Ele, o Espírito da Verdade, vier, Ele vos guiará a toda a verdade." E, no entanto, vede como, quando Ele realmente trouxe a verdade, recusastes volver-Lhe a face e persististes em vos divertir com vossos passatempos e fantasias. Não Lhe destes boa acolhida, nem procurastes Sua Presença, a fim de ouvirdes de Seus próprios lábios, os versículos de Deus, e participardes da múltipla sabedoria do Onipotente - o Todo-Glorioso, o Onisciente. Em conseqüência de vossa falha, impedistes os sopros de Deus de manarem sobre vós e privastes vossas almas da doçura de sua fragrância. Continuais a vagar com deleite no vale de vossos desejos corruptos. Vós, com tudo o que possuis, havereis de passar. Com absoluta certeza, havereis de voltar a Deus e sereis chamados a responder pelas vossas ações na presença d'Aquele que convocará a criação inteira...
Vinte anos passaram, ó reis, durante os quais Nós, a cada dia, saboreávamos a agonia de uma nova tribulação. Nenhum dos que Nos antecederam suportou as coisas que Nós temos suportado. Oxalá o pudésseis perceber! Por aqueles que contra Nós se levantaram, fomos trucidados, foi derramado Nosso sangue, foram saqueados Nossos bens e violada Nossa honra. Embora cientes da maior parte de Nossas aflições, vós, no entanto, deixastes de deter a mão do agressor. Pois não é vosso dever evidente restringir a tirania do opressor e tratar vossos súditos com eqüidade, a fim de demonstrardes plenamente, a toda a humanidade, vosso alto senso de justiça?
Deus entregou às vossas mãos as rédeas do governo do povo, para que o regêsseis com justiça, salvaguardando os direitos dos espezinhados e punindo os malfeitores. Se descuidardes do dever que Deus vos prescreveu em Seu Livro vossos nomes serão contados com os daqueles que, a Seu ver, são injustos. Lastimável, em verdade, será vosso erro. Quereis vós aderir àquilo que vossas imaginações maquinaram e jogar atrás de vós os mandamentos de Deus, o Excelso, o Inatingível, o Predominante, o Todo-Poderoso? Rejeitai as coisas que possuís e segurai-vos àquilo que Deus vos mandou observar. Buscai Sua graça, pois quem a busca, trilha Seu Caminho reto.
Considerai o estado em que Nos encontramos e vede os males e desgostos que Nos têm atribulado. Não Nos desatendais, nem sequer por um momento, e julgai entre Nós e Nossos inimigos com eqüidade. Isto, certamente, vos será uma vantagem manifesta. Assim vos contamos Nossa história e relatamos as coisas que Nos sobrevieram, para que Nos aliviásseis de Nossos sofrimentos e diminuísseis Nossa aflição. Quem queira, que Nos livre de Nossa tribulação; e quanto àquele que não queira, Meu Senhor é, seguramente, o melhor dos auxiliadores.
Adverte e informa o povo, ó Servo, das coisas que Nós fizemos descer para Ti; não deixes o medo de ninguém Te desalentar e não sejas dos que vacilam. Aproxima-se o dia em que Deus terá exaltado Sua Causa e enaltecido Seu testemunho aos olhos de todos os que estão nos céus e todos os que estão na terra. Sob todas as circunstâncias, põe Tua inteira confiança em Teu Senhor e n'Ele fixa Teu olhar e afasta-Te de todos os que repudiam Sua verdade. Que Deus, Teu Senhor, seja Teu socorro suficiente, Teu auxiliador. Nós Nos comprometemos a segurar Teu triunfo na terra e a enaltecer Nossa Causa acima de todos os homens, ainda que não seja encontrado nenhum rei que queira para Ti volver sua face.

CXVII. O Grande Ser, desejando revelar os requisitos da paz e tranqüilidade do mundo e do progresso de seus povos, escreveu: Há de vir o tempo em que se compreenda universalmente a necessidade imperiosa de se convocar uma vasta assembléia de homens - assembléia essa, que a todos abranja. Os governantes e reis da terra devem forçosamente assisti-la e, participando de suas deliberações, considerar tais meios e modos que possam lançar entre os homens os alicerces da Grande Paz do mundo. Tal paz exige que as Grandes Potências resolvam, para a tranqüilidade dos povos da terra, reconciliar-se plenamente entre si. Se algum rei empregar armas contra outro, todos unidos deverão levantar-se e impedi-lo. Se isto for feito, as nações do mundo não mais precisarão de armamentos, exceto a fim de preservar a segurança de seus domínios e manter ordem interna dentro de seus territórios. Isto assegurará a paz e sossego de cada povo, governo e nação. Esperaríamos que os reis e governantes da terra, espelhos que são do benévolo e onipotente nome de Deus, possam atingir este grau e proteger a humanidade contra a investida da tirania... Aproxima-se o dia em que todos os povos do mundo terão adotado um idioma universal e uma escrita comum. Quando isto for realizado, não importa a que cidade um homem viajar, será como se estivesse entrando em sua própria casa. Estas coisas são obrigatórias e absolutamente essenciais. Incumbe a todo homem de percepção e compreensão esforçar-se por traduzir para a realidade e ação aquilo que foi escrito... É homem, verdadeiramente, quem hoje se dedica ao serviço da humanidade inteira. Diz o Grande Ser: Bem-aventurado e feliz é aquele que se levanta para promover os melhores interesses dos povos e raças da terra. Em outra passagem, Ele proclamou: Que não se vanglorie quem ama seu próprio país, mas sim, quem ama o mundo inteiro. A terra é apenas, um país, e o gênero humano, seus cidadãos.

CXVIII. Não ponhais de lado o temor a Deus, ó reis da terra, e guardai-vos de transgredir os limites fixados pelo Todo-Poderoso. Observai os preceitos que vos foram impostos em Seu Livro e acautelai-vos para que não ultrapasseis seus confins. Sede vigilantes, para não fazerdes injustiça a pessoa alguma, nem que seja nos limites de um grão de mostarda. Trilhai a vereda da justiça, pois esta, em verdade, é o caminho reto.
Ajustai vossas diferenças e reduzi vossos armamentos, a fim de que seja diminuído o peso de vossos desembolsos, e vossas mentes e corações se possam tranqüilizar. Saneai as dissensões que vos dividem e não mais necessitareis de armamentos, salvo o que for exigido para a proteção de vossas cidades e vossos territórios. Temei a Deus e guardai-vos de exceder os limites da moderação e ser incluídos no número dos extravagantes.
Fomos informados de que aumentais vossos gastos a cada ano e pondes o peso disso sobre vossos súditos. É, em verdade, mais do que podem suportar e é uma injustiça lamentável. Tomai decisões justas entre os homens; sede entre eles os emblemas da justiça. Isso, se julgardes eqüitativamente, é a coisa que vos convém, que é digna de vossa posição.
Guardai-vos de tratar de um modo injusto aquele que vos fizer apelo ou que buscar amparo à vossa sombra. Segui o caminho do temor a Deus e sede dos que têm uma vida piedosa. Não dependais de vosso poder, de vossos exércitos e tesouros. Ponde toda a vossa confiança em Deus, Quem vos criou, e em tudo buscai Sua assistência. D'Ele, somente, vem socorro. Ele ajudará a quem Lhe aprouver, com as hostes dos céus e da terra.
Sabei que os pobres são a incumbência de Deus em vosso meio. Tomai cuidado para não trairdes Sua incumbência, para não os tratardes com injustiça nem seguirdes os caminhos dos traiçoeiros. Com absoluta certeza, havereis vós de responder por Sua incumbência no dia em que for ajustada a Balança da justiça, no dia em que cada um receberá o que merece e se pesarão os atos de todos os homens, sejam ricos ou pobres.
Se não atenderdes aos conselhos que Nós vos revelamos nesta Epístola, em linguagem incomparável e inequívoca, o castigo divino haverá de vos atacar de todos os lados e a sentença de Sua justiça será pronunciada contra vós. Naquele dia, não tereis o poder de Lhe resistir e reconhecereis vossa própria incapacidade. Tende compaixão de vós próprios e daqueles debaixo de vosso domínio. Julgai entre eles segundo as normas prescritas por Deus em Sua sacratíssima e excelsa Epístola - Epístola na qual Ele designou para cada coisa sua medida fixa e deu com clareza uma explicação de todas as coisas e a qual é, em si, uma advertência aos que n'Ele crêem.
Examinai Nossa Causa, informando-vos das coisas que Nos sobrevieram e decidindo com justiça entre Nós e Nossos inimigos, e sede dos que tratam seu próximo com eqüidade. Se não detiverdes a mão do opressor, se deixarás de salvaguardar os direitos dos espezinhados, tereis razão, pois, de vos ufanar entre os homens? De que podeis com justiça vos jactar? Será de vosso alimento e vossa bebida que vos orgulhais, das riquezas que acumulais em vossos tesouros, ou da variedade e do valor dos ornamentos com que vos adornais? Fosse a glória verdadeira consistir na posse de coisas tão perecedouras, então a terra sobre a qual andais, deveria vangloriar-se sobre vós, pois é ela que vos supre e concede mesmo essas coisas, segundo o decreto do Todo-Poderoso. Nas entranhas da terra está contido tudo o que vós possuís, segundo Deus ordenou. Dela extraís - como sinal de Sua misericórdia - vossas riquezas. Vede, pois, vosso estado, a coisa de que vos gloriais! Oxalá pudésseis perceber isto!
Não, por Aquele que segura na mão o domínio da criação inteira! Em parte alguma reside vossa glória verdadeira e imperecível, senão em vossa firme adesão aos preceitos de Deus, vossa sincera observância às Suas leis, vossa resolução de não permitir que elas permaneçam sem efeito e de seguir fielmente o caminho certo.

CXIX. Ó vós governantes da terra! Por que anuviastes o esplendor do Sol e o impedistes de se irradiar? Escutai o conselho que vos foi dado pela Pena do Altíssimo, para que talvez tanto vós como os pobres, possam atingir tranqüilidade e paz. Suplicamos a Deus que ajude os reis da terra a estabelecerem nessa terra, a paz. Ele, verdadeiramente, faz o que deseja.
Ó reis da terra! Nós vos vemos aumentardes, todos os anos, vossos gastos, cujo peso pondes sobre vossos súditos. Isso, em verdade, é flagrante e inteiramente injusto. Temei, os suspiros e as lágrimas deste Injuriado e não ponhais encargos excessivos sobre vossos povos. Não lhes roubeis a fim de erguerdes palácios para vós; não, antes, escolhei para eles o que escolheis para vós mesmos. Assim desdobramos ante vossos olhos o que vos é proveitoso - se apenas o percebêsseis. Vossos povos são vossos tesouros. Acautelai-vos para que vosso governo não viole os mandamentos de Deus, e não entregueis vossos tutelados as mãos do ladrão. Por eles é que governais, por meio deles subsistis, pela sua ajuda ganhais vossas vitórias. No entanto, com que desdém olhais para eles! Que estranho, muito estranho!
Agora que recusastes a Paz Maior, segurai-vos a essa, a Paz Menor, a fim de que talvez possais melhorar em algum grau vossa própria condição e a daqueles que de vós dependem.
Ó governantes da terra! Sede reconciliados entre vós, para que não mais necessiteis de armamentos, salvo na medida precisa a fim de proteger vossos territórios e domínios. Guardai-vos de desatender o conselho do Onisciente, do Fiel.
Uni-vos, ó reis da terra, pois assim a tempestade da discórdia se aquietará entre vós e vosso povo encontrará sossego - se sois dos que compreendem. Se alguém dentre vós lançar mão de armas contra outro, levantai-vos todos contra ele, pois isso nada mais é que justiça manifesta.

CXX. Ó vós, os representantes eleitos do povo em todas as terras! Aconselhai-vos juntos e considerai somente o que possa trazer proveito à humanidade e lhe melhorar a condição, se sois dos que perscrutam atentamente. Vede o mundo como o corpo humano, o qual, embora inteiro e perfeito no tempo de sua criação, tem sido afligido, por várias causas, com graves males e doenças. Nem por um só dia obteve sossego; ao contrário, sua enfermidade tornou-se mais severa, pois foi sujeitado ao tratamento, de médicos inábeis, que se entregavam completamente a seus desejos pessoais e erraram de um modo lastimável. E se, em uma ocasião, através do cuidado de um médico capaz, um membro desse corpo foi curado, os outros continuavam aflitos como antes. Assim vos informa o Onisciente, a Suma Sabedoria.
Nós o vemos, neste dia, à mercê de governantes tão embriagados de orgulho que não podem discernir claramente sua própria maior vantagem, muito menos reconhecer uma Revelação tão deslumbrante e desafiadora como esta. E sempre que qualquer um deles se esforçava por lhe melhorar a condição, seu motivo era seu próprio proveito, quer confessasse isto ou não; e a indignidade desse motivo limitou seu poder de sanear ou curar.
O que o Senhor ordenou como o remédio soberano e o mais poderoso instrumento para a cura do mundo inteiro é a união de todos os seus povos em uma Causa Universal, em uma Fé comum. Isso de modo algum se há de realizar, salvo através do poder de um Médico hábil, onipotente e inspirado. Isto, deveras, é a verdade, e tudo mais não é senão erro.

CXXI. Dize: Ó vós que Me tendes inveja e almejais Me injuriar! Que a fúria de vossa ira contra Mim vos confunda! Eis, o Sol da Glória se levantou acima do horizonte de Minha Revelação e envolveu com seu esplendor a humanidade inteira. E no entanto, vede como vos excluístes de seu brilho e estais mergulhados em completa negligência. Apiedai-vos de vós mesmos e não repudieis a pretensão d'Aquele Cuja verdade, já reconhecestes, e não sejais dos que transgridem.
Pela justiça do Deus Uno e Verdadeiro! Se rejeitardes esta Revelação, todas as nações da terra haverão de vos ridicularizar e ludibriar, porque fostes vós quem, diante de seus olhos e a fim de vindicardes a verdade de vossa Causa, produzistes os testemunhos de Deus, o Protetor Soberano, o Mais Poderoso, o Todo-Glorioso, o Onisciente. Entretanto, mal descera para vós Sua Revelação subseqüente, vestida com a glória de uma soberania predominante, quando a jogastes atrás de vós, ó vós que estais incluídos no número dos desatentos!
Como! Credes, em vossos corações, que possuis o poder de extinguir o brilho do Sol ou lhe eclipsar o esplendor? Não, por Minha vida! Jamais podereis, jamais havereis de atingir vosso objetivo, ainda que convoqueis em vosso auxílio tudo o que está nos céus e tudo o que está na terra. Andai no temor a Deus e não torneis vãs as vossas obras. Inclinai vossos ouvidos às Suas palavras e não sejais dos que estão excluídos d'Ele como se fosse por um véu. Dize: Deus é Minha Testemunha! Nada em absoluto tenho desejado para Mim mesmo. O que tenho desejado é a vitória de Deus e o triunfo de Sua Causa. Ele Próprio é testemunha suficiente entre vós e Mim. Fosseis vós limpar os olhos, perceberíeis prontamente como Meus atos atestam a verdade de Minhas palavras, como Minhas palavras são um indício de Meus atos.
Cegos são vossos olhos! Não percebestes vós a grandeza do poder de Deus e de Sua soberania? Não contemplastes Sua majestade e glória? Infelizes vós, congregação dos maliciosos e invejosos! Escutai as Minhas palavras e não tardeis, nem que seja por menos de um momento. Assim vos ordena Aquele que é a Beleza do Todo-Misericordioso, para que, porventura, vos possais desprender das coisas que possuis e ascender até as alturas donde se vos descubra a criação inteira abrigada à sombra de Sua Revelação.
Dize: Não há lugar de refúgio para vós, nem asilo para onde possais fugir; não há quem, neste Dia, vos possa defender ou proteger da fúria da ira de Deus e de Seu veemente poder, salvo se, e até que, busqueis a sombra de Sua Revelação. É esta, em verdade, Sua Revelação que se vos manifestou na pessoa deste Jovem. Glorificado, pois, seja Deus, por tão fulgente, tão preciosa, tão maravilhosa visão.
Desprendei-vos de tudo, salvo de Mim, e volvei vossa face à Minha face, pois isto vos é melhor do que as coisas que possuis. A Língua de Deus atesta a verdade de Minhas palavras, através de Minha própria Palavra, que diz a verdade e abrange e compreende todos as coisas.
Dize: Pensais vós que vossa lealdade à Sua Causa possa em qualquer tempo Lhe trazer proveito, ou vosso repúdio de sua verdade Lhe causar algum prejuízo? Não, por Mim mesmo, o Predominante, o Inatingível, o Altíssimo! Rompei os véus dos nomes e derrubai-lhes o domínio. Por Minha Beleza! Veio Aquele que é o Monarca de todos os nomes, Aquele a Cujo mando foi criado cada nome, desde o princípio que não tem princípio, Aquele que haverá de continuar a criá-los do modo que Lhe aprouver. Ele, em verdade, é o Onipotente, a Suma Sabedoria.
Acautelai-vos para não despirdes as vestes da guia Divina. Sorvei até vos saciardes, do Cálice que os Jovens do Céu ergueram acima de vossas cabeças. Assim vos ordena Aquele que vos tem mais misericórdia do que vós tendes de vós mesmos, Aquele que nenhuma recompensa vos pede, nenhum agradecimento. Sua recompensa provém d'Aquele que, através do poder da verdade, O fez descer a vós e O escolheu e proclamou como Seu próprio Testemunho a toda a criação. Ele é Quem O capacitou a manifestar todos os Seus sinais. Tornai a contemplar, a fim de perceberdes as coisas às quais a Língua do Ancião dos Dias vos convocou, para que talvez sejais dos que apreenderam a verdade. Já ouvistes, alguma vez, relatado pelos vossos pais em tempos idos, ou pelas gerações que os precederam, mesmo até o primeiro Adão, que alguém vindo nas nuvens da Revelação - investido de soberania manifesta e transcendente, tendo à sua direita o Reino de Deus e à sua esquerda todo o poder e glória de Seu domínio eterno, alguém precedido pelas hostes de Deus, o Onipotente, o Predominante, o Mais Poderoso, e pronunciando continuamente versículos cujo significado as mentes dos mais eruditos e sábios dos homens não têm o poder de sondar - pudesse, contudo, ser portador de uma mensagem que não fosse de Deus? Sede discernentes, então, e dizei a verdade, a verdade mesma, se pretendeis ser verazes e magnânimos.
Dize: Os versículos que temos revelado são tão numerosos como aqueles que, na Revelação anterior, se fizeram descer sobre o Báb. Se alguém duvida das palavras que o Espírito de Deus pronunciou, que ele procure a corte de Nossa Presença e ouça Nossos versículos divinamente revelados e seja testemunha ocular da prova clara de Nossa pretensão.
Dize: Pela justiça do Onipotente! Tornou-se repleta a medida dos favores de Deus, Sua Palavra foi aperfeiçoada, a luz de Seu semblante revelou-se, Sua soberania abrangeu a criação inteira, a glória de Sua Revelação tornou-se manifesta, e Suas graças choveram sobre toda a humanidade.

CXXII. O homem é o Talismã supremo. A falta da devida educação, porém, privou-o daquilo que ele inerentemente possui. Através de uma palavra procedente da boca de Deus, foi ele chamado à existência; por mais uma palavra, foi guiado a reconhecer a Fonte de sua educação; por ainda outra palavra, seu grau e destino foram salvaguardados. Diz o Grande Ser: Considerai o homem, como uma mina rica em jóias de inestimável valor. A educação, tão somente, pode fazê-la revelar seus tesouros e habilitar a humanidade a tirar dela algum benefício. Fosse algum homem meditar sobre aquilo que foi revelado pelas Escrituras que desceram do céu da santa Vontade de Deus, ele haveria de reconhecer prontamente ser seu propósito fazer com que todos os homens sejam considerados como uma só alma, de modo que o selo inscrito com as palavras "O Reino haverá de ser de Deus" se imprima em cada coração, e a luz da bondade, misericórdia e graças Divinas possa envolver toda a humanidade. O Deus Uno e Verdadeiro - exaltado seja Sua glória - nada tem desejado para Si. A lealdade do gênero humano não O beneficia, nem pode sua perversidade Lhe trazer dano. A Ave do Domínio das Palavras articula continuamente este chamado: "Todas as coisas tenho Eu desejado para ti, e a ti, igualmente, para teu próprio bem." Se os eruditos e os homens versados nos conhecimentos do mundo, nesta era, permitissem à humanidade inalar a fragrância da amizade e do amor, todo coração compreensível apreenderia a significação da verdadeira liberdade e descobriria o segredo da paz que nada perturbasse e da absoluta tranqüilidade. Fosse a terra atingir esse grau e se iluminar com essa luz, dela se poderia dizer, verdadeiramente: "Não haverás tu de ver nela cavidade alguma, nem colinas que se ergam."

CXXIII. As gerações que vos precederam - para onde fugiram? E aqueles a cujo redor circulavam, na vida, os mais belos e encantadores da terra, onde estão agora? Aproveitai-vos de seu exemplo, ó povo, e não sejais dos que se desviaram.
Outros, em breve, se apoderarão daquilo que vós possuís e entrarão em vossas moradas. Inclinai vossos ouvidos às Minhas palavras e não sejais contados entre os insensatos.
Para cada um de vós o dever de suma importância é escolher para si aquilo que nenhum outro possa infringir nem usurpar. Tal coisa - e disso o Onipotente é Minha testemunha - é o amor de Deus, pudésseis vós apenas o perceber.
Construí para vós casas tais que a chuva e os dilúvios jamais as possam destruir, casas que vos protejam das alterações e vicissitudes desta vida. Eis a instrução d'Aquele a Quem o mundo injuriou e abandonou.

CXXIV. Como é maravilhosa a unidade do Deus Vivente, Sempiterno - uma unidade que se eleva acima de todas as limitações, que transcende a compreensão de todas os coisas criadas! Desde sempre tem Ele vivido em Sua inacessível morada de santidade e glória, e eternamente continuará Ele a estar entronizado nas alturas de Sua independente soberania e grandeza. Quão sublime é Sua incorruptível Essência, quão completamente independe do conhecimento de todas as coisas criadas, e como será imensa, para sempre, sua exaltação acima do louvor de todos os habitantes dos céus e da terra!
A cada coisa criada, confiou Ele um sinal de Seu conhecimento, proveniente do manancial excelso e da essência de Seu favor e generosidade, de modo que nenhuma de Suas criaturas fosse privada do quinhão que lhe cabia em expressar - cada uma de acordo com a capacidade e o grau - esse conhecimento. Este sinal é o espelho de Sua beleza no mundo da criação. Quanto maior o esforço que se fizer para o polimento desse sublime e nobre espelho, mas fielmente se poderá fazê-lo refletir a glória dos nomes e atributos de Deus e revelar as maravilhas de Seus sinais e Seu conhecimento. A toda coisa criada se possibilitará (tão grande é esse poder de refletir) revelar as potencialidades de seu grau preordenado; cada coisa reconhecerá sua capacidade e suas limitações e atestará a verdade de que "Ele, verdadeiramente, é Deus; não há outro Deus além d'Ele."...
Sem a menor dúvida, em conseqüência dos esforços que todo homem pode fazer, conscientemente, e como resultado do exercício de suas próprias faculdades espirituais, esse espelho pode a tal ponto se livrar da escória das contaminações terrenas e se purificar das fantasias satânicas, que venha a aproximar-se dos prados da santidade eterna e atingir as cortes da perene amizade. De acordo, porém, com o princípio de que para cada coisa foi determinado um tempo, e para cada fruta se ordenou uma estação, é nos Dias de Deus que as energias latentes dessa graça podem melhor ser libertadas e somente nestes Dias é que a glória vernal dessa dádiva se pode manifestar. Embora possa cada dia ser investido de seu quinhão preordenado da maravilhosa graça de Deus, os Dias associados imediatamente ao Manifestante de Deus possuem uma distinção única e ocupam uma posição que mente alguma jamais poderá compreender. Tal é a virtude neles infundida, que, se os corações de todos os que habitam nos céus e na terra fossem, nesses dias de infindável deleite, postos face a face com aquele Sol de perene glória e em harmonia com Sua Vontade, cada um se acharia elevado acima de todas as coisas terrenas, radiante com Sua luz e santificado através de Sua graça. Salve essa graça que nenhuma bênção, por maior que seja, pode exceder, e toda honra a tal benevolência, cujo igual jamais foi visto pelos olhos da criação! Exaltado está Ele acima daquilo que Lhe atribuem ou sobre Ele relatam!
É por esta razão que, nesses dias, jamais homem algum necessitará de seu vizinho. Já foram dadas provas abundantes de que, nesse Dia divinamente marcado, a maioria dos que buscaram e atingiram Sua santa corte revelou tão grande conhecimento e sabedoria, que - a não ser estas mesmas almas sagradas e santificadas - ninguém, não importa por quanto tempo tenha ensinado ou estudado, jamais compreendeu uma só gota deste conhecimento e nenhuma haverá de compreender. É em virtude deste poder que os bem-amados de Deus, nos dias da Manifestação do Sol da Verdade, são enaltecidos acima de toda a erudição humana e dela se tornam independentes. Ainda mais, de seus corações e das nascentes de seus poderes inatos tem jorrado incessantemente a mais intima essência da erudição e sabedoria humanas.

CXXV. Ó Meu irmão! Quando aquele que verdadeiramente deseja, resolve dar o passo da busca no caminho que conduz ao conhecimento do Ancião dos Dias, ele deve, antes de tudo, purificar seu coração, que é a sede da revelação dos íntimos mistérios de Deus - deve livrá-lo do pó de todo o conhecimento adquirido que o obscurece e das alusões daqueles que personificam a fantasia satânica. Terá que purificá-lo de toda contaminação, pois é o santuário do amor perene do Bem-Amado, e santificar sua alma de tudo o que pertença à água e ao barro, de todos os laços nebulosos e efêmeros. A tal ponto deverá ele purificar seu coração, que vestígio algum, seja de amor ou de ódio, nele permaneça, para que esse amor não o incline cegamente ao erro, nem tampouco esse ódio o repila da verdade. Assim mesmo tu testemunhas, neste Dia, como a maior parte do povo, por causa desse amor ou desse ódio, se priva da Face imortal, tendo-se desviado para longe das Personificações dos mistérios divinos, e vagueia, sem pastor, nas solidões do esquecimento e do erro.
Aquele que busca deve, em todos os tempos, pôr em Deus sua confiança, renunciar aos povos da terra, desprender-se do mundo do pó e apoiar-se n'Aquele que é o Senhor dos Senhores. Jamais quererá enaltecer-se a si próprio acima de qualquer outro; deverá apagar da tábua de seu coração todo traço de orgulho e vanglória, firmar-se na paciência e na resignação, guardar silêncio e abster-se de palavras vãs. Pois a língua é um fogo em brasas; o excesso de palavras, um veneno mortal. O fogo material consome o corpo, enquanto o fogo da língua devora tanto o coração como a alma. A força do primeiro dura apenas pouco tempo, mas os efeitos do último persistem por um século.
Esse que busca deve, também, considerar a calúnia como um erro grave e manter-se afastado de seu domínio, desde que a calúnia apaga a luz do coração e extingue a vida da alma. Ele deve contentar-se com pouco e livrar-se de todo desejo desmedido. Deve estimar como um tesouro a companhia dos que renunciaram ao mundo, e ver que lhe traz um benefício precioso evitar os homens jactanciosos e mundanos. Incumbe-lhe, ao alvorecer de cada dia, comungar com Deus e perseverar de toda a alma na busca do Bem-Amado. Com a chama de Sua amorosa menção, deve ele consumir todo pensamento refratário e passar, com a celeridade do relâmpago, por tudo, salvo Ele. É seu dever socorrer aos desvalidos e nunca negar aos necessitados seu favor. Cumpre-lhe mostrar bondade para com os animais; quanto mais para com seu semelhante, para aquele dotado do poder da expressão. Não deve ele hesitar em oferecer sua vida pelo Bem-Amado, nem permitir que a censura do povo o desvie da Verdade. Que não deseje para os outros o que não deseja para si próprio, nem prometa o que não cumpre. De todo coração deve evitar associação com malfeitores e orar para que lhes sejam remidos os pecados. Deve perdoar o pecador e jamais desprezá-lo por causa de seu baixo estado, pois ninguém sabe qual será seu próprio fim. Quantas vezes um pecador, na hora em que se aproxima da morte, atinge a essência da fé e, sorvendo a porção imortal, alça seu vôo para a Assembléia nas alturas! E quantas vezes um fervoroso crente, na hora da ascensão de sua alma, se transforma a ponto decair no mais ínfimo fogo!
É Nosso desígnio, ao revelarmos estas palavras convincentes e ponderáveis, imprimir na consciência daquele que busca, seu dever de considerar como transitório tudo, salvo Deus, e de avaliar como simplesmente nada, todas as coisas, a não ser Aquele que é o Objeto de toda adoração.
Eis o que figura entre os atributos dos seres elevados e constitui a distinção dos espiritualistas. Já foram mencionados com referência aos requisitos para os peregrinos que trilham a Vereda do Conhecimento Positivo. Quando o peregrino desprendido, que sinceramente almeja, tiver cumprido essas condições essenciais, então e somente então poderá ele ser contado entre aqueles que em verdade buscam. Sempre que tenha cumprido as condições entendidas no versículo: "Qualquer um que faça esforços por Nós", haverá ele de fruir da bênção conferida nas palavras: "Em Nossos caminhos, seguramente, Nós o guiaremos."
Somente quando a lâmpada da busca, do esforço zeloso, do anelo, da apaixonada devoção, do amor fervoroso, do enlevo, do êxtase, for acesa no coração de quem almeja, e a brisa de Sua benevolência lhe soprar na alma, serão dispersas as trevas do erro e dissipadas as neblinas das dúvidas e desconfianças, e as luzes do conhecimento e da certeza envolverão todo o seu ser. Nessa hora, o Arauto Místico, trazendo as jubilosas novas do Espírito, luzirá da Cidade de Deus, resplendente como o amanhecer, e pelo toque de trombeta da sabedoria, despertará de seu sono de negligência o coração, a alma e o espírito. Então os múltiplos favores e as graças emanadas do santo e eterno Espírito, conferirão uma nova vida àquele que busca, a ponto de ele verificar que foi dotado de nova visão e de um ouvido novo, de um novo coração e de uma mente nova. Ele contemplará os sinais manifestos do universo e haverá de penetrar nos mistérios ocultos da alma. Fitando com os olhos de Deus, perceberá dentro de cada átomo uma porta que o conduz aos níveis da certeza absoluta. Descobrirá em todas as coisas os mistérios da Revelação Divina e as evidências de uma Manifestação imperecedoura.
Afirmo por testemunho de Deus! Se aquele que trilha o reto caminho e procura ascender às alturas da justiça, lograsse alcançar este grau glorioso e excelso, ele inalaria a fragrância de Deus a uma distância de mil léguas e presenciaria o surgir da esplendorosa manhã de uma Guia divina acima da Aurora de todas as coisas. Toda e qualquer coisa, por menor que fosse, lhe seria uma revelação, conduzindo-o no Bem-Amado, o Objeto de sua busca. Tão grande será o discernimento de quem busca, que ele poderá discriminar entre a verdade e a mentira, do mesmo modo que distingue entre o sol e a sombra. Se as doces fragrâncias de Deus forem emitidas dos mais longínquos recantos do Oriente, ele, seguramente, reconhecerá e inalará seu perfume, ainda que habite nas mais remotas regiões do Ocidente. Discernirá também, claramente, todos os sinais de Deus - Suas admiráveis palavras, Suas grandes obras, Seus atos poderosos - distinguindo-os das ações e palavras e do comportamento dos homens, semelhante ao joalheiro que conhece a jóia no meio das pedras sem valor, ou àquele que distingue a primavera do outono, e o calor do frio. Quando a alma humana se tiver libertado de todos os laços obstrutores deste mundo, haverá de perceber, infalivelmente, o alento do Bem-Amado através de imensuráveis distâncias e, guiada por seu perfume, alcançar a Cidade da Certeza e nela entrar.
Ali discernirá ele as maravilhas de Sua sabedoria antiga, no farfalhar das folhas da Árvore que floresce nessa Cidade, perceberá todos os ensinamentos ocultos. Com os ouvidos interiores, bem com os exteriores, ouvirá de seu pó os hinos de glória e louvor ascendendo ao Senhor dos Senhores, e com os olhos interiores descobrirá os mistérios da "volta" e da "revivescência".
Quão indizivelmente gloriosos são os sinais, as revelações e os esplendores destinados a essa Cidade por Aquele que é o Rei dos Nomes e Atributos! Ao alcançar essa Cidade, se satisfaz a sede sem água, e sem fogo se acende a chama do amor de Deus. Cada folha de grama encerra os mistérios de uma Sabedoria inescrutável, e sobre cada roseira, miríades de rouxinóis, em êxtase jubiloso, emitem sua melodia. Suas tulipas maravilhosas desvelam o mistério do Fogo imorredouro na Sarça Ardente, e suas doces fragrâncias de santidade transmitem o perfume do Espírito Messiânico. A riqueza é conferida sem ouro; a imortalidade, sem morte. Em cada uma de suas folhas estão entesouradas delícias inefáveis; dentro de cada aposento, mistérios sem conta jazem ocultos.
Aqueles que se empenham valorosamente na busca de Deus, uma vez que hajam renunciado a tudo, menos a Ele, afeiçoar-se-ão a essa Cidade e tanto se lhe prenderão, que lhes seria inconcebível uma separação por um momento sequer. Provas infalíveis escutarão eles do jacinto dessa assembléia e, da beleza de sua Rosa e da melodia de seu Rouxinol, receberão os testemunhos mais seguros. Uma vez em cerca de mil anos, haverá essa Cidade de se renovar e novamente ser adornada...
Essa Cidade não é senão a Palavra de Deus revelada em cada era. No tempo de Moisés, foi o Pentateuco; no de Jesus, o Evangelho; no de Maomé, o Mensageiro de Deus, o Alcorão, neste dia, o Bayán, e na era d'Aquele que Deus tornará manifesto, Seu próprio Livro - Livro este, ao qual todos os Livros das eras anteriores devem se referir, o Livro que sobressai entre todos eles, transcendente e supremo.

CXXVI. Qualquer que seja o lugar para onde formos banidos, por grande que seja a tribulação que sofrermos, aqueles que são o povo de Deus deverão, com resolução firme e confiança perfeita, manter os olhos dirigidos ao Alvorecer da Glória e se ocupar em qualquer coisa que conduza à melhora do mundo e à educação de seus povos. Tudo o que Nos tem sucedido no passado promoveu os interesses de Nossa Revelação e lhe alardeou a fama; e tudo o que Nos possa suceder no futuro, terá um resultado semelhante. Apegai-vos, do íntimo de vossos corações, à Causa de Deus - uma Causa que Aquele que a tudo ordena, o Onisciente, fez descer. Nós, com a maior benevolência e misericórdia, temos convocado todos os povos e nações e os dirigido àquilo que verdadeiramente lhes possa ser proveitoso.
O Sol da Verdade que brilha em seu esplendor meridiano Nos dá testemunho! Os que são o povo de Deus nenhuma ambição alimentam senão a de revivificar o mundo, lhe enobrecer a vida e regenerar os povos. Veracidade e boa vontade têm, em todos os tempos, lhes distinguido as relações com todos os homens. Sua conduta exterior é apenas um reflexo de sua vida interior, e esta um espelho de sua conduta exterior. Véu algum esconde ou obscurece as verdades em que sua Fé se acha estabelecida. Diante dos olhos de todos os homens estas verdades foram expostas e podem ser reconhecidas inequivocamente. Seus próprios atos demonstram a verdade destas palavras.
Todos os olhos discernentes podem, neste Dia, perceber a luz matinal da Revelação de Deus; cada ouvido atento pode reconhecer a Voz que se fez ouvir da Sarça Ardente. Tal é o ímpeto das águas da Misericórdia Divina, que Aquele que é o Alvorecer dos sinais de Deus e o Revelador das evidências de Sua glória está se associando, sem véu ou ocultação, com os povos e raças da terra e com eles conversando. Como eram numerosos aqueles que, com seus corações cheios de malícia, procuravam Nossa Presença e dela partiam, Nossos amigos amorosos e leais! Os portais da graça estão abertos de par em par diante da face de todos os homens. Em Nossas relações exteriores com eles, temos tratado de um modo igual o homem reto e o pecador, para que o malfeitor possa, porventura, atingir o oceano ilimitado do perdão Divino. Nosso nome "O Ocultador" derramou tal luz sobre os homens, que o refratário tem imaginado que ele estivesse incluído no número dos piedosos. A ninguém que Nos procura, jamais desapontaremos; tampouco o acesso à Nossa corte será negado àquele que a Nós tiver dirigido a face...
Ó amigos! Auxiliai ao Deus Uno e Verdadeiro - exaltada seja Sua glória - com vossas boas ações, com tal conduta e caráter que a Seu ver sejam aceitáveis. Quem aspira a ser um auxiliador de Deus, neste Dia, deve fechar os olhos para qualquer coisa que ele possua e abri-los para as coisas que a Deus pertencem. Que deixe de se ocupar com aquilo que seja em seu próprio benefício e se interesse naquilo que há de exaltar o nome predominante do Todo-Poderoso. Ele deve purificar seu coração de todas as paixões más e desejos corruptos, pois o temor a Deus é a arma que o pode tornar vitorioso, o instrumento primário com o qual lhe será possível atingir seu propósito. O temor a Deus é o escudo que defende Sua Causa, o broquel que capacita o Seu povo a alcançar a vitória. É um estandarte que homem algum pode rebaixar, uma força que por nenhum poder será rivalizado. Com seu auxílio, e com a permissão d'Aquele que é o Senhor dos Exércitos, os que se aproximarem de Deus puderam subjugar e conquistar as cidadelas dos corações dos homens.

CXXVII. Se for vosso desejo, ó povo, conhecer a Deus e descobrir a grandeza de Seu poder, olhai então para Mim com Meus próprios olhos e não com os olhos de qualquer um além de Mim. De outro modo, jamais Me podereis reconhecer, ainda que pondereis Minha Causa enquanto durar o Meu Reino e mediteis sobre todas as coisas criadas por toda a eternidade de Deus, o Senhor Soberano de todos, o Onipotente, o Sempiterno, o Onisciente. Assim temos Nós manifestado a verdade de Nossa Revelação, para que, porventura, o povo desperte de sua negligência e seja dos que compreendem.
Contemplai o baixo estado desses homens que bem sabem como Me ofereci e também ofereci Meus parentes, no caminho de Deus e para a preservação de sua fé n'Ele, e que percebem claramente como Meus inimigos Me assediaram, nos dias em que os corações dos seres humanos se amedrontavam e tremiam, quando eles se ocultavam dos olhos dos bem-amados de Deus e de Seus inimigos e se ocupavam em garantir sua própria segurança e paz.
Conseguimos, afinal, manifestar a Causa de Deus, exaltando-a tão eminente posição que todo o povo - exceto aqueles que nutriam em seus corações malevolência contra este Jovem e associaram companheiros ao Onipotente - admitiu a soberania de Deus e Seu poderoso domínio. E todavia, não obstante esta Revelação cuja influência penetrou todas as coisas criadas e, a despeito do esplendor desta Luz, cujo igual jamais foi visto por qualquer um deles, testemunhai como o povo do Bayán Me negou e Comigo contendeu. Alguns se afastaram do Caminho de Deus, rejeitaram a autoridade d'Aquele em Quem haviam acreditado e agiram com insolência para com Deus, o Mais Poderoso, o Supremo Protetor, o Excelso, o Mais Grandioso. Outros hesitaram e pararam em Seu Caminho, e a Causa do Criador, em sua mais íntima verdade, eles a consideraram como inválida, a não ser que fosse substanciada pela aprovação daquele que foi criado através da operação de Minha Vontade. Assim as suas obras foram reduzidas ao nada e, no entanto, eles deixaram de percebê-lo. Entre eles se encontra quem tentou medir a Deus com a medida de seu próprio ser e foi tão confundido pelos nomes de Deus que contra Mim se levantou, Me condenou como alguém que merecia ser morto e a Mim imputou as mesmas ofensas que ele próprio cometera.
Portanto, expresso Meu pesar e Minha tristeza Àquele que Me criou e a Mim confiou Sua Mensagem. Rendo-Lhe graças e louvor pelas coisas que ordenou, pela Minha solidão e pela angústia que sofro nas mãos desses homens que para tão longe d'Ele se desviaram. Com paciência tenho sustentado e continuarei a sustentar as tribulações que Me tocaram, e porei Minha inteira confiança em Deus. A Ele suplicarei, dizendo: Guia Teus servos, ó Meu Senhor, à corte de Teu favor e bondade, e não permitas que sejam privados das maravilhas de Tua graça e de Tuas múltiplas bênçãos. Pois não sabem o que Tu lhes ordenaste em virtude de Tua misericórdia que abrange a criação inteira. Exteriormente, ó Senhor, são fracos e desvalidos; interiormente, são apenas órfãos. Tu és o Todo-Generoso, o Munificente, o Excelso, o Supremo. Não lances sobre eles, ó meu Deus, a fúria de Tua ira, e faze-os demorarem-se até o tempo em que as maravilhas de Tua misericórdia se tenham tornado manifestas, para que talvez possam a Ti regressar e de Ti pedir perdão pelas coisas que contra Ti cometeram. Em verdade, Tu és o Clemente, o Todo-Misericordioso.

CXXVIII. Dize: Convém a um homem enquanto pretende estar seguindo seu Senhor, o Todo-Misericordioso, cometer, todavia, de coração, os mesmos atos do Ente Mau? Não, mal lhe convém, e disso Aquele que é a Beleza do Todo-Glorioso me dará testemunho. Oxalá pudésseis compreendê-lo!
Purificai vossos corações do amor às coisas terrenas, vossas línguas de toda lembrança, salvo Sua lembrança, todo o vosso ser de qualquer coisa que vos possa impedir da contemplação de Sua face ou vos possa tentar a seguir as sugestões de vossos desejos maus e corruptos. Seja a Deus que temais, ó povo, e sede dos que trilham a senda da retidão.
Dize: Fosse vossa conduta, ó povo, contradizer o que é por vós professado, como pensais, então, poder distinguir-vos daqueles que, embora professando sua fé no Senhor seu Deus, recusaram reconhecê-Lo - logo que, na nuvem da santidade, Ele lhes veio - e Lhe repudiaram a verdade? Livrai-vos de todo apego a este mundo e suas vaidades. Acautelai-vos para que delas não vos aproximeis, desde que vos levam a ser guiados por vossa própria lascívia e vossos desejos cobiçosos, impedindo-vos de entrar no Caminho reto e glorioso.
Sabei vós que "o mundo" significa vosso estado de inconsciência d'Aquele que é vosso Criador, e vossa absorção em algo, que não seja Ele. A "vida vindoura", por outro lado, significa as coisas que vos fazem aproximar seguramente de Deus, o Todo-Glorioso, o Incomparável. Qualquer coisa que, neste Dia, vos impeça de amar a Deus, nada é senão o mundo. Fugi disso, para que sejais contados entre os bem-aventurados. Se um homem desejasse adornar-se com os ornamentos da terra, usar suas vestimentas ou participar dos benefícios que ela pode conceder, nenhum dano lhe poderia advir, se não permitisse que coisa alguma interviesse entre ele e Deus, pois Deus ordenou cada coisa boa, quer criada nos céus ou na terra, para aqueles de Seus servos que n'Ele, verdadeiramente, acreditam. Alimentai-vos, ó povo, com as boas coisas que Deus vos concedeu e não vos priveis de Suas graças maravilhosas. Rendei-Lhe agradecimentos e louvor e sede dos que são verdadeiramente gratos.
Ó tu que fugiste de teu lar em busca da presença de Deus! Proclama aos homens a Mensagem de teu Senhor, para que, porventura, os impeça de seguir aquilo que foi incentivado pelos seus desejos maus e corruptos, e os conduza à lembrança de Deus, o Excelso, o Supremo. Dize: Temei a Deus, ó povo, e abstende-vos de derramar o sangue de qualquer um. Não contendais com vosso próximo e sede dos que fazem o bem. Acautelai-vos para não cometerdes nenhuma desordem na terra depois de haver sido ela tão bem ordenada, e não sigais as pegadas dos que se desviaram.
Quem dentre vós se levantar para ensinar a Causa de seu Senhor, que ele, antes de tudo, ensine a si próprio, a fim de que suas palavras possam atrair os corações daqueles que o ouvem. A não ser que ensine a si próprio, as palavras procedentes de seus lábios não exercerão influência sobre o coração de quem busca. Atendei, ó povo, para que não sejais dos que dão bons conselhos aos outros mas se esquecem de seguí-los eles mesmos. As palavras de tais homens, e, além das palavras, as realidades de todas as coisas, e além dessas realidades, os anjos que estão perto de Deus, trazem contra eles a acusação de falsidade.
Se tal homem conseguisse, alguma vez, influenciar alguém, esse sucesso não deveria ser atribuído a ele e sim, antes, ao efeito das palavras de Deus, segundo decretado por Aquele que é o Todo-Poderoso, o Onisciente. Aos olhos de Deus, ele é considerado como uma lâmpada que emite sua luz e, no entanto, está sendo consumida todo o tempo dentro de si.
Dize: Não façais, ó povo, aquilo que possa trazer vergonha a vós ou desonrar a Causa de Deus aos olhos dos homens, nem sejais dos malfeitores. Não vos aproximeis das coisas que vossas mentes condenam. Evitai toda espécie de maldade, pois tais coisas vos são proibidas no Livro que ninguém toca, senão aquele que Deus limpou de toda mácula de culpa e incluiu no número dos purificados.
Sede justos a vós próprios e aos outros, a fim de que as evidências da justiça se revelem, através de vossos atos, entre Nossos servos fiéis. Acautelai-vos para que não usurpeis os bens de vosso próximo. Provai-vos dignos de sua fé e confiança em vós, e não negueis aos pobres as dádivas que a graça de Deus vos concedeu. Ele, verdadeiramente, recompensará os caridosos, e lhes retribuirá em dobro o que doaram. Não há outro Deus, senão Ele. Toda a criação e o império a ela inerente, Lhe pertencem. Ele concede Suas dádivas a quem Ele deseja, e a quem Ele deseja, as nega. Ele é o Grande Doador, o Mais Generoso, o Benévolo.
Dize: Ensinai a Causa de Deus, ó povo de Bahá, pois Deus prescreveu a cada um o dever de proclamar Sua Mensagem e considera isto o mais meritório de todos os atos. Tal ato é aceitável somente quando aquele que ensina a Causa já é crente firme em Deus, o Supremo Protetor, o Misericordioso, o Onipotente. Ele ordenou, além disso, que a Sua Causa fosse ensinada através do poder das palavras dos homens e não por meio da violência. Assim Seu decreto baixou do Reino d'Aquele que é o Excelso, o Onisciente. Acautelai-vos para que não contendais com pessoa alguma; entes, com modos bondosos e a mais convincente exortação, esforçai-vos para tornar cada um consciente da verdade. Se vosso ouvinte atender, terá atendido em seu próprio proveito, e se não, afastai-vos dele e dirigi vossa face à sagrada Corte de Deus, sede de resplandecente santidade.
Com ninguém disputeis sobre as coisas deste mundo e seus assuntos, pois Deus os abandonou àqueles que a tais coisas se afeiçoaram. Do mundo inteiro, escolheu Ele para Si próprio os corações dos homens - corações que as hostes da revelação e das palavras podem subjugar. Assim foi ordenado pelos Dedos de Bahá sobre a Tábua do irrevogável decreto de Deus, a mando d'Aquele que é o Supremo Ordenador, o Onisciente.

CXXIX. Ó peregrino na senda de Deus! Toma tu o teu quinhão do oceano de Sua graça e não te prives das coisas que jazem ocultas nas profundidades desse oceano. Sê tu dos que participaram desses tesouros. Uma gota de orvalho desse oceano, se fosse espargida sobre todos os que estão nos céus e na terra, bastaria para enriquecê-los com as graças de Deus, o Todo-Poderoso, o Onisciente, a Suma Sabedoria. Com as mãos da renúncia, tira tu dessas águas vivificadoras e esparge-as sobre todas as coisas criadas, para que sejam purificadas de todas as limitações feitas pelo homem e possam se aproximar do poderoso assento de Deus, desse sagrado e resplendente Lugar.
Não te entristeças se tu, tão somente, o fizeres. Que Deus te seja todo-suficiente. Comunga tu intimamente com Seu Espírito e sê dos agradecidos. Proclama a Causa de teu Senhor a todos os que estão nos céus e na terra. Se algum homem atender a teu chamado, expõe-lhe as pérolas da sabedoria do Senhor, teu Deus, as quais Seu Espírito fez descer a ti, e sê dos que verdadeiramente acreditam. E se alguém rejeitar tua oferta, afasta-se dele e põe tua fé e confiança no Senhor, teu Deus, o Senhor de todos os mundos.
Pela justiça de Deus! Se qualquer um abrir os lábios neste Dia e fizer menção do nome de seu Senhor, as hostes da inspiração Divina sobre ele descerão do céu de Meu Nome, o Onisciente, a Suma Sabedoria. Sobre ele haverá de baixar também a Assembléia do alto, cada um erguendo um cálice de pura luz. Assim foi preordenado no domínio da Revelação de Deus, a mando d'Aquele que é o Todo-Glorioso, o Potentíssimo.
Ocultava-se dentro do Santo Véu, preparada para o serviço de Deus, uma companhia de Seus eleitos que haverá de se tornar manifesta aos homens, que auxiliará a Sua Causa, que diante de ninguém se amedrontará, embora a inteira raça humana se levante e contra ela guerreie. São estes que, à vista dos habitantes da terra e dos habitantes do céu, haverão de se levantar e em altas vozes aclamar o Nome do Onipotente e convocar os filhos dos homens à senda de Deus, o Todo-Glorioso, o Todo-Louvado. Anda tu em seu caminho e não deixes ninguém te desalentar. Sê daqueles a que o tumulto do mundo, por mais que os agite na senda de seu Criador, jamais poderá entristecer, cujo desígnio a censura do reprovador nunca haverá de frustrar.
Sai com a Epístola de Deus e Seus sinais e une-te com aqueles que em Mim acreditaram, e anuncia-lhes as novas de Nosso mais sagrado Paraíso. Adverte, então, aqueles que a Ele associaram companheiros. Dize: Eu vos venho, ó povo, do Trono da glória, e sou portador a vós de uma mensagem de Deus, o Mais Poderoso, o Excelso, o Supremo. Em Minha mão, trago o testemunho de Deus, vosso Senhor e o Senhor de vossos antepassados. Pesai-o com a Balança certa que possuís, a Balança do testemunho dos Profetas e Mensageiros de Deus. Se vos certificardes de que esse testemunho se firma na verdade, se acreditardes que é de Deus, guardai-vos, então, de cavilardes dele, de tornardes vãs as vossas obras e vos incluirdes no número dos infiéis. É, de fato, o sinal de Deus que se fez descer através do poder da verdade, pelo qual a validez de Sua Causa foi demonstrada às Suas criaturas e as insígnias da pureza foram erguidas entre a terra e o céu.
Dize: Este é o Pergaminho selado e místico, o repositório do irrevogável Decreto de Deus, portador das palavras que o Dedo da Santidade traçou, que jazia envolvido dentro do véu do mistério impenetrável e agora foi enviado em sinal da graça d'Aquele que é o Onipotente, o Ancião dos Dias. N'Ele decretamos os destinos de todos os habitantes da terra e do céu, e registramos o conhecimento de todas as coisas, da primeira à última. Nada, em absoluto, Lhe pode escapar, nem O frustrar, quer fosse criado no passado, ou venha a ser criado no futuro - pudésseis apenas percebe-lo.
Dize: A Revelação que Deus fez descer se repetiu com a maior certeza, e a Mão estendida de Nosso poder tem amparado todos os que estão nos céus e todos os que estão na terra. Nós temos, através do poder da verdade, da própria verdade, manifestado uma infinitésima cintilação de Nosso Mistério impenetrável, e eis, aqueles que reconheceram o brilho do esplendor sináico, expiraram, ao apanharem um rápido vislumbre desta Luz Carmesim que envolve o Sinai de Nossa Revelação. Assim Aquele que é a Beleza do Todo-Misericordioso desceu nas nuvens de Seu testemunho, e o decreto foi executado segundo a Vontade de Deus, o Todo-Glorioso, o Onisciente.
Dize: Sai de Teu santo aposento, ó Donzela do Céu, habitante do Excelso Paraíso! Adorna-te de qualquer maneira que Te apraza nas Vestes sedosas da imortalidade, e põe, em nome do Todo-Glorioso, o bordado Manto de Luz. Ouve, então, o acento doce, maravilhoso, da Voz que vem do Trono de Teu Senhor, o Inatingível, o Altíssimo. Desvela Tua Face e manifesta a beleza da Donzela de olhos negros, e não permitas que os servos de Deus sejam privados da luz de Teu esplendoroso semblante. Não te entristeças se ouvires os suspiros dos que vivem na terra ou a voz de lamentação dos habitantes do céu. Deixa-os perecerem no pó da extinção. Que sejam reduzidos ao nada, desde que a chama do ódio se ateou dentro de seus peitos. Entoa, pois, diante da face dos povos da terra e do céu, na voz mais melodiosa, o antífona de louvor, em lembrança d'Aquele que é o Rei dos nomes e atributos de Deus. Assim temos decretado Teu destino. Bem podemos Nós executar Nosso desígnio.
Acautela-Te, Tu que és a Essência da Pureza, para que Te não dispas de Teu manto de fulgente glória. Não, enriquece-Te mais e mais, no reino da criação, com as vestes incorruptíveis de Teu Deus, a fim de que a bela imagem do Onipotente se reflita, através de Ti, em todas as coisas criadas, e a graça de Teu Senhor, na plenitude de seu poder, se infunda na criação inteira.
Se Tu perceberes de alguém a fragrância do amor de Teu Senhor, oferece-Te em holocausto por ele, pois Nós Te criamos para este fim e fizemos um convênio Contigo, desde tempos imemoriais e na presença da congregação de Nossos bem favorecidos, para este mesmo propósito. Não sejas impaciente se os cegos de coração lançarem sobre Ti os dardos de suas vãs fantasias. Deixa-os a sós, pois seguem as sugestões dos maus.
Exclama diante do olhar dos habitantes do céu e da terra: Sou a Donzela do Céu, a Progênie gerada do Espírito de Bahá. Minha morada é a Mansão de Seu Nome, o Todo-Glorioso. Diante da Assembléia no alto fui adornada com o ornamento de Seus nomes. Fui envolvida dentro do véu de uma segurança inviolável e jazia oculta dos olhos dos homens. Parece-Me haver ouvido uma Voz de divina e incomparável doçura, que procedia da mão direita do Deus de Misericórdia, e eis, o Paraíso inteiro se comovia e tremia perante Mim, em sua ânsia de lhe ouvir os acentos e de contemplar a beleza d'Aquele que os pronunciava. Assim temos Nós revelado, nesta Epístola luminosa, na mais doce das linguagens, os versículos que a Língua da Eternidade foi movida a expressar no Qayyúmú'l-Asmá.
Dize: Ele ordena como Lhe apraz, em virtude de Sua soberania, e faz o que quer, a Seu próprio mando. Não será interrogado acerca das coisas que Lhe apraz ordenar. Ele, em verdade, é o Irrestrito, o Todo-Poderoso, o Onisciente.
Os que desacreditaram em Deus e se rebelaram, contra Sua soberania são as desvalidas vítimas de suas inclinações e desejos corruptos. Eles haverão de regressar à sua morada no fogo infernal: vil é a morada dos que negam!

CXXX. Sê generoso na prosperidade e grato no infortúnio. Sê digno da confiança de teu próximo e dirige-lhe um olhar alegre e amável. Sê um tesouro para o pobre, um conselheiro para o rico; responde ao apelo do necessitado e preserva sagrada a tua promessa. Sê imparcial em teu juízo e cauteloso no que dizes. A ninguém trates com injustiça e mostra toda humildade a todos os homens. Sê como uma lâmpada para aqueles que andam nas trevas, sê causa de júbilo para o entristecido, um mar para o sequioso, um refúgio para o aflito, um apoio e defensor da vítima da opressão. Que a integridade e retidão distingam todos os teus atos. Sê um lar para o estranho, um bálsamo para quem sofre, uma torre de força para o fugitivo. Para o cego, deves tu ser olhos, e para os pés dos errantes, uma luz que guie. Sê um adorno para o semblante da verdade, uma coroa para a fronte da fidelidade, um pilar do templo da retidão, um alento de vida para o corpo da humanidade, uma insígnia das hostes da justiça, um luminar sobre o horizonte da virtude, um orvalho para o solo do coração humano, uma arca no oceano do conhecimento, um sol no céu da bondade, uma jóia no diadema da sabedoria, uma luz radiante no firmamento de tua geração, um fruto na árvore da humildade.

CXXXI. A Pena do Rei Antigo jamais cessou de se lembrar dos bem-amados de Deus. Em um tempo, rios de misericórdia manaram de Sua Pena; em outro, com seu movimento foi revelado o Livro perspícuo de Deus. É Aquele com Quem pessoa alguma se pode comparar, com Cujas Palavras homem mortal jamais haverá de competir. É Aquele que, desde toda a eternidade, se acha estabelecido no assento da ascendência e da grandeza, de Cujos lábios têm procedido conselhos que satisfazem as necessidades de todo o gênero humano, e advertências que lhes podem trazer benefício.
O Deus Uno e Verdadeiro dá-Me testemunho e Suas criaturas hão de atestar que nem por um momento sequer Me deixei permanecer oculto dos olhos dos homens, nem consenti em proteger Minha Pessoa de sua injúria. Ante a face de todos os homens, me levantei e os exortei a cumprir o que Me aprouvesse. Meu objetivo não é outro senão a melhoria do mundo e a tranqüilidade de seus povos. O bem-estar da humanidade, sua paz e segurança, são irrealizáveis, a não ser que, primeiro, se estabeleça firmemente sua unidade. E essa unidade jamais será atingida enquanto se deixar de atender aos conselhos que a Pena do Altíssimo revelou.
Através do poder das palavras por Ele proferidas, torna-se possível à humanidade inteira iluminar-se com a luz da unidade, e a lembrança de Seu Nome pode inflamar os corações de todos os homens e consumir os véus que intervém entre eles e Sua glória. Um só ato reto é dotado de uma potência suficiente para elevar o pó e fazê-lo passar além do céu dos céus, para romper todo vínculo e restaurar a força que se gastou e que desvaneceu...
Sê puro, ó povo de Deus, sê puro; sê reto, sê reto... Dize: Ó povo de Deus! O que pode assegurar a vitória d'Aquele que é a Verdade Eterna - Suas hostes, Seus auxiliadores na terra, foi assentado nas Escrituras e nos Livros Sagrados e está tão claro e manifesto como o sol. Essas hostes são as ações retas, a conduta e o caráter que são, a Seu ver, aceitáveis. Se alguém, neste Dia, se levantar para promover Nossa Causa, convocando em seu auxílio as hostes de um caráter louvável e conduta íntegra, a influência que emana de tal ação será difundida, com absoluta certeza, pelo mundo inteiro.

CXXXII. O Propósito do Deus Uno e Verdadeiro - exaltada seja Sua Glória - em se revelar aos homens, é pôr à vista aquelas jóias que jazem ocultas dentro da mina de seus próprios verdadeiros, mais íntimos seres. É da essência da Fé de Deus e de Sua Religião, neste Dia, que jamais deve ser permitido às diversas comunidades da terra e aos múltiplos sistemas de crença religiosa, promover sentimentos de animosidade entre os homens. Esses princípios e leis, esses sistemas firmemente estabelecidos e poderosos, procederam de uma mesma Origem e são os raios de uma só Luz. O fato de que diferem uns dos outros deve ser atribuído aos vários requisitos das épocas em que foram promulgados.
Envida esforços, ó povo de Bahá, para que, porventura, o tumulto da dissensão e da contenda entre as religiões, que agita os povos da terra, se possa aquietar, e todos os seus traços sejam completamente obliterados. Por amor a Deus e àqueles que O servem, levantai-vos em apoio a esta mais sublime e momentosa Revelação. O fanatismo e ódio entre as religiões são um fogo que devora o mundo, um fogo cuja violência ninguém pode extinguir. A Mão do Poder Divino, tão somente, conseguirá livrar a humanidade dessa aflição desoladora...
O que Deus pronuncia é uma lâmpada cuja luz são estas palavras: Vós sois os frutos de uma só árvore e as folhas de um mesmo ramo. Tratai uns aos outros com o maior amor e harmonia, em espírito amigável e fraternal. Aquele que é o Sol da Verdade dá-Me testemunho! Tão potente é a luz da unidade que pode iluminar toda a terra. O Deus Uno e Verdadeiro, Quem conhece todas as coisas, testifica, Ele Mesmo, a verdade destas palavras.
Esforçai-vos para que possais atingir este transcendente e mais sublime grau, grau esse que pode garantir a proteção e segurança de toda a humanidade. Esta meta supera a qualquer outra meta; esta aspiração é o monarca de todas as aspirações. Enquanto, porém, não forem dissipadas as espessas nuvens da opressão que obscurecem o sol da justiça, será difícil a glória desse grau se desvelar aos olhos dos homens...
Associai-vos a todos os homens, ó povo de Bahá, em espírito amigável e fraternal. Se estiverdes cientes de uma certa verdade, se possuirás uma jóia da qual outros são privados, reparti-a com eles em uma linguagem da maior bondade e benevolência. Se for aceita, sendo assim realizado seu propósito, tereis atingido vosso objetivo. Se alguém a recusar, deixai-o a sós e suplicai a Deus que o guie. Guardai-vos de tratá-lo de um modo pouco bondoso. Uma língua bondosa é o imã dos corações dos homens. É o pão do espírito, veste de significado as palavras, é a fonte da luz da sabedoria e compreensão...

CXXXIII. As leis de Deus foram enviadas do céu de Sua mais augusta Revelação. Todos devem observá-las com diligência. A suprema distinção do homem, seu verdadeiro progresso, sua vitória final, delas sempre têm dependido e continuarão a depender. Quem guardar os mandamentos de Deus, atingirá a sempiterna felicidade.
Uma dupla obrigação pesa sobre aquele que reconheceu o Alvorecer da Unidade Divina e admitiu a verdade d'Aquele que é o Manifestante de Sua Unicidade. A primeira é constância em Seu amor, uma constância tal que nem o clamor do inimigo nem as pretensões do vão impostor o podem impedir de aderir Àquele que é a Verdade Eterna, uma constância que de modo algum é por tais coisas afetado. A segunda é a estrita observância às leis por Ele prescritas - leis essas que Ele sempre ordenou e continuará a ordenar aos homens, e através das quais a verdade se poderá distinguir e separar da falsidade.

CXXXIV. O primeiro e proeminente dever prescrito aos homens, depois do reconhecimento d'Aquele que é a Verdade Eterna, é o dever da constância em Sua Causa. Adere tu a esta e sê um daqueles cujas mentes estejam fixadas e alicerçadas firmemente em Deus. Nenhum ato, por meritório que seja, tem sido nem pode ser jamais, comparado a este. É o rei de todos os atos, e disto, teu Senhor, o Altíssimo, o Mais Poderoso, dará testemunho...
As virtudes e qualidades pertencentes a Deus estão todas evidentes e manifestas e têm sido mencionadas e descritas em todos os Livros celestiais. Entre elas se encontram a fidedignidade, a veracidade, a pureza de coração enquanto se comunga com Deus, a tolerância, a resignação a qualquer coisa que o Onipotente haja decretado, o contentamento com as coisas que Sua Vontade providenciou, a paciência ou, antes, a gratidão, em meio às tribulações, e a completa confiança n'Ele, sob todas as circunstâncias. Estas, segundo a estimativa de Deus, se incluem entre os mais elevados e louváveis de todos os atos. Todos os outros atos lhes são e sempre haverão de permanecer, secundários e subordinados...
O espírito que anima o coração humano é o conhecimento de Deus, e seu mais verdadeiro adorno é o reconhecimento da verdade de que "Ele faz qualquer coisa que Ele queira e ordena o que Lhe apraz." Sua vestimenta é o temor a Deus; sua perfeição, a constância em Sua Fé. Assim Deus instrui a qualquer um que se Lhe dirija e, em verdade, ama a quem se Lhe volva. Não há outro Deus, senão Ele, o Clemente, o Mais Generoso. Todo louvor a Deus, o Senhor de todos os mundos.

CXXXV. Ó Letra do Vivente! O ouvido de Deus percebeu tua exclamação, e Seus olhos viram tua súplica escrita. Ele te chama de Seu assento de glória e está te revelando os versículos que foram enviados por Aquele que é o Amparo no Perigo, o Subsistente por Si Próprio.
Bem-aventurado és tu por haveres abolido completamente o ídolo do eu e da vã imaginação e por haveres rompido o véu da fantasia fútil, através do poder da grandeza de teu Senhor, o Supremo Protetor, o Todo-Poderoso, o único Bem-Amado. Hás de ser, em verdade, contado entre aquelas Letras que superaram qualquer outra Letra. Por isso foste tu distinguido por Deus através da língua de teu Senhor, o Báb, o esplendor de Cujo semblante envolveu e continuará a envolver a criação inteira. Rende graças ao Onipotente e glorifica Seu Nome, desde que Ele te ajudou a reconhecer uma Causa que fez tremerem os corações dos habitantes dos céus e da terra, que levou os que vivem nos Reinos da criação e da Revelação a exclamarem, e através da qual os segredos ocultos nos peitos dos homens foram descobertos e postos à prova.
Teu Senhor, o Altíssimo (o Báb), a ti dirige, de Seu Domínio de glória, estas palavras: Grande é a bem-aventurança que te espera, ó Letra do Vivente, pois tu, verdadeiramente, acreditaste em Mim, recusaste Me envergonhar diante da Assembléia no alto, cumpriste tua promessa, rejeitaste o véu das vãs imaginações e fixaste teu olhar no Senhor, teu Deus, Senhor do invisível e do visível, Senhor do Templo Freqüentado. Estou bem contente contigo, já que encontrei radiante de luz a tua face; no Dia em que as faces se tornaram lúgubres e enegreceram.
Dize: Ó povo do Bayán! Não temos Nós vos admoestado, em todas as Nossas Epístolas e em todas as Nossas Escrituras ocultas, a que não seguísseis vossas paixões más e inclinações corruptas, mas sim, mantivésseis vossos olhos dirigidos para a Cena de glória transcendente, no Dia em que a Mais Poderosa Balança será estabelecida, no Dia em que as doces melodias do Espírito de Deus haverão de manar da mão direita do trono de vosso Senhor, o Protetor Onipotente, o Todo-Poderoso, o Santo dos Santos? Não temos Nós proibido que aderísseis às coisas que haveriam de vos excluir da Manifestação de Nossa Beleza, em sua Revelação subseqüente - quer sejam as personificações dos nomes de Deus em toda glória, ou os reveladores; de Seus atributos e do domínio destes? Vede como, logo que Me revelei, tendes rejeitado Minha verdade, vos afastado de Mim e fostes dos que têm considerado os sinais de Deus como um brinquedo e um passatempo!
Por minha Beleza! Nada em absoluto será aceito de vós, neste Dia, ainda que continueis a adorar e prostrar-vos diante de Deus por toda a eternidade de Seu domínio. Pois todos as coisas dependem de Sua Vontade e o valor de todos os atos é condicionado à Sua aceitação e ao Seu beneplácito. O universo inteiro é apenas uma mancheia de barro em seu poder. A não ser que um homem reconheça a Deus e o ame, sua súplica não será ouvida por Deus neste Dia. Isto é da essência de Sua Fé, se apenas o soubésseis.
Estareis vós contentes com aquilo que se assemelha ao vapor numa planície e consentireis em renunciar ao Oceano cujas águas, segundo a Vontade de Deus, refrescam as almas dos homens? Infelizes sois vós, por haverdes retribuído a bondade de Deus com uma coisa tão vã e desprezível! Sois, em verdade, dos que Me rejeitaram em Minha Revelação anterior. Oxalá pudessem vossos corações compreender!
Levantai-vos e, diante dos olhos de Deus, expiai vossas faltas em vosso dever para com Ele. É este Meu mandamento a vós - fosseis inclinar vossos ouvidos a Meu Mandamento. Por Meu próprio Ser! Nem o povo do Alcorão, nem os seguidores da Tora ou do Evangelho, nem os de qualquer outro Livro, têm cometido o que vossas mãos fizeram. Eu Mesmo tenho dedicado Minha vida inteira à defesa da verdade desta Fé. Eu Mesmo tenho anunciado, em todas as Minhas Epístolas, o advento de Sua Revelação. E, no entanto, mal se manifestou Ele, em Sua Revelação subseqüente, vestido na glória de Bahá e adornado no manto de Sua grandeza, quando vos rebelastes contra Aquele que é o supremo Protetor, o Subsistente por Si Próprio. Acautelai-vos, ó povo! Tende vós vergonha daquilo que Me sucedeu em vossas mãos, no caminho de Deus. Atentai, para que não sejais dos que rejeitaram o que lhes foi enviado do Céu da transcendente glória de Deus.
Tais, ó Letra do Vivente, são as palavras que teu Senhor pronunciou e a ti dirigiu dos domínios do além. Proclama as palavras de teu Senhor a Seus servos, a fim de que eles talvez despertem de seu sono e peçam perdão a Deus, Quem os formou e moldou, Quem fez descer para eles esta mais fulgente, mais santa e manifesta Revelação de Sua Beleza.

CXXXVI. Dize: Livrai vossas almas, ó povo, da escravidão do eu, e purificai-as de todo apego a qualquer coisa além de Mim. A lembrança de Mim limpa de contaminação todas as coisas - pudésseis vós apenas o perceber. Dize: Fossem todas as coisas criadas despir-se inteiramente do véu da vaidade e dos desejos mundanos, a Mão de Deus, neste Dia, as vestiria, a todas elas, sem exceção, com o manto de "Ele faz qualquer coisa que Ele queira no reino da criação", para que assim o sinal de Sua Soberania se manifestasse em todas as coisas. Exaltado, então, seja Ele, o Senhor Soberano de todos, o Onipotente, o Supremo Protetor, o Todo-Glorioso, o Mais Poderoso.
Entoa, ó Meu servo, os versículos de Deus por ti recebidos, assim como os entoam os que d'Ele se aproximaram, a fim de que a doçura de tua melodia possa acender tua própria alma e atrair os corações de todos os homens. Se alguém, recluso em seu aposento, recitar os versículos revelados por Deus, os anjos do Todo-Poderoso, dispersando-se, difundirão por toda parte a fragrância das palavras emanadas de seus lábios, o que fará vibrar o coração de todo homem justo. Embora esse efeito lhe permaneça, a princípio, despercebido, cedo ou tarde, no entanto, a virtude da graça a ele concedida, deverá exercer influência sobre sua alma. Assim os mistérios da Revelação de Deus foram decretados segundo a Vontade d'Aquele que é a Fonte de poder e sabedoria.
Ó Khalíl! Deus dá-Me testemunho. Se bem que Minha Pena ainda se mova sobre Minha Epístola, ela, no entanto, no íntimo de seu coração, chora e lastimavelmente se aflige. A lâmpada acesa diante do Trono, outrossim, chora e geme por causa das coisas que a Beleza Antiga sofreu nas mãos daqueles que são apenas uma criação de Sua Vontade. Deus Mesmo sabe e atesta a verdade de Minhas palavras. Jamais um homem que tenha purificado o ouvido do alto clamor dos infiéis e o inclinado a todas as coisas criadas, poderá deixar de ouvir a voz de seu lamento e seu choro por causa da tribulação que Nos sobreveio nas mãos daqueles de Nossos servos que desacreditaram em Nós e contra Nós se rebelaram. Assim temos revelado a ti um vislumbre das aflições que Nos sobrevieram, a fim de que te tornes consciente de Nossos sofrimentos e toleres com paciência tuas tristezas.
Levanta-te em serviço a teu Senhor em todos os tempos e sob todas as circunstancias e sê um de Seus auxiliadores. Adverte ao povo, então, que preste ouvidos às palavras pronunciadas pelo Espírito de Deus, nesta Epístola radiante e resplandecente. Dize: Não lanceis, ó povo, as sementes da dissensão entre os homens e não contendais com vosso próximo. Sede pacientes sob todas as condições e ponde vossa inteira confiança em Deus. Auxiliai vosso Senhor com a espada da sabedoria e das palavras. Isto, em verdade, condiz com o grau do homem. Afastar-se disto seria indigno de Deus, o Senhor Soberano de todos, o Glorificado. O povo, entretanto, foi desviado e é, verdadeiramente, dos desatentos.
Descerrai, ó povo, os portais dos corações dos homens com as chaves da lembrança d'Aquele que é a Lembrança de Deus e a Fonte de sabedoria entre vós. Do mundo inteiro escolheu Ele os corações de Seus servos e os fez, cada um, um assento para a revelação de Sua glória. Santificai-os, pois, de toda contaminação, para que neles sejam gravadas as coisas para as quais foram criados. Isto, em verdade, é sinal do abundante favor de Deus.
Embelezai vossas línguas com veracidade, ó povo, e adornai vossas almas com o ornamento da honestidade. Guardai-vos, ó povo, de tratar qualquer um de modo traiçoeiro. Sede vós os portadores da incumbência de Deus entre Suas criaturas e os emblemas de Sua generosidade entre Seu povo. Os que seguem seus desejos lascivos e inclinações corruptas têm errado e dissipado seus esforços. São, de fato, dos perdidos. Esforçai-vos, ó povo, para que vossos olhos se dirijam à misericórdia de Deus, vossos corações se sintonizem com Sua maravilhosa lembrança, vossas almas, com toda confiança, se apóiem em Sua graça e generosidade e vossos pés trilhem a senda de Seu beneplácito. Tais são os conselhos que vos lego. Oxalá pudésseis seguir Meus conselhos!

CXXXVII. Alguns têm considerado legítimo infringir a integridade dos bens de seu próximo e tido em pouca conta o mandamento de Deus, segundo prescrito em Seu Livro. Que o mal lhes sobrevenha e o castigo de Deus, o Onipotente, o Todo-Poderoso, os aflija! Por Aquele que reluz sobre o Alvorecer da santidade! Se toda a terra fosse convertida em prata e ouro, nenhum homem que possa alegar haver ascendido, verdadeiramente, ao céu da fé e certeza, se dignaria lhe dirigir um olhar e, muito menos, apanhá-la e guardá-la. Temos Nos referido anteriormente a este assunto, em passagens reveladas na língua árabe, numa linguagem de requintada beleza. Deus é Nossa testemunha! Quem tiver saboreado a doçura daquelas palavras, jamais consentirá em transgredir os limites fixados por Deus, nem volverá seus olhos para qualquer um, salvo seu Bem-Amado. Tal homem prontamente reconhecerá, com a vista interior, como são de todo vãs e passageiras as coisas deste mundo e se afeiçoará às coisas do além.
Dizei: Tende vergonha, ó vós que vos chamais os amantes da Beleza Antiga! Sede advertidos pela tribulação que Ele sofreu, pelo peso da angústia que Ele, por amor a Deus, sustentou. Que vossos olhos se abram! Para que fim labutou Ele se as múltiplas provações que tem suportado hão de levar, afinal, a apenas profissões tão desprezíveis e tão abjeta conduta? Todo salteador, todo malfeitor, nos dias anteriores à Minha Revelação, pronunciou essas mesmas palavras e cometeu essas mesmas ações.
Em verdade digo: Inclinai vossos ouvidos à Minha voz melodiosa e santificai-vos da contaminação de vossas más paixões e vossos desejos corruptos. Os que habitam no tabernáculo de Deus e ocupam os assentos da glória sempiterna, ainda que estejam famintos, a ponto de morrer, se recusarão a estender as mãos e apoderar-se ilegalmente da propriedade de seu próximo, por mais vil e desprezível que este seja.
O desígnio do Deus Uno e Verdadeiro ao manifestar-se, é convocar todos os homens para a veracidade e a sinceridade, para serem piedosos e fidedignos, resignados e submissos à Vontade de Deus, para mostrarem tolerância e bondade, retidão e sabedoria. Seu objetivo é adornar todo homem com o manto de um caráter pio, com o ornamento de belas e santas ações.
Dizei: Tende compaixão de vós mesmos e de vossos semelhantes, e não permitais que a Causa de Deus - uma Causa imensuravelmente exaltada acima da mais íntima essência da santidade - seja contaminada com a mácula de vossas imaginações indignas e corruptas.

CXXXVIII. Tu vês, ó Deus de Misericórdia, Tu Cujo poder predomina sobre todas as coisas criadas, estes servos Teus, Teus cativos, que, de acordo com o beneplácito de Tua Vontade, observam durante o dia o jejum por Ti prescrito, que se levantam, ao primeiro alvor da manhã, para fazer menção de Teu Nome e Te celebrar o louvor, na esperança de obterem seu quinhão das boas coisas guardados nos tesouros de Tua graça e generosidade. Suplico-Te - ó Tu que seguras nas mãos as rédeas da criação inteira, em Cujo poder está todo o reino de Teus Nomes e de Teus atributos - que não prives Teus servos, em Teu Dia, das chuvas que manam das nuvens de Tua Misericórdia, nem os impeças de tomarem seu quinhão do oceano de Teu beneplácito.
Todos os átomos da terra dão testemunho, ó Meu Senhor, da grandeza de Teu poder e de Tua soberania; e todos os sinais do universo atestam a glória de Tua majestade e de Tua Onipotência. Tem misericórdia, então - ó Tu que és o Senhor soberano de todos, que és o Rei dos dias sempiternos e Governante de todas as nações - destes servos Teus, que se seguram à corda de Teus mandamentos e se curvaram diante das revelações de Tuas leis, enviadas do céu de Tua Vontade.
Vê, ó meu Senhor, como seus olhos estão erguidos para o alvorecer de Tua benevolência, como seus corações se apegam aos oceanos de Teus favores, como suas vozes se baixam ante os acentos de Tua dulcíssima Voz, que chama da mais sublime Altura, em Teu nome, o Todo-Glorioso. Ajuda Tu os Teus, bem-amados, ó meu Senhor, aqueles que a tudo abandonaram, a fim de obterem as coisas que Tu possues, aqueles que foram cercados por provações e tribulações porque haviam renunciado ao mundo e se afeiçoado a Teu domínio de glória. Protege-os - suplico-Te, ó meu Senhor - das investidas de seus maus desejos e paixões, e ajuda-os a obterem as coisas que haverão de lhes trazer proveito neste mundo presente e no vindouro.
Peço-Te, ó meu Senhor - pelo Teu Nome oculto, Teu Nome estimado, que chama altamente no reino da criação e convoca todos os povos à Árvore além da qual não há passagem, à sede de transcendente glória - que faças descer sobre nós e sobre Teus servos a chuva transbordante de Tua misericórdia, para que nos purifique da lembrança de tudo, salvo de Ti, e nos aproxime das orlas do oceano de Tua graça. Ordena, ó Senhor, através de Tua Pena excelsa, o que imortalize nossas almas no Reino de glória, perpetue nossos nomes em Teu Domínio e ampare nossas vidas nos tesouros de Tua proteção e nossos corpos na cidadela de Tua inviolável fortaleza. Poderoso és sobre todas as coisas, sejam do passado ou do futuro. Não há outro Deus senão Tu, o onipotente Protetor, o Que subsiste por Si Próprio.
Tu vês, ó Senhor, nossas mãos suplicantes erguidas para o céu de Teu favor e Tua generosidade. Permite que se encham dos tesouros de Tua munificência e abundante favor. Perdoa-nos, e aos nossos pais e às nossas mães, e cumpre o que temos desejado do oceano de Tua graça e generosidade Divina. Aceita, ó Bem-Amado de nossos corações, todas as nossas obras em Teu caminho. Tu és, verdadeiramente, o Mais Poderoso, o Excelso, o Incomparável, o Uno, o Clemente, o Benévolo.

CXXXIX. Seja teu ouvido, ó Nabíl-i-A'zam, atento à Voz do Ancião dos Dias, que a ti clama do Reino de Seu Nome todo-glorioso. Ele é Quem está agora proclamando, dos domínios do além e dentro da íntima essência de todas as coisas criadas: "Eu, verdadeiramente, sou Deus; não há outro Deus além de Mim. Sou Aquele que, desde sempre, tem sido Fonte de toda soberania e poder, Aquele que continuará por toda a eternidade a exercer Seu reinado e a estender Sua proteção a todas as coisas criadas. Minha prova é a grandeza de Meu poder e de Minha soberania que abrangem a criação inteira"...
Bem-aventurado és tu, ó Meu nome, desde que entraste em Minha Arca e ora te apressas, através da força de Meu excelso e soberano poder, no oceano da grandeza, e estás incluído no número de Meus favorecidos cujos nomes o Dedo de Deus inscreveu. Sorvestes do cálice que é a vida verdadeira, das mãos deste Jovem, a Cujo redor revolvem os Manifestantes do Todo-Glorioso, e o esplendor de Cuja Presença é exaltado, durante o dia e ao anoitecer, por aqueles que são os Alvoreceres da Misericórdia.
Esteja Sua glória contigo, porquanto jornadeaste de Deus a Deus e entraste dentro dos confins da Corte de infindável esplendor - o Lugar que homem mortal jamais poderá descrever. Aí a brisa da santidade, plena do amor de teu Senhor, comoveu teu espírito dentro de ti, e as águas da compreensão levaram de ti as máculas do afastamento e da impiedade. Obtiveste acesso ao Paraíso da Lembrança de Deus, através de teu reconhecimento de Quem é a Personificação dessa Lembrança entre os homens.
Sê grato, pois, a Deus, por haver Ele te fortalecido para auxiliar Sua Causa e feito brotarem no jardim de teu coração as flores do conhecimento e da compreensão. Assim Sua graça abrangeu a ti e à criação inteira. Acautela-te, para que não deixes coisa alguma te entristecer. Livra-te de todo apego às inúteis alusões dos homens e lança atrás de ti as vãs e sutis disputações daqueles que estão velados de Deus. Proclama, então, o que o Supremo Espírito te inspirará a pronunciar no serviço da Causa de teu Senhor, a fim de que possas comover as almas de todos os homens e inclinar seus corações a esta Corte, a mais abençoada, a toda-gloriosa...
Sabe tu que anulamos a regência da espada como auxílio à Nossa Causa, substituindo-a pelo poder oriundo das palavras dos homens. Assim decretamos irrevogavelmente, em virtude de Nossa graça. Dize: Ó povo! Não lanceis as sementes da discórdia entre os homens e abstende-vos de contender com vosso próximo, pois o Senhor entregou o mundo e suas cidades ao cuidado dos reis da terra, os quais Ele fez os emblemas de Seu próprio poder, em virtude da soberania que se dignou lhes conceder. Recusou reservar para Si Próprio qualquer parte do domínio deste mundo. Disso dará testemunho Aquele que é, Ele Mesmo, a Verdade Eterna. As coisas que reservou para Si são as cidades dos corações dos homens, para que Ele os possa purificar de toda corrupção terrena e fazer aproximarem-se do Lugar sagrado que as mãos do infiel jamais poderão profanar. Abri, ó povo, a cidade do coração humano com a chave de vossas palavras. Assim temos Nós, de acordo com uma medida preordenada, vos prescrito vosso dever.
Pela justiça de Deus! O mundo e suas vaidades e sua glória e quaisquer deleites que possa oferecer, são todos, aos olhos de Deus, tão sem valor como pó e cinzas - não, ainda mais desprezíveis. Oxalá pudessem os corações dos homens isso compreender! Purificai-vos completamente, ó povo de Bahá, da corrupção do mundo e de tudo o que lhe pertence. O próprio Deus dá-Me testemunho. As coisas da terra mal vos convêm. Rejeitai-as, deixando-as para quem quer que as possa desejar, e fixai vossos olhos nesta mais sagrada e fulgente Visão.
O que vos é digno é o amor de Deus e o amor d'Aquele que é o Manifestante de Sua Essência, e a observância a qualquer coisa que Ele vos queira prescrever - se apenas o soubésseis.
Dize: Sejam a veracidade e a cortesia vosso adorno. Não vos deixeis ser privados do manto da tolerância e justiça, para que os doces sabores da santidade possam manar de vossos corações sobre todas as coisas criadas. Dize: Guardai-vos, ó povo de Bahá, de andar nos caminhos daqueles cujas palavras diferem das ações. Esforçai-vos para que possais manifestar aos povos da terra os sinais de Deus e espelhar Seus mandamentos. Que vossos atos sirvam de guia para toda a humanidade, pois o que é professado pela maioria dos homens, sejam de alto grau ou humildes, difere de sua conduta. É pelas vossas ações que vos podeis distinguir dos outros. Por meio delas pode o brilho de vossa luz irradiar-se sobre toda a terra. Feliz o homem que atende a Meu conselho e observa os preceitos d'Aquele que é o Onisciente, a Suma Sabedoria.

CXL. Ó Muhammad-'Alí! Grande é a bem-aventurança que te espera, desde que embelezaste teu coração com o ornamento do amor de teu Senhor, o Todo-Glorioso, o Todo-Louvado. Àquele que, neste dia, tiver atingido este grau, caberá todo o bem.
Não consideres tu a humilhação à qual os bem-amados de Deus foram, neste Dia, sujeitados. Essa humilhação é o orgulho e a glória de toda honra temporal e enaltecimento terreno. Que honra maior pode-se imaginar do que aquela conferida pela Língua do Ancião dos Dias, quando Ele se lembra de Seus bem-amados em Sua, a Maior Prisão? Aproxima-se o dia em que as nuvens interpostas terão sido completamente dissipadas, quando a luz das palavras, "Toda honra pertence a Deus e aos que O amam", terá aparecido, tão manifesta como o sol, sobre o horizonte da Vontade do Todo-Poderoso.
Todos os homens, sejam de alto grau ou humildes, têm buscado, e ainda buscam, essa tão grande honra. Todos, entretanto, logo que o Sol da Verdade irradiou sobre o mundo seu esplendor, privaram-se de seus benefícios, foram excluídos, como se fosse por um véu, de sua glória, salvo aqueles que se seguraram à corda da infalível providência do Deus Uno e Verdadeiro e com desprendimento completo de tudo, menos d'Ele, volveram a face para Sua santa corte.
Rende graças Àquele que é o Desejo de todos os mundos, por te haver investido de tão alta honra. Dentro em breve o mundo e tudo o que nele se acha hão de ser como uma coisa olvidada, e toda a honra caberá aos bem-amados de teu Senhor, o Todo-Glorioso, o Mais Munificente.

CXLI. Um Livro que se fez descer, em verdade, para os homens de percepção! Ao povo é ordenado, neste Livro, que observe justiça e realize obras retas, e proibido que siga suas inclinações corruptas e desejos carnais - se, por acaso, os filhos dos homens pudessem ser despertados de seu sono.
Dize: Segui, ó povo, o que vos foi prescrito em Nossas Epistolas e não andeis de acordo com as imaginações que os semeadores do mal maquinaram, aqueles que cometem perversidades e as imputam a Deus, o Santíssimo, o Todo-Glorioso, o Excelso. Dize: Temos Nos resignado a ser provados por vicissitudes e adversidades, a fim de que vós vos santificásseis de todas as contaminações terrenas. Por que, pois, recusais ponderar em vossos corações Nosso desígnio? Pela retidão de Deus! Se alguém refletir sobre as tribulações que temos sofrido, sua alma seguramente se dissolvera de tristeza. Teu Senhor, Ele Próprio, dá testemunho da verdade de Minhas palavras. Temos sustentado o peso de todas as calamidades, a fim de vos santificar de toda corrupção terrena e, no entanto, sois indiferentes.
Dize: A cada um que se segura à orla de Nosso Manto, convém não se deixar macular com coisa alguma para a qual aquela Assembléia no alto possa ter aversão. Assim foi decretado por teu Senhor, o Todo-Glorioso, nesta, Sua Epístola perspícua. Dize: Pondes vós de lado Meu amor e cometeis o que entristece Meu coração? Que é que vos impede de compreender o que vos foi revelado por Aquele que é o Onisciente, a Suma Sabedoria?
Nós, verdadeiramente, vemos vossas ações. Se delas percebermos o fragrante sabor da pureza e santidade, Nós, com absoluta certeza, vos abençoaremos. Então as línguas dos que habitam no Paraíso pronunciarão vosso louvor e vos glorificarão os nomes entre aqueles que se aproximaram de Deus.
Segura-te à orla do Manto de Deus e firmemente te apega à Sua Corda, Corda essa que ninguém fará partir-se. Acautela-te para que o clamor dos que repudiaram este, o Mais Grandioso Anúncio, não te possa deter de atingir teu propósito. Proclama o que te foi prescrito nesta Epístola, ainda que todos os povos se levantem e te oponham. Teu Senhor é, verdadeiramente, o Predominante, o Infalível Protetor.
Que Minha glória esteja contigo e com aqueles de Meus bem-amados que a ti se associarem. São, em verdade, aqueles para quem tudo há de estar bem.

CXLII. Atesto pela beleza do Bem-Amado! É esta a Misericórdia que abrangeu a criação inteira, é este o Dia em que a graça de Deus penetrou e predominou sobre todos as coisas. As águas viventes de Minha misericórdia, ó 'Alí, manam celeremente, e Meu coração se dissolve com o ardor de Minha ternura e amor. Em tempo nenhum pude Eu Me reconciliar com as adversidades que sobrevêm aos Meus bem-amados ou com qualquer vicissitude que pudesse anuviar o júbilo de seus corações.
Meu Nome "O Todo-Misericordioso", toda vez que lhe era dito haver um dos que Me amam sussurrado uma palavra que fosse contrária a Meu desejo, retirava-se, acabrunhado de tristeza e desconsolado, à sua morada; e Meu Nome "O Ocultador", sempre que descobria haver um de Meus seguidores causado alguma vergonha ou humilhação a seu próximo, também regressava, aflito e entristecido, às suas plagas de glória, aí chorando e lastimando com penosa lamentação. E Meu nome "A Eterna Clemência", sempre que percebia que algum de Meus amigos cometera uma ofensa, exclamava em sua grande aflição e, acabrunhado de angústia, caia no pó e era levado por uma companhia dos anjos invisíveis para sua morada nos domínios do além.
Por Meu Próprio Ser, o Verdadeiro, ó 'Alí! O fogo que tem inflamado o coração de Bahá é mais violento do que o fogo que arde em teu coração, e Seu lamento mais clamoroso do que teu lamento. Toda vez que o pecado cometido por qualquer um dentre eles era sussurrado na Corte de Sua Presença, tão grande vergonha se apoderava d'Ele, a Beleza Antiga, que queria esconder a glória de Seu semblante dos olhos de todos os homens, pois, em todos os tempos, tem Ele fixado Seu olhar na fidelidade deles e lhe observado os requisitos essenciais.
As palavras que tu escreveras, logo que foram lidas em Minha Presença, fizeram surgir dentro de Mim o oceano de Minha fidelidade e soprar sobre tua alma a brisa de Meu perdão; fizeram com que a árvore de Minha benevolência te abrigasse à sua sombra e as nuvens de Minha generosidade chovessem sobre ti suas graças. Atesto pelo Sol que brilha sobre o horizonte da eternidade, entristeço-Me por ti em teu pesar e lamento contigo em tua tribulação. Dou testemunho dos serviços que tu Me prestaste e atesto as várias vicissitudes que tens suportado por Minha causa. Todos os átomos da terra declaram Meu amor por ti.
O chamado que levantaste, ó 'Alí, é sumamente aceitável, a Meu ver. Proclama tu, com tua pena como também com tua língua, a Minha Causa. Exclama e convoca os povos Àquele que é o Senhor Soberano de todos os mundos, com tanto zelo e fervor que todos os homens sejam por ti inflamados.
Dize: Ó meu Senhor, meu Mais-Amado, o Incentivador de minhas ações, o Ímã de minh'alma, a Voz que clama no âmago de meu ser, o Adorado de meu coração! Louvado sejas por me haveres concedido o poder de a Ti volver minha face, por haveres inflamado minh'alma com a lembrança de Ti, por me haveres ajudado a proclamar Teu Nome e Te cantar louvores.
Meu Deus, meu Deus! Se ninguém for encontrado que se haja desviado de Teu caminho, como, então, poderá desfraldar-se a insígnia de Tua misericórdia ou içar-se a bandeira de Teu abundante favor? E se iniqüidade não for cometida, que é que Te pode proclamar o Ocultador dos pecados dos homens, a Eterna Clemência, o Onisciente, a Suma Sabedoria? Seja minh'alma um sacrifício pelas transgressões dos que contra Ti transgridem, pois sobre essas transgressões são emitidas as doces fragrâncias das ternas graças de Teu Nome, o Compassivo, o Todo-Misericordioso. Seja minha vida oferecida em holocausto pelas ofensas dos que Te tenham ofendido, pois por seu intermédio os sopros de Tua graça e a fragrância de Tua benevolência se tornam conhecidos e se difundem entre os homens. Seja meu mais íntimo ser uma oferta pelos pecados daqueles que contra Ti pecaram, pois é em conseqüência de tais pecados que o Sol de Teus múltiplos favores se revela acima do horizonte de Tua generosidade e as nuvens de Tua infalível providência chovem suas graças sobre as realidades de todas as coisas criadas.
Sou aquele, ó meu Senhor, que confessou a Ti a multidão de suas más ações, que admitiu o que homem algum tem admitido. Apressei-me para alcançar o oceano de Teu perdão e busquei abrigo à sombra de Teu mais benévolo favor. Permite, suplico-Te - Tu que és o Rei Eterno e Protetor Soberano de todos os homens - que me seja possibilitado manifestar aquilo que fará voarem na ilimitada imensidão de Teu amor, os corações e almas dos homens, e os fará comungarem com Teu Espírito. Fortalece-me através do poder de Tua soberania, a fim de que eu possa dirigir todas as coisas criadas ao Alvorecer de Tua Manifestação e à Fonte de Tua Revelação. Ajuda-me, ó meu Senhor, a render-me inteiramente à Tua Vontade e a levantar-me e Te servir, porquanto não estimo esta vida terrena por outro motivo senão o de alcançar o Tabernáculo de Tua Revelação e a Sede de Tua glória. Tu me vês, ó meu Deus, desligado de tudo, menos de Ti, e humilde e submisso à Tua Vontade. Trata-me como Te é digno e da maneira que convém à Tua elevação e grande glória.
Ó 'Alí! As graças d'Aquele que é o Senhor de todos os mundos foram e ainda estão sendo a ti concedidas. Arma-te com Sua força e Seu poder e levanta-te para servir Sua Causa e Lhe glorificar o santo nome. Que tua falta de conhecimentos humanos e tua incapacidade de ler ou escrever não entristeçam teu coração. As portas de Sua múltipla graça estão nas mãos fortes do poder do Deus Uno e Verdadeiro. Ele as abriu e continuará a abrir à face de todos aqueles que O servem. Bem desejaria eu esperar que esta brisa de doçura Divina continue, em todos os tempos, a soprar do prado de teu coração sobre o mundo inteiro, de tal modo que seus efeitos se manifestem em todas as terras. Ele é Quem possui poder sobre todas as coisas. Ele, verdadeiramente, é o Mais Poderoso, o Todo-Glorioso, o Onipotente.

CXLIII. Bem-aventurado és tu, ó Meu servo, desde que reconheceste a Verdade e te retiraste daquele que repudiou o Todo-Misericordioso e foi condenado como maléfico na Epístola-Mãe. Anda tu com constância no amor de Deus e prossegue diretamente em Sua Fé e presta-Lhe ajuda, através do poder de tuas palavras. Assim te ordena o Todo-Misericordioso, que está sofrendo encarceramento nas mãos de Seus opressores.
Se a tribulação te atingir por Minha causa, recorda tu Minhas vicissitudes e Meus sofrimentos e lembra-te de Meu exílio e Minha prisão. Assim te transmitimos o que desceu sobre Nós d'Aquele que é o Todo-Glorioso, o Onisciente.
Por Meu Próprio Ser! Aproxima-se o dia em que teremos posto de lado o mundo e tudo o que nele se acha, e estendido uma nova ordem em seu lugar. Ele, em verdade, é poderoso sobre todas as coisas.
Santifica teu coração, a fim de poderes te lembrar de Mim; e purifica teu ouvido, para que possas escutar Minhas palavras. Dirige então tua face para o Lugar em que o trono de teu Senhor, o Deus de Misericórdia, se estabeleceu, e dize: Louvor a Ti, ó meu Senhor, por me haveres permitido reconhecer a Manifestação de Teu próprio Ser e ajudado a prender meu coração à corte de Tua Presença, objeto da adoração de minh'alma. Imploro-Te - por Teu Nome que fez romperem-se os céus e rachar-se a terra - ordenes para mim o que ordenaste para aqueles que se afastaram de tudo, menos de Ti, e apoiaram firmemente em Ti seus corações. Consente que eu me estabeleça em Tua Presença, no assento da verdade, dentro do Tabernáculo da Glória. Poderoso és para fazer o que desejas. Não há outro Deus, senão Tu, o Todo-Glorioso, o Onisciente.

CXLIV. A Pena do Altíssimo decretou e impôs a cada um a obrigação de ensinar esta Causa... Deus inspirará, sem nenhuma dúvida, a qualquer um que de tudo se desprenda, salvo d'Ele, e fará com que as águas puras da sabedoria e das palavras expressas, jorrem e fluam copiosamente de seu coração. Verdadeiramente, teu Senhor, o Todo-Misericordioso, é potente para fazer o que Lhe apraz e ordena qualquer coisa que Ele queira.
Fosses tu considerar este mundo e compreender como são efêmeras as coisas que lhe pertencem, outra senda não te dignarias trilhar, senão a senda do serviço à Causa de teu Senhor. Ninguém teria o poder de te impedir de celebrar Seu louvor, embora todos os homens contra ti se levantassem.
Segue tu direto e persevera em Seu serviço. Dize: Ó povo! O Dia que vos foi prometido em todas as Escrituras veio agora. Temei a Deus e não vos abstenhais de reconhecer Aquele que é o Objeto de vossa criação. Apressai-vos em direção a Ele. Isto vos é melhor do que o mundo e tudo o que nele se acha. Oxalá o percebêsseis!

CXLV. Se encontrardes os rebaixados ou espezinhados, não vos afasteis deles com desdém, pois o Rei da Glória sempre os vigia e rodeia de tal ternura como ninguém pode sondar, a não ser aqueles que deixaram suas vontades e seus desejos fundirem-se na Vontade de vosso Senhor, o Benévolo, o Onisciente. Ó vós, os ricos na terra! Não deveis fugir da face do pobre que jaz no pó, mas sim, ser-lhe amigos e deixá-lo relatar as tribulações com as quais, segundo o inescrutável decreto de Deus, foi afligido. Pela retidão de Deus! Enquanto com ele conviverdes, a Assembléia no alto estará vos olhando e por vós intercedendo, estará vos elogiando os nomes e glorificando a ação. Bem-aventurados os eruditos que se não orgulham de suas habilidades; e felizes os retos que não zombam dos pecadores, mas sim, lhes ocultam os atos errados, a fim de que suas próprias faltas permaneçam velados aos olhos dos homens.

CXLVI. É Nossa vontade e Nosso desejo que cada um de vós se torne uma fonte de toda bondade para os homens e um exemplo de retidão para o gênero humano. Acautelai-vos para que não considereis a vós mesmos acima de vosso próximo. Fixai vosso olhar n'Aquele que é o Templo de Deus entre os homens. Ele, em verdade, ofereceu Sua vida como resgate para a redenção do mundo. Ele, verdadeiramente, é o Todo-Generoso, o Benévolo, o Altíssimo. Se algumas diferenças surgirem entre vós, vede-Me diante de vossa face e não olheis as faltas uns dos outros, por consideração a Meu Nome e como sinal de vosso amor por Minha Causa manifesta e resplendente. Em todos os tempos gostamos de vos ver associardes uns aos outros em amizade e concórdia dentro do paraíso de Meu beneplácito, e de inalar de vossos atos a fragrância da amizade e união, da benevolência e do amor fraternal. Assim vos aconselha o Onisciente, o Fiel. Estaremos sempre convosco: se inalarmos o perfume de vosso espírito fraternal, Nosso coração certamente se regozijará, pois nada, a não ser isto, Nos pode satisfazer. Disto dá testemunho todo homem de verdadeira compreensão.

CXLVII. O Maior Nome dá-Me testemunho! Como seria triste se qualquer homem, neste Dia, apoiasse o coração nas coisas transitórias deste mundo! Levantai-vos e aderi firmemente à Causa de Deus. Sede muito amorosos uns para com os outros. Inteiramente por causa do Bem-Amado, queimai o véu do ego com a chama do Fogo imorredouro, e com a face jubilosa e radiante de luz, associai-vos ao vosso próximo. Bem tendes observado, em todos os seus aspectos, a conduta d'Aquele que é a Palavra da Verdade entre vós. Bem sabeis como é difícil este Jovem permitir - ainda que seja por apenas uma noite - que o coração de qualquer um dos bem-amados de Deus se entristeça por Sua causa.
A Palavra de Deus ateou fogo no coração do mundo; como será deplorável se deixardes de vos inflamar com sua chama! Queira Deus, havereis de considerar esta abençoada noite como a noite da unidade, unir vossas almas e resolver embelezar-vos com o ornamento de um caráter bom e louvável. Seja vosso objetivo principal salvar do tremedal da extinção iminente aquele que caiu, e ajudá-lo a abraçar a antiga Fé de Deus. Vossa conduta para com vosso próximo deve ser tal que manifeste claramente os sinais do Deus Uno e Verdadeiro, porque sois os primeiros entre os homens a ser recriados pelo Seu Espírito, os primeiros a adorar e diante d'Ele curvar o joelho, os primeiros a circular em volta de Seu trono de glória. Atesto por Aquele que Me fez revelar o que Lhe aprouvesse! Estais mais conhecidos aos habitantes do Reino nas alturas do que a vós mesmos. Pensais vós serem vãs e vazias estas palavras? Oxalá tivésseis o poder de perceber as coisas que Vosso Senhor, o Todo-Misericordioso, percebe - coisas que atestam a excelência de vosso grau, que dão testemunho de vosso grande merecimento, que proclamam a sublimidade de vossa condição! Permita Deus que os desejos e paixões desenfreadas não vos impeçam daquilo que vos foi ordenado.

CXLVIII. Ó Salmán! Tudo o que os sábios e místicos têm dito ou escrito jamais excedeu, nem poderá esperar jamais exceder as limitações às quais a mente finita do homem foi estritamente sujeita. Não importa a altura que a mente do mais elevado dos homens possa atingir, nem a grande profundidade que o coração desprendido e compreensivo possa penetrar, essa mente a esse coração nunca poderão transcender aquilo que é a criatura de suas próprias concepções e o produto de seus próprios pensamentos. As meditações do mais profundo pensador, as devoções do mais santo dos santos, as mais altas expressões de louvor procedentes de pena ou língua humana, são apenas um reflexo daquilo que foi criado dentro deles mesmos, através da revelação do Senhor, seu Deus. Quem ponderar em seu coração esta verdade, admitirá prontamente que há certos limites que nenhum ser humano tem a possibilidade de transpor. Toda tentativa que, desde o princípio que não tem princípio, se tem feito para visualizar e conhecer a Deus, é limitada pelas exigências de Sua própria criação - criação essa, que Ele chamou à existência mediante a operação de Sua própria Vontade, para os fins de nenhum outro, senão de Si Próprio. Imensuravelmente exaltado está Ele acima das tentativas da mente humana para compreender Sua Essência, ou da língua humana para descrever Seu mistério. Nenhum laço de intercurso direto jamais O poderá ligar às coisas por Ele criadas, nem poderão as alusões mais abstrusas e mais remotas de Suas criaturas fazer jus a Seu Ser. De acordo com Sua Vontade, que prevalece no mundo inteiro, trouxe Ele à existência todas as coisas criadas. Ele está e sempre esteve velado na eternidade antiga de Sua própria Essência excelsa e indivisível, e continuará para todo o sempre a permanecer oculto em Sua majestade e glória inatingíveis. Tudo o que está no céu e tudo o que está na terra veio a existir a Seu mando, e pela Sua Vontade todos saíram do nada absoluto para o domínio do ser. Como, portanto, pode a criatura que o Verbo de Deus moldou, compreender a natureza d'Aquele que é o Ancião dos Dias?

CXLIX. Se qualquer homem, neste Dia, se levantar com desprendimento absoluto de tudo o que está nos céus e tudo o que está na terra, se afeiçoar Àquele que é o Alvorecer da santa Revelação de Deus, lhe será concedido, verdadeiramente, o poder de dominar todas as coisas criadas, através da potência de um dos Nomes do Senhor, seu Deus, o Onisciente, a Suma Sabedoria. Deves tu saber, com absoluta certeza, que, neste Dia, o Sol da Verdade irradiou sobre o mundo um esplendor, cujo igual passadas eras jamais testemunharam. Que a luz de Sua glória brilhe sobre, vós, ó povo, e não sejais dos negligentes.

CL. Quando vier a vitória, todo homem se professará crente e se apressará ao amparo da Fé de Deus. Felizes aqueles que, nos dias das provações que envolveram o mundo, se mantiveram firmes na Causa e recusaram desviar-se de sua verdade.

CLI. Livrai-vos, ó rouxinóis de Deus, dos espinhos e sarças da desgraça e miséria e alçai vosso vôo ao roseiral de imperecível esplendor. Ó Meus amigos que habitais no pó! Apressai-vos a ir a vossa morada celestial. Anunciai a vós mesmos as novas jubilosas: "Aquele que é o Mais-Amado já veio! Ele se coroou com a glória da Revelação de Deus e descerrou à face dos homens as portas de Seu Paraíso Antigo." Regozijem-se todos os olhos e alegre-se todo ouvido, pois agora é o tempo de contemplar Sua beleza, agora é o tempo próprio para Lhe escutar a voz. Proclamai a cada um que ama com anelo; "Eis, que vosso Bem-Amado veio entre os homens!" e aos mensageiros do Monarca do amor, participai as novas: "Eis, que o Adorado apareceu, ataviado na plenitude de Sua glória!" Ó amantes de Sua beleza! Transformai a angústia de vossa separação d'Ele, no júbilo de uma reunião eterna, e deixai a doçura de Sua Presença dissolver a amargura de vosso afastamento de Sua Corte.
Vede como a múltipla graça de Deus, que chove das nuvens da glória Divina, envolveu o mundo, neste dia. Pois enquanto em dias passados, cada apaixonado suplicava e se dedicava à busca do Bem-Amado, é o próprio Bem-Amado que agora está chamando aqueles que O amam, convidando-os a atingir Sua Presença. Acautelai-vos para que não percais tão precioso favor; guardai-vos de menosprezar tão notável sinal de Sua graça. Não abandoneis os benefícios incorruptíveis, nem vos contenteis com aquilo que perece. Levantai o véu que vos obscurece a visão e dissipai as trevas que a envolvem, a fim de que possais contemplar a desvelada beleza da face do Bem-Amado, possais ver o que não foi visto pelos olhos de homem algum e ouvir o que nenhum ouvido percebeu.
Ouvi-Me, vós, aves mortais! No Roseiral de imutável esplendor, principiou a brotar uma Flor, em comparação com a qual todas as outras flores são apenas espinhos, e diante do brilho de Cuja glória, a própria essência da beleza deve empalidecer e definhar. Levantai-vos, pois, e com todo o entusiasmo de vossos corações, com todo o ardor de vossas almas, com o pleno fervor de vossa vontade e os esforços concentrados de todo o vosso ser, empenhai-vos para atingirdes o paraíso de Sua Presença, inalardes a fragrância da Flor incorruptível, perceberdes os doces sabores da santidade e obterdes um quinhão deste perfume de glória celestial. Quem seguir este conselho, romperá suas correntes, saboreará o abandono do amor extático, atingirá o desejo do coração e renderá sua alma às mãos de seu Bem-Amado. Rompendo sua gaiola, assim como a ave do espírito, alçará vôo ao seu ninho santo e sempiterno.
A noite sucedeu ao dia, e o dia sucedeu à noite, e as horas e os momentos de vossas vidas vieram e se foram e, no entanto, nenhum de vós consentiu em se desligar - nem sequer por um instante - daquilo que perece. Despertai, para que os breves momentos que ainda vos restam não se dissipem e se percam. Assim como a celeridade do relâmpago, vossos dias haverão de passar e vossos corpos virão a descansar sob um palio de pó. Que podereis vós então realizar? Como podereis expiar vossas passadas falhas?
A Vela sempiterna brilha em sua despida glória. Vede como consumiu todo véu mortal. Ó vós que, como mariposas, amais Sua luz! Enfrentai corajosamente todo perigo e consagrai vossas almas à sua chama consumidora. Ó vós que estais sedentos por Ele! Despi-vos de toda afeição terrena e apressai-vos a abraçar vosso Bem-Amado. Com zelo que ninguém pode igualar, acelerai-vos para que a Ele possais atingir. A Flor, até agora escondida da vista dos homens, desvela-se diante de vossos olhos. No esplendor manifesto de Sua glória, Ele está à face de vós. Sua voz convoca todos os seres sagrados e santificados a aproximarem-se e com Ele se unirem. Feliz quem se Lhe volve; bem-aventurado quem tiver atingido e contemplado a luz de tão maravilhoso semblante.

CLII. Tua vista te é por Mim confiada; não permitas que pó dos desejos vãos lhe anuvie o brilho. Teu ouvido é sinal de Minha generosidade; não deixes o tumulto dos motivos indignos o desviar de Minha Palavra que abrange toda a criação. Teu coração é Meu tesouro; não permitas que a mão traiçoeira do ego te roube as pérolas que nele entesourei. Tua mão é símbolo de Minha benevolência; não a impeças de se segurar às Minhas Epístolas guardados, e ocultas... Sem ser solicitado, fiz chover sobre ti Minha graça. Sem que Me pedisses, cumpri teu desejo. Apesar de não mereceres, Eu te distingui com Meus mais ricos favores, Meus favores incalculáveis... Ó Meus servos! Sede resignados e submissos como a terra, para que do solo de vosso ser floresçam os jacintos fragrantes, sagradas e multicolores de Meu conhecimento. Sede flamejantes como o fogo, para que possais queimar os véus da negligência e fazer arder, com as energias vivificadoras do amor de Deus, o coração enregelado e refratário. Sede leves e irrestritos como a brisa, a fim de que possais obter acesso aos recintos de Minha corte, de Meu inviolável Santuário.

CLIII. Ó amigo exilado e fiel! Apaga a sede da negligência com as águas santificadas de Minha graça e dispersa as trevas do afastamento com a luz matinal de Minha Presença Divina. Não permitas que a morada onde habita Meu imperecível amor por ti seja destruída pela tirania dos desejos cobiçosos, nem anuvies a beleza do Jovem celestial com o pó do eu e da paixão. Veste-te com a essência da retidão e não deixes teu coração temer, senão a Deus. Não obstruas a nascente luminosa de tua alma com os espinhos e as sarças das afeições vãs e imoderadas, nem impeças o fluxo das águas viventes que correm, da fonte de teu coração. Põe em Deus toda a tua esperança e apega-te tenazmente à Sua infalível mercê. Quem, senão Ele, pode enriquecer o destituído e livrar aquele que caiu, de seu rebaixamento?
Ó Meus servos! Fósseis vós descobrir os oceanos ocultos, ilimitados de Minha incorruptível riqueza, haveríeis, certamente, de estimar como nada o mundo - antes, a criação inteira. Deixai arder dentro de vossos corações a chama da busca, com tal veemência que vos capacite a atingir vossa suprema e excelsa meta - a condição em que vos possais aproximar de vosso Mais-Amado e com Ele vos unir...
Ó Meus servos! Que vossas esperanças vãs e fantasias fúteis não solapem os fundamentos de vossa crença no Deus Todo-Glorioso, desde que tais imaginações têm sido inteiramente improfícuas para os homens, não lhes dirigindo os passos para o Caminho reto. Pensais vós, ó Meus servos, que a Mão de Minha transcendente soberania que a tudo abrange e ampara, esteja acorrentada; que o fluxo de Minha antiga e incessante misericórdia que a tudo alcança, esteja parado; ou que as nuvens de Meus favores sublimes e inexcedíveis tenham cessado de chover sobre os homens suas graças? Podeis imaginar que as maravilhosas obras que têm proclamado Meu poder divino e irresistível, hajam sido retiradas, ou que a potência de Minha vontade e Meu desígnio tenham sido impedidos de dirigir os destinos da humanidade? Se não for assim, por que, então, vos tendes esforçado por impedir que a imorredoura Beleza de Meu Semblante sagrado e benévolo seja desvelada ante os olhos dos homens? Por que vos tendes empenhado para deter o Manifestante do Ser Onipotente e Todo-Glorioso de irradiar sobre a terra o esplendor de Sua Revelação? Fôsseis vós eqüitativos em vosso julgamento, reconheceríeis prontamente como as realidades de todas as coisas criadas estão inebriadas com o júbilo desta nova e maravilhosa Revelação, como todos os átomos da terra têm sido iluminados através do brilho de sua glória. Vão e vil é aquilo que vós tendes imaginado e ainda imaginais!
Voltai sobre vossos passos, ó Meus servos, e inclinai vossos corações Aquele que é a Origem de vossa criação. Livrai-vos de vossas afeições más e corruptas e apressai-vos a abraçar a luz do Fogo imorredouro que arde no Sinai desta misteriosa e transcendente Revelação. Não deveis corromper a Palavra de Deus, santa e primaz, que a tudo abrange, nem tentar lhe profanar a santidade ou deturpar o excelso caráter. Ó desatentos! Embora as maravilhas de Minha mercê tenham abrangido todas as coisas criadas, tanto visíveis como invisíveis, e se bem que as revelações de Minha graça e generosidade hajam penetrado todo átomo do universo, a vara, no entanto, com a qual Eu posso castigar os maldosos, é penosa, e a veemência de Minha ira contra eles, terrível. Com ouvidos santificados da vanglória, e dos desejos terrenos, escutai os conselhos que Eu, em Minha compassiva bondade, vos tenho revelado, e com vossos olhos interiores e exteriores contemplai as evidências de Minha maravilhosa Revelação...
Ó Meus servos! Não vos priveis da Luz perene e resplandecente que brilha na Lâmpada da glória Divina. Que a flama do amor de Deus arda intensamente dentro de vossos corações radiantes. Alimentai-a com o óleo da guia Divina e protegei-a no abrigo de vossa constância. Guardai-a dentro do globo da confiança e do desapego de tudo, menos de Deus, de modo que os maus sussurros dos ímpios não lhe extingam a luz. Ó Meus servos! Minha sagrada Revelação, divinamente ordenada, se pode comparar a um oceano em cujas profundidades se ocultam inúmeras pérolas de grande preço, de brilho inexcedível. É dever de cada um que busca, despertar e envidar esforços para atingir as orlas deste oceano, de modo que possa, em proporção ao ardor de sua busca e aos esforços por ele despendidos, participar de tais benefícios como foram preordenados nas ocultas e irrevogáveis Epístolas de Deus. Se ninguém estiver disposto a dirigir os passos às suas orlas, se todos deixarem de se levantar e encontrá-Lo, pode-se dizer que essa falha tenha roubado este oceano de seu poder ou lhe tenha diminuído, em algum grau, os tesouros? Como são vãs, como são desprezíveis, as fantasias que vossos corações têm maquinado e ainda maquinam! Ó Meus servos! O Deus Uno e Verdadeiro é Minha Testemunha! Este mais grandioso Oceano, este Oceano insondável, e encapelado, está perto, espantosamente perto, de vós. Vede, está mais perto de vós do que vossa veia vital! Com a celeridade de um piscar de olhos, podeis vós, se apenas o desejais, alcançar e participar deste favor imperecível, desta graça concedida por Deus, desta incorruptível dádiva, desta generosidade potentíssima e indizivelmente gloriosa.
Ó Meus servos! Pudésseis vós apreender que maravilhas de Minha munificência e bondade Eu quis confiar às vossas almas, vós, verdadeiramente, vos livraríeis de apego a todas as coisas criadas e adquiriríeis um verdadeiro conhecimento de vós próprios - conhecimento esse que é o mesmo que a compreensão de Meu próprio Ser. Vós vos acharíeis independentes de tudo, menos de Mim, e perceberíeis, com vossos olhos interiores e exteriores, e tão manifestos como a revelação de Meu Nome fulgente, os mares de Minha benevolência e generosidade movendo-se dentro de vós. Não permitais que vossas vãs fantasias e más paixões, vossa insinceridade e cegueira de coração, ofusquem o esplendor ou maculem a santidade de tão elevado grau. Sois assim como a ave que voa, com a plena força de suas poderosas asas e com completa e jubilosa confiança, através da imensidão dos céus, até que, impelida a satisfazer a fome, se volve avidamente para a água e o barro da terra em baixo e, emaranhada no enredo de seu desejo, se vê impotente para retomar seu vôo para os domínios donde viera. Sem o poder de se livrar daquilo que lhe pesa nas asas maculadas, essa ave, antes um habitante dos céus, é forçada agora a buscar sua morada no pó. Portanto, ó Meus servos, não contamineis vossas asas com o barro da desobediência e dos desejos vãos, e não as deixeis macularem-se com o pó da inveja e do ódio, para que não sejais impedidos de voar nos céus de Meu conhecimento divino.
Ó Meus servos! Através da grandeza de Deus e de Seu poder, Eu tirei do tesouro de Seu conhecimento e sabedoria e a vós revelei, as pérolas que jaziam ocultas nas profundidades de Seu sempiterno oceano. Convoquei as Donzelas do Céu para emergirem de trás do véu da ocultação e as adornei com estas palavras Minhas - palavras de consumado poder e sabedoria. Tenho, ainda, com a mão do poder divino, deslacrado o vinho escolhido de Minha Revelação e difundido sua fragrância santa, oculta, imbuída de almíscar, sobre todas as coisas criadas. Quem, a não ser vós mesmos, deverá ser culpado, se preferirdes permanecer privados de tão grande emanação da transcendente graça de Deus - graça essa que a tudo abrange - de tão brilhante revelação de Sua mercê esplendorosa?...
Ó Meus servos! Nada se irradia em Meu coração, senão a luz imorredoura da Manhã da guia divina, e de Minha boca, nada procede, senão a essência da verdade, a qual o Senhor vosso Deus revelou. Não sigais, portanto, os desejos terrenos; não violeis o Convênio de Deus, nem quebranteis a promessa que Lhe fizestes. Com determinação firme, com todo o afeto do coração e com a plena força de vossas palavras, volvei-vos a Ele e não andeis nos caminhos dos insensatos. O mundo é apenas um espetáculo teatral, vão e vazio, um simples nada, tendo a aparência da realidade. Não lhe vos afeiçoeis. Não rompais o laço que vos une com vosso Criador e não sejais dos que erraram e se desviaram de Seus caminhos. Verdadeiramente digo, o mundo é como o vapor num deserto; o sedento sonha que é água e se esforça com todo o seu poder para atingi-lo, até que o alcança, quando verifica que é mera ilusão. Pode ser comparado, também, àquilo que é apenas a imagem da bem-amada, sem vida, a qual o apaixonado procurara e, afinal, após longa busca e com grande pesar, achou não ser o que pudesse "nutri-lo nem lhe satisfazer a fome".
Ó Meus servos! Não vos entristeçais, se, nestes dias e neste plano terreno, coisas contrárias aos vossos desejos tiverem sido ordenadas e manifestadas por Deus, pois seguramente vos esperam dias de extasiante felicidade, de deleite celestial. Mundos santos, espiritualmente gloriosos, se desvendarão diante de vossos olhos. Sois destinados por Ele, neste mundo e no vindouro, a participar de seus benefícios, a obter um quinhão de suas alegrias e receber uma porção de sua graça sustentadora. A cada um destes, indubitavelmente, atingireis.

CLIV. Adverte, ó Salmán, aos bem-amados do Deus Uno e Verdadeiro, que não vejam com olhos demasiado críticos os dizeres e os escritos dos homens. Que, antes, considerem esses dizeres e escritos com mente aberta e em espírito de amorosa simpatia. Aqueles homens, entretanto, que, neste dia, foram levados a atacar, em seus escritos inflamantes, os preceitos da Causa de Deus, devem ser tratados de modo diferente. Incumbe a todos os homens, cada um de acordo com sua capacidade, refutarem os argumentos dos que têm atacado a Fé de Deus. Assim foi decretado por Aquele que é o Todo-Poderoso, o Onipotente. Quem deseja promover a Causa do Deus Uno e Verdadeiro, deve promovê-la através de sua pena e língua, em vez de recorrer à espada ou à violência. Temos, em uma ocasião anterior, revelado este mandamento e Nós agora o confirmamos - se sois dos que compreendem. Pela retidão d'Aquele que, neste Dia, exclama dentro do âmago do coração de todas as coisas criadas: "Deus, não há outro Deus senão Eu!" Fosse algum homem se levantar para, em seus escritos, defender a Causa de Deus contra aqueles que a atacam, tal homem, por insignificante que fosse sua parte, haveria de ser tão honrado no mundo vindouro que a Assembléia nas alturas lhe invejaria a glória. Nenhuma pena pode descrever a sublimidade de seu grau, nem pode língua alguma expressar seu esplendor. Pois a qualquer um que se mantenha firme e constante nesta sagrada Revelação, nesta Revelação gloriosa e excelsa, será dado tamanho poder que ele enfrentará e resistirá a tudo o que está no céu e na terra. Disto é o próprio Deus testemunha.
Ó vós, os bem-amados de Deus! Não repouseis sobre vossos leitos; não, antes, despertai logo que tiverdes reconhecido vosso Senhor, o Criador, e ouvi as coisas que Lhe sucederam e apressai-vos a Seu auxílio. Soltai vossas línguas e proclamai incessantemente Sua Causa. Isto vos será melhor do que todos os tesouros do passado e do futuro, se sois dos que compreendem esta verdade.

CLV. O primeiro dever prescrito por Deus para Seus servos é o reconhecimento d'Aquele que é o Alvorecer de Sua Revelação e a Origem de Suas leis, que representa a Deidade, tanto no Reino de Sua Causa, como no mundo da criação. Quem tiver cumprido este dever terá atingido todo o bem; e quem se privar disso, se terá desviado do caminho certo, ainda que seja autor de todos os atos retos. Cumpre a cada um que alcança este mais sublime grau, este ápice de transcendente glória, observar todas as leis d'Aquele que é o Desejo do mundo. Estes deveres gêmeos são inseparáveis. Um não é aceitável sem o outro. Assim foi decretado por Aquele que é a Fonte da inspiração Divina.
Aqueles que Deus dotou de percepção, reconhecerão prontamente que os preceitos por Ele estabelecidos constituem os mais altos meios para a manutenção da ordem no mundo e para a segurança de seus povos. Quem se desvia deles é contado entre os abjetos e insensatos. Nós, verdadeiramente, vos temos ordenado recusar os ditames de vossas más paixões e vossos, desejos corruptos, e não transpor os limites que a Pena do Altíssimo fixou, pois estes são o alento da vida para todas as coisas criadas. Os mares da divina sabedoria e das palavras divinas encapelaram sob o soprar da brisa do Todo-Misericordioso. Apressai-vos a beber até vos saciardes, ó homens de compreensão! Os que violaram o Convênio de Deus pela sua desobediência aos Seus mandamentos, e tergiversaram, estes têm errado, lastimavelmente, aos olhos de Deus, o Possuidor de tudo, o Altíssimo.
Ó vós, povos do mundo! Sabei, seguramente, que Meus mandamentos são as lâmpadas de Minha terna providência entre Meus servos e as chaves de Minha misericórdia para Minhas criaturas. Assim se fez descer do céu da Vontade de vosso, Senhor o Senhor da Revelação. Fosse algum homem saborear a doçura das palavras que os lábios do Todo-Misericordioso, determinaram pronunciar, ainda que ele possuísse os tesouros da terra, renunciaria a todos eles, a fim de vindicar a verdade de apenas um só de Seus mandamentos que se irradiam acima do alvorecer de Seu generoso cuidado e Sua benevolência.
Dizei: A doce fragrância de Meu manto pode ser inalada de Minhas leis, com o apoio das quais os estandartes da vitória serão implantados sobre os mais altos picos. Do céu de Minha glória onipotente, a Língua de Meu poder dirigiu à Minha criação, estas palavras: "Observai Meus Mandamentos, por amor à Minha beleza." Feliz é o apaixonado que inalou destas palavras a fragrância divina de seu Mais-Amado - dessas palavras imbuídas do perfume de uma graça que nenhuma língua pode descrever. Por Minha vida! Quem tiver sorvido o vinho seleto da eqüidade, oferecido pelas mãos de Meu generoso favor, circulará em volta de Meus mandamentos, os quais brilham acima do Alvorecer de Minha criação.
Não penseis que Nós vos tenhamos revelado um mero código de leis. Não, antes temos deslacrado o Vinho seleto, com os dedos da grandeza e poder. Disto, dá testemunho aquilo que a Pena da Revelação revelou. Meditai nisto, ó homens de percepção!...
Sempre que Minhas leis aparecem como o sol no céu de Minhas palavras, devem ser obedecidas fielmente por todos, ainda que Meu decreto seja de tal natureza que faça romper-se o céu de cada religião. Ele age do modo que seja de Seu agrado: escolhe, e ninguém pode questionar Sua escolha. Qualquer coisa que Ele, o Bem-Amado, ordene, isto mesmo é, em verdade, amado. Disto, Aquele que é o Senhor de toda a criação Me dá testemunho. Quem tiver inalado a doce fragrância do Todo-Misericordioso e reconhecido a Origem destas palavras, dará boa acolhida, com os próprios olhos, aos dardos do inimigo, a fim de que possa estabelecer a verdade das leis de Deus entre os homens. Feliz aquele que a isso se haja volvido e que tenha apreendido a significação de Seu decreto decisivo.

CLVI. Do Alvorecer da Glória, Aquele que é a Verdade Eterna volveu Seus olhos para o povo de Bahá e lhes está dirigindo estas palavras: "Devotai-vos à promoção do bem-estar e da tranqüilidade dos filhos dos homens. Volvei vossas mentes e vontades à educação dos povos e raças da terra, para que talvez as dissensões que a dividem possam, através do poder do Maior Nome, ser apagadas de sua face, e todos os seres humanos se tornem os sustentáculos de uma só ordem e os habitantes de uma mesma Cidade. Iluminai e consagrai vossos corações; não os deixeis profanarem-se com os espinhos do ódio ou as sarças da malícia. Vós habitais em um só mundo e fostes criados mediante a operação de uma só Vontade. Bem-aventurado quem se associa a todos os homens em espírito de perfeita bondade e amor."

CLVII. Os que abandonaram sua pátria com o fim de disseminar Nossa Causa - a estes, o Espírito Fiel haverá de fortalecer através de seu poder. Uma companhia de Nossos anjos escolhidos irá a seu lado, assim como ordenou Aquele que é o Todo-Poderoso, o Onisciente. Que grande ventura espera a quem tiver atingido a honra de servir o Todo-Poderoso! Por Minha vida! Ato algum, por grande que seja, é comparável a este, salvo somente as ações ordenadas por Deus, o Onipotente, o Mais Grandioso. Tal serviço é, em verdade, o príncipe de todos os atos belos, o adorno de todas as belas ações. Assim ordenou Aquele que é o Revelador Soberano, o Ancião dos Dias.
Quem se levantar a fim de difundir Nossa Causa, deverá desprender-se de todas as coisas terrenas e, em todos os tempos, considerar o triunfo de Nossa Fé seu objetivo supremo. Isto, verdadeiramente, foi decretado na Epístola Guardada. E ao determinar-se a deixar seu lar, por amor à Causa de seu Senhor, deve ele pôr em Deus sua inteira confiança, como a melhor provisão para sua jornada, e se ataviar com o manto da virtude. Assim decretou Deus, o Onipotente, o Todo-Louvado.
Se ele estiver aceso com o fogo de Seu amor e renunciar a todas as coisas criadas, as palavras por ele proferidas incendiarão aqueles que o ouvirem. Em verdade, teu Senhor é o Onisciente, O de Tudo Informado. Feliz o homem que tiver escutado Nossa voz e respondido ao Nosso chamado. Ele, em verdade, é um dos que se hão de aproximar de Nós.

CLVIII. Deus prescreveu a cada um o dever de difundir Sua Causa. Quem se levantar para cumprir este dever, antes de proclamar Sua Mensagem, necessita adornar-se com o ornamento de um caráter reto e louvável, de modo que as palavras por ele pronunciados possam atrair os corações daqueles que sejam receptivos a esse chamado. Sem isso, não poderá ele esperar jamais exercer influência sobre os ouvintes.

CLIX. Considerai a mesquinhez da mente dos homens. Pedem o que lhes danifica e rejeitam a coisa que lhes é proveitosa. São, em verdade, dos que se desviam. Encontramos alguns homens que aspiram à liberdade e disso se orgulham. Tais homens estão nas profundidades da ignorância.
A liberdade nos deve conduzir, finalmente, à sedição, cujas chamas ninguém pode extinguir. Assim vos adverte Aquele que é o Juiz, o Onisciente. Sabe que é no animal que se acha a personificação e símbolo da liberdade. O que convém ao homem é submeter-se a tais restrições que o possam proteger de sua própria ignorância e guardar do dano que o maléfico lhe possa causar. A liberdade faz o homem transpor os limites do direito e infringir a dignidade de sua posição. Rebaixa-o ao nível da depravação e malícia extremas.
Considerai os homens como um rebanho de ovelhas que necessitam de um pastor para sua proteção. Isso, realmente, é a verdade, a verdade certa. Aprovamos a liberdade em certas circunstâncias e nos recusamos a sancioná-la em outras. Nós, em verdade, somos o Onisciente.
Dizei: A verdadeira liberdade consiste na submissão do homem a Meus Mandamentos, embora isto pouco vos seja sabido. Fossem os homens observar o que Nós lhes mandamos do Céu da Revelação, eles atingiriam, com toda a certeza, a liberdade perfeita. Feliz o homem que tiver apreendido o Desígnio de Deus em tudo o que Ele tenha revelado do Céu de Sua Vontade, a qual abrange todas as coisas criadas. Dizei: A liberdade que vos é proveitosa só se encontra em completa servitude a Deus, a Verdade Eterna. Quem tiver experimentado sua doçura, recusará trocá-la por todo o domínio da terra e do céu.

CLX. Verdadeiro crente na unidade de Deus é, de fato, o homem que, neste Dia, O considera como Aquele imensuravelmente exaltado acima de todas as comparações, todas as semelhanças que os homens Lhe têm atribuído. Quem tiver confundido essas comparações e semelhanças com o próprio Deus, terá errado lastimavelmente. Considerai a relação entre o artífice e a obra executada pela sua mão, entre o pintor e sua pintura. Pode-se sustentar que a obra produzida pelas suas mãos seja idêntica a eles próprios? Por Aquele que é o Senhor do Trono nas alturas e da terra em abaixo! Não pode ser vista a nenhuma outra luz senão como evidência que proclame o mérito e a perfeição de seu autor.
Ó Shaykh, tu que rendeste tua vontade a Deus! Por rendição do eu e perpétua união com Deus se entende que os homens devem fundir a própria vontade inteiramente na Vontade de Deus e considerar os próprios desejos como simplesmente nada à face de Seu Desígnio. Qualquer coisa que o Criador mande que Suas criaturas observem, elas devem-se levantar para cumprir, diligentemente e com o maior júbilo e fervor. De modo algum, devem permitir que a fantasia lhes obscureça o juízo, nem devem considerar as próprias imaginações como sendo a voz do Eterno. Na Oração do Jejum temos revelado: "Fosse Tua Vontade decretar que de Tua boca procedessem estas palavras e fossem a eles dirigidas - Observai o jejum por amor à Minha Beleza, ó povo, e não ponhais limite à sua duração - atesto, pela majestade de Tua glória, que cada um deles o observará fielmente, se absterá de qualquer coisa que viole Tua lei e continuará a assim fazer até render a Ti a alma". É nisso que consiste a rendição completa da vontade própria à Vontade de Deus. Medita tu sobre isso, a fim de poderes sorver as águas da vida eterna, que fluem através das palavras do Senhor de toda a humanidade, e dar testemunho de que o Deus Uno e Verdadeiro sempre esteve imensuravelmente exaltado acima de Suas criaturas. Ele, em verdade, é o Incomparável, o Sempiterno, o Onisciente, a Suma Sabedoria. O grau da absoluta rendição do eu transcende todos os demais graus e exaltado acima destes há permanecer para sempre.
Convém que, te consagres à Vontade de Deus. Qualquer coisa que tenha sido revelada em Suas Epistolas não é senão um reflexo de Sua Vontade. Tua consagração deve ser tão completa, que todo traço de desejo terreno seja removido de teu coração. Eis o que significa a verdadeira unidade.
Suplica tu a Deus que Ele te faça permanecer firme neste caminho e te ajude a guiar os povos do mundo Àquele que é o Governante manifesto e soberano, Àquele que se tem revelado em vestes distintas e pronuncia uma específica Mensagem Divina. É esta a essência da fé e certeza. Os que adoram o ídolo esculpido pelas próprias imaginações e o chamam de Íntima Realidade, tais homens são, em verdade, contados entre os pagãos. Disso o Todo-Misericordioso tem dado testemunho em Suas Epístolas. Ele, em verdade, é o Onisciente, a Suma Sabedoria.

CLXI. Cinge-te de esforços redobrados, a fim de que possas, acaso, guiar teu próximo à lei de Deus, o Mais Misericordioso. Este ato, em verdade, excede todos os outros atos, aos olhos de Deus, O Que a Tudo Possui, o Altíssimo. Tal deve ser tua constância na Causa de Deus, que coisa alguma desta terra te poderá impedir de teu dever. Embora se coliguem contra ti os poderes da terra, ainda que todos os homens contigo disputem, inabalável tu te deverás manter.
Sê irrestrito como o vento, enquanto levares a Mensagem d'Aquele que fez romper a Aurora da Guia Divina. Considera como o vento, fiel àquilo ordenado por Deus, sopra sobre todas as regiões da terra, sejam habitadas ou desertas. Nem o espetáculo da desolação, nem as evidências da propriedade, lhe podem causar dor ou prazer. Sopra por todos os lados, como foi ordenado pelo seu Criador. Assim deveria ser cada um que se diz amante do Deus Uno e Verdadeiro. Cumpre-lhe fixar o olhar nos fundamentos de Sua Fé e laborar diligentemente em propagá-la. Inteiramente por amor a Deus, deve ele proclamar Sua Mensagem e no mesmo espírito aceitar qualquer resposta que as palavras por ele proferidas possam evocar no ouvinte. Quem aceitar e crer, haverá de receber a recompensa; e quem se afastar, não receberá senão a punição própria.
Na véspera de Nossa partida do Iraque, advertimos aos fiéis que antecipassem o aparecimento das Aves da Escuridão. Não pode haver dúvida alguma de que o crocitar do Corvo se fará ouvir em certas terras, assim como foi ouvido em anos recentes. Suceda o que suceder, buscai refúgio, no Deus Uno e Verdadeiro, para que Ele vos proteja dos ardis do impostor.
Em verdade digo, nesta mais poderosa Revelação, todas as Dispensações anteriores atingiram sua consumação suprema e final. Assim vos aconselha vosso Senhor, o Onisciente, a Suma Sabedoria. Louvor a Deus, Senhor de todos os mundos.
O Todo-Misericordioso concedeu ao homem a faculdade visual e o dotou do poder da audição. Alguns o descrevem como o "mundo menor", ao passo que, na realidade, ele deveria ser considerado o "mundo maior". As potencialidades inerentes à condição do homem, a plena medida de seu destino na terra, a excelência inata de sua realidade - tudo isto se deve tornar manifesto neste Dia Prometido de Deus.
A Pena do Altíssimo, em todos os tempos e sob todas as condições, tem se lembrado de Seus bem-amados, com júbilo e ternura, tendo-os aconselhado que seguissem em Seu Caminho. Feliz aquele que as mudanças e os acasos deste mundo não puderam impedir de reconhecer a Aurora da Unidade Divina e que sorveu, com inalterável resolução e em nome do Independente, o vinho lacrado de Sua Revelação. Tal homem há de ser incluído no número dos habitantes do Paraíso, no Livro de Deus, o Senhor de todos os mundos.

CLXII. Todo louvor a Deus, que embelezou o mundo com um ornamento e o ataviou com vestes das quais nenhum poder terreno o haverá de espoliar, por mais fortes que sejam seus batalhões, por mais vasta sua riqueza e profunda sua influência. Dize: A essência de todo o poder pertence a Deus, o mais elevado e último fim de toda criação. A fonte de toda a majestade é de Deus, Objeto da adoração de tudo o que está nos céus e tudo o que está sobre a terra. As forças que têm sua origem neste mundo de pó, são, por sua própria natureza, indignas de consideração.
Dize: As nascentes que sustentam a vida dessas aves não são deste mundo. Sua origem está muito acima do alcance e do âmbito da compreensão humana. Quem é que possa extinguir, a luz que a nívea Mão de Deus acendeu? Onde há de ser encontrado aquele que possua o poder de apagar o fogo ateado através da grandeza de teu Senhor, o Onipotente, o Predominante, o Todo-Poderoso? Foi a Mão, do poder Divino que extinguiu as chamas da dissensão. Potente é Ele para fazer o que Lhe apraz. Ele diz: Sê; e é. Dize: Os tempestuosos vendavais e remoinhos do mundo e seus povos jamais poderão abalar o alicerce sobre o qual se baseia a estabilidade pétrea de Meus eleitos. Deus Bondoso! Que poderia ter instigado essas pessoas a escravizar e encarcerar os bem-amados d'Aquele que é a Verdade Eterna?... Aproxima-se, entretanto, o dia em que os fiéis verão o Sol da justiça irradiando do Alvorecer da glória seu pleno esplendor. Assim te instrui o Senhor de toda a existência, nesta, Sua penosa Prisão.

CLXIII. Membros da raça humana! Segurai-vos firmemente à Corda que homem algum poderá partir. Isto, em verdade, vos será proveitoso durante todos os dias de vossa vida, pois sua força é de Deus, o Senhor de todos os mundos. Aderi à justiça e eqüidade e afastai-vos dos sussurros dos insensatos, daqueles que estão afastados de Deus, que ataviaram as cabeças com o ornamento dos sábios e condenaram à morte Aquele que é a Fonte da sabedoria. Meu nome enalteceu-os a graus elevados e, no entanto, mal Eu Me revelara aos seus olhos, quando eles, com injustiça manifesta, pronunciaram a sentença de Minha morte. Assim Nossa Pena revelou a verdade; e ainda o povo está mergulhado em negligência.
Quem adere à justiça não pode transgredir, sob nenhuma circunstância, os limites da moderação. Ele discerne a verdade em todas as coisas, sendo guiado por Aquele que a tudo vê. A civilização tão freqüentemente alardeada pelos expoentes eruditos das ciências e letras, trará grande mal aos homens se lhe for permitido ultrapassar os limites da moderação. Assim vos adverte Aquele que é o Onisciente. Se for levada a um excesso, a civilização se provará ser tão prolífica fonte de mal como o fora de bem, enquanto restrita pela moderação. Medita sobre isto, ó povo, e não sejas dos que vagueiam desnorteados na selva do erro. Aproxima-se o dia em que sua chama devorará as cidades, quando a Língua da Grandeza proclamará: "De Deus, o Onipotente, o Todo-Louvado, é o Reino!"
Todas as outras coisas estão sujeitas a esse mesmo princípio da moderação. Rende agradecimentos a teu Senhor, Quem de ti se lembrou, nesta Epístola maravilhosa. Todo louvor a Deus, Senhor do trono glorioso.
Fosse qualquer homem ponderar no coração o que a Pena do Altíssimo revelou, e fosse lhe saborear a doçura, ele, certamente, se veria vazio e livre de seus próprios desejos e completamente submisso à Vontade do Todo-Poderoso. Feliz o homem que atingiu esse tão alto grau e não se privou de tão abundante graça.
Neste Dia, não podemos aprovar a conduta do medroso que se empenha em disfarçar sua fé, nem sancionar o comportamento do declarado crente que assevera clamorosamente sua lealdade a esta Causa. Ambos devem observar os ditames da sabedoria e se esforçar com diligência para servirem os melhores interesses da Fé.
Que todo homem observe e medite sobre a conduta deste Injuriado. Sempre, desde o alvorecer desta Revelação até o tempo presente, temos recusado a esconder-Nos de Nossos inimigos ou retirar-Nos da companhia de Nossos amigos. Embora cercados por miríades de desgostos e aflições, temos, com poderosa confiança, convocado os povos da terra para o Alvorecer da Glória. A Pena do Altíssimo não se inclina a relatar, a esse respeito, as tribulações que tem sofrido. Revelá-las, mergulharia em pesar, sem a menor dúvida, os favorecidos entre os fiéis, aqueles que verdadeiramente sustentam a unidade de Deus e se devotam inteiramente à Sua Causa. Ele, de fato, diz a verdade e é Quem a tudo ouve, Quem a tudo sabe. Nossa vida tem sido, na maior parte, passada no meio de Nossos inimigos. Testemunhai como presentemente vivemos em um ninho de serpentes.
Esta Terra Santa tem sido mencionado e elogiado em todas as Sagradas Escrituras. Nela apareceram os Profetas de Deus e Seus Eleitos. É este o ermo onde todos os Mensageiros de Deus vaguearam, do qual foi erguida sua exclamação, "Eis-Me aqui, eis-Me aqui, ó meu Deus". É esta a Terra da Promissão onde Aquele que é a Revelação de Deus era destinado a tornar-se manifesto. É este o Vale do inescrutável decreto de Deus, o Lugar níveo, a Terra, de infindável esplendor. Qualquer coisa que haja sucedido neste Dia foi predito nas Escrituras de antanho. Essas mesmas Escrituras, porém, condenam unanimemente o povo que habito nesta terra. Foi em uma época, estigmatizado como a "geração de víboras". Vede como este Injuriado agora, enquanto cercado de uma "geração de víboras", está chamando altamente e convocando todos os homens Àquele que é o Desejo Final do mundo, o Ápice e Amanhecer da Glória. Feliz o homem que tenha escutado a voz d'Aquele que é o Senhor do Reino da Expressão, e infelizes os desatentos, aqueles que se desviaram para longe de Sua verdade.

CLXIV. Sabe tu que todo ouvido que ouve, se for conservado puro e sem corrupção, deve, em todos os tempos e de todas as direções, escutar a voz que pronuncia estas palavras sagradas: "Verdadeiramente, somos de Deus e a Ele haveremos de regressar." Os mistérios da morte física do homem e de seu regresso não foram divulgados e ainda permanecem sem serem lidos. Pela retidão de Deus! Se fossem revelados, causariam tamanho medo e tristeza que alguns pereceriam, enquanto outros se regozijariam a ponto de desejarem a morte e suplicarem com incessante ânsia, ao Deus Uno e Verdadeiro - exaltada seja Sua glória - que lhes apressasse o fim.
A morte oferece a todo crente confiante a taça que é a vida, em verdade. Confere júbilo e é portadora de contentamento. Concede a dádiva da vida eterna.
Para aqueles que têm saboreado o fruto da existência terrena do homem, o qual é o reconhecimento do Deus Uno e Verdadeiro - exaltada seja Sua glória - a vida no além é tal como não podemos descrever. Conhecê-la cabe, tão somente, a Deus, o Senhor de todos os mundos.

CLXV. Se alguém pretender trazer uma Revelação diretamente de Deus antes de expirarem mil anos completos, tal homem será seguramente um mentiroso impostor. Pedimos a Deus que Ele por Sua graça o ajude a retratar e repudiar essa pretensão. Se se arrepender, Deus, sem dúvida, o perdoará. Se, porém, ele persistir em seu erro, Deus, seguramente, fará descer alguém que o tratará sem compaixão. Temível, em verdade, é Deus quando pune! Quem interpretar este versículo de outro modo, senão em seu sentido óbvio, será privado do Espírito de Deus e de Sua misericórdia que envolve todas as coisas criadas. Temei a Deus e não sigais vossas vãs fantasias. Não, antes, segui o que é ordenado pelo vosso Senhor, o Todo-Poderoso, a Suma Sabedoria.

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