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AS PALAVRAS OCULTAS
BAHÁ’U’LLÁH
6A EDIÇÃO - 2002
TRADUÇÃO: LEONORA ARMSTRONG


Introdução


Entre os Escritos de Bahá'u'lláh, o livro As Palavras Ocultas se destaca por ser um poderoso guia ético e moral para a vida diária. São 153 conselhos de perfeição onde Bahá'u'lláh lega à humanidade uma receita infalível para salvaguardar seu bem estar e felicidade.
Reveladas no ano de 1858, estas “jóias de expressão” vieram por inspiração a Bahá’u’lláh enquanto Ele andava pelas margens do rio Tigre absorto em meditação. Devemos identificar esta obra com o Livro Oculto de Fátima, o qual, segundo se acredita, o Anjo Gabriel revelou por intermédio do Imane Alí para consolar a filha angustiada de Maomé após a morte do Profeta, mas que permaneceu oculto do conhecimento do mundo até ser agora divulgado.
Esta obra apresenta, em forma sucinta, a soma e o sentido intrínseco de todas as Revelações do passado. Justamente como os Mensageiros e Profetas, inclusive o Qaim, estão todos reunidos – segundo a profecia – à sombra do sagrado estandarte que o Prometido ergueu, assim também se reúnem, sob este estandarte, os Ensinamentos de todos eles, em sua essência. As Palavras Ocultas não é um compêndio, nem uma exposição metódica. É uma nova criação. Foi obtida por destilação das Sagradas Fragrâncias. É um foco em que todas as Grandes Luzes do passado se unem numa só luz, e todos os Ontem de Deus se tornam Hoje.
É-nos apresentada como uma única força espiritual, imbuída da presença de todos os Monarcas Espirituais do passado – ativa, urgente, expansiva, e que penetrou agora até o fundo do coração da vida humana a fim de efetuar a destinada regeneração do homem.
O livro consta de duas partes, havendo sido a primeira escrita originariamente em árabe, e a segunda, em persa. O leitor percebe que, embora o tema e o modo de dispor o material sejam iguais nas duas seções, há outras distinções, no entanto, além da diferença de idioma. A parte árabe é mais curta do que a persa, tendo 71 versos, enquanto a persa tem 82 versos, e a árabe é mais simples, direta, bem definida, ética, enquanto a parte persa é mais pessoal, comovente, mística, poética. O modo de apresentação, o tom do Autor, é diferente nas duas partes: o escritor na parte árabe é um instrutor amoroso; o na parte persa, um amante da humanidade que instrui.
No homem, até agora, o princípio do mal tem prevalecido sobre o bem, e a tal ponto, que Bahá’u’lláh, avistando o Ciclo Profético que agora termina, vê o homem, por sua própria escolha e ação, empobrecido e aviltado, ocupado com suas próprias fantasias e imaginações fúteis, desconfiando e se rebelando contra Deus, assim destruindo sua esperança, escolhendo vergonha ilimitada, amarrando-se com os grilhões deste mundo e na prisão do eu, trocando o Paraíso pelo monte de pó que é o mundo mortal.
Em todo o livro, é mostrado o sutil poder destrutivo do eu inferior, sendo o homem advertido da necessidade de lutar, incessante e incondicionalmente, contra esse poder em todas as suas formas. Volta-te de ti mesmo – é a exortação; não há paz para ti, salvo em tua renúncia a ti mesmo; cumpre-te pôr a tua confiança em Mim e não em ti próprio. Volve tua face para a Minha e renuncia a tudo, menos a Mim. Esquece-te de tudo, salvo de Mim.
Quem desejar ter Deus – assegura-lhe o livro – a nenhum outro deverá buscar; quem quiser contemplar a beleza de Deus, deverá ser cego para tudo no mundo. A vontade de Deus e a de um outro não podem habitar no mesmo coração. Ninguém poderá comungar com Deus, enquanto seu coração estiver contaminado com desejos e paixão. Se o homem almeja sorver da fonte do desprendimento o vinho da vida imortal, deve purificar-se da contaminação da riqueza. Para que a semente da sabedoria divina possa brotar e crescer, o solo do coração no qual for plantada deve ser puro, e a semente deve ser umedecida com as águas da certeza. O homem é advertido de que, se são sem precedentes as recompensas a serem ganhas por aqueles verdadeiramente fiéis nesta Era da Justiça, as normas pelas quais sua fé é julgada são também mais elevadas; e o crente é exortado a esforçar-se para que seus atos sejam purificados do pó do eu e da hipocrisia e assim encontrem aprovação na corte da glória, desde que os Avaliadores da Humanidade, agora, na santa presença do Adorado, nada aceitam senão virtude absoluta e atos de imaculada pureza.
Subjugar esse ego, desprender-se dos desejos egoístas, é realmente a tarefa com a qual a alma aspirante defronta. Ao concluir esta obra ética, Bahá’u’lláh faz aos fiéis este desafio final: Que seja visto agora o que vossos esforços no caminho do desprendimento revelarão.
O Criador deixou na constituição do homem essa imperfeição, dando-lhe livre arbítrio para que a combatesse e, através de seu próprio esforço, se tornasse digno de estar em Minha Presença (na de Deus) e de espelhar Minha Beleza. Não fosse o ego, o homem não poderia ganhar elogios e recompensas; poderia ser-lhe poupada a experimentação, a provação, mas ele seria apenas um autômato. Esta necessidade de esforço, este privilégio do livre arbítrio, pode fazer deste planeta um lugar de tormento, mas torna a vida terrena um campo de possível vitória, uma arena onde o progresso moral é realmente a própria ação do homem, sendo conseguido sob a benéfica lei da justiça e em virtude de seu próprio conhecimento, sua própria determinação e atividade. No mundo vindouro, esta oportunidade de atingir merecimento não será dada. O homem, para seu adiantamento no além, não dependerá do esforço próprio e da justiça, mas, sim, da misericórdia de Deus. Bahá’u’lláh aconselha o homem, portanto, a que tome a oportunidade aqui e agora, pois não mais lhe virá. Os fogos do inferno – explica outra obra – são a compreensão de que oportunidades de inestimável valor foram jogadas fora, estando agora perdidas para sempre.
A obra As Palavras Ocultas salienta-se como sinal da vitória de Deus, do cumprimento de Seu antigo desígnio para a humanidade. Nunca fora dado ao homem, nem poderia ter-lhe sido dado um livro tão radiante de luz intensa. Contém a soma total de todas as Revelações, as quais agora se aproximam de sua consumação, renovadas em poder e levadas à perfeição da unidade, pelas palavras culminantes de Bahá’u’lláh. É a insígnia da unidade de todos os Profetas do Oriente e do Ocidente, desde o princípio até agora – a Insígnia daquela Fé Universal sobre a qual há de ser edificada a Suprema Paz.

Sobre o Autor

BAHÁ'U'LLÁH (1817-1892)
Fundador da Fé Bahá'í

Bahá'u'lláh nasceu na Pérsia (Irã) em 1817. Filho de um Ministro do Estado, de família nobre, ainda jovem rejeitou uma vida de riquezas e honrarias mundanas para seguir os ensinamentos de um jovem Profeta, de nome o Báb, conterrâneo Seu, seguindo-se uma vida de prisões e exílios, por quarenta anos, a partir de 1852.
Mais tarde, em 1963, ele próprio revelou ser o Mensageiro Divino anunciado pelo Báb, para cumprir uma missão de renovação da fé na espécie humana e para abrir caminho para uma Nova Era na história da Humanidade, de unidade e fraternidade, de paz e progresso, a era da maturidade humana e da plena revelação de todo o seu potencial divino.
Bahá'u'lláh faleceu em 1892, em 'Akká, na Palestina (Israel) havendo hoje milhões de Seus seguidores em todas as partes do mundo. Segundo a Enciclopédia Britânica, a Fé Bahá'í é a segunda religião mais espalhada no mundo.


As Palavras Ocultas – Parte Árabe


Ele é a Glória das Glórias
Eis o que desceu do reino da glória, proferido pela língua de poder e grandeza e revelado aos Profetas de antanho. Nós lhe tiramos a quinta-essência e a revestimos com a roupagem da brevidade, em sinal de graça aos justos, a fim de que se mantenham fiéis ao Convênio de Deus, cumpram em suas vidas aquilo de que Ele os incumbiu e, no reino do espírito, obtenham a jóia da virtude divina.

1. Ó Filho do Espírito!
Meu primeiro conselho é este: Possui um coração puro, bondoso e radiante, para que seja tua uma soberania antiga, imperecível e eterna.

2. Ó FILHO DO ESPÍRITO!
A mais amada de todas as coisas, a Meu ver, é a Justiça; não te desvies dela, se é que Me desejas, nem a descures, para que Eu em ti possa confiar. Nela te apoiando, verás com teus próprios olhos e não com os alheios; saberás pela tua própria compreensão e não pela compreensão de teu semelhante. Pondera isto em teu coração: como te incumbe ser. Em verdade, a justiça é Minha dádiva a ti e o sinal de Minha misericórdia. Guarda-a, pois, ante os teus olhos.

3. Ó FILHO DO HOMEM!
Velado em Meu Ser imemorial e na eternidade antiga de Minha Essência, conheci Meu amor por ti e assim te criei, gravando em ti Minha imagem e revelando-te Minha beleza.

4. Ó FILHO DO HOMEM!
Amei tua criação, por isso te criei. Ama-Me, pois, para que Eu possa mencionar teu nome, e te inundar a alma com o espírito da vida.

5. Ó FILHO DO SER!
Ama-Me, a fim de que Eu te possa amar. Se não Me amas, de modo algum pode o Meu amor te atingir. Sabe isto, ó servo!

6. Ó FILHO DO SER!
Teu paraíso é o Meu amor; teu lar celestial, a reunião Comigo. Entra nele e não tardes. Isso é o que te foi destinado em Nosso Reino nas alturas e em Nosso excelso domínio.

7. Ó FILHO DO HOMEM!
Se Me amas, não te prendas a ti mesmo; e se buscas Meu prazer, não consideres o teu próprio; para que tu morras em Mim e Eu possa viver eternamente em ti.

8. Ó FILHO DO ESPÍRITO!
Nenhuma paz te é destinada, a não ser que renuncies a ti mesmo e te voltes para Mim; porque deves ufanar-te de Meu Nome e não do teu, em Mim pôr tua confiança, e não em ti próprio; pois desejo ser amado Eu só e acima de tudo o que existe.

9. Ó FILHO DO SER!
Meu amor é Minha fortaleza; quem nela entrar estará salvo e seguro e quem dela se afastar, por certo se desviará e haverá de perecer.

10. Ó FILHO DA PALAVRA!
Tu és Minha fortaleza; nela entra, para que ali possas habitar em segurança. Meu amor está em ti; conhece-o, a fim de que Me possas encontrar próximo de ti.

11. Ó FILHO DO SER!
Tu és Minha lâmpada, e Minha luz está em ti. Que obtenhas dela o teu resplendor e não aspires a outro senão a Mim. Pois Eu te criei rico e generosamente derramei sobre ti as Minhas graças.

12. Ó FILHO DO SER!
Com as mãos do poder, Eu te fiz; com os dedos da potência, Eu te criei; e dentro de ti coloquei a essência de Minha luz. Que estejas contente com isso e nada mais busques, pois é perfeita Minha obra e inexorável Meu mandamento. Não questiones, nem alimentes dúvida sobre isto.

13. Ó FILHO DO ESPÍRITO!
Eu te criei rico; porque te empobreces? Nobre te fiz; com o que te rebaixas? Da essência da sabedoria, Eu te concedi a existência; por que buscas iluminação de outro, senão de Mim? Da argila do amor, te moldei; como é que te ocupas com outro? Volta teu olhos a ti mesmo, a fim de que, dentro de ti, Me possas encontrar, forte, poderoso, O que subsiste por Si Próprio.

14. Ó FILHO DO HOMEM!
Tu és Meu domínio, e Meu domínio não perece; por que temes perecer? És Minha luz, e Minha luz jamais se extinguirá; por que receias extinção? És Minha glória, e Minha glória não se esvaece; és Minha vestimenta, e Minha vestimenta jamais se desgastará. Permanece firme, pois, em teu amor por Mim, a fim de que Me possas encontrar no reino de glória.

15. Ó FILHO DA PALAVRA!
Volve tua face à Minha e renuncia a tudo salvo a Mim, pois Minha soberania perdura e Meu domínio não perece. Se buscares outro que não seja Eu, ainda que procures eternamente no universo, tua busca será em vão.

16. Ó FILHO DA LUZ!
Esquece-te de tudo, menos de Mim, e comunga com Meu espírito. Eis a essência de Meu mandamento; volve-te, pois, a isso.

17. Ó FILHO DO HOMEM!
Contenta-te Comigo e não busques outro para teu amparo, pois ninguém, senão Eu, jamais te há de satisfazer.
18. Ó FILHO DO ESPÍRITO!
Não Me peças o que Nós não te desejamos; que estejas contente com aquilo que ordenamos por amor a ti, pois é o que te será proveitoso, se com isto te contentares.

19. Ó FILHO DA VISÃO MARAVILHOSA!
Insuflei em ti um sopro de Meu próprio Espírito, a fim de que Me pudesses amar. Por que Me abandonaste e quiseste outro, que não Eu, como teu bem-amado?

20. Ó FILHO DO ESPÍRITO!
Grande é Meu direito sobre ti; não pode ser esquecido. Plena é a graça que te dispenso; não pode ser velada. Meu amor fez em ti seu lar; e não pode ser oculto. Minha luz te está manifesta; jamais se obscurecerá.

21. Ó FILHO DO HOMEM!
Da árvore da glória refulgente, fiz penderem para teu proveito os mais seletos frutos; por que os desprezaste, contente com aquilo de menor valor? Volta, pois, para o que te é melhor no reino nas alturas.
22. Ó FILHO DO ESPÍRITO!
Nobre Eu te criei, mas tu te tens rebaixado. Eleva-te, pois, àquilo para que foste criado.

23. Ó FILHO DO SUPREMO!
Ao eterno, Eu te chamo, mas tu buscas o que perece. Que te afastou de Nosso desejo e te fez buscar o teu próprio?

24. Ó FILHO DO HOMEM!
Não transponhas teus limites, nem demandes o que não te convém. Prostra-te perante a face de teu Deus, o Senhor de grandeza e poder.

25. Ó FILHO DO ESPÍRITO!
Não te enalteças acima do pobre, pois Eu o guio em seu caminho, enquanto te vejo em tua lastimável condição e te amaldiçôo para sempre.

26. Ó FILHO DO SER!
Como pudeste esquecer as tuas próprias faltas e ocupar-te com as alheias? Quem assim fizer, será por Mim abominado.

27. Ó FILHO DO HOMEM!
Nem sequer sussurres os pecados alheios enquanto tu próprio fores pecador. Fosses tu transgredir este mandamento, maldito serias, e disso dou testemunho.

28. Ó FILHO DO ESPÍRITO!
Sabe tu, em verdade: quem exorta os homens a serem justos mas comete, ele mesmo, iniqüidades, não pertence a Mim, ainda que seja chamado por Meu nome.

29. Ó FILHO DO SER!
Não atribuas a nenhuma alma o que não desejarias que a ti fosse atribuído, nem digas o que não cumpres. É este Meu mandamento a ti; observa-o.

30. Ó FILHO DO HOMEM!
Não negues a servo Meu se a ti ele algo pedir, porque sua face é Minha face. Sê humilde, pois, diante de Mim.

31. Ó FILHO DO SER!
Examina-te a ti mesmo, cada dia, antes de seres instado a prestar contas, porque a morte, sem prenúncio, te haverá de sobrevir e serás chamado a responder por teus atos.

32. Ó FILHO DO SUPREMO!
Fiz da morte a mensageira de teu júbilo. Por que lamentas? A luz, Eu a fiz derramar sobre ti o seu esplendor. Por que te ocultas diante deste esplendor?

33. Ó FILHO DO ESPÍRITO!
Com as jubilosas novas de luz, Eu te saúdo: exulta! À corte da santidade, Eu te chamo; ali permanece, a fim de poderes viver em paz para todo o sempre.

34. Ó FILHO DO ESPÍRITO!
O espírito da santidade traz as boas novas da reunião; por que lamentas? O espírito do poder te confirma em Sua causa; por que te ocultas? A luz de Seu semblante te guia; como te podes desviar?

35. Ó FILHO DO HOMEM!
Não te entristeças salvo por te encontrares longe de Nós; nem exultes, a menos que te estejas aproximando, de regresso a Nós.


36. Ó FILHO DO HOMEM!
Regozija-te no enlevo de teu coração, a fim de seres digno de estar em Minha Presença e de espelhar Minha beleza.

37. Ó FILHO DO HOMEM!
Não te dispas de Minha bela vestimenta, nem percas teu quinhão de Minha fonte maravilhosa, a fim de não teres sede para todo o sempre.

38. Ó FILHO DO SER!
Prossegue em Minhas leis, por amor a Mim, e renuncia ao que tu desejas, se aspiras a Meu prazer.

39. Ó FILHO DO HOMEM!
Não descuides de Meus mandamentos, se amas a Minha beleza, nem te esqueças de Meus conselhos, se quiseres alcançar Meu beneplácito.

40. Ó FILHO DO HOMEM!
Fosses tu percorrer a imensidão do espaço e atravessar a extensão do céu, nem assim encontrarias repouso, salvo em submissão a Nosso mandamento e em humildade perante a Nossa Face.

41. Ó FILHO DO HOMEM!
Exalta Minha causa, para que Eu possa revelar a ti os mistérios de Minha grandeza e fazer brilhar sobre ti a luz da eternidade.

42. Ó FILHO DO HOMEM!
Humilha-te perante Mim, para que Eu, por Minha graça, te possa visitar. Levanta-te para o triunfo de Minha causa, a fim de que tu, enquanto ainda na terra, alcances a vitória.

43. Ó FILHO DO SER!
Faze menção de Mim em Minha terra, para que Eu, em Meu céu, possa Me lembrar de ti; assim os Meus olhos e os teus acharão consolo.

44. Ó FILHO DO TRONO!
Teu ouvido é Meu ouvido; que ouças com ele. Tua vista é Minha vista; com ela deves tu ver, para que, no imo de tua alma, possas testemunhar Minha santidade sublime e Eu, dentro de Mim mesmo, te possa atestar uma posição excelsa.

45. Ó FILHO DO SER!
Busca a morte de mártir em Minha senda, satisfeito com Meu prazer e grato por aquilo que Eu ordeno, para que Comigo possas repousar, sob o dossel da majestade, atrás do tabernáculo da glória.

46. Ó FILHO DO HOMEM!
Pondera e reflete. Será teu desejo morrer sobre o teu leito, ou derramar teu sangue vital sobre o pó, como mártir em Meu caminho, tornando-te assim a manifestação de Meu mandamento e o revelador de Minha luz no mais alto paraíso? Julga bem, ó servo!

47. Ó FILHO DO HOMEM!
Por Minha beleza! Maior é, a Meu ver, tingires o teu cabelo com teu sangue, do que a criação do universo e da luz de ambos os mundos. Esforça-te, pois, por atingir isto, ó servo!

48. Ó FILHO DO HOMEM!
Para tudo há um sinal. O sinal do amor é constância sob Meu decreto e paciência em Minhas provações.

49. Ó FILHO DO HOMEM!
Quem ama verdadeiramente, anseia pela tribulação, assim como o rebelde pela clemência, e o pecador, pela misericórdia.

50. Ó FILHO DO HOMEM!
Se a adversidade não te sobrevier em Meu caminho, como poderás andar nas veredas dos que se contentam com Meu beneplácito? Se provações não te afligirem no teu anseio por Minha Presença, de que modo atingirás a luz em teu amor à Minha beleza?

51. Ó FILHO DO HOMEM!
Minha calamidade é Minha providência; exteriormente, é fogo e vingança, mas, interiormente, é luz e misericórdia. Apressa-te para ela, a fim de que venhas a ser uma luz eterna e um espírito imortal. É este o Meu mandamento a ti; observa-o.

52. Ó FILHO DO HOMEM!
Se a prosperidade te vier, não exultes, e, se fores atingido pela humilhação, não lamentes, pois ambas haverão de passar e não mais existir.

53. Ó FILHO DO SER!
Se a pobreza te alcançar, não te entristeças, pois, no devido tempo, o Senhor da riqueza haverá de te visitar. Não receies a humilhação, porque a glória, algum dia, virá a repousar sobre Ti.

54. Ó FILHO DO SER!
Se teu coração anseia por este domínio eterno, imperecível, por esta vida antiga e imortal, abandona a soberania efêmera e fugaz.

55. Ó FILHO DO SER!
Não te ocupes com esse mundo, pois com o fogo experimentamos o ouro e com o ouro pomos à prova os Nossos servos.

56. Ó FILHO DO HOMEM!
Tu queres o ouro, e Eu desejo que dele te livres. Tu te julgas rico por possuí-lo, e Eu reconheço tua riqueza em estares santificado acima dele. Por Minha vida! É este Meu conhecimento; aquilo, tua fantasia; como pode Minha vontade estar em harmonia com a tua?

57. Ó FILHO DO HOMEM!
Doa Minha riqueza a Meus pobres, para que, no céu, possas participar de bens cujo esplendor não se esvai, de tesouros de glória imperecível. Mas por Minha vida! Oferecer tua alma é coisa mais gloriosa, pudesses tu apenas ver com Meus olhos.

58. Ó FILHO DO HOMEM!
O templo do ser é Meu trono; purifica-o de todas as coisas, a fim de que nele Eu possa Me estabelecer e nele habitar.

59. Ó FILHO DO SER!
Teu coração é Meu lar; santifica-o para Minha descida. Teu espírito é a sede de Minha revelação; purifica-o, para que nele Eu me possa manifestar.

60. Ó FILHO DO HOMEM!
Põe tua mão em Meu coração, para que Eu Me possa erguer acima de ti, radiante e esplendoroso.

61. Ó FILHO DO HOMEM!
Ascende ao Meu céu, a fim de que possas atingir o êxtase da reunião e, do cálice da glória imperecível, sorver o vinho sem igual.

62. Ó FILHO DO HOMEM!
São muitos os dias que por ti passaram enquanto te ocupavas com tuas fantasias e vãs imaginações. Quanto tempo haverás de permanecer sonolento em teu leito? Levanta tua cabeça do sono, pois o Sol já subiu ao zênite; talvez faça brilhar sobre ti a luz da beleza.

63. Ó FILHO DO HOMEM!
A luz brilhou sobre ti do horizonte do Monte sagrado e, no Sinai de teu coração, o espírito da iluminação insuflou-se. Livra-te, pois, dos véus das vãs fantasias e entra em Minha corte, a fim de estares preparado para a vida eterna e digno de Me encontrar. Assim a morte não te poderá atingir, nem a lassitude, nem a tribulação.
64. Ó FILHO DO HOMEM!
Minha eternidade é Minha criação; para ti a criei. Faze-a a vestimenta de teu templo. Minha unidade é obra de Minhas mãos: elaborei-a para teu bem. Adorna-te com ela, a fim de que sejas, por toda a eternidade, a revelação de Meu ser imortal.

65. Ó FILHO DO HOMEM!
Minha majestade é Meu dom a ti; Minha grandeza, o sinal da misericórdia que te concedo. O que Me é digno ninguém haverá de compreender nem pessoa alguma relatar. Verdadeiramente, Eu o preservei em Meus relicários ocultos e nos tesouros de Meus mandamentos, em sinal de Minha misericórdia a Meus servos e de Minha graça a Meu povo.

66. Ó FILHOS DA ESSÊNCIA DIVINA E INVISÍVEL!
Sereis impedidos de Me amar, e as almas serão perturbadas ao fazer menção de Mim. Pois as mentes não Me podem abranger, nem os corações Me conter.

67. Ó FILHO DA BELEZA!
Por Meu espírito e Meu favor! Por Minha misericórdia e Minha beleza! Tudo o que tenho revelado a ti com a língua do poder e escrito a ti com a pena da grandeza, estava de acordo com tua capacidade e compreensão, e não com Meu estado e a melodia de Minha voz.

68. Ó FILHOS DOS HOMENS!
Não sabeis por que Nós vos criamos a todos do mesmo pó? A fim de que ninguém se enaltecesse acima dos outros. Ponderai no coração, em todos os tempos, de que modo fostes criados. Já que vos criamos a todos da mesma substância, deveis ser como uma só alma, andando com os mesmos pés, alimentando-vos com a mesma boca e habitando na mesma terra, a fim de que, do imo de vosso ser, através de vossas ações, se manifestem os sinais da unidade e a essência do desprendimento. É esse o Meu conselho a vós, ó assembléia de luz! Atentai a esse conselho, para que possais obter, da árvore de glória maravilhosa, o fruto da santidade.

69. Ó VÓS, FILHOS DO ESPÍRITO!
Sois Meu tesouro, pois em vós entesourei as pérolas de Meus mistérios e as jóias de Meu conhecimento. Guardai-as dos estranhos entre os Meus servos e dos ímpios em meio a Meu povo.

70. Ó FILHO DE QUEM SE MANTEVE POR SUA PRÓPRIA ENTIDADE NO REINO DE SEU PRÓPRIO SER!
Sabe tu que sobre ti soprei todas as fragrâncias da santidade e te revelei plenamente Minha palavra, que através de ti aperfeiçoei Minha graça, desejando-te o que desejo para Mim mesmo. Que estejas contente, pois, com Minha vontade e grato a Mim.

71. Ó FILHO DO HOMEM!
Escreve tu, na tábua de teu espírito, com a tinta de luz, tudo o que te temos revelado. Se isto não estiver a teu alcance, faze a tinta, então, da essência de teu coração. Se isso não puderes fazer, escreve, pois, com aquela tinta carmesim que foi derramada em Meu caminho. Esta Me é mais doce, em verdade, do que tudo mais; que para sempre dure a sua luz.


Do persa


Em nome do Senhor da Prolação, o Poderoso.

1. Ó VÓS QUE POSSUÍS MENTES PARA SABER E OUVIDOS PARA OUVIR!
O primeiro chamado do Bem-Amado é este: Ó rouxinol místico! Em nenhum lugar habites, senão no rosal do espírito. Ó mensageiro do Salomão do amor! Nenhum asilo busques salvo na Sabá do bem-amado e, ó fênix imortal, não te alojes senão no monte da fidelidade! Aí está tua morada se, com as asas de tua alma, voares ao reino do infinito e tentares atingir teu alvo.

2. Ó FILHO DO ESPÍRITO!
A ave procura o ninho; o rouxinol, o encanto da rosa; aquelas aves, porém, que são os corações dos homens, contentando-se com o pó efêmero, têm vagado longe de seu ninho eterno e, volvendo os olhos para o lamaçal da incúria, se têm privado da glória da presença divina. Ai que estranho, que lástima! Pelo conteúdo de uma simples taça, afastaram-se dos mares encapelados do Altíssimo e permaneceram longe do horizonte mais esplendoroso.

3. Ó AMIGO!
No jardim de teu coração, nada plantes salvo a rosa do amor e não te desprendas do rouxinol do afeto e do desejo. Estima a companhia dos justos e evita toda associação com os ímpios.

4. Ó FILHO DA JUSTIÇA!
Aonde pode ir o apaixonado senão à terra de sua bem-amada? E aquele que procura, poderá ele ficar tranqüilo longe do desejo de seu coração? Para quem ama verdadeiramente, a união é vida e a separação morte. Vazio de paciência está seu peito; privado de paz, seu coração. A miríades de vidas ele renunciaria a fim de se apressar para onde se encontra a bem-amada.

5. Ó FILHO DO PÓ!
Em verdade, Eu te digo: De todos os homens, o mais negligente é o que disputa futilmente e procura colocar-se acima do irmão. Dize: ó irmãos! Sejam atos, e não palavras, vosso adorno.

6. Ó FILHO DA TERRA!
Sabe tu, em verdade, o coração no qual resta ainda o menor vestígio de inveja, jamais atingirá Meu domínio eterno, nem inalará os doces e sagrados aromas que emanam de Meu reino de santidade.

7. Ó FILHO DO AMOR!
Estás apenas a um passo das gloriosas alturas do além e da árvore celestial do amor. Que dês esse passo e, com o próximo, avances para o reino imortal e entres no pavilhão da eternidade. Dá ouvidos, então, àquilo que foi revelado pela pena da glória.

8. Ó FILHO DA GLÓRIA!
Sê veloz no caminho da santidade e entra no céu da comunhão Comigo. Purifica teu coração com o polimento do espírito e apressa-te em alcançar a corte do Altíssimo.

9. Ó SOMBRA FUGAZ!
Passa tu além das etapas desprezíveis da dúvida e eleva-te às sublimes alturas da certeza. Abre os olhos da verdade, para que possas ver a Beleza desvelada e exclamar: Santificado seja o Senhor, o mais exímio de todos os criadores!

10. Ó FILHO DO DESEJO!
Dá ouvido a isto: Jamais olhos mortais haverão de reconhecer a Beleza eterna, nem o coração inanimado deleitar-se em outra coisa que não a floração esvaecida. Pois o semelhante procura o semelhante e tem prazer em associar-se à sua própria espécie.

11. Ó FILHO DO PÓ!
Cega teus olhos, a fim de contemplares Minha beleza; fecha teus ouvidos, para que possas escutar a doce melodia de Minha voz; esvazia-te de toda erudição, para que possas participar de Minha sabedoria; e santifica-te da riqueza, a fim de obteres uma porção duradoura do oceano de Minha riqueza eterna. Cega teus olhos, isto é, para tudo salvo Minha beleza; fecha teus ouvidos para tudo que não seja Minha palavra; esvazia-te de toda erudição, salvo o conhecimento de Mim; para que assim, com uma visão clara, um coração puro e ouvidos atentos, possas entrar na corte da Minha santidade.

12. Ó HOMEM DE DUAS VISÕES!
Fecha uma vista e abre a outra. Fecha uma para o mundo e tudo o que nele existe e abre a outra para a sagrada beleza do Bem-Amado.

13. Ó MEUS FILHOS!
Receio que vós, privados da melodia do pombo do céu, mergulheis novamente nas trevas da perdição absoluta e, sem nunca haverdes contemplado a beleza da rosa, volteis à água e ao barro.

14. Ó AMIGOS!
Não abandoneis a beleza eterna por uma beleza fadada a perecer, e não vos afeiçoeis a este mundo mortal de pó.

15. Ó FILHO DO ESPÍRITO!
Tempo virá em que o rouxinol da santidade não mais desdobrará os mistérios interiores e vós todos estareis privados da melodia celestial e da voz oriunda das alturas.

16. Ó ESSÊNCIA DA INCÚRIA!
Miríades de línguas místicas encontram expressão num só dizer, e miríades de mistérios ocultos revelam-se numa só melodia; mas, ai! não há ouvido que escute, nem coração que possa compreender.

17. Ó COMPANHEIROS!
Os portais para o Infinito acham-se abertos de par em par e a habitação do Bem-Amado está adornada com o sangue dos que O amam; todos, no entanto, salvo muito poucos, continuam privados desta cidade celestial e, mesmo entre estes poucos, não se encontrou senão a mínima mão cheia que tivesse um coração puro e um espírito santificado.

18. Ó VÓS HABITANTES DO MAIS ALTO PARAÍSO!
Proclamai aos filhos da certeza que, dentro dos domínios da santidade, perto do paraíso celestial, apareceu um novo jardim, em volta do qual circulam os que residem no reino nas alturas e os habitantes imortais do excelso paraíso. Esforçai-vos, pois, para que possais atingir essa condição; desvendar de suas anêmonas os mistérios do amor e aprender de seus frutos eternos o segredo de uma sabedoria consumada e divina. Consolados são os olhos dos que aí entram e permanecem.

19. Ó MEUS AMIGOS!
Tereis vós esquecido aquela manhã verdadeira, radiante, quando, naquele santo e abençoado ambiente, vós todos vos reunistes em Minha presença à sombra da árvore da vida, plantada no paraíso todo-glorioso? Atônitos, escutastes enquanto Eu fazia estas três sacratíssimas pronunciações: Ó amigos! Não prefirais vossa vontade à Minha; nunca desejeis o que Eu não desejei para vós, nem vos aproximeis de Mim com vossos corações destituídos de vida, maculados por paixões e desejos mundanos. Pudésseis vós apenas santificar vossas almas, recordaríeis, nesta hora presente, aquele lugar, aquele ambiente, e a vós todos a verdade das Minhas palavras se tornaria evidente.


Na oitava das linhas mais sagradas, na quinta Epístola do Paraíso, diz Ele:

20. Ó VÓS QUE JAZEIS COMO MORTOS NO LEITO DA INCÚRIA!
Passaram-se os tempos e vossas vidas preciosas bem perto estão de terminar, mas nenhum sopro de pureza sequer, provindo de vós, alcançou ainda Nossa corte de santidade. Embora estejais imersos no oceano da descrença, professais com vossos lábios, todavia, a fé única e verdadeira de Deus. Aquele a quem Eu repilo, vós tendes amado e de Meu inimigo fizestes um amigo. No entanto, andais sobre Minha terra, contentes, satisfeitos convosco mesmos, sem perceberdes que Minha terra se enfastia de vós, que tudo nela se vos evade. Fôsseis apenas abrir vossos olhos, preferiríeis, em verdade, miríades de tristezas a essa alegria, e consideraríeis a própria morte melhor que essa vida.

21. Ó FORMA MOVEDIÇA DE PÓ!
Eu desejo comunhão contigo, mas tu não quiseste pôr confiança em Mim. A espada de tua rebelião abateu a árvore de tua esperança. Em todos os tempos, estou perto de ti, mas tu estás sempre longe de Mim. Glória imperecível, Eu te destinei, mas tu escolheste infindável desonra. Enquanto ainda houver tempo, volta e não percas tua oportunidade.

22. Ó FILHO DO DESEJO!
Os letrados e sábios há longos anos se esforçam, sem contudo atingir a presença do Todo-Glorioso; embora tenham passado a vida em Sua busca, não contemplaram, todavia, a beleza de Seu semblante. Tu, sem o mínimo esforço, atingiste teu alvo; sem busca, alcançaste o objeto de tua aspiração. Entretanto, permaneceste tão envolvido no véu do egoísmo que teus olhos não contemplaram a beleza do Bem-Amado, nem tua mão tocou na orla de Suas vestes. Vós que possuís olhos, vede e maravilhai-vos.


23. Ó HABITANTES DA CIDADE DO AMOR!
Ventos mortais cercaram a vela eterna, e a beleza do Jovem celestial está encoberta na escuridão do pó. O principal dos monarcas do amor vê-se injuriado pelo povo da tirania e o pombo da santidade está preso nas garras de corujas. Os que habitam no pavilhão da glória e a assembléia celestial deploram e lamentam, enquanto vós repousais no reino da incúria e vos julgais entre os verdadeiros amigos. Como são vãs as vossas fantasias!

24. Ó VÓS QUE SOIS INSENSATOS, MAS TENDES NOME DE SÁBIOS!
Por que usais as vestes de pastor, quando, interiormente, vos tornastes lobos, cobiçando Meu rebanho? Sois semelhantes à estrela que nasce antes do amanhecer e que, embora pareça radiante e luminosa, desvia de Minha cidade os caminhantes, conduzindo-os pelas veredas da perdição.

25. Ó VÓS BELOS DE APARÊNCIA, MAS VIS INTERIORMENTE!
Sois como água límpida porém amarga, de pureza cristalina, aparentemente, mas da qual nenhuma gota é aceita quando o Avaliador divino a experimenta. Sim, o raio solar cai igualmente sobre o pó e sobre o espelho, mas estes diferem quanto à sua capacidade de refletir, assim como a estrela difere da terra. Mais ainda, imensurável é a diferença!

26. Ó MEU AMIGO SÓ NA PALAVRA!
Pondera tu um pouco. Já ouviste dizer que amigo e inimigo devessem morar em um só coração? Expulsa pois o estranho, para que o Amigo possa entrar em Seu lar.

27. Ó FILHO DO PÓ!
Tudo o que se acha no céu e na terra, Eu o destinei a ti, salvo o coração humano, o qual fiz a habitação de Minha beleza e glória; tu, porém, deste Meu lar e morada a outro e não a Mim; e sempre que o Manifestante de Minha santidade ia à Sua própria morada, encontrando lá um estranho, apressava-se, sem lar, ao santuário do Bem-Amado. No entanto, tenho ocultado teu segredo, não te desejando envergonhar.

28. Ó ESSÊNCIA DO DESEJO!
Muitas vezes, ao alvorecer, Eu me volvia dos reinos do Infinito para tua morada e encontrava-te no leito do ócio, devotado a outros e não a Mim. Com isso, assim como o relampejar do espírito, Eu regressava aos domínios da glória celestial e nem o sussurrava às hostes da santidade, em Minhas plagas nas alturas.

29. Ó FILHO DA GENEROSIDADE!
Dos desertos do nada, com a argila de Meu mandamento, Eu te fiz aparecer e destinei a teu ensino todo átomo que existe e a essência de todas as coisas criadas. Assim, antes de procederes do ventre materno, Eu te provera duas fontes de leite cintilante, olhos para te vigiarem e corações para te amarem. Por Minha terna misericórdia, Eu te nutri à sombra de Minha mercê e, pela essência de Minha graça e Meu favor, te guardei. E Meu desígnio em tudo isto foi que atingisses Meu domínio eterno e te tornasses digno de Minhas dádivas invisíveis. E, todavia, permaneceste desatento e, ao chegares à maturidade, desprezaste todas as Minhas graças, ocupando-te com tuas vãs fantasias, de tal modo que te esqueceste de tudo e, afastando-te dos portais do Amigo, te recolheste nas cortes de Meu inimigo.

30. Ó ESCRAVO DO MUNDO!
Muitas vezes, ao alvorecer, a brisa da Minha terna misericórdia soprava sobre ti e te encontrava no leito da incúria, completamente adormecido. Lastimando, pois, teu triste estado, regressava ao lugar donde viera.

31. Ó FILHO DA TERRA!
Se tu Me quiseres ter, a nenhum outro busques senão a Mim; e, se desejas contemplar Minha beleza, fecha teus olhos para o mundo e tudo o que nele se acha; pois Minha vontade e a vontade de outro que não seja Eu, tal como o fogo e a água, não podem habitar no mesmo coração.

32. Ó ESTRANHO TIDO POR AMIGO!
A vela de teu coração é acesa pela mão de Meu poder; não a apagues com os ventos contrários do ego e da paixão. O que sana todos os teus males é a lembrança de Mim, não te esqueças disso. Faze de Meu amor teu tesouro e estima-o assim como estimas tua própria vista e vida.

33. Ó MEU IRMÃO!
Presta tu ouvidos às palavras deleitáveis de Minha dulcíssima língua e, de Meus doces lábios, sorve o fluxo da santidade mística. Lança as sementes de Minha sabedoria divina no solo puro de teu coração e rega-as com a água da certeza, para que os jacintos de Meu conhecimento e Minha sabedoria brotem, frescos e verdejantes, na cidade sagrada de teu coração.

34. Ó HABITANTES DE MEU PARAÍSO!
Com as mãos da misericórdia, plantei no santo jardim do paraíso a árvore jovem de vosso amor e amizade, regando-a com as chuvas benéficas de Minha terna mercê; agora que é chegada a hora de dar frutos, esforçai-vos para protegê-la e não permitir que seja consumida pela flama do desejo e da paixão.

35.Ó MEUS AMIGOS!
Apagai a lâmpada do erro e acendei dentro de vossos corações a tocha perene da guia divina, pois em breve os avaliadores da humanidade, na santa presença do Adorado, nada aceitarão salvo a mais pura virtude e ações de imaculada santidade.

36. Ó FILHO DO PÓ!
Sábios são aqueles que não falam salvo se tiverem quem ouça, assim como o portador da taça, que só a oferece quando encontra quem a procure, e o apaixonado, que não exclama das profundezas de seu coração antes de fitar a beleza de sua bem-amada. Lança, pois, as sementes da sabedoria e do conhecimento no solo puro do coração, e guarda-as ocultas, até que os jacintos da sabedoria divina brotem do coração, e não do lodo e do barro.

Na primeira linha da Epístola, está registrado e escrito e, dentro do santuário do tabernáculo de Deus, está oculto:

37. Ó MEU SERVO!
Não abandones um domínio eterno em troca daquilo que perece, nem rejeites a soberania celestial por um desejo mundano. Eis o rio da vida eterna que fluiu da fonte inesgotável da pena do misericordioso; bem-aventurados os que dele sorvem!

38.Ó FILHO DO ESPÍRITO!
Rompe tua gaiola e, assim como a fênix do amor, alça vôo para o firmamento da santidade. Renuncia a ti mesmo e, prenhe do espírito da misericórdia, habita no reino da santidade celestial.

39. Ó DESCENDENTE DO PÓ!
Não te contentes com o ócio de um dia passageiro, privando-te do repouso eterno. Não troques o jardim de infindável deleite pelo monte de pó que é o mundo mortal. De tua prisão, ascende aos gloriosos prados do além e, de tua gaiola mortal, alça teu vôo até o paraíso do Infinito.

40. Ó MEU SERVO!
Liberta-te dos grilhões desse mundo e desprende tua alma da prisão do ego. Aproveita tua oportunidade, pois não mais te virá.

41. Ó FILHO DE MINHA SERVA!
Fosses tu contemplar a soberania imortal, haverias de te esforçar por sair deste mundo efêmero. Mas ocultar-te um e revelar-te outro é um mistério que ninguém há de compreender, salvo o puro de coração.

42. Ó MEU SERVO!
Purifica da malícia o teu coração e, inocente de inveja, entra na corte divina da santidade.

43. Ó MEUS AMIGOS!
Trilhai as veredas do beneplácito do Amigo e sabei que Seu prazer está no prazer de Suas criaturas. Isto é: homem nenhum deve entrar na casa de seu amigo a menos que seja do agrado do amigo; não deve pôr as mãos nos tesouros desse amigo nem sobrepor a própria vontade à sua ou, de modo algum, querer levar-lhe vantagem. Ponderai sobre isto, ó vós que tendes discernimento!

44. Ó COMPANHEIRO DE MEU TRONO!
Nenhum mal deves tu ouvir, nem ver; não te rebaixes, nem suspires, nem chores. Nenhum mal deves falar, para que não o ouças falado a ti; nem aumentes as faltas alheias, a fim de que as tuas próprias não se afigurem grandes. Não desejes a humilhação de ninguém, para que não se torne evidente tua própria humilhação. Vive, pois, os dias de tua vida, os quais são menos de um momento fugaz, mantendo sem mancha a tua mente, imaculado teu coração, puros teus pensamentos e santificada tua natureza, de modo que, livre e contente, possas abandonar essa forma mortal, recolher-te ao paraíso místico e habitar, para todo o sempre, no reino eterno.

45. AH! QUE LÁSTIMA! Ó VÓS AMANTES DO DESEJO MUNDANO!
Com a celeridade do relâmpago, passastes pelo Bem-Amado e prendestes vossos corações a fantasias satânicas. Curvais o joelho ante a vossa vã imaginação e a chamais de verdade. Volveis os olhos para o espinho e lhe dais o nome de flor. Nenhum alento puro tendes respirado, nem a brisa do desprendimento emanou dos prados de vossos corações. Jogastes aos ventos os conselhos amorosos do Bem-Amado, apagando-os completamente da epístola de vossos corações, e, semelhantes aos animais do campo, viveis e vos moveis nos pastos do desejo e da paixão.

46. Ó IRMÃO NA SENDA!
Por que tendes deixado de mencionar o Bem-Amado e permanecido longe de Sua santa presença? A essência da beleza está dentro do pavilhão inigualável, estabelecida no trono da glória, enquanto vos ocupais em contendas vãs. Os doces aromas da santidade emanam e o sopro da bondade se move, mas vós todos estais penosamente aflitos e privados disto. Ai de vós e dos que trilham essas veredas e seguem em vossas pegadas!

47.Ó FILHO DO DESEJO!
Rejeitai a vestidura da vanglória e despi-vos das vestes da arrogância.

Na terceira das linhas mais sagradas escritas e registradas na Epístola Carmesim pela pena do Invisível isto se acha revelado:

48. Ó IRMÃOS!
Sede tolerantes um para com outro e não vos afeiçoeis às coisas terrenas. Não vos orgulheis de vossa glória, nem vos envergonheis da humilhação. Por Minha beleza! Criei do pó todas as coisas e novamente ao pó farei que voltem.

49. Ó FILHOS DO PÓ!
Ao rico, falai dos suspiros do pobre à meia noite, para que a indiferença não o conduza ao caminho da destruição e o prive da Árvore da Riqueza. O dar e o ser generoso são atributos Meus; bem-aventurado quem se adorna com Minhas virtudes.

50. Ó QUINTA-ESSÊNCIA DA PAIXÃO!
Que te afastes de toda cobiça e procures contentar-te com o que tens; pois o cobiçoso tem sido sempre privado, enquanto aquele que se contenta é sempre objeto de amor e elogios.

51. Ó FILHO DE MINHA SERVA!
Não te aflijas enquanto pobre, nem ponhas confiança na riqueza, pois à pobreza se segue a riqueza e à riqueza a pobreza. Ser pobre, todavia, em tudo, salvo em Deus, é dádiva maravilhosa; não desprezes seu valor, pois isso, afinal, te fará rico em Deus, e assim haverás de saber o que significa a afirmação: “Em verdade, sois os pobres”, e as santas palavras “Deus é o Possuidor de tudo” resplandecerão gloriosamente como o verdadeiro amanhecer no horizonte do coração de quem ama, e permanecerão seguras no trono da riqueza.

52. Ó FILHOS DA NEGLIGÊNCIA E DA PAIXÃO!
Permitistes a Meu inimigo entrar em Minha casa e expulsastes Meu amigo, pois entesourastes em vossos corações o amor a outro e não a Mim. Dai ouvidos às palavras do Amigo e dirigi-vos a Seu paraíso. Os amigos mundanos, em busca de seu próprio bem, parecem amar uns aos outros, enquanto o verdadeiro Amigo vos tem amado, e ama, por vós mesmos; na realidade, Ele tem sofrido aflições sem conta a fim de vos guiar. Não mostreis deslealdade a esse Amigo; antes, apressai-vos a Ele. Eis a palavra da verdade e constância, o sol que despontou no horizonte da pena do Senhor de todos os nomes. Abri vossos ouvidos para que possais escutar a palavra de Deus, o Amparo no perigo, o Existente por Si próprio.

53. Ó VÓS QUE VOS ORGULHAIS DA RIQUEZA MORTAL!
A riqueza – sabei vós, em verdade – é uma forte barreira entre quem busca e seu anelo, entre quem ama e o objeto de seu amor. Os ricos, salvo um número limitado, de modo algum atingirão a corte de Sua Presença, nem na cidade do contentamento e resignação, haverão de entrar. Bem-aventurado aquele, pois, que embora rico, não é por sua riqueza impedido de entrar no reino eterno nem privado do imperecível domínio. Pelo Nome Supremo! O esplendor desse homem rico haverá de iluminar os habitantes do céu, assim como o sol se irradia sobre o povo da terra!

54. Ó VÓS, RICOS DA TERRA!
Os pobres, em vosso meio, são Minha incumbência a vós; cuidai dessa incumbência e não tenhais em mira somente vosso próprio ócio.

55. Ó FILHO DA PAIXÃO!
Purifica-te da contaminação da riqueza e, em perfeita paz, avança para o reino da pobreza; para que possas sorver, da fonte perene do desprendimento, o vinho da vida imortal.

56. Ó MEU FILHO!
A companhia do ímpio aumenta a tristeza, enquanto que a associação ao justo retira a ferrugem do coração. Quem busca comunhão com Deus, deve procurar a companhia de Seus amados; e quem deseja escutar a palavra de Deus, que dê ouvidos às palavras de Seus eleitos.
57. Ó FILHO DO PÓ!
Acautela-te! Não andes com o ímpio, nem busques sua companhia, pois em tal associação a radiante luz do coração é transformada em fogo infernal.

58. Ó FILHO DA MINHA SERVA!
Se quiseres atingir a graça do Espírito Santo, associa-te ao justo, pois ele sorveu da taça que contém a vida eterna, oferecida pelas mãos do Servo imortal e, assim como o verdadeiro amanhecer, ressuscita e ilumina os corações dos mortos.

59. Ó DESATENTOS!
Não penseis que os segredos dos corações estejam ocultos; não, sabei com toda a certeza que se acham gravados em caracteres claros, abertamente manifestos na santa Presença.

60. Ó AMIGOS!
Em verdade digo, o que tendes escondido dentro de vossos corações a Nós está aberto e manifesto como o dia; mas o fato de estar encoberto provém de Nossa graça e favor e não de vosso merecimento.

61. Ó FILHO DO HOMEM!
Uma gota do oceano insondável de Minha misericórdia, Eu a espargi sobre os povos do mundo, mas nenhum encontrei que a ela se volvesse, porquanto cada um, desprezando o vinho celestial da unidade, buscou a vil escória da impureza e, satisfeito com a taça mortal, recusou o cálice da beleza imortal. Ignóbil é aquilo com que se contenta.

62. Ó FILHO DO PÓ!
Não vires teus olhos do vinho incomparável do Bem-Amado imortal, nem os abras para a escória vil e mortal. Das mãos do Servo divino, aceita o cálice da vida eterna, a fim de que toda a sabedoria seja tua e tu possas escutar a voz mística que chama do reino do invisível: Clamai, vós que tendes desígnios ignóbeis! Por que recusastes Meu vinho santo e imortal e vos volvestes à água que esvaece?

63. Ó VÓS, POVOS DO MUNDO!
Sabei, em verdade, que uma calamidade imprevista vos persegue e uma penosa punição vos espera. Não penseis que os atos que perpetrastes tenham sido apagados de Minha vista. Por Minha beleza! Todas as vossas ações, Minha pena as gravou em caracteres nítidos sobre tábuas de crisólito.

64. Ó OPRESSORES NA TERRA!
Retirai as vossas mãos da tirania, porque jurei não perdoar a injustiça de nenhum homem. Este é Meu pacto, o qual decretei irrevogavelmente na epístola preservada e selei com Meu selo de glória.

65. Ó REBELDES!
Minha tolerância tornou-vos audazes e Minha paciência vos fez negligentes, de tal modo que esporeastes o corcel fogoso da paixão por caminhos perigosos que levam à destruição. Tereis pensado que Eu fosse indiferente ou que não percebesse?

66. Ó EMIGRANTES!
A língua, Eu a designei para Me mencionar; não a corrompais com a difamação. Se a flama do ego vos sobrevier, lembrai-vos de vossas próprias faltas e não das faltas de Minhas criaturas, já que cada um de vós conhece a si mesmo melhor do que aos outros.

67. Ó FILHOS DA FANTASIA!
Sabei, em verdade: enquanto a radiosa aurora despontar sobre o horizonte da santidade eterna, os segredos satânicos e atos perpetrados nas trevas da noite serão expostos e manifestos claramente diante dos povos do mundo.

68. Ó ERVA QUE NASCE DO PÓ!
Por que razão essas tuas mãos maculadas não tocaram primeiro em tuas próprias vestes, e por que, com teu coração poluído de desejo e paixão, aspiras a comungar Comigo e a entrar em Meu reino sagrado? Longe, longe estás daquilo que desejas.

69. Ó FILHOS DE ADÃO!
Palavras santas e ações puras e dignas ascendem ao céu da glória divina. Esforçai-vos para que vossas ações sejam expurgadas do pó do egoísmo e da hipocrisia e encontrem aceitação na corte da glória; pois, dentro em breve, os avaliadores da humanidade nada aceitarão, na santa presença do Ser Adorado, salvo a virtude absoluta e atos de imaculada pureza. Este é o sol da sabedoria e do mistério divino que raiou no horizonte da vontade divina. Bem-aventurados aqueles que para lá se volvem.

70. Ó FILHO DO MUNDANISMO!
Aprazível é o reino da existência, fosses tu atingi-lo; glorioso o domínio da eternidade, fosses tu passar além do mundo mortal; doce é o santo êxtase, se sorvesses do cálice místico oferecido pelas mãos do Jovem celestial. Pudesses tu alcançar esta condição, livrar-te-ias da destruição e da morte, da fadiga e do pecado.

71. Ó MEUS AMIGOS!
Lembrai-vos da aliança que fizestes comigo no Monte Párán, sito na sagrada região de Zamán. Chamei como testemunhas a assembléia nas alturas e os habitantes da cidade imortal; entretanto, a ninguém encontro, agora, fiel ao pacto. De certo, o orgulho e a rebeldia apagaram-no dos corações, de tal modo que já não resta traço sequer. Embora Eu soubesse disso, ainda esperei não o revelando.

72. Ó MEU SERVO!
És assim como uma espada de fina têmpera, oculta na escuridão de sua bainha, cujo valor se esconde do conhecimento do artífice. Que saias, pois, da bainha do ego e do desejo, para que teu mérito resplandeça e se manifeste ao mundo inteiro.

73. Ó MEU AMIGO!
Tu és o sol dos céus de Minha santidade; não permitas que a corrupção do mundo eclipse teu esplendor. Rompe o véu da negligência, para que possas emergir, resplandecente, de trás das nuvens, e adornar todas as coisas com as vestes da vida.

74. Ó FILHOS DA VANGLÓRIA!
Por uma soberania efêmera, abandonastes Meu domínio imperecível e com as alegres vestes do mundo vos enfeitastes, ufanando-vos disso. Por Minha beleza! Hei de reunir todos debaixo da coberta unicolor do pó e apagar todas essas diversas cores, salvo daqueles que escolherem a Minha própria cor, a qual é a expurgação de toda cor.

75. Ó FILHOS DA NEGLIGÊNCIA!
Não vos afeiçoeis à soberania mortal, nem vos deleiteis nisso. Sois como o pássaro incauto chilreando sobre o ramo, em plena confiança, até que o caçador, a Morte, lança-o de repente sobre o pó, e esvaecem-se a melodia, a forma e a cor, não restando destas traço sequer. Atendei, pois, ó escravos do desejo!

76. Ó FILHO DE MINHA SERVA!
A orientação sempre tem sido dada através de palavras, mas agora é dada por ações. Cada um deve manifestar ações que sejam puras e santas, pois palavras pertencem a todos, igualmente, mas ações como estas são próprias só de Nossos bem-amados. Esforçai-vos, então, de coração e alma, a fim de vos distinguirdes pelos vossos atos. Assim Nós vos aconselhamos nesta Epístola santa e resplandecente.

77. Ó FILHO DA JUSTIÇA!
Ao anoitecer, a beleza do Ser imortal retirou-se das alturas esmeraldas da fidelidade, indo ao Sadratu’l-Muntahá, onde chorou com tal pranto que a assembléia no alto e os habitantes dos reinos do além gemeram por causa de Seu lamento. Com isso se perguntou: Por que os gemidos e o pranto? E Ele deu resposta: Assim como Me fora ordenado, Eu, cheio de expectativas, esperava no monte da fidelidade, mas não senti a fragrância da fidelidade daqueles que habitam na terra. Então, ao ser chamado a regressar, olhei e eis! certos pombos da santidade estavam sendo atormentados nas garras dos cães terrenos. Com isso, a Donzela do céu, resplandecente, sem véu, apressou-se a sair de Sua mansão mística e perguntou seus nomes, e todos foram ditos, menos um. E ao se insistir, a primeira letra deste foi pronunciada, quando então os habitantes dos aposentos celestiais se apressaram a sair de sua morada de glória. E enquanto se pronunciava a segunda letra, todos se prostaram sobre o pó. Nesse momento, uma voz, vindo do mais recôndito santuário, se fez ouvir: “Até aí e não além.” Em verdade, damos testemunho daquilo que fizeram e agora fazem.

78. Ó FILHO DE MINHA SERVA!
Sorve da língua do Misericordioso, o fluxo do mistério divino e, do alvorecer da prolação divina, contempla o desvelado esplendor do sol da sabedoria. No puro solo do coração, lança as sementes de Minha sabedoria divina e rega-as com as águas da certeza para que os jacintos do conhecimento e sabedoria desabrochem, frescos e verdejantes, da cidade santa do coração.

79. Ó FILHO DO DESEJO!
Quanto tempo voarás nos domínios do desejo? Dotei-te de asas para que alçasses vôo aos reinos da santidade mística e não às regiões da fantasia satânica. O pente, também, te dei a fim de poderes alisar Meu cabelo de azeviche e não para Me lacerar a garganta.

80. Ó MEUS SERVOS!
Sois as árvores de Meu jardim; deveis dar frutos belos e maravilhosos, para que vós e outros sejam por eles beneficiados. Assim compete a cada um ocupar-se em ofícios ou profissões, pois o segredo da riqueza está nisso, ó homens de compreensão! Resultados dependem de meios e a graça de Deus vos será toda-suficiente. Árvores infrutíferas sempre foram e serão destinadas ao fogo.

81. Ó MEU SERVO!
Os mais ignóbeis dos homens são os que nenhum fruto produzem na terra. Tais homens são, em verdade, contados entre os mortos; ou antes, os mortos são melhores aos olhos de Deus do que essas almas vadias e sem valor.

82. Ó MEU SERVO!
Os melhores dos homens são aqueles que ganham seu sustento por meio de sua vocação e despendem em benefício de si próprios e dos seus semelhantes por amor a Deus, o Senhor de todos os mundos.

A Noiva mística e admirável, outrora oculta atrás do véu das palavras, agora, pela graça de Deus e através de Seu favor divino, tornou-se manifesta e esplendorosa como a luz irradiada pela beleza do Bem-Amado. Dou testemunho, ó amigos, de que o favor está completo, o argumento se cumpriu, a prova se manifestou e a evidência acha-se estabelecida. Que seja visto agora o que vossos esforços no caminho do desprendimento revelarão.Desse modo, o favor divino foi plenamente concedido a vós e àqueles que estão no céu e na terra. Todo louvor a Deus, o Senhor de todos os Mundos.


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